Supernatural Summer Season escrita por Gretel Tsuki


Capítulo 35
Episódio 11 - Parte II


Notas iniciais do capítulo

EPISÓDIO. 11 ~ "Homebound Train / Trem pra Casa" (Parte II)



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No Hospital Psiquiátrico de Stanford...


Dean e Lindsay entram na recepção. Há uma secretária, sentada à uma mesa.


Secretária: Posso ajudá-los?

Dean: Estamos procurando um paciente. Ramon Harley.

Secretária: Eu sinto muito, mas esse paciente não pode receber visitas.

Dean: Somos amigos dele. Por favor, temos que falar com ele.

Secretária: Desculpe, mas ele chegou aqui hoje, depois de sofrer um trauma psicológico terrível. Por enquanto ele ainda tem que se recuperar. Talvez daqui a uns dias...

Lindsay: Olha, moça, sabemos de tudo isso. Viemos de outra cidade quando soubemos do incidente. Precisamos mesmo ver ele. Quem sabe até possamos ajudá-lo com a visita.

Secretária: Olha, está bem. Vão lá. Mas sejam rápidos, antes que o médico volte.

Dean: Obrigado. Qual o quarto?

Secretária: Número dezoito. No corredor, última porta à esquerda.

Lindsay: Obrigada.


Dean e Lindsay vão até o quarto número dezoito e abrem a porta. Ramon está sentado em uma cadeira, de frente pra janela. Ele se vira para os dois.


Ramon: Quem são vocês?

Lindsay: Olá, Ramon. Eu me chamo Lindsay. Eu... Sou psiquiatra. Me mandaram aqui pra conversar com você. Esse é o Dean, meu... Assistente.

Dean: Como vai, Ramon?

Ramon: Quase fui atropelado por um trem. O que acha? De qualquer forma, já veio um psiquiatra aqui hoje. Até por que isso é um Hospital Psiquiátrico!

Lindsay: Pois é... Mas o médico achou melhor ter uma segunda opinião. Então... Me diga, o que houve hoje?

Ramon: Se eu disser, vocês não vão acreditar em mim. Do mesmo jeito que o outro médico não acreditou.

Lindsay: Eu sou diferente. Eu levo em consideração tudo o que os meus pacientes me contam.

Ramon: Pra depois me diagnosticar como louco! E não, obrigado. Apesar do que eu vi hoje, ainda tenho certeza de que sou perfeitamente normal.

Lindsay: Não vou taxá-lo de louco. Eu prometo. Mas preciso saber o que aconteceu naquela linha do trem.

Ramon: Se eu disser, vocês se mandam?

Dean: Nós prometemos.

Ramon (Respira fundo): Eu estava na estação, esperando o metrô. Então, de repente, ouvi a voz de uma mulher me chamando e meus movimentos ficaram involuntários. Eu não queria, mas pulei na frente dos trilhos, enquanto o trem estava vindo.

Dean: Como foi que você sobreviveu?

Ramon: As pessoas na plataforma começaram a gritar e um homem pulou e me empurrou pra fora do caminho do trem. Ele foi muito corajoso... Depois que o trem passou, eu recuperei a consciência, mas estava em estado de choque. Então vim parar aqui.

Lindsay: Você disse que ouviu uma voz de mulher te chamando. Tem certeza de que era uma mulher?

Ramon: Tenho. Aliás, eu conhecia aquela voz. Só não me lembro de onde...

Dean: Conheceu um garoto chamado Tom Lively?

Ramon: Tom Lively? Esse nome me soa familiar... Ah, sim. Tive um aluno chamado Tom Lively. Não sei se é do mesmo que estamos falando.

Lindsay: Você é professor?

Ramon: Eu era professor de matemática. Mas faz uns anos que eu me aposentei. O que isso tem a ver?

Dean: Bom... O Tom morreu em uma linha de trem.

Ramon: Eu me lembro disso. Foi um choque pra escola toda na época. Mas ainda não entendo o que isso tem... Esperem. Por acaso vocês acham que o fantasma dele voltou do além pra matar pessoas? (Ri) E depois o louco sou eu...

Lindsay: Ramon, você mesmo disse que ouviu uma voz te chamando. Isso não te parece anormal? Agora me diga, Tom Lively teria algum motivo pra querer matar você?

Ramon: Bem... Ele não era bom em matemática. Tive que reprová-lo e isso impediu que ele entrasse pro time de basquete. Ele queria que os alunos parassem de zombar dele, mas a reprovação estragou a ideia.

Dean: É, isso deve ter deixado ele bem irritado.

Ramon: Com certeza ficou. E a mãe dele mais ainda... Olha, acho que era dela!

Lindsay: Era dela o que?

Ramon: A voz que eu ouvi. Era a voz da senhora Lively. Ela ia sempre na escola, era muito preocupada com o Tom. Quando o reprovei, ela ficou furiosa. Disse que eu tinha acabado com o sonho do filho dela.

Lindsay: Você não teve culpa. Não podia fazer nada.

Dean: Temos que ir, Linn...

Lindsay: Obrigada, Ramon...

Ramon: Vocês não são psiquiatras, não é?

Lindsay: Bom... É...

Ramon: Eu entendi. Tomara que eu tenha ajudado e que vocês resolvam esse "problema".

Dean: Não se preocupe. Nós vamos. Por enquanto, não chegue perto de trens.

Ramon (Olha em volta): É, parece que eu não vou a lugar nenhum por um tempo...


Dean e Lindsay saem do hospital e entram no Impala. Dean começa a dirigir.

Dean: Liga pra Harry.

Lindsay: Vou ligar pro Sam.


Dean revira os olhos e Lindsay liga pro Sam, que está na mesa com Harper, Chandler, Ray e Len. Ele se levanta e vai até o balcão atender.


Sam: Oi, Linn.

Lindsay: Oi, Sam...

Sam: Parece que descobrimos quem realmente está fazendo isso.

Lindsay: A mãe do Tom.

Sam (Surpreso): É. Como descobriram?

Lindsay: O cara com quem a gente foi falar era professor do Tom. Ele disse que ouviu a voz da senhora Lively chamando ele.


Sam olha pra mesa e vê Chandler com a mão sobre a de Harper e os dois rindo. Ele fica aflito e zangado ao mesmo tempo.


Lindsay: Sam? Cê tá me ouvindo?

Sam: Ãhn? Ah, desculpa, tô ouvindo... Um dos amigos da Harry disse que a mãe dele se suicidou, se atirando na frente de um trem.

Lindsay: Nossa! Mas isso praticamente confirma nossa suspeita!

Sam: Mas tem um porém.

Lindsay: O que?

Sam: Sophia Lively foi cremada. E mesmo se fosse ela desde o início, por que a namorada do Jason Kilmer disse que ele ouviu um homem chamando?

Lindsay: Como cê sabe?

Sam: Ela disse que, antes de se atirar na frente do trem, o Jason falou que "ELE estava chamando". Não ELA.

Lindsay: Eu não sei. Olha, eu e o Dean vamos pro hotel. Encontramos você e a Charlotte lá.

Sam: Tá. (Desliga).


Sam volta pra mesa e para em pé ao lado de Harper, que ainda ri e conversa animadamente com Chandler, ainda com a mão sob a dele. Sam fica desconfortável e pigarreia, meio constrangido.


Sam: Harry... É... Temos que... Ir.

Harper: O Dean e a Lynda já... Voltaram do compromisso?

Sam: Já... Precisamos encontrá-los.

Harper (Lamentando): Aahh... Agora?

Sam: Agora.


Harper olha tristemente pra Chandler.


Harper: Eu sinto muito. Tenho mesmo que ir.

Chandler: Onde você mora? Podemos nos ver de novo...

Harper: Na verdade, eu não moro aqui. Eu moro no Texas... Só estamos de passagem...

Chandler: Ah, não... E você vai embora quando?

Harper: Eu não sei... Talvez daqui uns dias...


Sam revira os olhos impaciente, enfiando as mãos nos bolsos.


Chandler: Quem sabe a gente se encontra antes de você ir embora. (Malicioso) Adoraria que você me algemasse... (Morde o lábio de baixo).


Harper ri e se levanta. Ela se inclina um pouco, perto do ouvido de Chandler.


Harper: Quem sabe... (Se endireita) Vamos, Sam...


Chandler segura o pulso de Harper.


Chandler: Foi ótimo rever você.

Harper: Eu digo o mesmo. (Sorri) Tchau, meninos.

Ray e Len (Juntos): Tchau, Harry.


Harper e Sam saem do bar. Ray e Len começam a rir maliciosamente.


Ray: Aí, o cara! Vai se dar bem com a Harry. DE NOVO!

Chandler (Sorri timidamente): Como ela mesma disse, quem sabe, né... E "de novo" não. Éramos quase crianças ainda, não passamos dos beijos.

Len (Debochando): Mas agora vai passar! Adorei a parte do "Adoraria que você me algemasse".


Ray e Len caem na risada. Chandler acaba rindo junto.


Sam e Harper entram no Mustang. Sam fica pensativo e incomodado, pensando em mil coisas pra dizer pra Harper sobre o tal de Chandler, mas não sabe como e nem se deve falar alguma coisa. Ele sai dirigindo.


Sam (Como quem não quer nada): Então, Harry... Você conheceu o Tom Lively, como é que não lembrou?

Harper: Ah... Sei lá. Passei por tantas escolas na vida... Não passava mais que umas semanas, com sorte alguns meses, na mesma escola. Quando meu pai resolveu ficar mesmo no Texas, eu já tava no último ano da escola. Eu fui embora do colégio Spencer antes do Tom morrer. Se tivesse sido depois, com certeza eu me lembraria de uma coisa dessas...

Sam: Eu sei como é. O Dean e eu também, só passávamos uns dias em cada escola.

Harper: Caramba, demos a maior sorte de encontrar o Chandler e os caras... E de eles saberem tudo o que aconteceu com a mãe do Tom...

Sam: E você e esse Chandler? Vocês já...

Harper: Se a gente namorou? (Ri) Não. Fomos juntos a um baile na escola e rolou um clima, mas nada mais...


Sam não sabe se fica aflito ou aliviado. E Harper se pega pensando no por que de dar explicação ao Sam e fazer com que ele veja que nunca teve nada com Chandler. E no por que de ele estar perguntando.


Sam: Não sei se vamos ficar tempo suficiente pra... Vocês se verem de novo...

Harper: Não tem importância. Pode parecer frieza, mas eu nem lembrava da existência dele, não é agora que vai me fazer falta. Ser caçador nos ensina a não se apegar a nada nem a ninguém. Afinal, cada dia a gente tá num lugar diferente.


Sam meio que respira mais aliviado.


Sam: Cê tem razão. O nosso mundo é basicamente o Dean, a Lindsay, eu e você.


Pegaram o duplo sentido no "eu e você", né? Continuando...


Eles chegam ao hotel, pegam o elevador e sobem pro quarto.


Harper: Demoramos?

Dean: Acabamos de chegar também. Descobriram mais alguma coisa?

Harper: Não... Quer dizer... Não sei, acho que o Chandler ficou na defensiva demais quando perguntamos sobre a morte do Tom e da mãe dele. Acho que escondeu alguma coisa.

Dean (Zoando): E você bem que conhece ele o bastante pra saber quando ele tá mentindo, né?? (Ri)

Harper (Constrangida): Dean! Filho da puta...

Dean: Brincadeira. Mas e aí? O que a gente faz então?

Sam: Podíamos dar uma olhada na casa dele... Quem sabe encontramos alguma coisa.


No dia seguinte, Sam e Harper descobrem onde é a casa de Chandler e vão até lá. Eles tocam a campainha, mas ninguém atende. Sam abre a porta com um clipe e os dois entram pra revistar.

Chandler estaciona o carro em frente a casa. Sam entra atrás da porta do banheiro e Harper encosta ao lado da estante da sala. Chandler vê a porta aberta e entra devagar. Ele tira um canivete do bolso. Harper sai detrás da estante.


Harper: Oi, Chandler...

Chandler: Harry? O que você tá fazendo aqui?

Harper (Disfarçando): Eu... Vim ver você, ué... (Anda pra perto dele, seduzindo)

Chandler: Como você entrou?

Harper: Você esqueceu a porta aberta.

Chandler: Esqueci?

Harper: Aham...

Chandler (Malicioso): Mas, nossa... Você tava ansiosa pra me rever, não?

Harper (No mesmo tom): Aah... Você nem imagina...


Sam sai detrás da porta do banheiro. Chandler está de costas e Harper de frente pra ele. Ela olha pra Sam, depois em direção a porta da sala, sinalizando pra que ele saia. Sam continua parado, calculando seus movimentos.


Chandler: Como você encontrou a minha casa?

Harper: E isso importa?


Harper abraça Chandler, olhando pro Sam por cima do ombro dele e balançando o braço, pra ele sair. Sam vai saindo rapidamente, sem fazer barulho. Antes de conseguir chegar à porta, ele arrasta um pouco a cortina por acidente. Chandler faz menção de virar pra trás pra ver o que era, mas Harper segura sua nuca e beija seus lábios, pra distraí-lo. Sam fica uns segundos atordoado com a cena, mas sai da casa. Harper se separa de Chandler.


Chandler: Uau... Me senti no baile de inverno outra vez.


Harper sorri. Quando Chandler vai beijá-la de novo, Sam bate na porta aberta e entra outra vez.


Sam: Com licença... Interrompo?

Chandler (Se vira pra ele): Na verdade...

Harper (Interrompe): Não. Oi, Sam... O que... Você tá fazendo aqui?

Sam (Constrangido): Bom... É... A gente tem um compromisso. Lembra?

Harper (Respira fundo): Olha, Chandler... Tenho que te falar umas coisas...


Ela puxa ele até o sofá e os dois se sentam. Sam fica em pé na frente deles.


Chandler: O que foi, Harry?

Harper: A verdade é que... Eu vim aqui por um outro motivo.

Chandler: Que motivo?

Harper: Vou ser muito honesta. Não se assuste.

Chandler: Você já tá me assustando com essa conversa.

Harper: Olha... Eu não sou policial, o Sam também não é advogado. Nós somos caçadores.

Chandler: Caçadores?!

Sam: Caçadores de seres sobrenaturais... Fantasmas, demônios, vampiros...

Chandler: Harry... Isso é loucura. Vocês estão brincando, não é?

Harper: Chandler... Nós sabemos quem provoca as mortes no trem e acho que você também sabe.

Chandler: Eu? Não sei do que cê tá falando...

Harper (Olha bem nos olhos dele): Chandler...

Chandler (Respira fundo): Tá bem... Teve uma noite, umas semanas antes de começarem os suicídios, que eu estava no meu quarto. Então o Tom apareceu. No dia seguinte, pensei que eu tinha sonhado, mas as mortes começaram e eu não pude fazer nada.

Sam: O Tom te disse alguma coisa?

Chandler: Ele disse que a mãe dele surtou, que queria vingança. Disse pra eu ter cuidado.

Harper: Peraí... Ele veio te AVISAR?

Chandler: Foi.

Harper: Então não é ele quem mata as pessoas.

Sam: Mas e quanto ao Jason Kilmer? A namorada dele disse que ele ouviu uma voz masculina chamando.

Harper: A garota tava nervosa, o namorado morreu na frente dela. Pode ter se enganado. Ele, ela... É tudo a mesma coisa nessas horas.

Sam: É, faz sentido...

Chandler: Harry... Se vai atrás dela, toma cuidado.

Harper: Já me disseram isso...

Chandler: Não, é sério. Você não sabe de tudo.

Sam: Que cê quer dizer?

Chandler: O Tom era apaixonado por você, Harry. De verdade. Quando você foi embora da escola, ele ficou muito mal. E é claro que a mãe dele te odiou por isso.

Harper: Mas que culpa eu tive? Não foi minha intenção magoar ele, eu nem sabia desse amor platônico dele por mim!

Chandler: Eu sei que não, mas ela era doida. Só se cuide... Odiaria que alguma coisa te acontecesse... (Passa mão em uma mecha de cabelo de Harper).

Sam (Pigarreia): A gente se vira. Melhor a gente ir, Harry... Agora que sabemos a verdade, temos que parar o fantasma da senhora Lively.

Harper: Valeu, Chandler. Nos ajudou muito.


Harper se inclina e da um beijo no rosto de Chandler. Ele vira e da um selinho nela. Ela se levanta, constrangida.


Harper: Até um dia...


Continua...


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