Cartas Para Um Invisível escrita por Yoggi


Capítulo 2
Capítulo 2: Uma mentira para ir à sorveteria


Notas iniciais do capítulo

olá leitor ou leitora haha, aqui está o segundo capítulo! Sei que ainda não temos muitas reviews, mas espero que analisem a história e gostem! Os capítulos vão melhorando, afinal o primeiro é sempre aquele comecinho haha. Então muito obrigada e está aqui o capítulo da outra autora dessa história, bjs.



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                                                    Miranda

           

            Risco a folha de papel onde estou fazendo meu dever de matemática. Um barulho me assustara e, ao mesmo tempo, me tira do tédio da grande equação que tento resolver. Um som de vários objetos de vidro quebrando. Fui até minha porta e a abri-a com cuidado, tentando acostumar meus olhos a claridade dessa manhã calorosa. Desço a escada até o primeiro andar de minha casa e sigo até a cozinha.

              Meu pai estava lá, com uma agenda embaixo do braço, uma mão ao celular, um café que expelia fumaça branca na outra, enquanto pedia para a pessoa no telefone esperar um momento. Ele põe o celular na barriga magra, enquanto a veia de sua cabeça calva começava a pulsar:

                - Cuidado com essas preciosidades, idiota! Olha só o que você fez, derrubou tudo! Sabe o quanto isso custa para mim? Isso será descontado do seu salário, você meu ouviu? Isso que dá mandar entregar aqui em casa. Cancela as outras e manda para fábrica. – Ele gritava com um homem novo de, aproximadamente, vinte e cinco anos. Ele usava um macacão azul sujo de graxa e tirou o boné para juntar os cacos de vidro das centenas de garrafas que haviam caído de uma das quinze caixas espalhadas por lá.

                    Meu pai gritava para ele, mandando pegar a vassoura que ficava na dispensa, e ao mesmo tempo falava para a pessoa ao celular ligar mais tarde. O homem novo que derrubara as caixas começou a soluçar baixinho, enquanto pegava panos de chão para enxugar o conteúdo com cheiro forte de álcool que impregnava o chão.

                      Senti-me triste pelo homem, mas hoje fora um diz horrível para acontecer isso. Papai está muito nervoso por conta de algum problema na fábrica. Fui até o balcão, puxei uma cadeira para sentar-me e fiquei observando o homem arrumar tudo.

                       Quando ia perguntar ao meu pai se estava tudo bem, ele disse que mais tarde falaria comigo e saiu batendo os pés da cozinha. Respirei fundo, mas logo me acalmei, havia esquecido o que ia falar. O homem enxugara uma lágrima e foi colocar o pano molhado na lavanderia. Marcie, uma senhora de cinquenta anos que trabalha lá em casa desde nova, começou a lavar o pano. Depois ela foi ajudar o homem e disse que ia ficar tudo bem.

                        Eu adoro a Marcie. Ela realmente era uma mulher muito interessante, além disso, suas histórias são as melhores. Ela tem seis filhos, quatro meninos e duas meninas, que todo dia aprontam algo.

                        -Fique tranquilo, Jayden. Senhor Willian está nervoso hoje. Problema na fábrica, então não ligue. Na verdade, ele é um homem bom. – Disse Marcie, olhando em seus olhos. O tal senhor Willian seria meu pai, que estava nervoso de manhã.

                          O homem não a respondeu, somente balançou a cabeça de um jeito esquisito. Olhei em volta e decidi voltar para meu quarto e tentar concentrar-me na matemática. Quando comecei a subir as escadas, parei bem no meio. Fiquei olhando para meus pés. O esmalte estava saindo. E então comecei a pensar nas equações, e depois como o professor vai ficar bravo se eu não aparecer com a tarefa de férias pronta, e depois em como minhas amigas haviam me chamado para uma festa, e por fim em como não podia aparecer com esses pés de esmalte descascando.

                           Levantei a cabeça e quando ia colocar meu pé no próximo degrau, minha mãe estava à minha frente. Assustei-me respondendo com um pequeno grito:

                            - Mãe! Que susto.

                            - Desculpe, filha. Não queria assustar. O que você estava fazendo na escada?

                            -Eu? Ah, nada. Só olhando meu pé.

                            -Hum... Acordei com uma gritaria. O que houve dessa vez?

                             - Jayden derrubou uma caixa inteira das garrafas. Papai começou a gritar com ele, aí Marcie foi ajudá-lo.

                              Minha mãe fez uma expressão estranha, olhou por trás de meu ombro e continuou:

                              - Problemas na fábrica?

                              - Sim, acho que é algo fiscal. Devo me preocupar?

                              - Claro que não! – Riu minha mãe. Ela pegou no meu ombro e sorriu. – Você já tomou seu remédio para renite?

                               - Sim, mãe. Não se preocupe – Digo devolvendo um sorriso.

                               - Tudo bem, vou falar com seu pai e com Jayden. Às vezes Willian é um exagero. – Disse ela grunhido. – Bem vou lá. Aproveito e ligo para Carly.

                                 Ela disse e saiu antes que eu começasse minha resposta. Eu precisava de um vestido para a festa de mais tarde. Dou os ombros e vou para meu quarto.

                                Carly é a chef que cozinha aqui em casa. Ela é bem nova e acabou de terminar um curso de culinária, aceitando trabalhar aqui. Ela é outra moça que eu gosto muito, principalmente de suas comidas.

                                 Olho para o dever de matemática e fico com um desânimo enorme. Aqueles números mexiam comigo de um modo negativamente, e então fechei com violência o caderno cheio de equações e fui deitar no sofá em minha janela. Fiquei observado a vizinhança, suas casas enormes com jardins esplêndidos e quintais adequados ao tipo de família por ali: alguns com brinquedos, outras com piscinas e outras com churrasqueiras. Garagens com locais para três á quatro carros. Tudo ali era sempre igual, mas eu já havia me acostumado.

                                   Depois fiquei observando as árvores, plantas e flores por ali, alguns sendo cuidados por jardineiros, e uma paz invadiu meu quarto e eu já não precisava mais me adequar à luz do sol daquela calorosa manhã.

                                    No fundo da rua vi o carteiro entregando as cartas nas caixas de correio dos meus vizinhos. Ele era muito apreciado ali, pois ele vinha dia de domingo sempre com um sorriso.

                                     Magricelo, alto e sempre com a barba feita, ele vinha sorridente e entregava os envelopes ou caixas. Quando ia em direção à minha casa corri para o primeiro andar novamente, abri a porta da frente e fui até o limite do meu gramado e a calçada. Mesmo molhando-me com os jatos de água que regavam o gramado fiquei esperando ele chegar, observando o sujeito enquanto o sol me bronzeava ainda mais. Coloquei meu cabelo preto que, de acordo com minha mãe ganhava da escuridão, atrás da orelha.

                                      O carteiro havia chegado e parou na minha frente estendo as cartas. Eu as peguei e demos sorrisos um ao outro. Depois sussurrou um bom dia e ficou estendido ali por mais um tempo até que sua expressão ficou séria. Estranhei, mas no fim entortou a boca para transformar em um sorriso e saiu para entregar as outras cartas dos moradores.  Corri para dentro de casa e no balcão da cozinha, despejei as cartas.

                              Vi Jayden passando por ali com a caixa cheia de vidro e me deu um aceno com a cabeça. De novo eu devolvi dando um tchau, e Marcie havia feito o mesmo. Alguns segundos depois minha mãe chegou novamente e pegou as cartas, mas antes que ela subisse para seu escritório no terceiro e último andar da casa, ela parou e entregou-me uma. Espantei-me, pois nunca havia recebido uma carta, a não ser que fosse da escola como avisos, boletim ou... Expulsão?

                              Era um envelope simples, sem muitos detalhes ou algum selo de instituição ou empresa, somente o endereço do remetente e do destinatário. E o nome Edward.

                              Olhei em volta, tentando descobrir se alguém sabia o significado daquilo, mas ninguém me respondeu ou deu algum aceno com a cabeça. Talvez minha mãe não tivesse me dado se não fosse alguém conhecido, ou talvez nem tenha percebido. Só poderia descobrir quando abrisse a carta.

                               Subi ao meu quarto e sentei-me no sofá de janela. Rasguei a abertura do envelope e desdobrei o papel. Não era escrito a mão, e sim datilografada. Eram folhas decorativas, mais bonitas que o envelope e começava com uma saudação comum, um simples “oi”. Era pequena, somente alguém procurando por um amigo e no fim assinava com o nome de Edward.

                                - Mas o que é isso? Quem é Edward? – Indaguei.

                                Fiquei encarando a carta com aquela letra de máquina. Pensando em algum primo, ou amigo distante. Não consigo lembrar ninguém. Então, vejo a frase na carta: “Eu queria um amigo, alguém para conversar”.

                                Senti-me estranha. O que ele queria? Se realmente era ‘’ele’’. Mil pensamentos começaram a passar pela minha cabeça. O jeito como meus professores e pais falam para eu não me comunicar com estranhos ou dar algum endereço. E pensei naquelas notícias ruins que vemos na televisão, você se sente tão mal, que parece que a família é sua. Aquela em que você não tira o olho da T.V, esperando que no final da notícia algo de bom aconteça.

                                 Fui seguindo o corredor novamente com a carta na mão. Quando ia descer as escadas, parei no meio dela e observei minha mãe enquanto ela falava com Carly, que acabara de chegar, e ignorava Marcie. Uma raiva subiu em mim, mas depois se dissipou em felicidade, apesar de eu não saber o porquê. Então vi que era desnecessário mostrar a carta para minha mãe.

                                  Chegando novamente ao meu quarto, respiro fundo e fico olhando para o exterior além das janelas. ‘’Será? Será que realmente não é uma armação?’’ Fiquei pensando seriamente. Olhei para o endereço da carta, e então percebi que vinha do subúrbio de Nova York, e que ele só queria um amigo, pois era uma pessoa que precisa desabafar. E eu preciso descobrir o porquê. Simplesmente precisava.

                                      Fui a minha escrivaninha e abri meu computador, então comecei a digitar. Não iria mostrar minha letra. Nem meu nome verdadeiro. Ou qualquer pista que me denunciasse. Depois que terminei a carta, curta e objetiva, fui imprimir. Reli-a e achei o suficiente, assinada com o pseudônimo de Miranda, a tal Amanda:

                                       ‘’Olá.

                             Recebi sua carta. Não me ache inconveniente, mas é estranho receber a carta de um desconhecido. Só que, por um momento, percebi que também gostaria de conversar. Sim, gostaria de ser um amigo.

                             Amanda’’.

                              E foi assim que eu pedi para minha mãe deixar-me na sorveteria, á uma quadra do correio. Fui até lá escondida e deixei a carta, assinada com o endereço do apartamento-escritório do meu pai, no ápice de Nova York.              


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Notas finais do capítulo

E aí gente, gostaram? Gostaremos muito de saber suas opiniões para melhorarmos mais e nos motivarmos a escrever, então obrigado por ler até e aqui, e até o próximo capítulo!
Bjs