Acordei no dia seguinte surpreendentemente sem ressaca. Só uma dor de cabeça muito leve, mas assim tomei remédio e depois meu café da manhã, passou. Já era meio dia, e eu tinha combinado de ir a praia com a Laura às três. Sim, tomei café da manhã meio dia... O que pra mim já tinha se tornado rotina nas férias. Fiquei um tempo vendo uma série na televisão, meu pai não estava em casa, e quando deu uma e meia subi pro meu quarto para tomar banho, não que eu demore uma hora e meia para me arrumar pra ir na praia, mas... Eu gosto de ser bem pontual.

Assim que terminei meu banho, comecei a secar meu cabelo, mas por preguiça parei na metade, deixando-o úmido. Meu cabelo sempre foi muito liso, então não fazia muita diferença secar ou não, ele só ficava com algumas ondas a mais nas pontas, mas eu gostava delas.

Passei protetor solar por todo meu corpo, em seguida coloquei meu biquini, era um tomara que caia de bojo com a bandeira dos EUA estampado, que eu amava. Peguei um short, também com a bandeira dos EUA para combinar, que eu mesma customizei. Prendi meu cabelo num coque bagunçado com uma fita vermelha, puis meu óculos de sol aviador, passei meu perfume, Fantasy da Britney Spears, vesti uma rasteirinha e estava pronta. Peguei também uma bolsa branca, de praia mesmo, e coloquei dentro protetor solar caso eu quisesse repassar, meu celular, uma camiseta branca de manga caída e uma escova de cabelo.

(...)

Três horas! Ouço meu iPhone tocando, olho na tela e é a Laura.

– Alô?

– Oi, Bia?

– Sim, sou eu.

– Aonde você mora? Vou passar te buscar pra irmos na praia. – Passei meu endereço pra ela. – Ok, tô indo aí já, olha que coincidência, moramos só a umas quatro quadras de distância. Ah, eu quase ia me esquecendo, leva alguma roupa para vestir depois, que iremos no shopping.

– Sério? Que legal! – Disse animada. – Já me providenciei disso.

– Então tá, tô passando aí, beijo.

– Beijo.

Dito e feito, em menos de cinco minutos ouvi alguém buzinar na minha porta, peguei minhas chaves, tranquei minha casa e fui de encontro ao carro de... Pedro. Abri a porta e sentei no banco de trás.

– E aí, tá com ressaca? – Laura perguntou num tom divertido.

– Pior que não, só acordei com uma leve dor de cabeça mas já passou.

– Ai, jura? Que inveja! Eu tô com a cabeça explodindo, mas já tomei remédio e espero também que passe. – Disse rindo, ri com ela.

Durante o caminho todo até a praia Pedro não falou uma palavra, só me olhava as vezes pelo retrovisor. Quando chegamos dei graças a Deus, sai do carro antes dos dois, e fiquei na areia esperando Laura, que não demorou muito, só estava pegando suas coisas.

– Que pressa foi aquela, menina?

– Desculpa Laura, mas... Seu irmão. Ele me irrita.

– Sei como é. E falando no diabo... – Ela disse baixinho, pra que só eu ouvisse. Olhei pro lado e lá estava Pedro com... Bem, não sei exatamente com quem. Mas era um menino muito bonito, loiro, sem camiseta, deixando o tanquinho a mostra. Tinha olhos escuros e um sorriso bonito, ele sorria falando de alguma coisa com Pedro.

– E aí, vamos pegar uma onda? – Ouvi Pedro dizer, e logo após ele tirou a camisa e... M-e-u D-e-u-s! Por um momento perdi o ar, mas desviei os olhos de volta para Laura, não podia deixar que ele notasse essa minha... Reação ao ver o corpo magnífico dele.

– Ufa. – Disse ao ver os dois agora de costas caminhando com pranchas no braço indo direto pro mar.

– O que foi? – Perguntou Laura, aparentemente confusa.

– Nada não.

– É o Bruno, não é? – Perguntou com um sorriso malicioso nos lábios, depois começou a rir. – Já peguei.

– Nossa, sortuda! – Disse brincando com ela, é claro que isso não foi uma surpresa. Laura é linda. Cabelo liso e escuro, olhos verdes, pele clara mas um tanto quanto bronzeada, e um corpo de dar inveja.

 

Ficamos um tempo ali, rindo, conversando e tomando sol, e nisso se passou muito tempo. Até que os meninos voltaram, balançando o cabelo molhado e jogando água em nós duas.

– Idiotas! – Disse Laura, e eu só ri, não vendo mal naquilo.

– E aí, Laura, não vai me apresentar sua amiga? – Perguntou Bruno, me olhando com um sorriso malicioso.

– Não sabe chegar e perguntar o nome dela não? – Ela riu. – Bruno, essa é a Bia, Bia esse é o Bruno. Pronto Bruno, quer que eu chegue nela por você também?

Todos riram, menos Pedro, com sua cara séria de sempre. Não tinha visto seu sorriso ainda, nem uma única vez. Será que isso tudo era só porque eu estava por perto? Minha presença o incomodava tanto assim?

– Ai, cansei de praia, vamos ao shopping?

– Já, Laura? Não estamos aqui a nem três horas. - Reclamou Bruno.

– Ah e você quer morar na praia? Dã! Duas horas e meia já foi o suficiente pra mim.

Depois deles ficarem discutindo por um tempo e eu e Pedro ficarmos em silêncio, fomos ao shopping, Bruno na sua moto e eu, Laura e Pedro no carro. Eu estava intrigada, me sentindo como se estivesse incomodando, eu não gostei do irmão da Laura logo de início, mas, ele não podia nem sorrir perto de mim? Não podia quase nem falar? Afinal, o que eu fiz pra ele? Nunca fui grossa nem nada, até ia ser mas não tive oportunidade... Menino estranho.

Chegamos ao shopping e decidimos todos ir comer no Mc Donald, mas quando Laura chegou, lembrou que estava enjoada de lanche e arrastou Bruno pro Pizza Hut, sem nem me chamar. Ótimo. "Sozinha" com o Pedro, nossa, que legal.

– O que vai querer? – Ouvi ele gritar pra mim.

– Hã? Nada, eu peço.

– A fila tá grande, você ficou ai enrolando, deixa que eu peço já estou bem mais na frente. – Ele tinha razão.

– Um Mc Cheddar. E um suco de uva.

Ele não respondeu, só virou, fez o pedido e... Pagou. Eu havia esquecido de ao menos dar o dinheiro pra mim, ele veio até mim, me entregou o lanche, e sentamos numa mesa. Peguei o dinheiro na bolsa com o preço do lanche para dar pra ele.

– Não precisa.

– Claro que precisa. – Insisti.

– Não quero seu dinheiro.

– O que você quer então?

– Nada. – Disse, seco. Eu já estava começando a me irritar com isso.

– Pega logo. – Deixei o dinheiro do lado dele da mesa, e dessa vez ele não disse nada. Comemos em silêncio.

– Desculpa por, me meter entre você e sua irmã ontem... – Disse finalmente.

– Não devia ter se metido mesmo.

– O quê?

– Isso mesmo que você ouviu.

– Cara, como você consegue ser assim tão... Irritante? O que eu fiz pra você? Tá, pode ter sido errado, afinal a gente nem se conhecia mas... Eu já tô pedindo desculpas, isso não é suficiente? Vai me odiar, ficar com essa cara de raiva pra mim o dia inteiro? Que saco.

– É cara única que eu tenho, e não vou mudar só porque você quer.

– O quê? Eu não quero... Ai, quer saber, perdi a fome! Eu vou embora, por favor, senhor mau humor, pode dizer para a Laura que fui embora?

– Você vai embora do quê? De apé? – Disse num tom sarcástico.

– Se for preciso, sim. Mas caso você ainda não saiba, existe uma coisa chamada táxi.

Virei as costas sem deixar que ele respondesse, não aguentando ficar mais um minuto perto dele.