Suteki da Nee escrita por Yoruki Hiiragizawa


Capítulo 3
Pode sentir o Amor nesta noite?


Notas iniciais do capítulo

Música do capítulo: "Can you feel the love tonight?", de Sir Elton John, parte integrante da trilha sonora do filme "O Rei Leão" da Disney.

Boa Leitura!



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SUTEKI DA NEE
por Yoruki Hiiragizawa

 

Capítulo Três
Pode sentir o Amor nesta noite?

Eriol estava organizando as últimas peças de roupa no armário de seu quarto. Não que precisasse fazê-lo, mas gostava de saber onde estavam seus pertences, por isso não permitia que mexessem em seu dormitório. Ouviu batidas na porta e, interrompendo o trabalho, foi atendê-la.

“Desculpe, maninho, mas tem alguém procurando por você na portaria…” – disse a mulher de longos cabelos vermelhos, com um sorriso no rosto.

“Obrigado, Nakuru...” – sorriu levemente, vendo-a afastar-se em seguida, para terminar de comandar a decoração do apartamento. – “Mas não me lembro de ter passado esse endereço a ninguém…” – murmurou, saindo do quarto e indo até o interfone fixado na parede. – “Pois não?” – atendeu, vendo a jovem figura do porteiro levar um susto, pela tela de cristal líquido. Balançou negativamente a cabeça com um sorriso.

“Tem um rapaz procurando pelo senhor…” – disse o homem enquanto alguém resmungava próximo dali, parecendo estar contrariado.

“E de quem se trata?” – Eriol perguntou pacientemente. O síndico o avisara de que o porteiro do turno vespertino estaria iniciando o trabalho aquela semana.

“Como?… Ahn,… só um segundo, senhor!” – disse confuso, fazendo o inglês divertir-se com a situação. – “O Sr. Li o está procurando, Sr. Hiiragizawa…” – falou após alguns segundos, completamente sem graça.

“Certo!” – Eriol disse, suspirando. – “Diga ao Sr. Li que já estou descendo…” – desligou o aparelho, com um sorriso no rosto. Pelo visto Shaoran ainda perdia a paciência com muita facilidade.

 

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Após alguns minutos, Eriol apareceu no saguão do edifício. Sorriu divertido ao ver que Li estava conversando com o porteiro. Parecia estar dando-lhe dicas sobre como proceder, a cena era um tanto quanto cômica, levando-se em conta quem era o chinês.

“Boa tarde, Shaoran!” – cumprimentou-o, fazendo com que o encarasse.

“Boa tarde, Eriol!…” – respondeu, com um sorriso. – “Eu vim ver se você não gostaria de dar uma volta e conhecer a cidade…” – disse apontando para a rua atrás de si.

“É uma boa ideia…” – disse um pouco cansado. Passara a tarde, trancado dentro do apartamento. – “Mas, como foi que descobriste onde…” – Shaoran o interrompeu com uma risada.

“Imaginei que minha mãe soubesse de sua vinda para cá!” – sorriu de lado.

“E, pelo visto, acertaste...” – o rapaz riu, ajeitando os cabelos azuis que caíam sobre sua face.

“Não era difícil imaginar isso, já que nossos pais se dão tão bem...” – deu de ombros, caminhando para a saída do saguão. Olhou para trás e acenou para o rapaz sentado no guichê. atrás da mesa. – “Boa sorte, Yamada!” – disse alegremente.

“Obrigado, Sr. Li!… E obrigado pelas instruções…” – acenou de volta com um sorriso.

“Eu nunca imaginaria algo assim vindo de ti, meu amigo!” – Eriol falou divertido.

“Também custo a acreditar que sou realmente eu, em certas ocasiões…” – respondeu fazendo graça. Caminharam em silêncio por duas quadras até alcançarem a entrada do parque da cidade.

“Eu me surpreendi por ainda estares aqui em Tomoeda, Shaoran…” – Eriol comentou, fazendo Shaoran suspirar. – “Quando nos encontramos, antes de vires ao Japão, lembro-me de teres dito que passarias apenas um ano por aqui...” – lançou um olhar de estranhamento ao amigo.

“É verdade. Esse era o plano que eu tinha...” – sorriu ternamente. – “Mas acabei mudando de ideia... Ficando por aqui eu não preciso me preocupar com as tradições do clã, as ordens dos anciões, os negócios…” – falava cada vez mais baixo mostrando que não se sentia bem ao entrar no assunto.

“Com a fama que cerca tua família…” – Eriol completou, vendo Shaoran assentir com a cabeça. – “Eu percebi que ninguém sabe quem realmente és por aqui…” – falou parando de caminhar e encarando o chinês.

“Sim. E prefiro que as coisas continuem assim…” – suspirou, deixando o amigo ligeiramente confuso.

“E por que dessa atitude defensiva?” – perguntou encarando-o.

“Desde que vim para Tomoeda, sei que as pessoas que me cercam não fazem isso por causa de meu sobrenome…” – suspirou. – “Elas permanecem ao meu lado porque realmente se importam com Shaoran Li e não com o futuro líder do meu clã…”.

“Não achas que já tiveste tempo o suficiente para saber quem está ao teu lado pelos motivos certos?" – ergueu uma sobrancelha, inquisitivo. - "Além disso, podes acabar magoando teus amigos mantendo segredo disso...” - viu Li respirar profundamente de forma pensativa. – “Principalmente a Kinomoto…” – comentou, fazendo-o balançar positivamente a cabeça.

“Sabia que você perceberia logo que Sakura é minha melhor amiga…” – comentou com um sorrisinho e viu o inglês encará-lo espantado.

“Tua... melhor... amiga?” – perguntou, pausadamente. – “Na realidade, pensei que o relacionamento de vocês estivesse ‘um pouquinho’ acima disso…” – ironizou, desapontado.

“Não entendo o que quer dizer com isso…” – falou, olhando para o amigo com incredulidade. Eriol riu.

“É que foi a primeira vez que te vi sorrir de forma tão aberta, então tive uma impressão um pouco equivocada…” – virou-se para o chinês e viu que ele olhava fixamente para um ponto à frente. Desviou o olhar observando o que chamara a sua atenção.

Parada em frente a um edifício, em uma saída lateral do parque, estava uma garota usando o uniforme do colégio, que, curiosamente, parecia acentuar as curvas de seu corpo. Era alta e esbelta, tinha os cabelos acobreados e os olhos de um singular azul. Estava encostada em um carro, conversando com um rapaz que parecia ter seus vinte anos, provavelmente universitário.

“Tu a conheces?” – perguntou, olhando novamente para Shaoran, que pareceu acordar de um transe ao ouvir sua voz.

Ele balançou a cabeça positivamente, abaixando-a em seguida e continuou a andar. Eriol o seguiu, não sem antes lançar mais um olhar para aquela garota que prendera tanto a atenção do amigo chinês. Talvez estivesse começando a entender a situação, agora.

Permaneceram calados e Shaoran sentia-se desconfortável com a quietude repentina do amigo.

“O nome dela é Akio Yamazato…” – disse quebrando o silêncio. – “Estuda na nossa sala, mas não compareceu hoje…” – tentava esclarecer as prováveis dúvidas que o inglês teria. Ficaram calados por mais alguns segundos. – “Mas, então, Eriol…” – abriu um sorriso. – “Em qual empresa vocês estão de olho dessa vez?” – questionou mudando de assunto.

“De olho?…” – ergueu uma sobrancelha, encarando o amigo de forma divertida. – “Da forma que falas, fazes parecer que somos monstros que acabam com toda e qualquer empresa, para apenas anexá-la ao nosso grandioso império…” – encarava-o seriamente, mas seu tom de voz era de deboche. – “É essa a visão que tens de minha família, Sr. Li?” - riu fazendo pouco caso da resposta que seria obtida.

“Não tente me enrolar, Hiiragizawa…” – Shaoran cruzou os braços, rindo também. – “Eu sei perfeitamente como funciona o mundo dos negócios!” – declarou, com ar de entendido.

“Mas como sabes que minha vinda para cá tem relação com os negócios?” – questionou, curiosamente.

“Eu supus que fosse por isso...” – riu debochado.

“Então estavas blefando e eu acabei por cair...” – balançou negativamente a cabeça.

“Sim, mas não tente desconversar!…” – tinha um tom de ameaça na voz, que fez Eriol rir.

Nunca imaginaria Shaoran fazendo brincadeiras a esse respeito. Quando se conheceram na Inglaterra, por causa dos negócios entre as famílias de ambos, mesmo tendo apenas 10 anos, ele já possuía uma visão bem madura e crítica de como encarar os negócios, mas isso parecia ter mudado com o afastamento dele dos assuntos relacionados à família.

“Não vim para cá com o intuito de adquirir uma pequena empresa…” – explicou calmamente, passando a falar de forma séria. Shaoran arregalou os olhos e abriu um sorriso. – “Estamos nos tornando acionistas de uma empresa de extrema importância para a economia japonesa no mercado mundial…” – disse com certo orgulho.

“Corporações Daidouji!” – abriu um imenso sorriso. – “Tomoyo comentou que tinha uma reunião com os novos sócios da mãe hoje, então você…” – olhou para o rapaz de cabelos negros que balançava negativamente a cabeça.

“Não irei a esse jantar…” – declarou, deixando Li surpreso. – “Meu pai não acha sábio que eu me apresente nesse momento. A Sra. Daidouji pode questionar nossa seriedade com relação aos negócios por causa de minha idade e, apesar de permanecer aqui justamente por causa dos negócios, também vim ao Japão para disputar uma vaga na Universidade…” – sorriu. – “Sabes o quanto meu pai tem orgulho de suas origens…” – viu o amigo balançar positivamente a cabeça. – “Ele gostaria que eu, pelo menos, fizesse o nível superior em Tokyo…” – suspirou.

“Então não foi apenas a negócios que você veio para cá, afinal…” – Shaoran comentou, suspirando. – “Há algum lugar em especial aonde você queira ir?” – perguntou.

“Como eu posso saber? Não conheço Tomoeda.” – declarou, fazendo-o rir. – “Tu me tiraste de casa para mostrar a cidade, mas até agora só andamos a esmo...” – reclamou.

“Então acho que podemos…” – interrompeu a fala ao ouvir o som de um telefone tocando. Eriol retirou o celular do bolso e olhou na tela.

“É Nakuru… só um instante…” – disse afastando-se enquanto falava com a irmã. Desligou e respirou profundamente. – “Seja lá o que estavas planejando, vai ter que ficar para outro dia, meu amigo…” – disse pesarosamente.

“Não sabia que Nakuru estava com você…” – comentou, parando em frente ao amigo.

“Ela está apenas ajeitando a decoração do apartamento…” – suspirou. – “Disse que, se não fizesse isso, o apartamento teria apenas um piano, um sofá e um microsystem, além das mobílias do quarto, e que isso seria um grande desperdício de espaço…” – comentou, enquanto o chinês ria, lembrando-se da espalhafatosa irmã de Eriol.

“Você sabe voltar para casa sozinho, não é?” – perguntou, fazendo Eriol encará-lo como quem duvida dos próprios ouvidos. Seus olhos se estreitaram e ele fitou o chinês com uma expressão de descrença. Shaoran não aguentou e começou a rir.

“O que estás querendo insinuar?...” – questionou, rindo com ironia enquanto o rapaz a sua frente gargalhava, ficando quase sem ar.

“Estou apenas me... assegurando de que você não... vai se perder no... no caminho de volta...” – respirava profundamente, recuperando o fôlego. – “Afinal, estivemos andando a toa...”.

“Ao acaso, sim, mas em linha reta...” – retrucou, sem conseguir conter uma risada divertida.

“Então, até amanhã na escola!” – prestou reverência ao amigo, despedindo-se.

“Até amanhã, Shaoran!” – acenou, balançando a cabeça ainda rindo, antes de dar meia volta para retornar ao apartamento.

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Sakura estava pensando em Shaoran com o caderno de exercícios de matemática aberto a sua frente. Gostaria que ele estivesse ali naquele momento, quem sabe conseguiria entender melhor o que era pedido.

“Eu devia ter prestado mais atenção ao que Kaho estava falando…” – suspirou deitando a cabeça sobre o caderno enquanto encarava a foto dela e Shaoran que ficava sobre a mesa de cabeceira. Sorriu levemente e se levantou, indo até a cama para pegá-la.

Fora ideia de Tomoyo tirá-la no último festival de outono. Estavam abraçados, de rosto colado: ele atrás dela, com o queixo apoiado em seu ombro direito, a mão esquerda sobre o outro ombro, enquanto a direita repousava suavemente em sua cintura. Formavam um casal muito elegante: ele usando uma calça verde-musgo, camisa bege e jaqueta marrom-claro, enquanto Sakura trajava um vestido longo, verde em tom pastel, com as mangas compridas e um colete pérola abotoado por um único botão, na gola. As luzes do templo, criavam um cenário quase mágico ao fundo. Sakura, algumas vezes, ainda sentia a respiração dele roçando suavemente sobre seu pescoço quando olhava aquele retrato.

O telefone sem fio tocou no quarto, assustando-a. Sentou-se na cama, atendendo-o.

“Oi, é a Sakura…” – disse alegremente.

“Boa Noite, Sakura! Espero não estar incomodando!” – Tomoyo falou com a voz suave.

“Claro que não, Tomoyo!” – sorriu ao ouvir a voz da amiga. – “Aconteceu alguma coisa?” – perguntou.

“Sim!… Você não imagina com quem eu acabei de jantar, Sakura!” – estava bastante animada.

“Uhm,… com os novos sócios da sua mãe?” – arriscou, lembrando do que a amiga falara mais cedo.

“Sim, mas você nunca vai adivinhar quem eles são…” – disse fazendo suspense.

“E quem são?” – quis saber, estranhando a novidade de toda aquela situação.

“Os pais de Eriol Hiiragizawa!” – falou muito feliz.

“Aquele rapaz que veio da Inglaterra e está estudando na nossa sala? Amigo do Shaoran?” – perguntou apenas para confirmar.

“Sim! Eriol Hiiragizawa!” – Tomoyo repetiu o nome devagar. – “Foi uma pena que ele não pôde participar do jantar conosco, porque fiquei muito curiosa para ouvi-lo tocar piano... o Sr. e a Sra. Hiiragizawa estavam falando que ele toca magistralmente... Você não acha isso impressionante?” – falava de forma exultante, deixando a amiga confusa no outro lado da linha.

“Acho que sim...” – Sakura falou baixinho, sem compreender o que era tão admirável.

“Sabe, você ficaria impressionada com o porte dos pais dele, não é à toa que seja tão gentil e educado...” – suspirou levemente. - “Eu o achei muito simpático!” - afirmou, fazendo Sakura abrir um sorriso.

“Tudo bem, Tomoyo, mas ainda não entendi o motivo de você estar tão feliz... ele nem sequer esteve presente no jantar, não é mesmo?” – Sakura perguntou, fazendo-a ficar em silêncio durante alguns instantes.

“É... bem,… e-eu…” – fez uma breve pausa, respirando profundamente. Sakura tinha certeza de que Tomoyo havia ficado envergonhada, lamentava não estar lá para vê-la. – “Eu também não sei muito bem o porquê, mas me senti aérea a noite toda e meu coração disparava cada vez que os pais dele falavam de alguma coisa que tínhamos em comum...” – revelou, falando de forma acanhada.

“Não acho que haja nada com que se preocupar...” – Sakura afirmou de forma franca. – “Você simpatizou com ele e ficou animada por descobrir algumas afinidades...”.

“Acho que tem razão...” – Tomoyo concordou, satisfeita com a explicação totalmente plausível.

“O que é completamente normal, porque, além de educado, gentil, impressionante e simpático ele também é muito bonito, não acha?” – perguntou divertida, ouvindo a morena voltar a ficar nervosa.

“Sakura!” – exclamou, espantada.

“Ué? Você não achou?” – questionou, dissimulando desentendimento.

“E-eu achei que ele... ele é bastante a-atraente, sim…” – falou ficando em silêncio durante alguns instantes. – “Ahm,… eu tenho que desligar agora! Até amanhã, Sakura!” – disse apressadamente.

“Está bem, então! Até amanhã!” – a jovem de olhos verdes sorriu, desligando o telefone. Fixou o olhar na fotografia sobre a cômoda de forma pensativa. Nunca ouvira Tomoyo falar tão entusiasticamente a respeito de nenhum rapaz antes. Muito menos tendo conhecido-o no mesmo dia. Sempre dizia que não se deve confiar na primeira impressão, pois ela pode estar errada.

“Eu só espero que, se for o que estou pensando, você não termine como eu…” – murmurou. 'Sendo apenas, a melhor amiga…’, completou mentalmente, deitando-se na cama.

Continua…


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Notas finais do capítulo

Aiya, minna!...

Estamos aqui com terceiro captulo de SDNEE. Espero que me perdoem por conta da cegueira de Shaoran diante da Sakura, mas como vocs devem ter notado o motivo da cegueira fez sua primeira apario e, acho seguro afirmar que ela do tipo que sinaliza problema por todos os lados.

interessante sinalizar que o subttulo do captulo tem relao com nosso casal secundrio Eriol e Tomoyo. Foi totalmente repentina a idia de colocar essa msica como tema... que, de certa forma, eles acabam por ser ignorados no desenvolver da trama e eu achei de bom tom dar uma nfase ao momento em que comearam a aparecer os sinais de paixonite da Tomoyo, afinal ela est sempre ao lado de Sakura, no mesmo?

Para quem est lendo, por favor, deixe uma review. importante para que eu saiba o que esto pensando.

Agradeo imensamente a quem j comentou.
Mil beijos a todos...

Yoru. (07/08/2009, 20:49h. "Alguns sentimentos simplesmente no desaparecem...").