Desventuras Incertas De Luna escrita por Docinho Malvado


Capítulo 8
A Fuga Parte 2




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A porta se abriu e um grande alivio tomou conta de mim. Era Peter com as chaves na mão.

– Nossa, eu nunca fiquei tão feliz em te ver em toda a minha vida! – Eu disse eufórica. – Você é demais Peter! Como conseguiu...? – Eu disse um pouco rápido dando um forte abraço nele.

– Tudo bem... – Ele pigarrou. – Vamos, não temos tempo, depois eu te explico tudo!

Caminhamos em silêncio até a cela de Alice. Peter abriu a porta e eu entrei enquanto ele ficava vigiando o corredor.

– Hey, Alice... – Eu a chamei.

– Ah, meu Deus, eu não acredito que vocês conseguiram. Eu estava tão preocupada! – Ela disse pulando pra cima de mim me dando um abraço.

– Tá... Vamos logo! – Eu disse a puxando com um pouco de impaciência.

Tivemos que caminhar um pouco para acharmos o quarto de Samara. Ela ficava numa ala especial, um pouco afastada das nossas celas.

– Hey Samara! – Eu chamei receosa assim que Peter abriu a cela.

Confesso que fiquei com um pouco de receio quando á vi sentada no chão com os olhos daquele jeito. Era no mínimo assustador.

– Sai! - Ela disse com a voz mais grossa do que o normal. Parecia que ela estava possuída ou sei lá. Eu dei um passo para trás, só por garantia.

– Vamos Samara, você desistiu de fugir com a gente? – Alice perguntou apertando a minha mão.

– Vão logo, eu não vou, saiam daqui e corram! - Ela disse começando a levitar.

Foi tão assustador vê-la a um metro do chão, com os olhos daquele jeito e com aquela voz estranha que fechamos a porta, trancamos e saímos correndo sem pensar duas vezes. Somente no meio do caminho percebemos o que aviamos feito.

– Parem. – Eu disse parando. – Nós temos que voltar.

Todos pararam e me olharam como se eu tivesse perdido o juízo.

– Como assim voltar? Você não viu o estado em que Samara se encontra! – Disse Peter exaltado.

– Peter está certo, ela me deixou morrendo de medo. Como vamos leva-la? – Disse Alice nervosamente.

– É, acho que vocês estão certos... – Eu disse receosa. – Mas ainda assim me parece errado deixa-la!

– É... Olha pra traz Luna! – Disse Alice assustada se escondendo atrás de Peter que também parecia ter visto um fantasma.

– Oh, meu Deus! – Eu exclamei não crendo no que via.

Tinha água saindo por baixo da porta do quarto de Samara.

– O que está acontecendo com ela? O que está acontecendo lá? Será que ela está bem? – Eu disse indo em direção do quarto, mas Peter me deteve antes de eu dar mais do que dois passos.

– Nem pense nisso, Luna! – Ele disse me puxando. – Nós temos que ir, por favor!

Alice já tinha corrido em disparada para a porta de Saída apertando a mão na boca para tentar conter o grito formado em sua garganta. Quando chegamos lá, á vimos encolhida no chão.

– Está tudo bem Alice. – Eu disse á abraçando.

– Não, não está! – Ela respondeu ficando de pé. – Vamos logo embora daqui! – Ela disse tremendo.

– Tudo bem. – Disse Peter.

Todos nós estávamos nos espremendo para podermos ver pela minúscula janelinha.

– Gente. – Eu chamei e todos olharam pra mim. – Acho que temos um problema!

– O que foi Luna? – Perguntou Peter assustado.

– Você teve uma visão? – Perguntou Alice preocupada.

– Não. – Eu respondi Alice. – Um de nós vai ter que ficar para trás para distrair os guardas enquanto os outros dois passam! – Eu disse com muito pesar.

Todos pareciam chocados. Nós nos entreolhamos culpados e pensativos. Quem ficaria para trás? Quem abriria mão da própria liberdade por outras pessoas?

– Eu fico! – Disse Peter me surpreendendo.

– Não... Peter... – Eu comecei dizendo coisas desconexas para o meu melhor amigo.

– Não, Luna, essa é a minha decisão. – Ele disse firmemente. – Não posso deixar Alice ficar, ela é apenas uma garotinha com a vida inteira pela frente. E você Luna – Ele disse olhando profundamente nos meus olhos e pegando minhas mãos. – Você está predestinada á grandes feitos. Você vai mudar tudo, Luna. Eu acredito em você! – Ele disse e lágrimas se formaram nos meus olhos. Eu abracei fortemente o meu melhor amigo.

– Eu juro que volto para te buscar! Não vou abandona-lo aqui. Pode me esperar Peter, eu vou voltar! – Eu disse chorosa o abraçando de novo. Alice também deu um abraço em Peter.

– Tudo bem. – Ele disse retomando ao plano. – Como nós vamos fazer a partir de agora?

– Bem, eu pensei um pouco e tive uma idéia! – Eu disse. – É meio arriscado, mas foi á única coisa que me veio á cabeça!

– O que? – Perguntou Alice curiosa como sempre.

– Eu vou abrir a porta com todo o cuidado. Alice, você vai fazer as armas levitarem até nós. Eu vou pegar uma para a nossa segurança. O Peter vai ficar com a outra para a segurança dele. Peter, você vai atirar para o alto. Quando os dois guardas começarem a correr atrás de você nós duas corremos e pulamos o portão.

– E o que vai acontecer lá fora, Luna? – Perguntou Alice realmente muito assustada.

– Não faço á mínima idéia. – Eu disse baixo suspirando. – Teremos que ter muita sorte, Alice!

Eu abri a porta com á chave e puxei o trinco de segurança. Os guardas estavam entretidos numa conversa entre eles, não repararam na movimentação. Alice respirou fundo e retirou delicadamente as armas. Foram quatro armas, duas com cada guarda. Alice fez as armas vacilarem algumas vezes no ar, mas conseguiu. Peter pegou uma arma e eu peguei outra. Alice guardou uma das armas na sua roupa. Eu descarreguei a quarta arma e guardei a munição comigo, deixei a arma descarregada jogada no chão mesmo.

– É agora ou nunca! – Eu ouvi Peter dizer para si mesmo.

– Boa sorte, amigo! – Disse dando um beijo em sua bochecha e sorrindo.

Eu e Alice ficamos escondidas atrás da porta enquanto Peter saia ruidosamente pela mesma. Os guardas olharam descrente para ele, depois olharam para a arma em sua mão achando um pouco de graça.

– O que pensa que está fazendo, garoto bobo? – Disse o guarda branco. – Me dá essa arma aqui e vai dormir, afinal, já é hora de criança estar na cama! – Ele disse e riu. Seu sorriso se apagou quando ouviu três disparos para o alto. Os disparos de Peter.

Peter começou a correr em direção á lugar nenhum, os guardas foram atrás dele. Eu e Alice não perdemos tempo, saímos desesperadas pela porta em direção ao portão. Infelizmente um dos guardas viu, ele parou de correr atrás de Peter e começou a vir em nossa direção.

– Corra Alice! – Eu gritei desesperadamente, pois Alice estava começando a ficar para trás.

– Eu não consigo! – Ela disse quase sem folego. Na verdade essas foram as suas ultimas palavras.

Eu estava em cima do portão, quase pulando para o lado de fora da Divisão quando olhei para trás e vi uma cena que até hoje me assombra. Alice tinha deixado cair a sua arma no chão no meio da correria, acho que ela estava tão desesperada que nem notou. O guarda pegou a arma no meio do caminho e disparou três vezes contra Alice. Todos os tiros acertaram nas costas, foi o suficiente para mata-la. No momento em que vi a pequena e alegre Alice ali, sangrando no chão sujo e frio, me desesperei, eu fiquei totalmente sem reação, não sabia o que fazer. Estava entorpecida em cima de um portão de ferro vendo a minha pequena amiga ruivinha morrer.

– Pule agora Luna! – Ouvi Peter gritar ao longe.

Vi outra cena perturbadora: O guarda que tinha matado Alice estava apontando a mesma arma para mim. Pude ver a vida diante dos meus olhos. Eu sentia que morreria ali. Mas tão de repente quanto á certeza da morte ouvi dois disparos certeiros. Disparos da arma de Peter. Um deles acertou em cheio a cabeça do homem negro que caiu. Peter ficou petrificado olhando aquele corpo sangrento no chão. Peter, meu melhor amigo divertido e engraçado tinha acabado de matar uma pessoa, uma pessoa desprezível, mas ainda assim uma pessoa. Peter olhou para mim como se pedisse desculpas pelo que acabara de fazer. O segundo guarda chegou por trás de Peter e o agarrou pelas costas, o arrastando para dentro da Divisão, exatamente como fizeram com a minha amada mãe. Porque a Divisão adorava arrastar para o inferno todos quem eu mais amava?

Uma voz dentro da minha cabeça gritava que eu tinha que me mover, eu tinha que pular aquele portão imediatamente. Assim que aquele guarda entrasse iria chamar mais reforços e eu não teria mais chance alguma de fugir. Eu precisava fugir, precisava ir para mais tarde voltar mais forte para resgata-los. Ainda pensei em matar o guarda, mas fiquei com medo de acertar Peter, e, além disso, nós já tínhamos chamado atenção de mais, mais cedo ou mais tarde iriam aparecer dúzias e dúzias de guardas armados me procurando desesperadamente.

Então, sem prensar mais em nada pulei o portão. Eu não fazia idéia para onde iria ou como viveria. Afinal de contas eu era só uma garota perdida no meio de um mundo gigantesco. Uma garota armada!


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Notas finais do capítulo

Música do capítulo: 30 Seconds To Mars - Night of the Hunter (A música ajuda bastante a entender o capítulo para quem tem duvidas!).
Reviews?
XoXo



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