Widow Under The Shield escrita por Maiumy hime
As noites em que não estava sendo interrogada eram mais torturantes do que qualquer dor, a solidão tomava conta do pequeno apartamento e pensamentos que Natasha queria afastar invadiam sua mente sem pedir permissão. Dessa vez não era um passado tão distante que a deixava desconfortável e sim as memórias de quando havia salvado o planeta. Não que ver pessoas morrendo aos montes a incomodasse, o que perturbava sua mente era a generosidade e o coração puro que haviam sobrevivido naquele homem mesmo depois de todos os horrores que havia visto na guerra. Desde que cada um dos vingadores tomou seu rumo era assim: não podia ficar sozinha que se lembrava do modo gentil e educado do Capitão Rogers em meio àquela confusão, coordenando todos os heróis malucos com o máximo de respeito. Homens bonitos por fora já tinha visto aos montes, mas ele era diferente. Cint Barton a havia salvado por acreditar em suas habilidades, e Natasha era grata por isso, enquanto Rogers ajudava apenas por ser de sua natureza fazer o máximo pelos outros. Colocou o pequeno globo de neve, sua última lembrança da Rússia, na estante e decidiu fazer algo para resolver aquela situação. Pegou o celular e viu que não eram apenas 22:00h então foi até sua pasta de contatos e selecionou o número que ele tinha feito questão de lhe dar. "Ligue-me se precisar de qualquer coisa", ele havia dito. Na hora precisou segurar o riso, mas agora a única coisa que precisava fazer era não gaguejar.
-Alô?
-Olá Capitão Rogers, aqui é Natasha Romanoff. Atrapalho?
-De modo algum. Aconteceu alguma coisa?
-Não. Na verdade estou ligando pessoalmente, sem envolvimento com a SHIELD. É só que, se não estiver ocupado, pensei que seria uma boa pessoa para conversar.
-Não estou fazendo nada de importante no momento...não me leve a mal, mas eu não sou muito a favor dessas tecnologias, então será que poderíamos conversar pessoalmente?
-Ah, claro. Vou passar o endereço do meu apartamento.
Em cerca de 15 minutos a Mirage 650 vermelha estava parando na frente do prédio e dela descia Steve Rogers, envolto em um casaco de couro ao estilo militar.
-Romanoff? Posso entrar? -disse ele ao bater na porta.
-Fique a vontade -respondeu a ruiva ao abrir a porta- mas enquanto não estivermos em missão, pode me chamar de Natasha.
-Se prefere assim...mas então, o que gostaria de falar comigo?
Naquele momento, sua coragem se esvaiu completamente e Natasha não conseguiu progredir de uma expressão estática. Tinha pensado em tudo e agora não fazia ideia do que dizer. Na verdade não sabia ao certo nem o que estava sentindo, então decidiu começar daí.
-Estou sentindo coisas que nã gostaria de sentir ultimamente, coisas que não deveriam fazer parte da minha vida.
-Me chamou aqui porque não sabe lidar com seus prórpios sentimentos?
-Desculpe, pensando bem me parece ridículo mesmo.
-Não foi uma crítica, perdão se soou assim. Estava só constatando. Se me chamou aqui para falar de algo tão pessoal é porque me considera um amigo e eu sou grato por isso. Mas então, o que está te deixando tão confusa?
Ela abaixou a cabeça e ficou em silêncio por um tempo, até que suspirou e deu uma breve risada da situação em que se encontrava.
-Pode parecer ridículo mas...eu acho que estou apaixonada por alguém.
-O amor é um sentimento que nos fortalece, não há motivos para se envergonhar dele -Steve segurou uma de suas mãos e se aproximou dela, que nada conseguiu fazer além de encará-lo com uma expressão que misturava surpresa e expectativa- seja quem for o merecedor dos seus sentimentos, é um homem de sorte.
-Amo você, Steve Rogers.
Silêncio. Só se ouviam os tic tacs do relógio quando Steve assimilou o que ela disse e pode fitar seu rosto, agora tão vermelho quanto os fios que o emolduravam. Tocou-lhe a face sutilmente e sorriu, desde que a conhecera tinha ficado impressionado com ela em todos os sentidos, mas apenas há pouco tempo percebeu que a grande admiração estava evoluindo para um sentimento que parecia impossível existir em um coração congelado pelo tempo.
-Quero fazê-la feliz, Natasha.
A tensão sumiu e ela apenas esperou o que pareceram horas, para enfim sentir a pressão dos lábios dele sobre os seus e beijá-lo de um jeito desesperado, desejando manter aquela sensação para sempre. Quando ambos já estavam sufocando, ele afastou seus corpos e encarou seus olhos de modo terno.
-Se incomoda se fizermos isso ao meu modo?
Ela negou.
-Então, Natasha Romanoff, você aceita sair para jantar comigo?
-Sim, eu aceito Capitão Steve Rogers.
Os dois saíram do apartamento e a Mirage levou-os até um restaurante italiano, onde uma agradável noite se seguiu. Natasha chegou em casa por volta da meia noite e ficou na janela, observando a moto se afastar. Era a primeira vez que um homem não tentava levá-la pra cama, com exceção de Barton. Até mesmo o impassível Nick Fury havia lhe feito uma proposta indecente! Ele era, sem sombra de dúvidas, um homem sensacional. Riu de si mesma, mas voltou a ficar séria quando pensou nas consequências de tudo aquilo. Nick Fury iria condená-la por se envolver emocionalmente com alguém, ainda mais alguém da equipe! Barton ficaria chateado por não ter ficado sabendo antes, mas pelo menos aquele problema ela iria resolver.
-Alô, Natasha? O que quer a uma hora dessas?
-É só uma da manhã, Clint.
-Fala logo.
-Estou apaixonada por Steve Rogers e nós nos beijamos hoje.
Houve um longo silêncio do outro lado da linha.
-Clint? Você está aí?
-Estou, é só que...eu não esperava. Fury já sabe?
-Não, e eu conto com a sua discrição.
-Tudo bem. Se cuida.
Desligou o celular e teve a impressão de que ele ficara chateado, mas culpou o sono e foi dormir também.
No dia seguinte, a SHIELD solicitou sua presença logo cedo e Natasha não demorou a aparecer.
-Agente Romanoff, detectamos que se ausentou do seu apartamento ontem em horário suspeito. Alguma declaração?-Nick Fury parecia extremamente irritado.
-Eu não estava me sentindo bem e resolvi sair.
-Acho que não entendeu, agente. Onde esteve?
-Eu só saí.
Fury acertou um soco forte em seu estômago, que fez com que ela perdesse a força nos joelhos e ameaçasse cair, então ele segurou-a pelos cabelos e encarou-a ainda mais sério.
-É a última vez que eu vou perguntar: onde esteve?
-Fui até um restaurante italiano.
-Tem alguma prova disso?
Ela olhou para o lado, pensando se deveria ou não falar sobre sua companhia naquele momento.
-TEM ALGUMA PROVA, AGENTE ROMANOFF?
-O Capitão Rogers estava comigo.
-O Capitão América? Bom, eu não tenho nada a ver com quem você sai ou deixa de sair. Mas vou chamá-lo para confirmar sua versão.
Ela foi dispensada e, depois de chegar na SHIELD e confirmar, Steve também foi.
-Como eles ficaram sabendo que você saiu? -sentou-se ao lado dela na praça de alimentação.
-Não sei, acho que monitoram minha casa ou algo assim.
-Então eu não vou poder ir muito lá, não é?
-Acho que não.
-Tá tudo bem?
-Tá, só não é agradável começar o dia com um soco do chefe.
-Fury te bateu? Isso é um absurdo!
-Relaxa, eu sempre que a SHIELD era assim e não me incomodo. Só nunca tinha acontecido comigo.
-Mudando de assunto, vai ter uma reunião social dos vingadores esse fim de semana não é?
-Na verdade é mais pra um baile em que o Nick Fury vai mostrar todo o dinheiro que tem.
-Posso ser seu acompanhante?
-Bom, o Clint tinha me convidado mas desfez o convite hoje, então seria ótimo.
No dia em que o pomposo convite avisara, Rogers parou em frente ao prédio e ela apareceu pontualmente, incrivelmente linda no vestido preto ornamentado por acessórios azuis, que realçavam a cor de sua pele e olhos. Seus cabelos ruivos estavam presos e seus lábios ficavam ainda mais tentadores com aquele aroma suave de cereja.
-Meu Deus, você está linda.
-Obrigada, Steve. Bela gravata, por falar nisso.
Ele olhou para a gravata listrada de vermelho, azul e branco e os dois não puderam deixar de rir.
-Só temos um problema: eu estou de moto e você está usando um vestido.
-Ah por favor, já estive em situações bem piores do que essa.
-Mas...
-Se não subir nessa moto agora eu vou levá-la.
Steve sorriu e colocou o capacete, entregando um outro a ela que teve certa dificuldade para driblar o enfeite no cabelo e subir na moto de salto, mas no fim acabou dando certo e eles chegaram ao evento em grande estilo. Nick Fury estava lá, acompanhado de Hill, Tony Stark fora com Peppers e o Dr. Banner se encontrava conversando com alguns membros importantes da SHIELD. Natasha olhou por todos os lugares, principalmente no alto, mas não conseguiu encontrar Barton. No entanto, sentia-se observada e achou ótima ideia ter levado consigo uma pequena arma de choque na bolsa. Foi despertada pela voz de Rogers, que oferecia educadamente o braço para levá-la. Olhou para Fury e viu que ele estava entretido demais para lhe dar atenção, então entrelaçou seu braço ao dele e deixou-se conduzir até o meio do salão.
-Capitão Rogers e Agente Romanoff? Eis algo inusitado.
-Stark, Senhorita Peppers.
-Ei Tony, você bem que podia aprender umas lições de bons modos com ele não é?
-Ah querida, eu já passei do tempo de aprender com os mais velhos.
-Pois eu não estou vendo nenhum fio branco na cabeça dele, já na sua...-Natasha piscou e foi conversar com o Dr. Banner, sendo seguida por Steve.
Durante quase duas horas tudo não passou de uma grande farsa social para promover a SHIELD às custas do Projeto Vingadores, mas em certo ponto isso mudou. Uma flecha foi atirada na direção do Capitão América, que desviou rapidamente da arma em si e da pequena explosão que ela causou. Então finalmente Clinton deu o ar de sua graça e pulou detrás de uma das colunas que sustentavam o local.
-Clint, por que fez isso?
-Diretor Nick Fury, eu tenho uma denúncia a fazer sobre a Agente Natasha Romanoff.
-Diga. Mas tenha a certeza de estar certo dessa vez, sua denúncia sobre a ausência da agente Romanoff era falsa.
-Não era. Ela realmente saiu. Mas a denúncia é muito mais grave agora: Natasha se apaixonou por alguém, Diretor.
-E o que a SHIELD tem a ver com isso?
-Ela pode ter passado informações para essa pessoa.
-A quem você se refere, Agente Barton?
-Ao Capitão América, Steve Rogers.
Começaram os burburinhos no salão, Natasha se sentia totalmente exposta e nem mesmo sua gratidão foi capaz de encobrir o ódio que sentia do Hawkeye no momento. Abriu a bolsa e pegou a arma de choque, escondendo-a bem entre as mãos. Aproximou-se de Barton lentamente, como uma serpente que espreita sua presa e não teve dificuldades em fingir um pedido de desculpas e acertá-lo no braço. O arqueiro caiu imediatamente no chão, para a surpresa de todos, e Natasha saiu correndo de lá imediatamente. Seria expulsa da SHIELD, perderia tudo o que tinha conquistado e para piorar Rogers devia estar com raiva por ter sido exposto daquela maneira.
-Agente Romanoff.
Era a voz de Nick Fury. Ela se preparou para fugir, mas percebeu Steve atrás de si. Estava perdida, encurralada, sem saída.
-Pela sua reação o que o Agente Barton disse é verdade.
-Não! Eu nunca passaria informações secretas a ninguém, você sabe disso! Por favor Fury, confie em mim!
-Barton sempre foi um dos mais próximos a mim, Romanoff, e algum tempo atrás ele me confessou algo. Disse que estava envolvido com uma colega de trabalho e eu não preciso de mais para saber que é você. Então, apesar de sua conduta vou considerar isso um ataque de ciúmes e te dar outra chance. Espero estar fazendo o certo.
Ela sorriu e Fury foi embora. Steve tocou-lhe o ombro suavemente, fazendo-a virar para si.
-Você está bravo comigo?
-Por que estaria? O que você fez não foi certo, mas eu nunca disse que me importava se todos soubessem o que sinto.
-E o que você sente?
-Tire essa informação de mim, Black Widow.
-Pode ter certeza de que eu irei.
E tirou. Aquela noite, entre as carícias e o prazer, ele deixou escapar o que desejava ter dito desde que lutaram juntos pela primeira vez.
-Amo você, Natasha Romanoff.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Bem, pra terminar eu preciso dizer...I SHIP IT! ~soca a mesa~