O Gelo e o Fogo escrita por Sídhe


Capítulo 9
Capítulo 7 (Parte I) - Uma aposta


Notas iniciais do capítulo

Fiquei uma semana sem postar, e ainda divido a história em partes lol Mas bem, para quem ainda não viu, fiz uma shortfic de leyna genderbend (troca de gêneros) baseada no dia de Fortuna. Quem quiser ler, é só ir no meu perfil. Para quem já leu, estou fazendo um capítulo bônus! E pretendo continuar com o genderbend...
Enfim, boa leitura!



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– Você foi demais. - Leo disse, erguendo mais o bule de chá que sua mãe tinha preparado. Ele não era muito fã da coisa, parecia ter gosto de remédio aguado, mas Piper gostava. Depois da corrida e de ter destruído o stalker e seu coração perseguidor, ela estava exausta. Eram apenas os dois na casa agora, Esperanza saíra para fazer um trabalho extra, o que resultou em dois adolescentes sentados no chão enquanto tomavam chá. Leo fez uma cara feia ao tomar um gole da bebida. - Argh, como consegue gostar disso?


– É suave e acalma - Ela disse, tomando a xícara em suas duas mãos, soprando de leve a fumaça que saía.




– Tem gosto de capim. - Leo comentou.





– Já provou capim? - Piper levantou uma sobrancelha. Ela riu.





Ele deu seu sorriso louco.





– Longa história, acredite. - Pousou a xícara na mesa - Não queira nem saber como eu fui acabar no lugar de uma vaca.





– Eu não quero. - Piper disse.





Leo bufou.





– Era retórico, mas okay - Fez um bico emburrado - Eu queria contar.





Piper olhou pela simples varanda da casa dele. Não era muita coisa em relação ao apartamento de Reyna. Uma tv normal na sala, um sofá já meio velho, um tapete puído e mesa retangular na frente dele. As paredes já aparentavam estar velhas, assim como as portas de madeira. Leo não era tão rico quanto Reyna ou Piper. No entanto, era um lugar aconchegante, mesmo tão pequeno. Já escurecia após a chuva de antes.





– Talvez outro dia - Colocou a xícara no descanso e se levantou - Agora eu tenho que ir e-





Seu pé se prendeu no pé da mesa, a fazendo tropeçar e cair de cara em alguma coisa. Só mais uma dica: um garoto de 17 anos. Leo sorriu bobo quando ela fizera aquilo.





– Foi mal - Se apressou a dizer e, antes que pudesse sequer se levantar, ouviu um barulho.





A porta da frente estava aberta, e uma Reyna confusa olhava para a cena. Ela ainda vestia o moletom da Limpeza, franzindo as sobrancelhas que poderiam ficar assim por anos.





Não é o que está pensando!– Leo disse, levantando as mãos em inocência. - Ah é, essa frase só piora. Ignore.





A garota de cabelos negros continuava os encarando, querendo estrangular Leo com os olhos pelo comentário idiota, e Piper depressa se desvencilhou dele para não aumentar a confusão.





O que houve? Ela não está pensando que tenho um caso com a Piper, não é? Ou é porque ela é a primeira garota diferente nessa casa?








– REYNA! – Uma voz que ele reconheceu como a de Thalia vinha de fora da casa. Ay, pensou Leo. Se Thalia soubesse ou visse o que tinha acontecido (mesmo que fosse totalmente acidental), suas chances com ela estariam dizimadas. - ELES ESTÃO AÍ?









A membro do conselho voltou seu olhar para Piper.






– O que está acontecendo... - Disse baixinho.





– REYNA! - Thalia repetiu por não ter obtido uma resposta.





Ela virou o rosto e gritou de volta, ainda raivosa. A pressão de Leo subiu com o que ela responderia.





– Acho que não tem ninguém aqui!





Ele deu um suspiro tão grande que pensou que seus pulmões tinham murchado. Reyna deu uma última olhada nos dois e saiu da casa batendo a porta. Piper e ele se entreolharam, ambos sem jeito.








No início da noite, quando a garota já havia ido embora e Esperanza havia voltado, suada e cansada, Reyna estava sentada na mesa. Ela estava muito centrada em sua mente, brincando com uma faca. Leo não queria nem pensar o que faria com ela.








– Ah, o que vai ser para o jantar hoje, hijo? - Ela falou, se espreguiçando e deixando sua mala com ferramentas numa mesa de canto.








– Hamburgueres à parmegiana, especialidade do Chef Supremo - Ele disse, retirando os pedaços de carne do congelador. A mãe fez um som de aprovação.








– Você gosta, Reyna? - Ela disse, já animada se sentando ao lado da garota.





Ela se deu o trabalho de levantar os olhos e dar um pequeno sorriso. Mas Esperanza não retribuiu.





– Sim, eu adoro - Falou, tentando mostrar certa melhora, mas a Sra. Valdez ainda não parecia totalmente convencida daquilo.





Leo estranhou seu tom. Ainda da cozinha, ele começou a dizer:





– Olha, sobre hoje de tarde - Começou, colocando o óleo na frigideira, o som dele concorrendo com a sua voz - Foi só um mal entendido, ok? Se aquilo te deixou brava, me desculpe. Às pazes? Um aperto de mão?





– Por que está se desculpando? - Ela disse, ainda medindo as palavras por conta de Esperanza ainda na sala. A mulher desviou os olhos dos dois e fingiu estar muito interessada em seu macacão sujo. - Você é estranho, Leo Valdez.





Ele levantou as sobrancelhas e puxou um dos cantos da boca, ainda de costas para ela enquanto preparava os pratos.





– Você também, Rainha do Gelo. Você também.





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Leo olhou as horas no seu despertador. 8:37. Oito! Eles chegariam atrasados mesmo que corressem a vários quilômetros por hora! Ele olhou pela janela e viu que as cortinas do quarto de Reyna ainda estavam fechadas, o que resultou nele batendo uma vassoura no vidro para acordá-la. Ao se virar para olhar novamente as horas, a vassoura bateu na cabeça de Reyna.



– Por que está me acordando assim? - Ela disse, já raivosa, fechando os punhos.

– Menos papo e mais banho! - Leo falou, jogando a vassoura para o canto - Se não sairmos agora mesmo não chegaremos a tempo! Vai, vai!

Reyna saiu marchando para o lado interior de sua janela, e Leo correu para o banheiro. Em quase cinco minutos já estava pronto, colocando uma camiseta mais leve por conta do clima. Ah, o verão. Época de dias quentes e noites frias. Muito frias.

Ele pegou a mochila e a colocou sobre o ombro, passando correndo pela mãe com cara de confusão pela correria.

– Ei, ei, ei, já esqueceu de mim? - Ela disse, cruzando os braços.

– Almoço. Congelador. Beijo. Não esqueci, não. - Falou em códigos para ser mais rápido e fechou a porta para então correr para a frente do condomínio de Reyna.

A garota já o esperava na entrada, batendo o pé em impaciência.

– Não dá tempo de tomar café, vamos - Ele a puxou pelo pulso enquanto corria, a fazendo ter que acompanhar seu ritmo. Logo, ambos estavam correndo, e Leo percebeu que não havia soltado Reyna. No entanto, ela percebera antes e soltara.

– Podemos ir para uma loja de conveniências qualquer - Reyna disse, ainda correndo.

– Boa ideia - Dobraram uma esquina a todo vapor, entrando rapidamente na loja.

Passaram por uma fileira de salgadinhos, macarrões em pote e chocolates. Leo pegou um cada enquanto Reyna pegava as bebidas no refrigerador. Eles levaram tudo ao caixa e pagaram, tendo que diminuir o passo para poder comer tudo sem morrerem engasgados.

Continuaram correndo até a rua da escola, o relógio no pulso de Leo marcava 8:59. Faltava um minuto! Um minuto ou seriam expulsos por Hedge. Passaram pelos portões, subiram as escadas e chegaram à sala 2-C no exato segundo em que a campainha tocava.

– Na hora! - Leo disse, abrindo os braços ao chegar na sala, com um ar de vitória.

Uma voz irritante à sua frente falou:

– Ora, se não são os atrasados - A dona dela era Drew. Com o verão, além do dia encurtar, suas saias também. Isso não queria dizer que antes elas já não eram curtas. Ela tinha delineador dando um ar pesado em seu rosto, destacando os olhos orientais. Usava uma blusa cor de rosa leve e sem mangas, uma saia jeans que se pudesse mostraria mais do que devia e um colar em forma de coração. - O que foi, Valdez? Impressionado com meu modelo de verão? - Deu uma risadinha - Brincadeirinha.

Reyna passara por ela, batendo com a mochila carteiro em sua barriga. Drew colocou as mãos sobre o lugar atingido, demonstrando dor. A outra colocou a mochila no ombro, olhando por cima deste.

– Está atrapalhando o caminho, Tanaka. - Ela disse.

Thalia, que estava sentada ali perto, deu um sorriso para a situação.

– Chihuahua idiota - Falou baixinho, chamando a outra daquilo. Reyna olhou de espreita para ela, disfarçando não ter adorado o novo apelido.

Drew rosnou.

– Então é isso, Thalia querida? - A palavra querida não poderia ser mais sarcástica. - Bom dia para você.

– Bom dia para você também, querida.– Ela retribuiu - Obrigada por estar no cio logo tão cedo.

– O que você disse?! - Drew agora queria estrangular a garota punk, mas Leo interviu.

– Garotas, garotas - Ele falou, no seu habitual tom. Sorriu se vangloriando - Tem Leo para todas!

Alguém batera palmas uma vez para chamar atenção. Uma mulher adulta estava ali na frente, com as cadernetas de professor abaixo do braço e uma bolsa de couro no ombro. Se ele não soubesse que Reyna era filha única, poderia dizer que aquela era a irmã mais velha dela. Era alta, de pele clara e com os cabelos negros e lisos. Os mesmos olhos analisadores de Reyna, mas diferente da garota, os dela eram mais ameaçadores ainda. Se é que aquilo era possível. O olhar da mulher se prendera nele, e Leo percebeu que era o único de pé na sala.

Sente-se– E o mais rápido que pôde ele já estava sentando na cadeira como se fosse um anjo. A mulher colocou as coisas na mesa e pegou um giz, escrevendo um nome na lousa - Sou Hylla. Estou aqui porque Hedge, seu antigo professor, me pediu. Ele a partir de agora irá dar a vocês somente as aulas de Educação Física. Sem mais explicações.

As pessoas se entreolhavam e Piper, na primeira fileira de carteiras, foi notada pela professora por seu distintivo de Presidente. Ela deu um olhar para a garota e se voltou para a turma.

– Amanhã é o dia de abertura da piscina. Vou escrever as regras no quadro, e não desejo ouvir um pio sequer - Ela se virou e começou a escrever no quadro. Sem poder falar, as pessoas ao seu redor moviam os lábios sem emitir nenhum som. Reyna queria xingar mentalmente, ela odiava os dias de piscina.

Para Hylla, quando se pensava em verão, se lembrava de dar um passo a frente no amor. Era sua primeira chance em muitos anos. Ela sempre fora solitária. Algumas garotas no fundo da sala começaram a sussurrar.

Ah, minha barriga será um problema– Hylla travou a mão, fazendo o giz se pressionar contra o quadro.

É... para mim são as pernas.– Respondeu uma outra.

Estou dizendo, as minhas são piores.

Como elas podiam dizer isso? Ser jovem já não era bom o suficiente? Estavam em plena flor da idade, com seus 16 ou 17 anos. Hylla já chegava aos trinta, tinha o dobro.

– O que? Temos que ter aula de natação com os garotos? - Disse a voz de uma outra, desta vez próxima da professora. Hylla reconheceu a voz da garota, já a vira no conselho, era da Presidente Piper Mclean.

O que ela está dizendo?, pensou. O giz quebrara em sua mão. Ela é modelo. É incrivelmente linda, não tem porque ter vergonha.

As conversas agora estavam por toda a sala, e quando Hylla se virou todas as vozes se silenciaram. Ela encarava Piper. Pegou outro giz e voltou a escrever, pedindo silenciosamente que aquele horário acabasse logo. Elas não sabem reconhecer a sorte que tem.

No fim das aulas, Thalia e Leo arrastaram Reyna para uma loja de roupa de banho. Era grande e espaçosa, com vários manequins nas paredes e vitrine, cheios de cabides e estantes com tudo que se precisa para um dia de piscina. Haviam algumas pessoas ali também, mas nenhuma deu muita atenção para o trio.

– Não irei para a abertura - Ela falou, sendo puxada pelos dois pelos braços. - Não preciso comprar um maiô novo.

– O seu do ano passado já mofou e... - Thalia replicou, e Leo acenou positivamente com a cabeça. Thalia parou de falar - O que ela está fazendo aqui?

Perto de uma sessão de biquínis estava Piper, procurando por um na arara repleta deles. Ela os viu e levantou as sobrancelhas.

– Esta é a única loja mais próxima da escola - Disse, simplesmente. Thalia e Leo encararam Reyna, mas foi falho, pois logo desviaram do olhar dela, não conseguiram suportar.

– Eu não a chamei, se desejam saber - Reyna disse. Ela acabou cedendo e foi para o outro lado da loja, deixando os dois sozinhos, pois Piper entrara num trocador. Parecia que Reyna sempre tinha um plano para juntá-los.

Thalia se aproximou de um cabide com um maiô simples e o posicionou à frente de si, olhando-se no espelho.

– O que acha, Leo? - Perguntou, parecendo em dúvida.

Ele ficou meio sem graça.

– An... Ficou ótimo - Sorriu. Isso, sorriso. Válvula de escape. Pegou um calção vermelho ali perto e colocou na cabeça. - E eu não estou fa-bu-lo-so?

Ambos sorriram. Ele adorava ver Thalia sorrir, fazer seus olhos azuis mostrarem felicidade. Talvez fosse uma das coisas que mais fazia gostar dela, não somente nela como em todas as pessoas. Um sorriso era a melhor fórmula para evitar a tristeza.

– Como eu estou? - Piper saíra de um dos trocadores.

O sorriso de Thalia se desfez e deu lugar à uma cara de incredulidade.

– Você está claramente me avacalhando. - Disse a menina de cabelos repicados. - Ela está claramente me avacalhando! - Repetiu, se virando para Leo.

Como dizer aquilo de forma delicada...? Ela estava avacalhando Thalia, por mais que Leo a achasse a garota ao seu lado extremamente bonita. Quando Piper apareceu num maiô de cor lisa e simples, ela realmente estava linda. Uma modelo num maiô pode ser muito atraente.

– Não está estranho, certo? - Mudou o peso de uma perna para outra, se encarando no espelho ali perto. - Queria um simples para não me destacar tanto.

– Você está se destacando! - Thalia rebateu.

As duas começaram a conversar sobre o maiô e a marca do mesmo, deixando Leo de lado. O garoto não precisava fazer compra alguma, seu calção de banho estava em bom estado e limpo, apenas decidira as acompanhar até ali. Ele suspirou e foi para o trocador onde vira Reyna entrar.

– Ei, Reyna, você está... - Uma mão o puxou pela cortina amarela do trocador.

Ele deu de cara com o espelho, batendo a testa ali.

– Au! - Caiu no chão, passando as mãos na cabeça - Se quiser me bater, é melhor que seja com algo mais macio, tá certo? Como um ursinho de pelúcia, por exemplo!

A garota não deu importância, deslizando pela parede dali. Reyna ainda estava com roupas, com os longos cabelos soltos. Ela se sentou no chão, onde Leo continuava também.

– Algum problema com o maiô? - Perguntou, vendo algumas roupas espalhadas por ali. - Se for porque algum não combina com seu tom de pele...

– Não é este o caso.

– Por que não quer ir para a piscina? - Leo disse, pegando um biquíni ali no chão. Era estranho pensar que ele estava tocando em algo que ela vestiu, então logo colocou no banquinho que ali tinha - É divertido, vamos! Tem jogos, brincadeiras, bolas de praia! - Ele parou e analisou um pouco a expressão dela. Deu um sorrisinho enquanto mexia a cabeça de um lado para o outro - Jason em roupa de banho, por mais que eu não diga que goste "disso".

Reyna revirou os olhos.

– É o seu corpo? - Ele continuou. Deu uma olhada nela. Sentiu-se um tanto envergonhado por estar encarando certos lugares descaradamente, mas se aquele era o problema, ele poderia evitar. Tentou fazer com que seu tom de pele latino escondesse que ele estivesse a ponto de corar - Só para esclarecer logo, você está de boa forma, garota.

Ela fixou o olhar num dos maiôs que pegara e o levara, se levantando e saindo da cabine, sem dizer uma palavra sequer. O que seria o problema, afinal?


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