Rotulados escrita por xBabyxQueen


Capítulo 2
Benção e Maldição


Notas iniciais do capítulo

Devo pedir desculpas a quem estava esperando pelo capítulo D:
*tinha alguém esperando né? T-T*
Demorei, então espero que esteja tão bom que tenha valido a espera ;3
Boa leitura e não se esqueçam das reviews!
*É importante! Pergunte a qualquer ficwriter u-u*



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Mamãe encontrava-se a apenas 1 metro de distância, sobre uma forte luz, como embaixo de um holofote. Nesse lugar nenhum onde estávamos todo o resto era breu.

"Gomen, Hinata-chan" - sussurrou, como se o fizesse em meu ouvido.

Mamãe? - ela me lançou um doce sorriso, revelando a faca em sua mão. - Não kaa-san! Não faça... - mas antes que eu pudesse terminar a frase, antes que eu pudesse impedi-la a faca já cortava sua garganta.

Por mais que tentasse, minhas pernas não se mexiam, não saíam do lugar. Eu queria ampará-la! Estancar aquele mar de sangue que fluía por seu corpo. Mas ela ria docemente, como se aquela fosse a melhor sensação do mundo. Em seus olhos eu podia ver tranquilidade. E acima de sua cabeça, como o seu sorriso demonstrava, havia uma palavra.

Paz

Fechei meus olhos para aquilo, meus joelhos enfraqueceram e desatei a chorar. Não consegui encarar aquela cena. Não naquele momento e, talvez, nunca. Me arrastando, fui até o corpo dela, que mantinha no rosto um sorriso tranquilo e suave, como sua alma sempre fora. Segurei seu corpo gelado em meus braços. Meus olhos embaçados pelas lágrimas não viam outra coisa que não fosse pureza.

- Por que fez isso, kaa-san? - a envolvi em meus braços, com uma força contida. - Nós iríamos passar por tudo isso juntas... Você não se lembra? - embalei-a como uma criança. - Por quê? Por que me deixou sozinha, kaa-san? - ninei seu corpo sem vida, banhada em seu sangue e cantarolei a canção de ninar com que fazia Hanabi e eu pegarmos no sono quando éramos menores.

Dorme, dorme, minha filhinha
É noite, papai já veio.
Tua maninha também dorme
Embalada no meu seio.
Dorme, dorme minha filhinha.
Que as aves já estão dormindo
E as estrelas cintilantes
Lá no céu estão luzindo.


Embalei seu sono eterno, desejando o mesmo para mim. Minha mãe sempre fora forte, sendo junto de papai, o pilar da nossa família.

E ela havia se entregado, desistiu de sofrer e se salvou.

Salvou a si mesma antes que eu o fizesse.

Um grito forte se formou em minha garganta e eu o libertei, deixando ir com ele uma pequena parcela da dor e angustia que sentia. Desejando que minha vida se esvaísse junto dele, que tudo aquilo acabasse.

Foi então que um par de olhos vermelhos se destacou na escuridão, reluzindo a palavra assassino acima de si, junto à lâmina de uma faca. Ele vinha em minha direção e com a escuridão ao seu favor não consegui identificar quem era. Meu coração virou uma máquina sobrecarregada e minhas pernas enferrujaram de tal modo que não conseguia me mexer.

Ele iria me matar.

~~~~~~~~~~~*~~~~~~~~~~

- Hinata!

Naruto olhava fixamente para mim. Seus olhos azuis demonstravam preocupação, arregalados. Sentada na cama, eu tremia freneticamente. Suas mãos seguravam delicadamente meus braços, enquanto ia me acalmando. Passando seus braços carinhosamente por minha cintura, ele me puxou para perto. Meio hesitante, eu me aproximei.

- Foi só um sonho, Hina-chan. Eu estou aqui - disse sereno. Sua voz, pele e cheiro me acalmavam profundamente.

- Gomen, Naruto-kun - o apertei mais.

- Shhhi... - afastando-se um pouco, olhou amavelmente para mim. - Sou seu namorado e não vou deixar nada nem ninguém te machucar, fique tranquila - colocou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha e me beijou docemente. Depois de nos afastarmos, afundei minha cabeça em seu peito, sentindo seu cheiro tão familiar e maravilhoso.

- Q-quer voltar à d-dormir? - a vergonha me dominava e eu me perguntava como ele ainda estava ali. Chegou perto do meu ouvido, me prendendo mais ao seu corpo.

- Se você quiser... - ergueu minha cabeça para que eu pudesse fitá-lo. Seu olhar era sério. - Quer contar... Sobre seu pesadelo? - havia certa hesitação em sua voz. Meu olhar ficou vago.

Como contar a alguém que você ama a sua dor? Como fazer realmente ela entender o que você está passando? Não há como. Fazia quase dois anos que tudo havia desmoronado em minha vida. A única coisa boa que eu ainda possuía era Naruto. Ele é quem mantinha minha sanidade no lugar e um pouco de paz em meu coração. Sempre fui mais reservada e demorei muito tempo para mostrar o que eu sentia à ele, e mesmo depois de todo o meu esforço para mudar, ainda havia muito da antiga Hinata em mim.
Mas o que eu mais amava naquele garoto de profundos olhos azuis era o fato de que ele tinha fé em mim. Uma fé por mim desacreditada, esquecida e talvez, nunca incentivada. E antes disso, ele me amava, mais do que eu pudesse imaginar. E agora eu me encontrava órfã, sem rumo ou futuro. Se eu perdesse Naruto, sinceramente, não saberia o que fazer ou como viver.

Ele fora a única coisa boa que havia me restado.

Percebendo meu silêncio longo demais, ele desconversou.

- Você não precisa dizer nada... Me desc... - mas antes que ele pudesse continuar eu o interrompi.

- Tudo ao meu redor era muito escuro - ele parou atento. - A única pessoa à minha frente era... Kaa-san, e ela tinha... Ela t-tinha uma f-faca... - Eu não consegui encará-lo e muito menos continuar a contar. As lágrimas já transbordavam cruelmente e ele não precisava de mais nada para entender a mensagem. Apenas me abraçou forte, afagando meus cabelos, enquanto eu encharcava seu peito com minhas lágrimas que caiam compulsivamente.

- Desculpe te fazer falar. Está tudo bem agora. - percebi a culpa em sua voz. Mas ele não a possuía, longe disso. Eu tinha que contar. Aquele não tinha sido o primeiro pesadelo e com certeza não seria o último.

- N-não é s-sua cul-pa. - Em meio a soluços consegui balbuciar. Eu tinha que fazê-lo, antes que aquilo me sufocasse por completo. - Depois que k-kaa-san se mat... - Eu não conseguia dizê-lo. - Se foi, alguém ap-pareceu...

- Alguém? - Desde a primeira noite eu já havia contado a ele. Na verdade, desde o incêndio. Sobre aquele par de olhos malditos, que me perseguiam e tiravam minhas noites de sono. Naruto tentou me fazer contar a polícia, mas eles não acreditariam. Afinal, foi apenas coisa da minha cabeça, não é? - São os mesmos olhos da última vez? - Senti seu aperto ficar mais tenso.

- S-sim. - mesmo com os olhos embaçados pude ver o ódio em sua alma. - Não f-fique assim, Naruto-kun. - Me olhou firme. Ele fora a única pessoa em que eu confiei para contar sobre os olhos do assassino daquela noite, mais ninguém.

- Vamos dar um jeito nisso! Vamos achar este desgraçado e fazê-lo pagar! - sua voz era firme, assustadora. Ao ver que havia se exaltado, relaxou. Jogou-se no travesseiro, bufante. - Gomen, meu amor.

Observei Naruto fechar os olhos, frustrado. Ele odiava pensar que havia me assustado ou decepcionado. Acima de sua cabeleira loira e despenteada surgiu uma palavra.

Proteção

E meu coração se aqueceu com aquilo. Enquanto estivesse com ele, enquanto eu o amasse incondicionalmente, ficaria tudo bem.
Olhando para o relógio constatei que eram 3 horas da manhã. Tínhamos que trabalhar cedo no outro dia, então era melhor dormir.

– Está tudo bem. Já estou melhor, pois você está aqui comigo. - Corando, esbocei um pequeno sorriso para ele, que me sorriu abertamente de volta.

Naruto nunca perdeu aquele sorriso malandro e contagiante, desde que éramos pequenos. Eu o amava tanto e eu sentia que ele me correspondia da mesma forma. Era meu anjo, meu protetor, minha razão. Deitando em seu peito, me moldando em seu corpo para voltar a dormir e sentindo seu cheiro, me senti em paz.

Ali com ele, me sentia em casa.

Quando meu inconsciente quase me tomava por inteira, ouvi um sussurro em meus cabelos.

Eu te amo, Hinata

E mesmo sem esboçar palavra ou reação alguma, ele sabia que eu havia entendido. E mais importante, que eu sentia o mesmo.

~~~~~~~~~~*~~~~~~~~~~

Na manhã seguinte, como de costume, Naruto já havia saído para trabalhar. Era uma segunda-feira, então preguiçosamente me levantei e fui fazer minha higiene.
Naruto arrumou uma casa pequena e tranquila para morarmos depois do acidente. Ela apenas consistia de um quarto, sala, cozinha e banheiro, o suficiente para nós dois. Ao passar pela cozinha, notei um bilhete na porta da geladeira que dizia:

Acordei mais cedo e deixei o café pronto.
Vamos resolver tudo, dattebayo!
Ps.: Te pego no serviço hoje.
Uma pequena surpresa.
Naruto.

Sorri abertamente com aquilo. Era divertido esperar as surpresas de Naruto. Mesmo que fosse a pessoa mais atrapalhada do mundo, suas surpresas sempre me faziam feliz. Apenas após olhar o bilhete notei a mesa arrumada com pães, laticínios e condimentos diversos. Tudo meio desajeitado, mas feito com muito esforço.

Tinha a sensação de que aquele iria ser um bom dia.

Depois de arrumar a casa, saí para trabalhar. Era de manhã e o sol saía timidamente de trás das nuvens. Uma temperatura agradável tomava conta do ambiente e eu me sentia bem. Dei um tímido bom dia à nossa vizinha da frente, Srta. Shizune. Ela era uma mulher jovem e carismática, determinada e leal braço direito da prefeita de nossa cidade, Senju Tsunade - para qual Naruto também trabalhava. Seu animal de estimação - mais especificamente uma porca - Tonton, corria pelo gramado, enquanto Shizune cuidava de um jardim cercado, impedindo que o animalzinho pisasse em tudo. Acenou pra mim com um sorriso, aquele devia ser seu dia de folga.
Às vezes a caminho do trabalho me pegava pensando em coisas banais ou até em coisas importantes, como o dom dos meus olhos. Aquela era uma questão conflitante pra mim, as palavras, que começaram desde a noite do incidente e nunca mais me deixaram. Nunca soube realmente como tudo aquilo funcionava.
No começo era atordoante. A cada pessoa para que eu olhasse, uma palavra surgia, revelando seu 'estado' ou 'essência'. Eu tinha crises de enxaqueca e, junto com os pesadelos constantes, não conseguia dormir. Depois de um tempo isso foi passando e as palavras vinham de vez em quando. Iam e vinham como queriam, como ali naquele momento. Uma senhora, de idade bem avançada, carregava um carrinho de compras, indo a direção do portão mais próximo. Fitando-me, sorriu de leve e eu retribuí. Quando ia entrando em casa, uma palavra surgiu acima de sua cabeça.

Solidão

Desviei os olhos, seguindo meu caminho. Me senti mal por ela, por meus olhos e pelo o que eles podiam me revelar. Sentia como se estivesse rotulando as pessoas ao meu redor e eu não era digna disso. Como se fossem segredos os quais eu não poderia saber, mas que me eram revelados de qualquer maneira.

Para mim aquilo era uma maldição.

A única pessoa que soube da habilidade dos meus olhos foi mamãe, no curto período em que passamos juntas desde o incêndio. Meus pesadelos atordoantes apenas me mostravam o que havia se passado um ano e alguns meses atrás. Depois de um mês frequentando um psicólogo - e com a ajuda de Naruto - eu estava um pouco melhor.

Mas mamãe não.

Ela não comia, dormia pouquíssimas horas por noite e quando conseguia tinha pesadelos, acordava gritando o nome de papai e de Hanabi. Me sentia péssima por ela. Eu consegui progredir um pouco, voltei a trabalhar e atender telefonemas, mas era perceptível que ela não queria melhorar.
Naruto também foi muito prestativo. Me auxiliava na alimentação, sempre conversava com ela e tentava deixá-la melhor. Mas tudo fora em vão. E se Naruto não havia conseguido, talvez ninguém mais pudesse. Depois de dois meses, ela sucumbiu. Tirando a noite do incêndio, aquela foi a noite mais desesperadora de minha vida.

Mas acho que seria para qualquer pessoa que encontrasse sua mãe morta no chão do quarto, não é?

Foi horrível, vê-la ali, deitada sem vida. Sangue escorria por seu nariz e boca e os comprimidos espalhados pelo chão ao seu redor.

E eu não pude fazer nada, mais uma vez.

Naruto iria chegar mais tarde e eu mal conseguia olhar pra ela. Todas as vezes que tentei tocá-la, sentia sua pele fria ao tocar a minha e um arrepio me impedia de continuar. Minha consciência e visão turva pelas lágrimas não queriam aceitar que o cadáver ali era minha mãe. Apenas me apoiei em seu dorso, chorando compulsivamente, esperando que a escuridão viesse me buscar também.

Lembrar daquela noite me deixava tonta.

Nas poucas horas de lucidez em que minha mãe se mantinha consciente, conversávamos sobre qualquer coisa e, de vez em quando, nos arriscávamos a lembrar do incidente. Em uma dessas raras ocasiões, contei-a sobre as palavras. Pensei que me chamaria de louca, mas pelo contrário, disse que me compreendia e que aquilo era uma benção.

"Seus olhos são pérolas preciosas demais para serem desperdiçadas, Hina-chan"

Saber da verdade sobre as pessoas era o mais seguro, pois eu era bondosa demais e qualquer um poderia me enganar com facilidade, fora o que ela disse em seguida. Aquilo me ofendeu um pouco, mas eu deixei passar.

Não sei se o que ela me disse tinha razão, mas até Hanabi me falou algo parecido quando éramos pequenas. Mesmo nova Hanabi era muito inteligente.

~~~~~~~~~~*~~~~~~~~~~

"Era uma tarde de sol. Brincávamos na areia da praça perto de nossa residência e um menino me pediu o baldinho emprestado. Eu mal o conhecia e Hanabi olhou-o torto.

- Não devia emprestar suas coisas pra quem mal conhece, onee-chan. - me repreendeu ela.

- Não há n-nada d-demais. - Lancei-lhe um sorriso, corando.

- Duvido que ele vá lhe devolver... - Me encarou tensa. - Você é bondosa demais, Hinata-chan.

– O-o que? - abaixei meu olhar.

– Um dia isso ainda vai te matar.

Aquilo realmente me pegou de surpresa. Antes que eu pudesse ter qualquer reação, mamãe nos chamou."

Não sei ao certo, mas aquilo me incomodava às vezes. As palavras dela pareceram proféticas e isso me assustava.

~~~~~~~~~~*~~~~~~~~~~

Chegando ao café onde eu trabalhava que ficava a algumas quadras de minha casa, dei bom dia ao pessoal e fui colocar meu uniforme. O salário não era muito, mas o suficiente para ajudar Naruto nas contas e comprar minhas coisas pessoais. O lugar era um café movimentado, onde eu servia as mesas, ajudava na cozinha e - às vezes, quando as coisas apuravam - auxiliava na limpeza. Eu trabalhava desde manhã cedo até de tardinha. Era muito natural encontrar amigos e conhecidos por ali, já que era um café popular.
Na metade daquela tarde, um grande grupo de pessoas apareceu. Pediram-me para ir atender a mesa e quando cheguei lá, notei que eram meus amigos de longa data. Nós vivemos juntos por toda minha infância. Alguns foram trabalhar fora, outros sempre estavam ocupados e alguns poucos continuaram por ali, como Naruto, que os acompanhava. Seu sorriso era resplandecente. Ao ver todos juntos ali, sorrindo pra mim, fiquei feliz. Devolvi um sorriso doce e sincero.

- Não disse que tinha uma surpresa pra você? - disse Naruto, se levantando para me dar um beijo. Sua alegria era inspiradora e seu sorriso aberto era lindo.

Todos estavam ali e eu me lembrava de cada um deles.

De longe vi Chouji e Ino, que me acenou animada, suas mãos entrelaçadas. Quando ela percebeu meu olhar sobre as mãos, desviou os olhos, enrubescendo.

– Onde está Shikamaru? - perguntou Naruto.

Ele tinha um caso importante e, e em suas próprias palavras, "problemático". Pediu desculpas por isso - respondeu calmamente Chouji.

– Não há problema. Alguém daqui tem que trabalhar né? - brincou Naruto.

Shikamaru era o mais novo policial criminalista a alcançar um alto cargo na polícia. Sempre estava ocupado com casos grandes. Na noite do incidente, fora ele quem falou comigo para coletar informações importantes. Ele era um grande profissional e amigo, mas não consegui contar sobre aqueles olhos.

Levantando-se e vindo em minha direção, Kiba me deu um longo abraço. Pelo que pude perceber Naruto ficou emburrado, principalmente porque nós sempre fomos muito próximos e havia tempos que não nos encontrávamos. Muito silenciosamente, atrás de Kiba veio Shino, sempre reservado apenas me deu um breve oi. Mas eu sabia que por trás daquela simples saudação havia um enorme carinho. Os dois sempre foram os mais próximos de mim na infância, como irmãos mais velhos.

Tenten e meu primo Neji também estavam ali, o qual me lançou um aceno de cabeça. Uma semana depois do incidente, ele ligou para prestar algum auxílio monetário, mas recusei. Ele tinha sua própria vida e problemas, mesmo que fosse da família, não podia me dar ao luxo de preocupá-lo. Ele já havia feito muito cuidando conta dos negócios de meu pai. Já era fardo suficiente.

– Yo, Hinata-san! - me saudou Lee, sempre enérgico.

– Olá, Lee-kun. Como está?

– Ótimo! Como meu mestre sempre diz: "Temos que manter o fogo da juventude!" - seus olhos brilhavam de excitação. Sorri. Acima de sua cabeça, uma palavra surgiu.

Determinação

E por último, avistei Sasuke e Sakura, que se encontrava bem próxima a ele. Ela veio animada me dar um abraço, segurou em minhas mãos e me sorriu.

– Faz algumas semanas que não nos falamos. Desculpe por isso - percebi sua vergonha.

– Não há problema, você está aqui agora. Todos estão - encolhi os ombros, me senti corar. Mas eu estava contente em ver meus amigos todos reunidos, depois de tanto tempo. A última vez em que todos haviam se reunido foi no funeral de minha família.

– Ela me ajudou um pouquinho a contatar o pessoal - disse rindo. Ela lhe deu um cascudo com força na cabeça.

– Fui eu quem falou com quase todos Naruto! Pare de se achar, idiota! - ela lançou uma carranca pra ele. - Não aguentei Hinata-chan - desculpou-se com um sorriso amarelo. Naruto choramingou, indo conversar com Sasuke, que notei apenas revirar os olhos.

Depois do ocorrido com mamãe, Sakura foi a pessoa que mais ficou próxima a mim, além de Naruto é claro. Ela começou a frequentar nossa casa, levando doces e mimos para me animar. Sempre aparecia para conversar comigo e Naruto. Acho que até poderia me atrever a dizer que ela era minha melhor amiga.
Sasuke era diferente. Nunca havíamos conversado de verdade ou sobre qualquer coisa relevante. Eu o via mais por causa de Naruto, ele era seu melhor amigo. Se é que não fosse o único. Sempre calado e sério.
Ele e Sakura namoravam a alguns anos, mas pelas fofocas que eu era obrigada a ouvir - algumas vindas diretamente de Ino -, ele a traía constantemente.

Ali, Sasuke manteve-se sentado e apenas me lançou um acenou seguido de meio sorriso. Ficou conversando com Naruto, enquanto Sakura me chamava para conversar em particular.

Ao ver a animação de todos, meu chefe me liberou mais cedo. Deixei os outros conversando animadamente e acompanhei Sakura até a área de intervalo dos funcionários.

– E como você está? - ela me perguntou sorrindo.

– Estou bem. Como vão as coisas com sua família?

– Nada muito fora do normal. Mamãe mandando e papai dizendo amém revirou os olhos.

– E o namoro? - percebi um brilho a mais em seus olhos verdes.

– Indo muito bem! Sei que não parece, mas Sasuke é um amor e se importa comigo. Ontem ele foi lá em casa e mamãe fez um jantar especial pra nós, fizemos 3 anos e 6 meses... - e eu já não escutava mais o que ela estava dizendo. A palavra acima de sua cabeça prendeu minha atenção por alguns segundos.

– Hinata? - olhei-a. - Está ouvindo? - afirmei com a cabeça. Ela continuou a falar enquanto eu apenas concordava muda.

Eu gostava de conversar com Sakura e ouvi-la, mas quando se dava corda para que falasse de Sasuke, ela não parava mais e eu pacientemente a escutava. Era bom ter sua companhia. Depois de certo tempo terminou de contar sobre a noite anterior.

– E você e Naruto? - havia animação em sua voz.

– Estamos bem - abaixando o rosto sorri envergonhada.

– Que bom! Vocês fazem um belo casal - sorriu sincera. Sendo assim, quero que me ajude em algo! - assinalei para que prosseguisse. - Estou planejando uma festa para reunir o pessoal novamente. Vou conferir qual será o melhor dia para todos e te aviso - segurou minhas mãos. - Obrigada Hinata! Vou voltar pra lá, Sasuke deve estar me esperando. Você vem?

– Daqui a pouco - me sorriu, voltando ao café.

Enquanto se afastava me recordei da palavra que havia visto minutos antes.

Ilusão

Perguntava-me se era um sinal sobre as traições de Sasuke serem verdadeiras. E se assim fossem, imaginava o quanto Sakura iria sofrer com isso. Ela era tão apaixonada por ele e havia se esforçado muito para estar ao seu lado.
Poderia parecer egoísmo de minha parte, mas eu não queria magoá-la e nenhum boato era realmente confirmado. Não havia nenhuma prova. Sakura me fazia bem e eu não queria que ela se machucasse, então se por acaso fosse mesmo verdade eu iria contar a ela, juntando toda a coragem que me fosse possível. Não me era nada agradável aquele pensamento. Não me sentia no direito de acabar com um relacionamento, afinal, eu não me achava digna disso ou de qualquer outra coisa.
Mas pensando melhor, se reparasse bem para os dois juntos, havia um único sentimento no olhar dele. Eu não precisava de uma palavra para vê-lo e se ela viesse, seria esta a única para podê-lo definir.

Possessão


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? *w*
Dois motivos pelo atraso - além da minha falta de pontualidade natural -q
1° - Meu computador pifou e estive escrevendo no meu trabalho;
2° - Não tive muito tempo livre dentro do meu trabalho -q
Mas mesmo assim, peço as minhas mais sinceras desculpas >



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