Consegui ver mais alguma coisa enquanto me tiravam da vã. Era um prédio residêncial, décimo sétimo andar. Enquanto me amarravam à uma cadeira de madeira, eu pude ver mais. Era como uma sala de estar comum, com uma grande televisão de LCD, um tapete fulpudo sob uma mesa elegante de vidro, um sofá de couro branco e uma poltrona.

Quase fui pego enquanto tentava olhar para o lado, mas pude ver que eu não estava sozinho, Dave estava ali, amarrado e desmaiado. Aquilo estava começando a me deixar nervoso. De repente, toda aquela sala de estar se encheu. Eu ouvi alguns murmúrios, mas reconheci uma voz, Mulher-Gato estava ali.

–Onde está a garota? - Perguntou um homem

–Relaxa, Mark, um dos seus agentes inúteis acaba de informar que ela entrou no carro por livre e espontânea vontade. - Informou a Mulher-Gato

–Ótimo.

–Ela teve a sua chance, nós tentamos ser bonzinhos, agora é por bem ou por mal. Quem diria, Mark, todos esses anos caçando-a enquanto era só pegar o namoradinho, e ela viria correndo. Eu avisei que do meu jeito seria mais fácil.

–Ah, por favor. Só descobrimos a identidade dela agora.

–Você quer dizer, eu consegui. Ei, o bonitinho ali está acordando... Quero dizer, um dos bonitinhos. - Disse ela aumentando gradativamente a sensualidade na voz

Dave. Eu o ouvi resmungar alguma coisa com um peso extremo na voz. Meus sentidos também estavam melhores, o efeito devia estar passando. Apenas demonstrei estar consciente.

Vi Lis entrar naquela sala acompanhada por mais três agentes. Nenhum deles chegava muito perto.

–A garotinha de preto apareceu... - Murmurou a Mulher-Gato

–Eu estou aqui. O que vocês querem?

–Uma troca, minha cara. Como você pode ver, nós temos uns amigos seus. Você troca de lugar com eles. - Propôs Mark

Eu não a olhei, nem mesmo levantei a cabeça o suficiente para isso. Ela ainda não havia notado Dave e eu amarrados ali, encostados na parede.

–Ah, Meu Deus! Solte-os! Eles não têm nada a ver com isso. Vocês querem a mim.

–Sim, mas achamos que um convite formal não a traria aqui.

–Eu estou aqui. Solte-os. Agora.

–Lis... Não... - Dave tentou murmurar alguma coisa

–Eu cuido disso, Dave.

–Blá-blá-blá! É sempre a mesma coisa. - Reclamou a Mulher-Gato

–Esses dois não podem causar muitos problemas. - Murmurou um agente

–Depois cuidamos disso. Deixem eles irem. - Ordenou Mark

–Vamos dar dez minutos para despedida também? - Mais uma vez, Mulher-Gato sendo inconveniente.

Minha pernas foram desamarradas, mas os braços não. Era claro que Lis também se esforçava para não me ver. Dave foi mais relutante:

–Ei, não! Espera. Lis! - Enquanto nós éramos arrastados para fora

Fomos atirados de volta na vã. Mas eu não ia deixar assim. Eu podia impedir, aliás, só eu poderia impedir.

Pov. Lis

–Eu já disse que não vou fugir. - Falei quando apertaram as correntes em pulsos para trás

–Não custa garantir.

–Vamos direto ao assunto. - Decidiu a Mulher-Gato

–Olha, garota... Se você soubesse como me causou dores de cabeça! Eu devia ter imaginado. Sua mãe fazia o mesmo... - Ele deu uma risada cansada

–Minha mãe?

–Sim. Alana Amell. Por que você acha que os meus agentes precisaram... exterminar a sua família? A maioria deles, seus tios, tias, primos... Eram todos agentes da SHIELD, mas os seus pais eram idependentes e me causavam muitos problemas. Precisei dar um jeito naquilo. Mas os meus agentes não foram espertos o suficientes para procurar por você ou pelo seu irmão. Aqui está o resultado! Uma garota vingativa que deixa a maioria dos meus agentes com medo. Precisamos dar um jeito nisso! Pelo menos eu sei que você não têm filhos, e... Ah, não se preocupe, seu irmão e o namoradinho também não vão escapar. Viram de mais aqui.

–O quê? Não! Você tem que deixá-los ir! - Briguei com as correntes puxando-as

Ele riu com o meu desespero. Ele se aproximou e abaixou para ficar mais próximo da minha altura. Ao fazer alguns movimentos com as mãos, eu havia conseguido soltá-las, mas ainda as mantinha para trás, esperando o momento certo.

–Você sabe que ainda pode se unir a mim. - Eu quase podia ouvi-lo dizer "E juntos poderemos dominar o mundo!" seguido de uma risada maléfica, como nos desenhos.

Eu o atingi com um soco no rosto. Ele caiu para trás e quatro agentes voaram para me segurar, prederam novamente as minhas mãos para trás com as correntes enquanto ele limpava o sangue que saia de seu nariz. Ele riu mais uma vez abaixando, o homem cujo o nariz sangrava, segurou os cabelos da minha nuca, puxando-os para que eu levantasse mais a cabeça.

–Você é uma garota ousada. Do jeito que eu gosto...

–Então você vai me adorar. - Asa Noturna entrou no cenário quebrando uma janela

Asa Noturna o derrubou logo que entrou. O vidro se espalhou pela sala como vidro. E ele não estava sozinho, estava acompanhado por Batman, Batgirl e Robin. Mesmo com agentes aparecendo por todos os lados, Asa Noturna correu para perto de mim.

Ele estava lá, ele não havia me deixado. Dick veio me salvar.

–Eu estava com medo que você não viesse. - Suspirei enquanto ele soltava os meus braços e a corrente que prendia o meu pescoço

–Eu jamais a deixaria. - Ele disse. Sorrindo e acariciando o meu rosto, nada além de seu sorriso e seus olhos parecia ter cor - Eu não devia tê-la deixando antes, não posso perder você agora. Lis, eu te amo e vou proteger você.

Nossos lábios se encontraram enquanto ele continuava a acariciar o meu rosto. Eu me sentia tão segura, tão protegida e... tão completa. Não me sentia mais mal por ter gritado aquilo - que agora não parecia mais ridículo - naquela capela abandonada.

Quando nos separamos, eu sentia os meus olhos mais úmidos. Lutamos juntos contra eles, mas eu precisava fazer uma coisa. Sozinha. Precisava me livrar de uma vez por todas daquele que matou a minha família. Eu o vi correndo para fora da sala, e assim, fiz o mesmo. Eu o persegui descendo as escadas, indo para o térreo.

–Pare aí! - Ele gritou segurando um controle - Eu estou segurando o detonador das bombas desse prédio. Mais um passo, e tudo vai pelos ares!

Pov. Dick

Saímos todos do prédio carregando os Homens da Noite que havíamos prendido, estávamos do outro lado da rua, colocando-os em suas próprias vãs, mas algo não estava certo. Lis não estava ali.

–Onde ela está? - Perguntei olhando em volta

–Ela não saiu do prédio. - Confirmou Robin

Saí correndo em direção ao prédio.

–Ei, aonde vai? - Perguntou Robin

–Vou buscar a minha namorada! - Gritei de volta. Sorri por poder dizer aquilo em voz alta.

Eu já estava perto, mas não tive tempo de me aproximar mais, não sei se foi sorte ou azar. Todo o prédio explodiu. Fui jogado para trás com o impulso, caí no chão, mas levantei antes mesmo que Robin me alcançasse.

–NÃO!