Quando chegamos, tio Will contou o que eles queriam fazer, mas meu olhar foi para a entrada até focalizar o casal que estava entrando.

Em um vestido ridículo rosa, saltos altos e de mãos dadas com o cara que parecia um modelo e era tão burro quanto um, estava ela, o demônio, o pior ser que poderia ser encontrado no planeta.

– Pietra? Dylan? – tio Will franziu a testa seguindo o meu olhar.

– Mãe? Cara da piscina? – perguntei sem entender o que eles faziam aqui.

Sério, o que ela faz aqui?

Capítulo 6 – Sério, eu a beijei?

Olhei confuso para Claire, em seguida para a mulher que estava parada em nossa frente, com um sorriso deslumbrante em seu rosto e, por último, para minha mãe, que olhava os dois com o cenho franzido.

- Claire, meu amor, você sumiu! O diretor do seu colégio nos ligou para dizer que você havia sido expulsa, fiquei tão preocupada. – senti vontade de vomitar ao ouvir sua voz enjoada e olhando para o meu pai, tive certeza de que não fui o único.

- Claro, mãe. Tão preocupada que a única coisa que fez foi se arrumar como uma profissional do sexo e vir para cá. Além disso, como conseguiu entrar? Como sabia que eu estava aqui?

- Há tantas que eu deveria lhe contar, querida. Mas antes de tudo... – a mulher se virou, sorrindo para nós. Seu sorriso era mais falso que nota de 12 dólares – Megan! Will! Quanto tempo, senti saudade. Soube que se casaram. Parabéns. Meg, você se lembra do Dylan, não é?

- Infelizmente. – suspirou minha mãe.

- Meg, você continua linda. – disse o cara. Dylan, eu acho.

- Pietra, que azar te encontrar. – afirmou minha mãe, retribuindo o sorriso falso dela.

- E esse deve ser seu filho. Prazer, querido, sou Pietra, grande amiga dos seus pais.

- Vocês se conhecem? – perguntou Claire, com os olhos arregalados.

- Sim, sua mãe frequentava o acampamento na nossa época, Claire. – respondeu meu pai.

- Realmente, Pietra, me pergunto como você conseguiu ter uma filha como Claire. – soltou minha mãe, sem nem olhar para a mulher.

- Meg...

- Deixe, Will. Meg adora brincar. E vocês dois, queridos. Podem dar uma volta, nós temos muito o que colocar em dia.

Olhei para minha mãe, que me olhava com um pedido de súplica e Claire me olhava do mesmo jeito. Porém cada uma queria uma coisa diferente. Porra, se eu fosse com Claire minha mãe me mataria, mas se eu ficasse aqui, Claire me mataria. Minha mãe me amava, então a morte não seria tão dolorosa, ou seria?

Meu pai colocou a mão em meu ombro e indicou Claire com a cabeça. Eu juro que podia me ajoelhar e beijar seus pés.

Cara, me internem.

Enfim, saí de lá puxando Claire pela mão e fomos em direção à praia. Ela havia me confidenciado que ali era seu lugar favorito e eu sabia o quanto a mãe de Claire mexia com ela. Nos sentamos na areia e Claire olhou para o mar por um bom tempo, as suas mãos puxavam os fios de seu cabelo com brutalidade e foi quando eu vi uma lágrima escorrer por seus olhos.

Em todos os anos que eu a conhecia, eu nunca a vi derramar uma lágrima sequer. E eu, como completo idiota que sou, não sabia o que fazer nessas horas.

A abracei pelos ombros e a apertei contra meu corpo, segundos depois, ela escondia seu rosto em meu pescoço, soluçando baixinho. Eu podia sentir as lágrimas pingando em minha camiseta, mas não me importei com isso. O que importava era fazer com que Claire ficasse bem.

Beijei o alto da sua cabeça, enquanto minha mão trilhava uma linha imaginária em suas costas. Aos poucos, sua respiração foi normalizando e ela levantou a cabeça e forçou um sorriso. Os olhos verdes brilhavam pelas lágrimas que não haviam escorrido ainda, mas foi impossível não sorrir de volta ao vê-la sorrindo. Ela parecia ainda mais bonita quando fazia isso.

- Desculpe por isso. – falou passando a mão no olho – Mas você sabe... Minha mãe...

- Tudo bem, Clar. – sorri, acariciando sua bochecha – Você está bem?

- Melhor agora, obrigada. Prometo que não mancharei suas camisas de grife com minhas lágrimas de novo. – riu.

Camisas de grife? Assim ela me ofende. Apesar da camiseta ser do Batman. O super herói mais foda do mundo e que NÃO tinha poderes, eu não me importava com isso. Repito, o que importava era fazer com que Claire ficasse bem.

- Pois é. Você me deve uma camisa do Batman nova.

- Claro, Rick. Agora voe como o Batman. – sorriu.

Respirei fundo, tentando me controlar ou que esqueceria que ela estava chorando e socaria sua cara. Quantas vezes eu terei que repetir que o Batman não voa? Porra, a garota assistiu todos os filmes comigo mais de um milhão de vezes!

- Cinco segundos para você correr ou não há Poseidon que me impeça de te bater.

Claire riu e começou a correr, a segui quase imediatamente. Até que a feiosa era rápida, até que consigo segurá-la pela cintura e de algum jeito, ambos caímos na areia, eu por cima dela.

Eu nunca tinha visto Claire como algo além de amiga, mas ao cairmos, ficamos próximo demais. Tipo, demais mesmo. Eu podia sentir sua respiração irregular em meu rosto e eu não conseguia desviar meus olhos dos dela. Ok, eu conseguia, mas eles iam direto para a sua boca.

Porra, eu precisava beijá-la.

Lentamente, tentando prepará-la para o que eu iria fazer, aproximei nossos lábios, começando um beijo lento. Claire passou os braços ao redor do meu pescoço e puxou os fios de cabelo da minha nuca, puxando-me mais para ela. Caralho, eu já estava em cima dela, ela queria o que?

Eu nunca fui do estilo pegador, não tinha ficado com muitas garotas... Ok, eu fiquei com três, mas de longe, Claire beijava melhor que elas. Eu nunca pensei que diria isso, mas queria beijar minha melhor amiga mais vezes.

Sério, eu a beijei?