A saga crepúsculo - Lua azul escrita por Isa Holmes


Capítulo 19
Capítulo 19 - Cada um tem uma reação diferente.


Notas iniciais do capítulo

Heyyy meus amores! Aqui estou trazendo um capítulo e-n-o-r-m-e para vocês, para comemorar os 300 comentários que chegarão, e é uma recompensa por em aturarem também XD
Enfim, depois de taaanta espera adivinhem quem deu um sinal de vida? Sim, ele mesmo :3
Aproveitem!
Roupa da Nessie: http://www.polyvore.com/lua_azul/set?id=91220355#fans



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Dei um último nó no cadarço do meu tênis, ainda indecisa pela conclusão que tomei: Ver se o que houve a menos de meia hora é real, ou não.

Leah, quando ligou no sidekick de Seth para nos informais sobre Andrew, disse que eu poderia me aproveitar de qualquer outra roupa "velha" que eu achasse. Peguei um pijama cor-de-rosa depois que tomei novamente um banho quente e, agora, encontrei uma moletom vermelha que me caíra muito bem no frio que parece estar do lado de fora – Faço minha dedução pelo vento forte que zumbi e bate violentamente sobre as janelas da casa. Reaproveitei minha calça jeans que estava perfeitamente dobrada em cima da cômoda e deixei meus cabelos soltos por sobre o ombro, deixando que moldassem meu rosto pálido.

Sei que posso ser tola, achando que posso manter contado com um homem que morreu à dois dias atrás. Um homem – o homem –, que criou uma experiência deixando um amigo sem vida virar um psicopata canibal, com coração de pedra coberta por uma grossa camada de gelo negro. E suas teorias? Suas respostas? Elas parecem ter uma lógica própria. Será que a minha consciência seria capaz de descobrir ou inventar isso? Está é mais uma prova de que Rick possa, ou não ser real. Todas aquelas respostas... Acho que eu nunca descobriria nem a metade sem a ajuda de Rick.

Ouvi uma batida leve na porta, então ela foi aberta. Uma silhueta bem formada de cabelos negros bagunçados atravessou a porta de madeira, mantendo uma parte do corpo dentro e outro fora do quarto.

– Bom dia! – disse Seth, ainda sonolento – falando sozinha?

Arqueei uma sobrancelha, descruzando minhas pernas.

– Como é que é?

Seth adentrou no quarto.

– A meia hora atrás fui no banheiro passando por essa porta. Escutei você falar sozinha, acho. – Ele sorriu, alisando o cabelo, deslizando a mão até a nuca – Corrija-me se eu estiver errado.

– O que você escutou exatamente? – enruguei o cenho, ganhando impulso da cama e levantando.

­– Você perguntou para alguém se ele ou ela queria que você matasse uma pessoa. Você parecia irritada – Ele ficou em silêncio, parecia pensar – Acho que você disse mais ou menos assim – Seth limpou a garganta: – Você quer que eu o mate? Sabe dos perigos e de sei lá mais o que e quer que eu o mate? Eu não sei nem se ele pode ser morto! Ou era se ele podia morrer? Bom, foi mais ou menos isso...

Abri um sorriso no rosto, não me contendo comecei a rir.

– Parabéns! – disse entre uma risada e outra, impressionada com as palavras cortadas e seu jeito atrapalhado – Você é ótimo em decorar falas! Irá ser um grande ator Clearwater!

– Ei! Não é justo! – Seth se defendeu, mas também começou a rir.

Quando os risos cessaram ele fez novamente sua pergunta: – Por que você estava falando sozinha? E por que deveria matar alguém?

– Eu poderia estar sonhando – Argumentei, colocando as mãos nos quadris. Acho que essa resposta não seria considerada uma mentira, afinal, também tem a opção de eu ter sonhado acordada.

Seth pareceu pensar. Ele abaixou os olhos e então olhou para mim.

– Quer conversar sobre ele? – perguntou.

Neguei com a cabeça.

– Preciso... Procurar uma coisa, acho que ela pode salvar o meu dia. – falei, desviando do garoto moreno e me dirigindo para a porta escancarada. A abri e andei para o corredor, percebi que Seth me seguia, então, acrescentei: – Esse sonho não precisa ser discutido. Ele não foi nem um pouco comparado ao terror dos outros – Desci as escadas, já avistando os cabelos negros e curtos de Leah na cozinha. – , podemos até considerá-lo um bônus.

Chegando ao térreo da casa recebi um largo sorriso de bom dia da garota cuja passou a noite fora cuidando de quem ama. Quem ama...

– Ness! – ela fechou a geladeira, uma caixa de suco de laranja estava em suas mãos – Dormiu bem?

– Claro! – Hesitei – Como sempre tive uma noite cercada por sonhos.

Ouvi alguém sufocar uma risada, sendo libertada depois, mas discreta. Meus olhos seguiram o barulho e caíram em Seth. Por mais que a minha resposta tenha sido "séria", para ele pareceu uma piada.

Encarei-o até perceber. Queria alertá-lo de que aquilo era sério, balançando a cabeça negativamente, articulando um não. Ele pareceu entender, sussurrou um desculpa com seus lábios. Seth deu um giro de 180° graus, colocou as mãos para trás e se afastou. Isso sim fora engraçado, só faltava risadas de fundo.

– Você tem mais alguma notícia sobre o Andrew, Leah? – perguntei, depois da cena bizarra que acontecera.

Leah pegou um copo detalhado do escorredor de pratos e o encheu pela metade.

– Se você ligar nos canais de notícia vai ver que ele é o destaque. – Ela tamborilou os dedos no balcão de mármore, pensativa – Os pais do And chegaram desesperados no hospital hoje, e não foi graças ao Carlisle, as imprensas foram mais ágeis. E... Andrew está se recuperando rápido, apesar da memória não ter voltado.

– Ele vai ter alta? Meu avô disse alguma coisa sobre isso?

– Por enquanto não – Leah respondeu, pegando o copo e seguindo para a sala – Carlisle disse que Andrew deve ficar em observação por mais ou menos uma semana. Os ferimentos são profundos e a perda da memória não ajuda em nada.

Depois de receber informações dignas do momento avisei que iria sair. Os irmãos assentiram. Seth avisou que se eu precisasse de algo, que ligasse. Sem mais delongas abri a porta e atravessei-a dando de cara com ninguém mais, ninguém menos que...

– Jake!

Corri de encontro aos seus braços. Ele me agarrou, deixando-me a alguns centímetros longe do chão. Apoiei meus braços em torno de seus ombros e nuca, beijando-lhe o canto dos lábios.

– O que veio fazer aqui? – perguntei, soltando-o, já em terra firme.

– Vim procurar você – Ele se desgarrou da minha cintura – Bella disse que Carlisle ligou para ela falando que vocês encontraram um amigo ferido ontem à noite e que você passaria a noite na casa do Seth. Você está bem? Não nos falamos desde... desde quando fomos naquela reunião do Sam, por causa da caçada em Olympia. Você estava estranha, disse que depois me procuraria, mas nunca tive uma resposta.

– Não fui eu a encontrada sangrando no meio da chuva, estou bem. – Sorri. Uma ventania gelada despertou passando por nós. Folhas secaram começaram a se espalhar pelo ar, acompanhando meus cabelos que esvoaçavam. –Sei que não mantivemos contato, acho que há muita coisa que você merece saber, apesar de ser um pouco tarde. O que acha de irmos em um lugar especial? Podemos conversar lá. São quatro quilômetros de caminhada, acho que é o suficiente para que a história seja contada – Olhei nos seus olhos, o vento fazia-os lacrimejar – Apenas espero que compreenda, e que não se... assuste com tudo isso – Curvei os lábios em uma linha fina – Seth reagiu bem até agora.

– O Seth? – Jacob arqueou uma sobrancelha – Se ele reagiu bem, por que eu não reagiria?

Dei-lhe de ombros.

– Não sei. Cada um tem uma reação diferente – Aumentei o tom de voz, para que fosse mais alto que o zumbido do vento – Meu pais por exemplo se negaram a acreditar.

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Quatro quilômetros foram o suficiente para uma história bem citada. Contei-lhe e mostrei-lhe todo o possível no caminho até a cabana, todos os detalhes. Palavras por palavras, sonhos por sonhos, realidade por realidade. Eu até entreguei à ele a carta que ganhei de Elliot– Lembrei de pegá-la antes de sair –, Jake se assustou quando percebeu que a escrita parecia ter sido formada por sangue.

Ele tinha uma reação a cada caso – como por exemplo, quando ele vira a carta –, e arrependimento por não ter me escutado na previa da viajem. Não houve magoa ou ressentimentos pela demora de lhe contar o que estava acontecendo, apenas curiosidade, muita curiosidade.

– Então você quer dizer que tudo isso começou a acontecer por causa que o seu amigo cientista quis fazer uma experiência para salvar a carreira dele? – Jacob argumentou.

– Provavelmente sim – respondi, chutando uma pedra – Rick disse que não descobriu a causa dos sonhos, mas sim o funcionamento deles.

– Isso é... Uou! Você teve sonhos absurdos com um cara que agora quer te matar! Um homem que se ofereceu de cobaia para uma experiência porque precisava de dinheiro, e que agora é um homem com poderes sobrenaturais de uma cobra que anda por aí matando pessoas para fazer proveito delas. Isso explica todas as mortes e os desaparecimentos – Jack expirou, agitado – Ele matou o cientista que fez tudo aquilo possível para ele porque o tal de Rick não sabia como fazer os sonhos estranhos pararem e negou saber de mais algum poder que o maluco poderia ter, sendo que sabia vários e que eles estão na tal cabana. E você só chegou em várias conclusões não só pelos sonhos que acontecem mais sim por que você falou com um cara que foi assassinado e que fez com que tudo isso acontecesse.

– Ei, vai com calma! – Ri – Acho que você entendeu bem, pelo menos, a maior parte. Então, sou maluca pra você?

– Maluca ou não, nunca deixaria de te amar. – Ele passou seus braços em torno dos meus ombros, beijando minha cabeça – Eu te amo e ninguém vai negar isso.

E no fim tudo dá certo. Bem... por enquanto.

Não demorou muito para que eu avistasse uma cabana média de madeira escura cercada por musgo. Ela era apoiada em cada ponta por madeira forte, fazendo com que a cabana mantivesse uma decidida distancia do chão. Ela também tinha uma escadinha de dois degraus até a porta e uma pequena varanda com um cercado mal planejado. Aumentei o passo, ansiosa, enquanto conduzi Jake pelo caminho que faltava.

– Chegamos! – afirmei, satisfeita.

Jacob olhou para mim e então se aproximou da cabana.

– Não acho que uma cabana de madeira seja o melhor lugar de guardar um guia com segredos que possa salvar uma vida e mais uma surpresinha.

Dei-lhe de ombros.

– Não o deixe se manipular pela aparência – Ouvi uma voz rouca – Fico feliz que tenha se conformado de que sou real.

– Ainda tenho sérias dúvidas – Murmurei ao homem parado do meu lado. Sua posição era ereta, sua mãos como sempre mantidas para trás, como alguém de classe. O corte na sua bochecha direita – abaixo dos olhos – estava mais visível a luz cálida do sol.

Me aproximei da casa. A porta estava interditada por um cadeado grande e prateado e correntes grossas, apenas um pouca mais finas que metade do meu pulso. Tinha também uma tábua grande impedindo que alguém abrisse a porta.

– Seu amigo foi bem cauteloso quando decidiu proteger esse lugar – Jacob afirmou colocando suas mãos na cintura. Seus olhos seguiram da cabana para mim – Como vamos entrar?

Balancei a cabeça.

– Eu não sei. – Respondi. Jacob fungou e subiu as escadas, analisando o cadeado e as correntes. Virei para Rick, na esperança de ele dar a resposta para a dúvida – Existe uma chave escondida aqui fora que você não tenha citado?

Rick sorriu.

– Não.

– Então o que a gente faz? Arromba a porta?

– Não.

– Rick! – Sibilei, fria.

Ele riu, afastando-se.

– Renesmee, o que foi? – A voz de Jacob ecoou da porta da cabana. Seus olhos me encaravam.

Olhei para o homem loiro, cruzando os braços.

– Nada de mais – respondi, seca – Apenas um fantasma medindo o nível da minha paciência.

– Ele ta aí?

– Claro – respondi, espairecida com o homem loiro.

Rick ainda tinha seu sorriso no rosto. Ele fez um gesto para que eu o seguisse, então foi para trás da casa.

– Consegue pensar sozinha? Consegue descobrir como entrar? – Ele perguntou, percebendo que eu o seguia.

Arqueei a sobrancelha.

– Por que isso agora? – coloquei as mãos nos quadris.

– Porque você é inteligente. – Rick argumentou, parando – Vamos lá! Te trazer aqui atrás foi uma ótima pista.

Encarei-o por alguns segundos, mas depois concordei.

Comecei a andar de um lado para o outro tentando descobrir alguma diferença na casa, até que ganhei uma resposta. Os troncos grossos nos quais ela é apoiada têm uma diferença. Os da frente da casa são mais baixos, e os de trás, mais altos. A casa não é plana, mas o que isso teria a ver com uma maneira de entrar?

Se Rick nega-se a entrar pela porta principal, ou nega-se a dizer onde estaria a chave do cadeado, quer dizer que existe outra maneira de chegar ao lado de dentro da cabana. Uma entrada secreta, talvez?

Se por acaso tenha uma entrada secreta na cabana, onde deveria ser? A maioria das passagens secretas que conheço – em livros –, são aberturas em paredes, mas não acho que tenha uma abertura em uma parede de madeira. Talvez uma entrada pelo telhado? Não, Rick deixaria uma forma discreta de se escalar até lá. Com a mente trabalhando a todo vapor e quase desistindo voltei ao começo da teoria; a medida diferente da "plataforma" da cabana.

Com a grande distancia que o lado de trás tem com o chão é possível que alguém se arraste, conseguindo passar por baixo da cabana. Passar por baixo... É isso!

– Tem uma passagem embaixo da cabana não é? – perguntei, virando para Rick, ele assentiu. Meu sorriso nos lábios devia ser bem visível. Logo percebi que Jacob estava ao lado de Rick, como se eles tivessem conversando enquanto eu raciocinava, como se eles pudessem manter contato também. Então meu sorriso desapareceu, virando curiosidade. – V-Vocês estão lado a lado – Apontei para eles, de Rick para Jake, de Jake para Rick.

– Eu sei – respondeu Rick.

– Sério? – Jacob pareceu surpreso, falando ao mesmo tempo. Ele olhou para o lado que eu apontara quando citava sobre Rick – Era com ele que você estava falando?

Assenti.

O homem de cabelos loiros afastou-se de onde estava. Ele se aproximou do suporte de madeira, agachando-se. Eu o segui, agachando ao seu lado. Logo percebi Jacob ao meu, da mesma maneira, confuso.

– Você acertou – disse Rick – Criei uma portinha aqui embaixo, como a de um porão. É só destrancar a tranca. Se quiser pode fazer as honras.

Olhei profundo em seus olhos e sorri.

– Tudo bem...

Deitei na grama e encostei os dedos na parede, ganhando impulso para ir debaixo da casa.

Havia musgo espalhado pela maioria da madeira, e não foi difícil de achar a portinha que Rick mencionara. Quando encontrei a tranca, puxei-a. Não fora muito fácil, ela parecia emperrada. Precisei das duas mãos e o máximo de força para destrancá-la. Quando feito, empurrei a porta, sentindo um pouco de musgo se espalhar pelo meu rosto. Deu para ouvir o impacto dela com o chão de madeira de dentro da cabana.

– Consegui! – afirmei – Eu consegui abrir!

– Conseguiu abrir o que? A porta? – Ouvi a voz do Jake.

– Como você faz essa pergunta se estava espiando o tempo todo?

– Como você sabe que eu estava aqui o tempo todo? Você estava concentrada aí, como percebeu?!

– Simples, antes a luz do sol passava por inteiro, depois ela ficou bloqueada. – Coloquei as mãos para dentro da cabana e consegui impulso para entrar. Coloquei a perna direita primeiro, depois a esquerda. Já dentro da cabana fiquei agachada no chão, esperando pelo Jacob – Vem!

Jake seguiu o mesmo procedimento que o meu, talvez um pouco com mais dificuldade por ser maior. Pensei que Rick fizesse o mesmo, apesar de ser um fantasma, mas não houve nenhum rastro dele, até eu olhar novamente para a cabana. Levei um susto quando o vi. Ele estava parado em um canto, uma linha fina e larga era exposta nos seus lábios.

– Você podia parar de ficar aparecendo e desaparecendo assim, sabia? – disse, fechando a portinha.

– O que? – Jake perguntou.

– Hãn... Nem sempre quando falo com alguém aqui é com você Jake. Rick está ali. – Apontei para o canto.

– Quem me dera poder vê-lo também.

Sorri para ele e observei o cabana. Quando Rick dissera sobre a aparência do lado de fora da cabana , para que não deixasse se manipular, não estava brincando.

Perto da porta – Na visão dela, no lado esquerdo –, que também estava com cadeado por dentro havia uma cadeira de madeira, uma escrivaninha do mesmo tipo e uma cadeira giratória. A escrivaninha não ficava muito longe da portinha de chão. Do outro lado – Bem a onde Rick estava parado – tinha um sino de vento pendurado no teto. No mesmo lado – o direito –, tinha uma estante com várias coisas: livros, um microscópio, tubos de ensaios enfileirados, um saco de dormir azul e várias outras coisas que eu não sabia exatamente o que eram. Em cima da estante tinha um baú e, encostada na parede oposta da porta um armário pequeno.

Arrancando-me da atenção do baú que estava em cima da estante, ouvi os sinos de vento tocaram. Jake também pareceu perceber. Quando olhei para eles descobri que fora Rick quem os tocara.

– Um presentinho para o seu... namorado – Rick sorriu – Agora ele sabe que sou real. Acredito que você também.

– Aqui não tem corrente de vento pro sino ser tocado – Jake argumentou.

– Não, não tem uma corrente de vento para tocar os sinos – Sorri, ainda olhando para o homem loiro – Mas tem um fantasma para tocá-los.

– F-Foi o seu amigo?

– Gostaria de fazer as honras e responder Rick? Podemos fazer assim: um toque para sim, dois para não. Assim fica mais fácil de falar sobre coisas que o Jacob precise saber. Podemos tentar?

Um toque.

Jacob arregalou os olhos, mais depois sorriu.

– Isso é... um máximo!

– Afinal de contas, por que alguém teria um sino de vento dentro de uma cabana que nem janelas tem? – dirigi-me para Rick.

Ele sorriu, um sorriso sem emoção.

– Minha esposa tinha me dado no nosso último aniversário que comemoramos juntos. Nunca me desgrudei desses sinos.

– Peço desculpas por isso, a-agora que estão separados pela morte.

– Não se desculpe! A morte não nos separa mais.

– Quer dizer que... ela também morreu?

Rick assentiu.

– No verão passado em um acidente de carro. Mais agora não tenho o que reclamar, estamos juntos de novo. Acho que a morte não foi tão ruim a final de contas. Reencontrei quem amo, tenho uma amiga ainda viva com que posso conversar e não tenho mais preocupações com carreira ou diploma, posso ser feliz.

Fiquei em duvida se sorria ou se chorava, o que Rick dissera mexeu com meus emocional, apesar de não querer deixar isso exposto, então, mudei o assunto: – Então... onde está, o guia?

– No baú – o homem de cabelos loiros apontou para a arca – A propósito, existe sim uma chave para os cadeados, mas estão todas aqui dentro, no armário, junto com a chave do baú. Ah! E não adianta querer me matar por não ter dito isso antes.

Contorci os lábios, paciente.

– Jake, pode pegar o baú? Eu pego as chaves – Aproximei-me do armário e virei para o homem sorridente do outro lado – Ou vai me dizer que o armário também precisa de chave?

– Como eu disse, todo o cuidado é pouco – Ele se aproximou da escrivaninha – Esta na primeira gaveta.

– Você não quer mesmo que o Elliot descubra onde está aquele guia não é? – abri a gaveta, procurando a chave. Logo toquei em algo gelado, gordo no começo e fino depois. Uma chave escura – Por que mesmo?

Rick deu de ombros.

– Por que se ele descobrir os segredos que o seu sobrenatural tem não vai parar.

Jake pegou o baú e perguntou onde punha. Pensando rápido sugeri o chão.

Depois de abrir o armário tirei a dúvida de qual das tantas chaves era a do baú. Rick respondeu que era a dourada e detalhada.

– Tudo bem... Vamos lá.

Me agachei e girei a chave na fechadura do baú, logo ouvi a trava sendo aberta. Ergui a tampa na qual rangeu. Um livro grande e um machado, eram as únicas coisas ali.

– Um... machado? – peguei-o com as duas mãos no cabo e o tirei do baú – O que o machado tem de tão importante? Afinal, você também tinha um quando Elliot te matou.

– Leia o guia – Disse – E não queira saber como consegui os machados.

– Engraçadinho.

Coloquei o machado de volta no baú, o guia já estava nas mãos do Jacob. Decidi então que deveríamos começar a ler o livro.

Apesar de estar no final da tarde – Mais ou menos 18 horas quando vi no relógio de pulso do Jake – a luz do sol não iluminava o lado externo da cabana – havia apenas alguns buracos para passar a luz do sol, mas não era o suficiente – , então lembrei que havia uma lanterna no armário. Antes de nos acomodar na escrivaninha e começar a obter informações, peguei-a.

Sentei na cadeira giratória e Jacob na de madeira. Percebi que Rick ficara atrás de mim. Não sei por que, mas acho que não precisaremos do sino de vento, ficaremos mais concentrados no livro.

Abri a capa, seguindo para as páginas. As informações já estavam nas primeiras folhas.

– Você que desenhou? – perguntei referindo-me ao desenho da forma sobrenatural de Elliot. O rosto escamoso, olhos invertidos, dentes afiados e língua bifurcada. Olhei para o homem atrás de mim, mas ele havia sumido – Odeio quando ele faz isso. É, Rick nos deixou sozinhos nessa.

– Espera aí – Jake apontou para o desenho, batendo nele com o dedo várias vezes – É isso? Isso tentou me matar e isso quer matar você? – Assenti – Credo!

– Tudo bem então – olhei para o grande texto de letra desenhada da primeira página, ao lado do da arte feita por Rick – Vamos lá. Eu leio se quiser...

Jacob concordou.

– Ótimo.

" Primeiramente não sei que nome eu daria ao que criei, mas sei que o primeiro a ter o gosto da experiência fora um amigo. Com dedução percebi que tudo acontecera com um efeito do veneno de uma nova espécie de cobra e uma vacina, não sei exatamente o que possa ter acontecido, talvez tenha atingido o seu DNA. A mutação fez com que meu amigo tivesse um poder sobrenatural, virando um homem cobra, transformando-se quando bem entender em um homem de escamas pelo corpo, garras e dentes afiados, olhos puxados e invertidos, e língua bifurcada, igual a imagem. Com muito esforço e uma amostra de seu sangue consegui chegar a algumas conclusões de mais alguns de seus poderes."

– Isso... é tipo um índice? Um prólogo? Como em um livro? – Jake perguntou, virando a página.

Assenti, um pouco em duvida.

"Descobri de alguma forma que sua alimentação – Na maioria das vezes – é baseada em carne humana. Para conseguir sua presa ele pode caçá-la e decapitá-la comendo o que lhe interessa. Suas técnicas mais usadas para caçar seu alimento seria cercá-los e feri-los para que não fugissem, ou no caso de uma cobra, estrangulá-los e come-los por inteiro. Sua forma de caça é cautelosa, tentando não deixar rastros por onde passar ou fazer com que alguém perceba que teria algo de errado na hora de sua alimentação, e claro, se percebesse, não teria muito tempo.

Existem habilidades que devem ser observadas como: força, rapidez, percepção e agilidade. Matar ele exige inteligência com os tópicos e se for lutar contra, que use um machado. Ele não seria usado para corta-lhe qualquer parte do corpo, se cortadas elas crescem novamente em segundos. A única forma de matá-lo seria cortando a cabeça, e para ter certeza de que estará livre dele, bote fogo.

Espero que, quem encontre isso, tome cuidado por que, se a criatura que criei não tenha sido impedida até lá, creio que tenha se reproduzido. E se ele se reproduziu ou não, que você esteja ciente do que poça acontecer."

Percebi que não havia mais nada escrito na outra folha. Virei o resto delas, nada.

– É isso? E o que eu faço agora, espero Elliot vir me matar?

– Eu queria poder saber como ele descobriu tudo isso com poucas formas de provar.

Jacob olhou para o seu relógio.

– Podemos levar o guia e o machado com a gente, Billy não deve ligar se ficarmos em casa, a não ser pelo machado, mas até lá invento uma desculpa. O que quero dizer é; melhor irmos para um lugar com "civilização". Já está quase anoitecendo e será uma caminhada de quatro quilômetros, melhor irmos agora.

– Você tem razão – Fechei o livro e entreguei ao Jake, fazendo com que nossos lábios se encontrassem – Melhor irmos.

Peguei o machado de dentro do baú e abri a portinha de chão. Jacob disse para que eu fosse na frente, que apenas procuraria algo que seria útil. Joguei o machado na grama e sai da cabana, arrastando-me com ele nas mãos até avistar novamente as árvores.

Limpei minha blusa cheia de grama e carreguei o machado, apoiando parte do cabo no meu ombro.

O céu já estava começando a ficar tingido com um azul-escuro leitoso, nuvens acinzentadas, estrelas reluzentes e uma lua cheia grande. A noite cheirava deliciosamente bem, até que eu ouvi um galho se quebrar, depois, um movimento cauteloso.

– Enfim nos encontramos, garota.

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Notas finais do capítulo

Vamos lá! comentem ou o Elliot vai assombrar vocês u-u