Blackout {hiatus} escrita por Santana


Capítulo 7
Confusão


Notas iniciais do capítulo

Alou!
Querem me matar? Não façam isso porque tá saindo capítulo novo agorinha!!!
EXPLICAÇÕES: Aconteceram coisas que me deixaram super desanimada para postar o próximo capítulo, inclusive eu já tinha começado a escreve-lo assim que postei o anterior, mas não tinha terminado e fiz isso hoje, quase três meses depois. uou.
Enfim, chega de encher linguiça, e atenção a hashtag:

#partiu #confusão

leiam as notas finais, por gentileza.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/357228/chapter/7

Narração por Julia Collins:

Cora se engasgou novamente com o sorvete de morango.

– Você bateu nele? – perguntou depois de se recuperar.

Estávamos tomando sorvete numa praça perto da universidade depois de um dia cheio de professores chatos e super cansativo. Eu estava tão no mundo da lua esses dias que só hoje realmente pareceu que eu consegui prestar atenção em alguma coisa, de modo que ficou tudo acumulado na minha cabeça e eu passei a acreditar que talvez, bem talvez, eu não repetisse a matéria no próximo semestre.

– Ele me agarrou, eu não tava esperando, sabe? Eu disse que não me envolveria mais com o Dylan e meu reflexo resolveu que eu deveria dar um soco nele.

Arregalei os olhos, como sempre fazia quando estava contando as coisas para Cora. Quando Dylan rodeou minha cintura com suas pernas eu realmente pensei que aconteceria ali, eu me renderia e beijá-lo-ia como antes. Mas a minha sorte é que o susto dele me envolvendo e dizendo aquelas palavras e seu rosto tão perto do meu e sua expressão determinada, conseguiu me fazer agir com a razão e eu dei um soco naquela carinha linda.

Ao contrário do que eu esperava, ele não perguntou se eu estava louca nem me bateu de novo, e fiquei tão sem reação por ter batido nele que fiquei ali estatelada no sofá enquanto ele corria com a mão na boca para a cozinha, dando uns gemidinhos de dor.

– Poxa, Jus, coitado do Dylan. Acho até que ele gosta de você, com tanta insistência assim.

Dessa vez quem engasgou com o sorvete fui eu. Dylan Thorne estava com Antonia Green e o que tivemos no passado bem recente foi nada, porque exatamente o que tínhamos era nada. Era um relacionamento baseado no nada, afinal de contas. Ele nunca havia me dito nada, eu nunca havia o dito nada, e no final acabara que seria melhor assim. Stev nunca aceitaria que eu me envolvesse com o seu melhor amigo, Dylan não prestava, aliás.

Agora, sobretudo, eu estava desesperada para mudarmos de assunto. Observei que Cora estava mais pensativa, talvez estivesse pensando no meu irmão. Eu não sabia o motivo por eles terem terminado o namoro, mas Stev estava tão mal que deduzi que seria no mínimo algo grave. Ah sim, claro, que eu não tocaria naquele tópico.

Cora teve um sobressalto e largou o sorvete na mesa sorrindo. Encarei-a sem entender, mas ela apenas continuou a sorrir mostrando seu aparelho dentário, jogou os cabelos castanhos para um lado de seu ombro e endireitou a coluna para chegar mais perto de mim, pronta para sussurrar...

– Darwin Baker me perguntou sobre você.

Três segundos depois eu estava rindo.

Não é todo dia que um cara como o Darwin perguntava sobre mim, uma reles garotinha baixa e praticamente invisível na universidade. E não era só um cara como Darwin Baker que estava perguntando por mim. Era o próprio Darwin.

– O que? – perguntei louca para ela repetisse aquilo.

Darwin cursava o mesmo que Cora, no prédio anexo e, se não me engano, uma vez ela havia me dito que eram primos distantes, terceiro grau ou algo assim. Eu sempre tive um ligeiro interesse pelo Darwin, eu e todos os adeptos a relações sexuais com um cara, que não eram poucos. Mas ele era um mistério que ninguém havia conseguido desvendar. Com aquela expressão onipotente e a jaqueta de couro e o cabelo louro e aqueles olhos que eu nunca havia chegado perto o bastante para dizer a cor... Darwin Baker era um príncipe contemporâneo.

– Ele me perguntou se eu sabia de alguma Collins que cursava jornalismo do prédio principal e te descreveu direitinho. Acho até o que sei o que ele faz uma vez por semana naquele refeitório, ele deve ficar te olhando, só pode, porque ele odeia aquele lugar. Aí eu disse “deve ser a Julia” e ele “valeu, Cora. Olha, te devo essa” e continuou assistindo aula. – ela disse – vindo do Baker eu não teria muita esperança, mas olha... ele nunca pareceu tão interessado por uma garota, minha família toda achava que ele fosse gay.

Sorri um pouco boba, eu sabia que se realmente Darwin tivesse a fim de mim ele me parecia o tipo de cara que me procuraria mais cedo ou mais tarde. Eu só esperava que fosse o mais cedo possível.



Depois que terminamos o sorvete eu e Cora voltamos para o campus.

O Professor Leeroy, um careca monótono e de expressão sonolenta, daria uma aula extra na minha turma à tarde, e como eu estava voltando a evitar o Dylan decidi que voltar para casa e pedir uma carona de volta para a universidade estava completamente fora de cogitação.

Os desocupados de Humanas estavam dispersos pelo refeitório, de modo que me sentei em uma das poucas mesas vazias e observei o movimento. Cora havia ficado um pouco para trás, havia encontrado um colega antes de chegarmos ao refeitório então eu parti sozinha para a doce companhia dos meus colegas de prédio.

Ron apareceu sorridente por detrás da multidão de fofoqueiros e acenou em minha direção, voltando a participar da conversa junto a Margarida Gomez. Era assim que eu conseguia informações de todos os alunos, mesmo nunca estando incluída em nenhum grupo de amigos.

Ronald era um ótimo informante camuflado.

Antonia Green entrou no refeitório, e Dylan Thorne a seguiu feito um cachorrinho. Observei com nojo ele segurar o seu livro grosso do curso de Direito, Dylan estava sendo ridículo e eu não segurei o grunhido de frustração que saiu furtivamente da minha garganta, embora eu não estivesse me importando nem um pouco com quem ele seguia ou deixava de seguir.

Decidi que dar uma olhada nas minhas anotações para a aula do Sr. Leeroy era mais importante. Retirei as folhas soltas da minha bolsa e pesquei uma caneta de dentro do bolso detrás que eu quase nunca usava. Estava reorganizando os conceitos quando alguém movimentou a cadeira a minha frente.

Deveria ser o Ron, então não dei muita importância e continuei a reescrever definições e termos os quais eu estava tendo dificuldade para entender a minha própria caligrafia.

Um murmurinho agonizante começou no refeitório e eu senti a pessoa se movimentar mais para frente.

– Espero não se incomodar, mas era a única mesa vazia no refeitório.

Então eu erguia os olhos e entendi o murmurinho. Entendi porque estavam olhando em minha direção e movimentando as cabeças para se aproximar do ouvido dos outros.

Afinal, Baker não gostava do refeitório, e muito menos da companhia de alguém nas poucas vezes que ele frequentava o local. Esqueci-me de como respirar nos cinco segundos que se seguiram, espero que isso seja o suficiente para alguém entender o efeito de ter Darwin tão próximo.

– Ah, sem problema.

Isso é o que eu acho que disse, mas o que deve ter saído foram algumas palavras sem nexo e sentido, porque Darwin deu uma pequena gargalhada, como se estivesse achado graça de alguma coisa e aquilo foi o suficiente para que as pessoas falassem ainda mais.

Ele deu uma olhada nos meus livros e nas folhas soltas em minha mão e senti vontade de agarra-lo. Ele continuava do mesmo jeito que eu o tinha visto da última vez no refeitório: Gostoso, indecifrável e completamente gostoso.

– Por que você não segue uma linearidade? Tem termo escrito até depois da margem. – ele observou.

Para mim a falta de organização era completamente normal, mas ele havia observado aquilo de um jeito tão crítico que quase o pedi desculpas, no entanto o olhar cúmplice que ele me passou revelou que aquele não era o final da sua fala.

– É engraçado que minhas anotações sejam completamente iguais as suas.

Sorri, encantada. Darwin tinha um charme incrível até quando não estava flertando. Parecia ser algo natural, desde suas mexidas constantes no cabelo na tentativa frustrada de tira-lo da altura dos olhos, até o modo como deixava escapar pequenos sorrisos a cada minuto.

A sensação de ser o bobo da corte, com toda a atenção voltada para mim, era horrorosa, mas Baker não parecia estar nem um pouco incomodado.

Darwin abriu a boca para falar algo, mas uma voz estridentemente fina gritou e uma Antonia Green possessa de raiva atraiu a atenção das pessoas.

Até aí eu estaria muito agradecida, obrigada, porque ela estava tomando toda a atenção antes voltada para minha conversa e a de Darwin, mas aí eu vi o porquê dela estar gritando, assim como também senti o motivo por ela está gritando.

Dylan arrumava a touca de lã em seu cabelo enquanto marchava em direção à minha mesa, a fúria que encontrei em seus olhos, mesmo ao longe, seria capaz de mover céus e terras até causando terremotos. Um arrepio percorreu minha nuca quando percebi o que ele iria fazer e Thorne esbarrou em minha mesa, derrubando as anotações.

Meu instinto encrenqueiro me fez levantar no mesmo minuto, toda aquela raiva parecia ser transmitida pela sua respiração, e estava me contagiando.

Frente a frente, pronta para enfrentá-lo meus olhos caíram sobre o pequeno corte no seu lábio superior e lembrei-me de quando estava prestes a me entregar novamente. Um pequeno sentimento de culpa floresceu, e sumiu tão rapidamente quanto apareceu assim que ele me empurrou para o lado e desferiu um soco no olho esquerdo de Darwin que estava bem atrás de mim.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Alou aqui em baixo, gostaram?
tsc tsc vai rolar tr3t4
comentários, go!
beijos