-O que foi, Annie?! Me conta... O que aconteceu?

Annabeth puxou Silena até o sofá, ainda chorando. E não parava. As lágrimas 

continuavam a escorrer por seu rosto. Thalia a abraçou quando ela sentou.

-Annabeth Chase, conte-me! Agora! O que aconteceu?

Annie não disse nada apenas pegou o papel das mãos de Thalia e o entregou a 

Silena. Em silêncio, apontou para uma palavra escrita no canto direito e inferior 

da página. Estava escrito: POSITIVO.

-Você está doente, Annie? - perguntou Silena preocupada.

-Quem dera - disse, chorosa, apontando para o alto da folha, onde estava 

escrito em itálico: Teste de Gravidez.

-Annabeth, o que... - começou a dizer Silena, mas parou ao ser abraçada por 

sua amiga.

-Eu tinha feito o de farmácia, quatro vezes com quatro testes diferentes. Deu 

positivo, mas achei que podia estar errado... Tinha que estar errado... - disse e 

chorou mais um pouco - Hoje de manhã o de laboratório chegou e...

-Annie, não se preocupe - disse Thalia - Não se preocupe!

-Não me preocupar? - Annabeth explodiu - Como eu não vou me preocupar 

com isso? Eu...

-Annie...

-Eu estou grávida! Eu só tenho dezoito anos!

-Annabeth - interrompeu Thalia - Respira! Calma! Respira!

Ela respirou profundamente, deixando a folha cair de suas mãos trêmulas. 

Silena as agarrou e constatou que estava gelada. Annie parecia pálida demais, 

a beira de um colapso nervoso.

-Eu não posso acreditar... Não, não posso, eu...

-Como aconteceu? - perguntou Silena e Thalia a olhou como se ela fosse uma 

idiota antes de responder:

-Não precisamos te responder de onde vem os bebês, precisamos?!

-Thalia! - repreendeu Annabeth, soluçando.

-Eu sei, ok?! Mas e a camisinha, Annie? E a pílula? Anticoncepcional?

-Teve um noite que não tinhamos camisinha. Eu ia tomar a pílula, mas 

esqueci... Ah, Lena...

-Calma, Annie. Calma. Não é o fim do mundo!

Annabeth riu nervosamente, entre as lágrimas.

-Ah, com certeza é! Minha mãe vai me matar, não entende? Ela nunca gostou 

do Percy, só por causa do pai dele, mas...

Annabeth começou a chorar novamente. Foi amparada por suas amigas.

-Annie, estamos aqui com você. Por você.

-Não se preocupe.

-Vamos de ajudar!

-Prometemos!

-Ajudar como? - indagou - E não me preocupar? Eu não posso contar pro 

Percy, eu...

-Você tem que contar para o Percy! - exclamou Silena, indignada.

-Ele é o pai, Annie!

-Não, não, não... - ela choramingou, escondendo a cabeça em uma almofada - 

Por favor, não. Agora... Não!

-Calma, Annie...

Depois de vários outros minutos chorando, Annabeth adormeceu. Thalia pediu 

a Silena buscar um travesseiro no quarto, para que Annie pudesse estar 

confortável. Aproveitou e trouxe um cobertor junto. Assim que Annabeth 

estava coberta e com a cabeça descansando no travesseiro, foram até a 

cozinha para conversar e tomar um café.

-Isso é muito sério, Thalia!

-Eu sei, ela está aterrorizada!

-Como a deixou ir naquela festa? Tinha bebida, drogas...

-Eu não sabia, Silena! Ok?! Ela me contou hoje de manhã quando chegou o 

teste de laboratório. 

-Tá, calma, Thalia! Precisamos ajudar ela.

-Eu sei, mas como?

-Ela não vai abortar - disse Silena sacudindo a cabeça - Isso me dá arrepios.

Thalia concordou.

-Eu nem tinha pensado nisso, mas Lena, ela é maior de idade, pode tomar 

suas próprias decisões...

-Eu sei, mas... Logo ela vai ter que contar para o Percy.

-Ah, não - disse Thalia, estática.

-O que foi?

-Percy!

-O que tem o Percy? - perguntou Silena, impaciente.

-Percy!

-O que tem a droga do Percy? - explodiu.

-Ele vai chegar logo - murmurou Thalia - Vou guardar o exame. Se ele chegar, 

diz que Annie não estava se sentindo bem. Vou falar o mesmo, ok?!

-Tá, tá. Alguém mais vai vir aqui hoje?

-Os garotos - disse Thalia - Liga para eles?

-Sim, já ligo.

Thalia foi até a sala, pegou o exame e o dobrou até ficar um pequeno 

quadrado, que guardou no bolso da calça jeans. Olhou novamente para 

Annabeth, ainda adormecida no sofá, e fez uma cara triste. Sentia-se péssima 

pela amiga, não queria que ela estivesse passando por essa situação. Silena já 

ligava para Charles. Ele demorou, mas finalmente atendeu.

-E aí, quem é?

-Charles? - perguntou, impaciente.

-Quem é?

-Silena.

-O que quer? - perguntou, parecia irritado.

-Vocês vão vir para a casa de Annie depois do jogo?

-Já estamos aqui embaixo. Por quê?

-Por nada - disse rápido demais.

-O que aconteceu?

A garota suspirou antes de responder.

-Annie não estava se sentindo bem. Não fala pro Percy, ele vai se desesperar a 

toa.

-... Ok - disse o garoto, desconfiado, ao desligar.

Logo seus amigos o encheram de perguntas.

-Quem era?

-O que queria?

-Hm, Beckie, hein?!

-Calem a boca - resmungou - Era Silena.

-Eeei, já deu seu número para ela? - perguntou Luke. Grover já havia ido para 

casa. Apenas Charles, Percy, Luke e Nico estavam ali.

-Não, acho que ela pegou quando usou meu celular pra te ligar pra saber da 

festa.

Deu de ombros. Não se importava, mas ao mesmo tempo sim, se importava. 

Era estranho.

-Ok, aham...

-Tá, chega - disse Charles, irritado - Percy, ela pediu para eu não te contar, 

mas vou falar de qualquer jeito...

-O que houve? - perguntou, preocupado.

-Ela pediu pra não te contar pra você não ficar preocupado...

-Ta, e dai? Fala logo! 

-Ok. Annabeth está com um mal estar, mas...

Não conseguiu completar a frase. Percy havia entrado correndo no elevador, 

chamando os amigos. Socou com força o botão do décimo sétimo andar. O 

elevador deu uma guinada, mas começou a subir lentamente. No décimo 

primeiro andar, Percy já estava impaciente, caminhando de um lado para o 

outro no pequeno espaço disponível do elevador. 

-Cara, para com isso - disse Nico - É só um mal estar...

-Cala a boca.

-Percy, calma aí - disse Luke - Annie tem uma saúde de ferro, não deve ser 

nada de mais...

-E se for?

-Percy...

-Charles! - ele interrompeu - Você já amou uma pessoa?

-Hm, não - disse o garoto, desconfortável.

-Certo. Então você não sabe como eu me sinto.

-Não se preocupa tanto, Percy. Ela está bem. Eu sinto isso - disse Nico, com a 

mão no ombro do amigo - Respira fundo.

Décimo quarto andar. Décimo quinto. Décimo sexto e, finalmente, o décimo 

sétimo andar. Assim que as portas automáticas se abriram, Percy se jogou 

contra a outra. Foi rapidamente até o fundo do corredor, com a chave já na 

mão.

Suspirou aliviado assim que entrou na casa. Annabeth estava envolta em um 

cobertor, sentada no canto do sofá e se escorando em um travesseiro. Thalia 

estava sentada ao seu lado, e Silena trazia uma xícara de chá da cozinha. 

-Annie - ele disse, dando passos largos até a garota - Está melhor?

-Estou - disse com a voz fraca e rouca.

-Obrigada, Charles - disse Silena incrivelmente irritada, enquanto estendia a 

xícara para Annabeth - Ainda bem que eu pedi para você não falar nada pra 

ele!

-Percy é meu amigo - defendeu-se o garoto.

-E daí?! Só te pedi aquilo. Quanto tempo ia demorar pra chegar aqui? No 

máximo dez minutos, não era nada de mais, e...

-QUIETOS - gritaram Thalia, Nico e Luke ao mesmo tempo. Annie deu um 

sorriso fraco. Percy nem notou nada, só tinha olhos para a namorada.

Silena revirou os olhos aborrecida, pegou a bolsa em cima da mesa de centro 

da sala, despediu-se de Annie e Thalia e saiu batendo a porta. Todos se 

perguntaram o porquê do mau humor repentino da garota.

-Deve ser TPM - comentou Nico.

-Cala a boca - resmungou Thalia.

-Poxa, Thalia. Por que você me odeia?

-Idiota - murmurou.

Enquanto os dois discutiam, Luke saiu silenciosamente do apartamento, indo 

atrás de Silena. Depois de trinta minutos, Charles foi embora.  Annabeth tinha 

mais cor no rosto. Ela e Percy assistiam televisão enquanto Nico estava 

conversando com Thalia no corredor da casa dos amigos.

-Thalia, você podia me responder?

-Não, não posso!

-Mas que droga, garota, por que você é tão infantil?

-O quê?! O que você disse?!

-O que o quê? - perguntou Nico, dando um sorriso sarcástico.

-Cala a boca - disse a garota, tentando dar um tapa no rosto dele. Nico 

segurou sua mão antes que ela atingisse seu objetivo.

-Diga-me.

-O quê? - ela perguntou e ele revirou os olhos.

-Por que você me odeia? Me diz.

-Não.

-Fala.

-Não!

-Thalia.

-Eu o quê? - perguntou sorrindo, tentando mudar de assunto.

-Sério, por quê?

-Não vou falar!

-Então vou te obrigar - respondeu o garoto, empurrando-a contra a parede e 

segurando seus braços acima da cabeça dela.

O corpo de Nico empurrava o de Thalia contra a parede. Ele podia sentir os 

seios dela contra seu peito, a respiração quente, sentia o olhar da garota sobre 

o seu. 

-Nunca vou te dizer - ela sussurrou.

-Vai sim, duvida?

-Duvido.

-Não duvide.

-Continuo com a minha opinião.

-Mas vai mudar.

-Não vou!

-Vai, sim!

-Não vou... - ela começou, mas foi interrompida.

Nico pressionou seus lábios sobre os dela. Pega de surpresa, a garota não 

resistiu quando a língua do garoto entrou na sua boca. Apenas se viu 

respondendo. Agora era seu corpo que tomava as decisões. Nico soltou as 

mãos dela, colocando as suas nos quadris de Thalia, puxando-a para si. Ela 

tinha as mãos nos cabelos dele. O beijo estava quente, muito quente. Mas tão 

rápido quanto começou, terminou. 

-Seu idiota... - começou a dizer Thalia, ofegante - Idiota, idiota, idiota, idiota...

-Cala a boca e me beija - ele disse, impaciente, tomando os lábios da garota 

novamente para si.