-Dr Lorenzo, espera.

Dinho levou a mão à barriga e parou no meio do caminho.

-O que você está sentindo? Deve ter sido... – Lorenzo não teve coragem de continuar a constatação. Dinho logo entendeu, ao ver o quão vermelho estava o rosto do médico. – Olha, relaxa, respira... Vem comigo, que a Raquel deve saber o que fazer.

-x-

-Lia, o que aconteceu?

Ju abriu a porta para a roqueira e se assustou ao ver a confusão de sentimentos no rosto da amiga. Não conseguiu interpretar o que Lia parecia estar sentindo, mas talvez uma boa panela de brigadeiro resolvesse. Sentaram na cama da it-girl, enquanto ela tentava descobrir o que tinha mexido tanto com a sua melhor amiga.

-odinhovoltou

-O que?

-O D-dinho... voltou.

Lia mal conseguia falar, atordoada, mas Ju não precisava de mais explicações. Conhecia a amiga o suficiente para esperar que a roqueira se recompusesse antes, ou nada seria respondido. Apenas abraçou a melhor amiga, em sinal de apoio.

-Eu não sei o que fazer, Ju! – chorava Lia.

-Calma, Lia, não precisa pensar nisso agora, relaxa. Fica aqui hoje e depois a gente vê o que faz, ok? Mas ó, seja qual for a sua reação, eu estou do seu lado, viu? Por que você não toma um banho, esfria a cabeça, e enquanto isso eu pego as suas coisas pra você dormir aqui? Vai lá.

Lia seguiu o conselho da amiga e Ju saiu em direção à porta de entrada, onde Bruno a questionou.

-Onde você vai? O que aconteceu com a Lia?

-O Dinho voltou.

-O QUE??? Como aquele moleque tem coragem???

-Não sei, maninho, não sei de nada, a Lia não falou mais que isso e ela ta precisando muito da gente. Eu vou na Marcela pegar as coisas dela e ela vai dormir aqui hoje, tudo bem? Se a mamãe e o papai chegarem antes, você avisa eles?

-É claro, maninha, não se preocupa. A Lia é como uma irmã pra mim e eu também quero ajudar. E depois matar aquele moleque do Dinho!

-Se ela não matar o Dinho antes, talvez você consiga ter a honra, mas vai pegar mal com a Fatinha.

Ju piscou para o irmão, rindo, e sai porta afora. No entanto, antes que pegasse o elevador, foi surpreendida por Raquel, Lorenzo e Dinho saindo do apartamento vizinho. A it girl, apesar de tudo, não perdeu tempo em abraçar o ex. Como havia dito ao garoto quando se viram pela última vez, não guardava mágoa e sentira a sua falta, mesmo que não chegassem a ser amigos quando o aventureiro partiu. Dinho também sentira falta de Ju, mas uma lembrança falou mais alto.

-É... Ju? Você sabe como está a Lia? Vocês já se viram hoje?

Dinho mexia em seus cachos, como era costume quando ficava nervoso ou sem jeito(nesse caso, os dois). Juliana queria reprimir o ex de sua melhor amiga, culpá-lo pelo estado da garota, mas se contasse que Lia estava em sua casa talvez fosse pior. Tentou fugir do assunto como pôde.

-Se você estava atrás dela, só a Raquel e a Tatá seguem morando aqui, a Lia e o Lorenzo estão morando com a Marcela.

-Eu sei.

-Então o que você veio fazer aqui? E essa comissão? Tio Lorenzo, eu pensei que você odiasse o Dinho....

-E odiava mesmo, mas... Bom, não é a hora, depois vocês conversam. Dinho, vem comigo.

Ju não entendeu nada e Raquel não fez questão de explicar, apenas perguntou por Lia.

-Ela está aí, não está? A Lia? Posso falar com ela?

-Raquel, sinceramente, eu acho que você é uma das últimas pessoas com quem a Lia gostaria de falar agora... Agora se você me der licença, eu vou pegar as coisas dela na Marcela.

-x-

No meio do caminho, Ju encontrou Vitor sentado no Misturama.

-Oi, Vitor, tudo bem? Vem cá, você viu o dr Lorenzo passar por aqui? Você sabe se ele foi pra casa com um garoto de cabelos cacheados, da nossa idade?

-Você quer dizer o Dinho?

-Sim, ele mesmo, como voc-

Ju reparou na expressão de Vitor e entendeu. O moreno percebeu a mudança de Ju.

-Eu estava lá quando ele chegou. A Lia não perdeu tempo, já foi se abraçando nele e levando ele pro quarto.

-Como assim? – Ju estava chocada, esperava tudo de Lia, menos esse tipo de reação.

-Eles transaram! A Lia nega, mas eles ficaram um tempão fechados no quarto dela e quando a gente entrou a cama estava desfeita. Eles transaram quase do meu lado! Eu não sou otário, Ju!

-ELES O QUE???? –Ju tentou se recompor - Pelo visto, certas coisas não mudam...

-Eu nunca fui com a cara, ou melhor, com o nome desse Dinho, mas agora eu estou com mais ódio dele ainda! Ele trai a Lia, vai embora, volta depois de meses e acha que pode ter ela de volta assim?!

-A relação deles é complicada, Vitor, nem eles entendem. A Lia já te contou sobre o que fez eles começarem a namorar?

-Não... O que é que tem nisso?

-Bom, eu tampouco teria falado... A versão curta da história é que eles se beijaram na frente do colégio inteiro quando o Dinho ainda era meu namorado.

-Então esse Dinho é pior do que eu pensei? Ele sempre faz isso?

-O que eu quero te dizer é que a Lia e o Dinho têm esse histórico de esconder o que sentem um pelo outro por um tempão, mas que quanto mais eles guardam, pior é quando não conseguem mais se controlar. Eu duvido que a Lia tenha perdoado o Dinho ou que queira voltar com ele. Na verdade, eu acho até que ela vai querer continuar com você e tentar ignorar o ex, como já tentou tantas vezes... Mas entende que não é culpa dela. É o jeito que eles são. Eu sei que dói, dói muito, mas...

-Eu vou abrir os olhos dela. Quando a gente chegou no quarto, eles estavam brigando. Talvez a Lia não consiga vencer o fantasma do Dinho sozinha...

-Você tem certeza que quer fazer isso, Vitor? Eu sei de experiência que quanto mais ela luta pelo que sente, pior...

-Você quer ver a Lia sofrer de novo, Ju? Porque eu não quero.

-A pergunta certa é: você está preparado? Se os dois ainda sentirem o mesmo um pelo outro, quem pode sair ferido é você.

-Esse cara não presta, a gente precisa ajudar a Lia!