–Eu não posso aceitar isso. - Ele sussurrou - Isso vai contra tudo o que eu aprendi. Tudo o que eu acredito. Tudo o que eu sou.

–D-dick - sussurrei, mas eu não tinha o que dizer. O que poderia dizer, que eu mudaria? Nunca.

Ele recuou se afastando mais.

–A minha Lis. - Eu o ouvi sussurrar

Saí dali sem que ele percebesse. Eu tinha outra máscara comigo, eu a coloquei e continuei andando na chuva, pelas sombras até encontrar a casa onde tudo havia começado. Agora, tudo estava rodeado por agentes da SHIELD. Um jato estava acima da casa com cabos de aço levando a câmara de contenção para cima.

–Ei, Anji. Está tudo bem? Você sumiu. Onde está Asa Noturna?

–Eu... Eu não sei. Será que eu posso ir embora?

–Acho que não tem problema algum. Está tudo bem?

–Sim, eu só quero ir para casa.

Consegui pegar a minha moto. Saí pelas plataformas zeta perto da minha casa, mas passei longe de lá. Peguei uma estrada qualquer que daria em um lugar qualquer e acelerei.

As imagens ficavam rodando em minha mente. Ah, Meu Deus! Por isso ele havia terminado comigo, para me proteger. Por isso ficou olhando a minha foto, mesmo com vários alvos, ele olhava para a minha foto. Ele mesmo me considerou ponto fraco. Eu não conseguia me concentrar em um só pensamento, tudo o que eu havia vivido com Dick e Asa Noturna bombardeava a minha mente. Imagens, vozes, momentos.

Dei meia volta na estrada, voltando para as plataformas zeta. Eu precisava vê-lo de novo.

Em Gothan, continuei acelerando até chegar naquela capela abandonada e sinistra onde eu havia encontrado Asa Noturna uma vez. Eu não sabia se ele estava lá, mas eu tinha que tentar. Entrei. Subi as escadas ansiosa e com medo de encontrá-lo. Mas ele não estava lá. Suspirei me sentindo derrotada. Andei até o extremo da varanda de madeira negra e me apoiei ali ao lado de gárgulas sinistros.

Eu podia ver a chuva começando leve. Tudo estava acontecendo tão rápido. O que eu estava fazendo ali? O que eu iria dizer? Eu não tinha o que dizer.

–Black Angel... - Estremeci ao ouvir o sussurro de Dick, me virei para encará-lo. - Era você o tempo todo... - Ele falava extremamente decepcionado

–O-oque nós vamos fazer agora? - Perguntei num sussurro

–Eu... Eu não sei, Lis... Como você pode fazer isso?

–Você nunca vai me enteder! - Eu me sentia ofendida e irritada

–É pelos seus pais?

–É por tudo o que eu milhares de outras pessoas passam. É justiça.

–Não. Isso é vingança.

–Não importa! Você não pode entender.

–Isso nunca daria certo! - Agora aquilo era uma discussão?

–Claro que não! Você não entende, você não aceita! - Berrei passando direto por ele

Para o meu alívio e, ao mesmo tempo desespero, Asa Noturna - ou Dick - segurou o meu braço.

–Espera... - Ele pediu

–Eu não posso. - Sussurrei

–Por que não?

–Porque eu te amo, droga! - Berrei por impulso me virando de volta para ele

Eu sentia as lágrimas rolando no meu rosto quente e, provávelmente, vermelho. Ele arregalou os olhos, mas não soltou o meu braço.

–Porque eu te amo e você não aceita quem eu sou. Você odeia a Black Angel, mas ela é parte de mim. - Terminei

Dick soltou o meu braço e recuou. Dei as costas. Tudo o que eu queria era sair dali. Desci correndo as escadas e saí daquela capela. Coloquei o capacete, sentei na moto e acelerei para longe. Era o fim.

Pov. Dick

Eu a vi caminhar para a saída. Eu não sabia o que fazer. Saí correndo atrás dela, eu não podia deixá-la ir. Pulei as escadas e corri para fora. Eu ouvi sua moto acelerar e começar a se distanciar.

–Lis! Espera! - Gritei, mas ela estava cada vez mais longe - Não vá... - Sussurrei

Eu já havia perdido ela de vista.

–Droga, Dick! Droga! - Briguei comigo mesmo socando a parede frágil da capela abandonada

Parte do meu ser gritava enlouquecidamente que eu a amava. Gritava que eu devia correr chuva a dentro até encontrá-la, mas, eu não podia negar tudo aquilo. Eu não podia correr atrás dela sabendo que uma hora teria que enfrentar quem ela era. Como eu poderia amar alguém assim?

Pov. Lis

Acordei com uma enxaqueca insuportável, meu rosto estava inchado e molhado. Eu ainda estava sonolenta, levantei a cabeça com dificuldade e quase gritei quando olhei para o lado. Encostada na minha porta, estava uma mulher vestida com roupas de couro pretas e uma máscara. Mulher-Gato.

–C-como você entrou aqui? - Gaguejei apavorada

–Bom dia, senhorita Amell. Ou devo dizer Black Angel? - Ela me lançou um olhar apavorador

–Do que você está falando?

–Vamos pular a parte dos joguinhos, eu descobri a sua identidade secreta. Sei que você tem um irmão, uma família adotiva e um belo namoradinho. Mas eu ainda não vou fazer nada. Eu tenho uma proposta para fazer: os meus coleguinhas - Homens da Noite - e eu, queremos você.

–O quê?

–Isso, eles não querem você como uma inimiga mortal, querem você como aliada.

–Isso é loucura! Nunca!

–Eu imaginei que a sua reação seria essa, mas não precisa responder agora, querida. - Ela falou andando em direção à minha janela, ela a abriu - Mas... Você sabe que cada escolha tem uma consequência. - Ela falou e saiu

Me joguei para trás voltando a deitar no travesseiro. Ótimo. Ela tinha o contato de todos aqueles que eu me importava o suficiente para esconder uma vida inteira. De repente, tudo estava dando errado. Eu nunca me aliaria a eles, por nada nem ninguém.

Eu sabia que a minha escolha em relação à proposta de Mulher-Gato traria consequências, mas não sabia que seria tão rápido. No dia seguinte, logo de manhã, recebi duas mensagens no celular. "Para: Alícia Amell, Dave Amell e Richard Grayson". Eram fotos. Fotos minhas que comprovavam a minha identidade como Black Angel.

O que estava faltando agora?