Era metade da tarde quando Silena chegou em casa. Usava o short e a camiseta de Luke e andava descalça, levando o vestido pendurado no braço. Abriu a porta silenciosamente, porém não chegou às escadas. A mãe a aguardava na sala.

Afrodite apenas encarou a filha. Seus olhos queimaram os de Silena em busca de respostas.

–Eu gostaria de saber onde você esteve o último dia - disse em tom frio, sem mover nada além da boca.

Silena jogou os sapatos e o vestido no chão e sentou no sofá oposto ao da mãe, que analisou cuidadosamente a roupa da garota. Sabia o que a filha fizera, mas queria ouvir da boca dela para poder repreendê-la.

–Fui em uma festa - falou ela, no mesmo tom da mãe.

–Com quem?

–Luke Castellan, conhece?

Sim, a mãe o conhecia. O loiro era amigo do seu entenado. Simpático, porém problemático.

–Não gosto dele.

–Não me importo - deu de ombros Silena.

Afrodite apertou os lábios.

–Então você sai com esse garoto sem avisar, dorme fora sem avisar e volta no meio da tarde vestindo uma camiseta dele e espera

que eu não fale nada?!

–Eu sabia que você falaria - disse Silena - Por isso quis voltar o mais tarde possível.

Afrodite estava perdendo a paciência com a filha. Levantou-se e notou que a filha se sentou mais reta do que estava antes, seus olhos atentos.

–Você vai ter que aprender certos limites - disse baixinho - É por isso que vai comigo e com Hefesto a Aspen no final de semana.

Era quinta-feira.

–O quê?! - perguntou com um pulo - Nem pensar. Não quero ir.

–Vai ser bom para você.

–Eu mal cheguei e você já quer que eu vá novamente?!

–Vai ser só por um final de semana. Para ver se você consegue pensar no que anda fazendo.

Batendo os pés, Silena subiu as escadas e se trancou no quarto, mal acreditando no que havia acontecido.

–Percy? - chamou Annabeth do quarto.

O garoto estivera assistindo televisão há cerca de meia hora, pois achava que a namorada estava dormindo. Ao ouvir seu chamado ele levantou e rapidamente se dirigiu ao quarto do casal.

–Ei, Annie - disse ele ao entrar no cômodo e se sentar ao lado dela na cama - O que foi?

–Tem... Tem algo que eu preciso lhe contar - disse, toda tensa.

Percy ficou preocupado. Passou as mãos pelos ombros dela e massageou, tentando diminuir a tensão dos músculos. Annabeth apenas afastou o corpo e buscou um papel na bolsa. Ela não falou mais nada, apenas passou o que tinha em mãos para o namorado.

Percy pegou a folha de papel e a abriu. Ao ler as primeiras palavras, seu coração quase soltou pela boca. Dizia: "Teste de gravidez".

–Annie, você está...

–Leia - ela disse, sem olhar o garoto nos olhos.

–Positivo - leu Percy.

Olhou mais cinco segundos para o exame, então virou-se para Annabeth. Ela tinha virado de costas para ele e suas costas mexiam levemente, prova de que estava chorando.

–Annie, Annie - ele disse com o peito apertado, puxando-a para perto de si.

Passou os braços em volta da namorada e a abraçou, apoiando a cabeça no seu pescoço. Percy beijou o ombro dela, espiando seu rosto vermelho.

–Annie, eu te amo.

–Eu também te amo, Percy - disse com a voz chorosa.

–Por que não me contou mais cedo?

–Eu estava com medo.

–Medo de que?! Medo que eu fosse te deixar?

Annabeth ficou em silêncio.

–Annie, não posso acreditar que você pensou que eu iria fazer isso - disse Percy, puxando o rosto da loira para poder olha-la no olhos.

–Eu não sabia o que pensar - ela disse - Eu fiquei com medo da sua reação.

–Você achou que eu fosse surtar com isso? Essa é a melhor notícia que eu já recebi - ele disse com um sorriso enorme no rosto - Eu não esperava que fosse tão cedo, mas não me importo com isso!

–Ah, Percy - disse Annie, jogando-se nos braços do namorado.

Agora ela chorava de alívio e felicidade. Percy beijava seu cabelo e acariciava seus braços.

–Amanhã já vamos ajeitando as coisas do funeral.

–O que? - perguntou a loira, confusa - Que funeral?

–O meu, assim que contarmos para a sua mãe!

Annabeth riu, sentindo-se mais feliz do que estivera em dias.

Após sair do banho, Luke andou pela sua casa só com a toalha enrolada na cintura. Tinha um cigarro na boca e o tragava de pouco em pouco enquanto preparava para si uma dose de uísque. Silena havia deixado sua casa há uma hora atrás, e ele passara pelo menos meia hora arrumando a bagunça que fizeram.

Sorriu ao lembrar da noite que passaram. Estava começando a se apegar àquela garota, e não era isso que ele queria. Ele era Luke Castellan, ele não se apaixonava, apenas se divertia. Mas havia algo sobre ela que o atraía. Sua beleza, sua confiança e sua inteligência. Sacudiu a cabeça e foi colocar roupas. Calça jeans, vans, camiseta e um suéter. Passou a toalha nos cabelos, secando-os, mas ainda os deixando úmidos.

Há poucos minutos tinha recebido uma mensagem de seu pai. Ele queria que o filho fosse até a sede da empresa para tratar do emprego que ele deveria ter conseguido no tempo em que o pai estava fora. Nervoso, ele passou perfume mais por costume do que parar disfarçar o cheiro do cigarro. Respirou fundo e saiu de casa.