Suteki da Nee escrita por Yoruki Hiiragizawa


Capítulo 1
Você me diz exatamente o que sente por ela


Notas iniciais do capítulo

Os subtítulos dos capítulos indicarão uma sugestão de música para se escutar durante a leitura. A música tema do primeiro capítulo Crush, interpretada por Mandy Moore.



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SUTEKI DA NEE
por Yoruki Hiiragizawa


Capítulo um
Você me diz exatamente o que sente por ela

Estava encostada ao muro de braços cruzados. Seus olhos esmeralda mostravam-se inquietos enquanto sondavam o pátio do colégio. A pasta com seu material se encontrava no chão, aos seus pés. O vento balançava seus curtos cabelos ondulados cor de caramelo. Olhou no relógio da torre da escola primária por sobre o muro. Não poderia esperar por mais tempo.

“Onde ele está que ainda não apareceu?” – perguntou-se varrendo o colégio com os olhos. Estava pronta para ir embora quando viu um rapaz vindo em sua direção com passos apressados. Sorriu ao identificá-lo.

Tinha os cabelos castanho-escuros, levemente bagunçados, os olhos cor de mel e o porte atlético, sendo quase vinte centímetros mais alto que ela. Ele sorriu ao vê-la e acenou aproximando-se.

“Onde esteve, Shaoran?” – perguntou olhando-o seriamente. – “Eu já estava indo embora! Esqueceu-se que combinamos de voltarmos para casa juntos?” – sentenciou, fazendo-o ficar encabulado.

“Desculpe-me, Sakura, mas você não vai acreditar no que aconteceu quando eu estava saindo…” – disse abrindo um sorriso bobo, o qual a garota acostumara-se a ver nos últimos dois anos. Ele não precisaria continuar para que Sakura soubesse que ela estava envolvida. Shaoran continuou a falar, mas a jovem ao seu lado não estava prestando atenção. Seus pensamentos estavam não muito longe, em uma época bem menos conturbada.

Conhecera o jovem chinês no início do oitavo ano, ele havia chegado de Hong Kong e ela de Kyoto, onde nascera e vivera toda sua vida. Não conhecia ninguém na cidade e estava assustada com toda aquela mudança. Sentia-se excluída de todo mundo durante as atividades e a única pessoa com quem conseguia ficar mais à vontade era ele, Shaoran Li, que estava em uma situação semelhante a sua, um pouco pior, talvez, por ser estrangeiro.

Em pouco tempo, tornaram-se grandes amigos. Inseparáveis. Acabaram se enturmando e fizeram novas amizades, mesmo assim, acabavam se isolando em determinadas ocasiões. Boatos rolaram dizendo que estavam namorando, mas não deram importância e, logo, tudo fora desmentido.

O tempo passou rapidamente e logo estavam concluindo o nono ano. Foram juntos ao baile de colação de grau. E tudo estava perfeito nas férias, em que Shaoran fora viajar com ela e seu pai, no lugar de Touya, seu irmão, por causa de uma emergência no trabalho.

Quando as aulas recomeçaram teve início seu pesadelo. A turma estava cheia de caras novas e entre todos aqueles alunos estava ela, Akio Yamazato, a garota que roubara a atenção de seu melhor amigo e de grande parte do colégio.

O pior, no entanto, não era ver Shaoran correr atrás dela quase todas as horas do dia, nem o fato de vê-lo criar falsas esperanças quando Yamazato o procurava, geralmente para que a ajudasse com suas notas. O maior problema foi se descobrir apaixonada pelo rapaz quando ele apenas tinha olhos para a “Srta. Perfeição”.

Sua vida não poderia ficar pior do que já estava... Poderia?

“Acabamos nos distraindo e ela comentou que eu ficaria muito bem de cabelos compridos…” – passou a mão sobre a cabeleira desalinhada. – “Então decidi experimentar e ver como ficarei. O melhor é que essa foi a primeira vez que ela me notou!" – exclamou animado. – “Você nem imagina como estou me sentindo…" – sorriu para a amiga, arrancando-lhe um sorriso cheio de tristeza.

Pararam de caminhar em uma bifurcação. Shaoran olhou para Sakura com um sorriso de gratidão no rosto.

“Sabe, eu agradeço por você ser minha amiga, Sakura…” – começou com a voz tranquila. – “Eu não sei se suportaria toda essa situação se você não estivesse me apoiando!” – pegou a mão dela e segurou firme entre as suas. – “Prometo que, algum dia, eu a compensarei por tudo!” – disse com convicção, fazendo-a sorrir.

“Não se preocupe com isso, Shaoran..." - sorriu suavemente, pensando que aquela situação não era justa. Afinal, o que mais ela poderia dizer quando ele a olhava daquela maneira. - "Você estar ao meu lado é o suficiente…” – ficaram encarando-se ternamente.

Shaoran suspirou profundamente, sentia-se bem quando estava perto da jovem japonesa. Era uma sensação maravilhosa e parecia tão natural que ele ainda estranhava.

“É melhor irmos para nossas casas…” – disse mudando levemente sua expressão. – “Vejo você amanhã!” – acenou, afastando-se e virando para ir embora.

Sakura arregalou os olhos e ia dizer algo, mas sua boca abriu e se fechou sem emitir som algum. Apenas soltou os braços ao longo do corpo vendo-o se afastar.

“Até amanhã…” – sussurrou para o vento, seguindo para sua casa.

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Sakura estava deitada em sua cama, fitando o teto. A mochila jogada no chão, cadernos e livros abertos sobre a escrivaninha. Um porta-retratos - com uma foto dela e Shaoran - encontrava-se sobre a mesa de cabeceira, virado para a parede, e uma taça de sorvete praticamente intocada mostravam o estado caótico de seu humor.

Batidas na porta retiraram-na de um mundo de sonhos.

“Entre…” – disse sentando-se.

A porta se abriu permitindo a ela ver a figura de um homem, vestido de terno e gravata marrons. Os cabelos castanho-claros tomavam um tom grisalho, mas os olhos castanhos mostravam a mesma serenidade que Sakura estava acostumada a ver em seu pai.

“Eu só queria avisar que estou de saída, filha!” – olhou para a situação do quarto. – “Está estudando para os exames, Sakura?”.

“Sim, eles começarão na próxima semana!” – ela explicou.

“Entendo…” – ele fez uma pausa. – “Shaoran não vem estudar com você dessa vez?” – perguntou reparando que a filha desviara o olhar ao escutar o nome do rapaz.

“Ele tem outras coisas para fazer e eu não preciso da ajuda dele…” – respondeu. A verdade é que haviam combinado de estudar juntos, mas ele esquecera disso por causa de Yamazato. ‘Droga! Sempre por causa dela! Como a detesto!’, pensou franzindo a sobrancelha, mas balançou a cabeça, voltando a prestar atenção no homem parado à porta. – “Não terei problemas, dessa vez, porque o conteúdo de física e matemática é bem simples…” – mentiu, forçando um sorriso.

“Está certo!” – disse o Sr. Kinomoto, respirando profundamente. – “É melhor eu ir…”.

“Sim, vá! Senão vai perder o trem-bala!” – Sakura acenou para o pai, que fechava a porta, e deixou-se cair sobre a cama.

De onde estava ouviu a porta e o portão se abrirem e fechar, indicando que o homem saíra.

‘A quem eu quero enganar? Não vou conseguir estudar…’, pensou fechando os olhos. – “Não, enquanto continuar com Shaoran Li em meus pensamentos...” – murmurou sem muito ânimo. Seria impossível parar de pensar nele. – “Preciso conversar com alguém…” – disse pensativa, levantando-se.

Saiu do quarto e desceu as escadas, tamborilando no corrimão. Assim que entrou na sala, pegou o telefone e jogou-se no sofá, discando o número da casa da melhor amiga. Mas, antes que terminasse, ouviu a campainha soar.

‘Será que papai esqueceu algo?’, perguntou-se indo até a porta. Quando a abriu, um sorriso iluminou seu rosto e seus olhos brilharam.

“Boa noite, Sakura! Espero que não tenha esquecido que combinamos de estudar juntos…” – o rapaz disse passando pelo portão.

“É claro que não esqueci!” – indignou-se, deixando-o entrar. – “Mas achei que você o tivesse…” – comentou seguindo-o até a sala.

“Eu?… Eu nunca esqueço de meus compromissos, Srta. Kinomoto!” – disse divertindo-se. – “Já está tudo preparado para começarmos?” – perguntou sorrindo docemente.

"Sim!” – ela retribuiu o sorriso. – “Podemos subir…” – disse tomando a dianteira com um enorme sorriso.

‘Fico feliz que tenha se lembrado de mim, Shaoran…’, pensou olhando de esguelha para o chinês que subia as escadas, seguindo-a.

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Ela saiu da sala logo após entregar a prova ao professor. Espreguiçou-se demoradamente com um sorriso no rosto. Tinha certeza que havia se saído muito bem.

‘Valeu a pena passar o final de semana enterrada em livros, afinal!’, pensou vitoriosa.

“Sakura!” – alguém a chamou, fazendo-a olhar para trás. Uma garota de longos cabelos negros, pele clara e olhos de um raro tom violeta, corria para alcançá-la. – “Como foi no exame?” – perguntou, sorrindo, enquanto voltavam a caminhar pelo corredor.

“Achei que as questões estavam bem fáceis…” – sorriu para a garota. Tomoyo Daidouji era sua melhor amiga, depois de Shaoran. Era a única pessoa a quem confessara seus sentimentos com relação ao chinês.

Tomoyo fora a responsável pela integração dela e de Li com o resto da turma. Dizia saber como é ruim sentir-se abandonada em certas ocasiões, o que lhe acontecia pelo status que possuía na cidade de Tomoeda. Era a única herdeira de uma das maiores empresas do Japão. Na linha de produção da grande Corporação Daidouji estavam inseridos, desde aparelhos eletrônicos, até brinquedos.

“Vocês passaram o fim-de-semana estudando juntos novamente?” – a garota de olhos violeta questionou com um sorriso maroto.

“Sim. Shaoran dormiu lá em casa de sábado para domingo…” – disse um pouco sonhadora.

“E…” – sorriu para a amiga. – “...aconteceu alguma coisa? Você contou a ele?” – quis saber Tomoyo animada. Sakura suspirou.

“Você sabe que eu não teria coragem de fazer isso…” – disse pesarosa.

“Eu não entendo vocês dois, sabia?” – Tomoyo disse, parando embaixo de uma árvore no pátio. Sakura olhou-a confusa enquanto sentava-se na grama. – “Você e o Li passam tanto tempo juntos, ficam sozinhos por horas, ele dorme frequentemente na sua casa…” – enumerava nos dedos enquanto falava. – “A única coisa que falta é um beijo para que estejam namorando oficialmente...” – encostou-se à árvore olhando para o céu.

“E por que haveríamos de fazer isso?” – Sakura perguntou um pouco embaraçada, fazendo a morena encará-la com uma sobrancelha erguida de forma especulativa. Sakura não era tão sonsa a ponto de não ter compreendido e a vermelhidão em que seu rosto se encontrava era a prova disso...

“Ora, minha querida, essas coisas acontecem…” – assegurou, naturalmente. – “Imagine dois amigos, que se conhecem muito bem, conversando alegremente e no meio de um sorriso seus olhares se cruzam de forma intensa e algo parece puxá-los cada vez para mais perto... – narrava de forma pausada, observando o rosto da amiga ficar gradativamente em chamas. – “Então, com os corações palpitando aceleradamente, os lábios se tocam de forma gentil, trazendo à tona senti-…”.

“Pare com isso, Tomoyo!” – Sakura interrompeu a amiga, estando quase roxa de vergonha. Sentia como se todo seu sangue tivesse subido para a cabeça.

“Ah, vai me dizer que nunca imaginou isso acontecendo...” – a outra cruzou os braços, balançando a cabeça com um sorriso maroto.

“Não é isso, mas...” – abaixou os olhos de forma que a amiga não pudesse ver sua expressão – “Não acredito que isso poderia acontecer, Tomoyo. Ele gosta de outra pessoa, lembra?” – suspirou desanimada.

“E você vai continuar deixando as coisas como estão...” – a morena comentou, desanimada com a resignação da amiga. ‘Eu ainda insisto que ele não compreende o próprio coração…’, Tomoyo pensou suspirando. ‘Não consigo aceitar essa paixão do Li pela Yamazato…’, olhou para Sakura de forma pensativa com um sorriso no rosto.

Sabia que esse drama que a amiga vivia estava longe de terminar, mas não poderia fazer nada além de assistir. Apenas torcia para que tudo terminasse da melhor forma possível.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Eu gostaria de agradecer à Insuperável Rô pela paciência e empenho ao revisar os capítulos de SDNEE (de novo).

Explicações sobre o título:
Suteki da ne é o título de uma música muito linda que é tema do jogo Final Fantasy X, significa "É Bonito, não?" (assim, na interrogativa, mesmo). Quem tiver a oportunidade de escutar... Só digo que vale muito a pena!

Esse fic é dedicado à minha okaa-san de coração: Miaka Hiiragizawa.
Espero que todos se divirtam imensamente.
Beijinhos no coração.

Yoru. (02/08/2009, 17:20h. "Algumas vezes meu coração pára quando estou longe de você.").