Sentei no sofá e tinha a revista ainda  diante de meus olhos e ouvi o barulho da porta abrindo.

_ Amor, cheguei . – João Vitor disse colocando suas malas perto da porta e entrou animado e se aproximou de mim.

_ Eu estava morrendo de saudades. – Ele disse tentando me beijar e eu me afastei.

_ O que ta acontecendo ? – João perguntou confuso ainda próximo de mim com as mãos escoradas nos braços do sofá que me envolviam.

_ Ta na hora da minha faculdade , eu vou indo. – Camila disse se despedindo.

Levantei e levei a Camila até a porta e João esperava com uma cara de interrogação ainda próximo ao sofá.

_ Agora me explica , porque desviou do meu beijo ?

_ Você é um cretino. – falei jogando a revista nele e saindo da sala para o quarto.

_ Espera Eduarda !! – João disse me impedindo de fechar a porta.

_ Eu te dei uma chance ai você me faz de otária de novo.

_ Deixa eu explicar.

_ E eu aqui preocupada com medo de alguém machucar você em Londres , eu sou uma idiota .

_ Você não é idiota e..

_ Não eu não sou você é um idiota , eu sou só burra mesmo.

_ Para Eduarda , deixa eu te explicar tudo. – João Vitor disse com um tom de voz mais elevado.

Fiquei calada e respirei fundo, sentei e me concentrei em não chorar na frente dele.

_ Maldito fotógrafos. – ele disse ao verificar a revista mais uma vez.

_ Eu queria que você soubesse disso por mim.

_Nossa , isso diminui muito a mágoa que eu to sentido. – disse irônica.

_Essa garota se chama Felipa Damasceno.

_ Ótimo , agora só falta o CPF , eu vou matar essa garota. – disse e ele não conseguiu esconder a risada.

_ Ta rindo do que, palhaço?

_Você fica linda brava .. está bem , foco João Vitor. – ele repetiu pra ele mesmo e continuou:

_Damasceno ? – ele repetiu o sobrenome e me fez sacar o que queria dizer.

_ Ela é filha do Daniel?

 _ Sim . E eu ter beijado ela , foi apenas uma estratégia para descobrir onde o pai dela estava escondido.

_ Uma estratégia ?

_ Acredita em mim , Eduarda , não passou nada além disso e foi apenas alguns beijos.

_E porque Bernardo não podia realizar essa parte do plano ?

_ Fazer o que se eu sou o irmão mais charmoso e a garota ficou caidinha por mim. – João disse colando um sorriso perfeito no rosto.

_ Idiota.

_ Qual é Duda ?

_ Babaca

_ Eu amo você e isso é o que importa. –ele disse se aproximando.

_ Cretino

 _Já acabou a briga , né amor? Por que eu quero voltar e aproveitar aquela cama com você. – ele disse sussurrando em meu ouvido me fazendo arrepiar.

_ Cafajeste. – eu disse sussurrando no ouvido dele dessa vez.

_Ai meu Deus do céu , que mulher  marrenta.                       

_ Eu não acredito que to pagando de corna pra mídia. – disse pegando a revista da mão dele e amassando e jogando no lixo.

_ Eu vou marcar uma entrevista e explico tudo se for esse o problema.

_ Não é esse o problema , João. O problema é você ser um irresponsável.

_ Qual é  essa agora , Eduarda?  Não to te entendendo.

_ O que eu to dizendo que você tem que amadurecer , eu to cansada já disso tudo , dessas suas mancadas.

_ Mancadas?

_Sim , da sua imaturidade também , você tem noção que iria pra Londres enfrentar aqueles bandidos escondido de mim ?

_ Eu te contei .

_ Porque eu vi as passagens.

_ Qual é Eduarda ainda ta chateada por causa disso ?

_ Não é por causa “disso” , eu só quero que você cresça e seja mais responsável , poxa a gente vai casar e nós temos um filho , a fase do colegial acabou não pode ser esse menino rebelde pra sempre.

_ O assunto agora é esse ,  o que te incomoda é o meu jeito. – ele disse vestindo o casaco.

_O que eu to querendo dizer , que você tem um filho e que precisa de um pai maduro e ..

_ Nem continua , Eduarda. – ele disse chateado.

_ Viu ? É disso que eu to falando.

_Quando nos conhecemos, você sabia que eu era assim.

_ Mas essa fase já passou, João. Cresça. – disse em um tom elevado.

_ Para de agir como um bad boy , para e repara o mundo ao seu redor , não somos mais adolescentes.

_ Eu to saindo. - ele disse caminhando até a sala.

_ Vai a onde?

_ Eu vou a um bar.

_ Que novidade, o que mais esperar de você?! – disse me jogando no sofá.

Ele ficou parado de costas pra mim e frente a porta e o silêncio na sala predominou.

_ Talvez eu seja tudo isso que você falou, imaturo, idiota, imprudente e até mais. Mas eu sou assim e eu abri mão de muita coisa por você e pelo Nicolas, não que isso seja um fardo, é porque eu amo vocês, mas não me peça pra ser um homem certinho, cauteloso e extremamente responsável , esse nunca fui eu e você sabe disso. E o que torna tudo isso mais irônico é que eu sempre que achei o que fazia você me amar era exatamente por eu ser assim. A dois ou três anos atrás , quando você me escolheu e não Bernardo , eu sempre achei que foi por amar esse meu jeito , mas se não foi .. Então está prestes a se casar com o homem errado.

João Vitor me disse em forma desabafo tudo o que  queria e saiu , e quanto a mim sabia que João tinha um pouco de razão , mas tudo estava tão confuso e o meu desabafo veio em forma de lágrimas.

Narração João Vitor

Dirigi pela cidade até encontrar um open bar e entrei , rolava uma despedida de solteiro no local e estava bem animado ao contrario de mim , sentei no balcão e me concentrei apenas no meu copo de uísque.

_Amigo do noivo ? – ouvi uma voz feminina vindo do lado direito , levantei o olhar e para minha surpresa era Felipa.

_ Ah não. Não estou entre os convidados.

_ Ah que alivio , pensei que era a única aqui do bar que não era envolvida na festa.

_O que faz em um bar ? –disse com uma face surpresa.

_ Um amigo me disse uma vez que uísque é a melhor porção mágica para esquecer as dores.

_ Deve está sendo difícil isso tudo.

_ Nem faz idéia . –ela disse desanimada.

_ Eu sinto muito.

_ Mas , me fala ai deveria está comemorando , mas esta aqui tomando a mesma porção mágica.

_ A vida é cheia de altos e baixos , parece que nunca estaremos completamente felizes.

_ Por acaso isso tem haver com sua noiva ?

_ Como você sabe ?

_ Imaginei ao ver a nossa foto em uma revista hoje de manhã.

_ Falando nisso , nem tivemos a oportunidade de conversar , eu queria te pedir desculpas por...

_ Por ter me usado ? - ela completou a frase e eu apenas respirei um pouco mais forte e tomei o pouco liquido que ainda tinha em meu copo.

_ Não precisa se desculpar ,João. Se eu tivesse uma irmã eu faria a mesma coisa para salvá-la.

_ O brigado por entender.

_ Mas me responde apenas um pergunta.

_ O quê ?

_ Quando me disse que eu era especial , estava mentindo também ?

_ Não , é claro que não , você é uma garota incrível , Felipa.

_ Nem pareço ter o pai que tenho , aposto que pensou nisso ? – ela disse me arrancando uma risada.

_ É pensei.

_ Eu tenho que ir , espero que se acerte com Eduarda. – ela disse me dando um beijo no rosto e saiu.

Pedi mais uma dose e continuei sentado no balcão e observava a festa ao lado.

_ Obrigado pessoal! Amanhã eu serei o homem mais feliz do mundo! – O noivo falava todo empolgado.

_ Imaginando a sua festa de despedida? – Uma voz soou atrás de mim e essa eu logo reconheci era Guilherme.

_ Essa é muito fraquinha então nem perca tempo observando , a sua vai ter estripes. –Guilherme disse animado.

_ Ah qual é , agora todo mundo resolveu freqüentar esse bar hoje.

_ Tanta animação. Fui à sua casa e Eduarda me contou sobre a discussão imaginei que estivesse aqui.

_ Ela te mandou aqui?

_ Não , claro que não.

_ Então por que veio?

_ Não sei , imaginei que tivesse chateado e pudesse rolar uma festinha hilárias de você dançando em cima do balcão.  – Guilherme disse rindo.

_ Haha muito engraçado.

_ Falando sério, acho que precisa apenas de um velho amigo pra te acompanhar em algumas doses.

Olhei novamente para Guilherme com uma cara de interrogação ainda não acreditando no seu ombro amigo.

_ Por minha conta?

_ Eu to irritado, não falido. – Guilherme arqueou a sobrancelha com meu comentário.

_Cala boca e vamos beber.  

...