Save Me escrita por Allie Próvier


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Bem gente, é meio de repente que eu apareço com essa One aqui. Eu vi uma coisa hoje mais cedo que me chocou, e realmente me deixou muito mal. E essa ideia ficou martelando na minha cabeça e, sinceramente, só fiquei melhor depois que escrevi.
Acho que está um pouco estranha, então me desculpem. :(
Espero que gostem, algumas explicações nas Notas Finais!



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SAVE ME

“A compaixão pelos animais
está intimamente ligada à bondade de caráter, 
e quem é cruel com os animais 
não pode ser um bom homem.”

Arthur Schopenhauer

    Respirei fundo, sorrindo com a vista à minha frente. O extenso campo parecia brilhar a luz do Sol, verde. Desencostei da cerca da pequena varanda do quarto, e voltei ao mesmo. Em cima da minha antiga cômoda estava a foto de papai e eu. Suspirei, pegando o porta retrato e o admirando.

  Meu pai, Charlie Swan, era um homem maravilhoso. Cuidou de mim sozinho, porque minha mãe, Renée, morreu após eu ter nascido. A gravidez era de risco, e apenas uma pessoa sobreviveria: ou eu, ou ela.

   E ela me escolheu.

   Eu cresci na fazenda com meu pai, em Nashville. Eu sempre fui uma amante dos animais, então crescer ali para mim foi a definição do paraíso. A fazenda possuía quilômetros de extensão. Lá meu pai criava vacas, cavalos, cães, porcos, galinhas, e também alguns patos e gansos que viviam nos dois lagos que havia a alguns metros da casa, que era toda de madeira. Era como um chalé, mas um pouco maior. Papai não matava os animais, para vender a carne nem nada assim. Na verdade, éramos vegetarianos. Eu e ele. Papai sempre criou os animais como sua família, porque eles sempre foram sua paixão. Ele se formou em veterinária, e a fazenda era do meu avô que quando faleceu, deixou para o meu pai. Então, papai costumava vender algumas vacas e potros, assim como galinhas, para fazendas próximas ou para outros amigos seus. Havia funcionários que trabalhavam na fazenda, amigos de longa data do meu pai, e seus filhos. Eram todos simpáticos, e papai sempre soube que poderia contar com eles no que fosse, - principalmente em relação à fazenda.

   Mas mesmo eu sendo uma amante de animais eu decidi fazer faculdade de Direito. Meu pai, e todas as outras pessoas, sempre acreditaram que a profissão escolhida por mim seria Veterinária, e eu até pensei nisso, mas cheguei à conclusão de que Direito seria o melhor para mim, fora que eu gosto.

   Eu sempre vinha visitar meu pai, mas há dois anos ele descobriu ter um problema no pulmão. Ficou internado algumas vezes, mas sempre se recuperava e voltava com força total para o seu “pedacinho do céu”, como ele chamava a fazenda. Mas no último inverno, há quatro meses, ele contraiu um resfriado que logo se transformou em pneumonia.  

   Ele não aguentou e faleceu.

   Engoli em seco, colocando o porta retrato de volta sobre a cômoda. Quatro meses haviam se passado... Eu ainda não havia me recuperado, é claro. A saudade ainda era imensa. Agora minha única família são meus tios, - Esme e Carlisle. Esme é irmã do meu pai, e eles moram em uma fazenda vizinha à nossa. Eles dois, e seu filho e meu primo, Edward Cullen. Na verdade, Edward é filho apenas de Carlisle, fruto de um casamento anterior ao do dele com Esme. Tia Esme não podia ter filhos, por isso, praticamente adotou Edward como seu. E realmente parecia que ele havia saído de dentro dela, tamanho era o amor um pelo o outro.

   Mas fazia um bom tempo que eu não os via. Esme e Carlisle eu não via há um ano, mais ou menos. Já Edward eu não via há uns três anos...

   Realmente, com a faculdade, eu me afastei bastante. Só em feriados que eu conseguia vir para a fazenda visita-los.

   Voltei para a varanda do quarto e ouvi um assovio. Olhei para baixo e vi Laurent, um dos funcionários e meu amigo de infância, sorrindo para mim e acenando. Sorri para ele e rapidamente desci as escadas de casa, quase caindo no último degrau.

   Assim que saí pela porta, senti os braços de Laurent me levantando e me rodando num abraço apertado. Ri, abraçando-o de volta. Ele deu um beijo estalado em minha bochecha e me pôs no chão.

- Caramba, cadê a Bella magrela e com cabelo de espantalho?! – ele disse.

   Dei um tapa forte em seu grupo, e ele riu alto, massageando a parte atingida.

- Não nos vemos há um ano, no máximo. Não mudei tanto assim! – resmunguei.

- Na aparência mudou sim, mas já vi que continua uma troglodita na hora de bater nos outros. – falou risonho.

   Revirei os olhos e o convidei para entrar, mas ele negou.

- Eu estou cuidando de alguns cavalos. – falou. – Aliás... Tenho uma coisa para te avisar.

   Engoli em seco.

- O quê aconteceu?

- Um dos cavalos preferidos de Charlie, o Trovão, está com a perna machucada. Ele acabou enfiando a pata em algum buraco e a torceu. Eu fiz um curativo, mas os remédios acabaram, e ele sente dor. – Laurent disse.

   Ótimo. Outro problema. Suspirei, passando a mão nos cabelos nervosa.

- Eu vou te dar o dinheiro daqui a pouco e você compra os remédios, ok? – perguntei, e ele assentiu.

   Nós nos despedimos, e quando eu estava para entrar em casa novamente, Laurent me chamou. Me virei para ele, e ele torceu os lábios, parecendo receoso em falar, mas logo o fez:

- Está muito difícil? – ele perguntou suave.

   Suspirei, mordendo o lábio inferior. Assenti.

- Está sim.

   Ele suspirou, e sorriu levemente para mim. Sorri do mesmo modo e entrei em casa. Me joguei no sofá, me sentindo exausta. Fiquei olhando fixamente para o teto de madeira acima de mim, tentando achar uma maneira de ajeitar tudo. Permanecer com tudo.

   Charlie havia deixado a fazenda para mim, assim como uma poupança dez mil dólares. Mas agora, quatro meses depois em que eu tranquei minha faculdade e vim para a fazenda, o dinheiro já estava acabando. Eu nunca imaginei que cuidar de tudo aquilo custasse tão caro, fosse tão difícil. Eram toneladas de ração, remédios, fora as contas que chegavam e o pagamento dos funcionários.

   Nunca imaginei que meu pai tivesse que dar tão duro para cuidar disso tudo.

   Meus olhos arderam, e eu respirei fundo. Senti uma pontada no peito. Se meu pai estivesse aqui, nada estaria tão difícil. Eu saberia o que fazer e como fazer. Eu não sabia administrar nada daquilo, me sentia completamente incapaz!

   Afundei o rosto na almofada abaixo da minha cabeça.

   Não tinha jeito.

    Eu teria que vender a fazenda.

[...]

- Bella querida, viemos correndo assim que você ligou! – Esme disse assim que passou pela porta.

   Sorri para ela, e a abracei apertadamente. Esme sempre fora, além de minha tia, minha segunda mãe. Abracei Carlisle, que sorria para mim e, atrás deles, saiu Edward.

   Uau.

- Eu não lembrava de você ser tão alto assim! – falei surpresa, tendo que levantar a cabeça para olha-lo. – Ou fui eu que encolhi?

   Edward riu e me abraçou. Ele estava mais forte também...

   Nossa.

- E então, querida? Você disse que tinha que falar algo importante com a gente. – Esme disse claramente preocupada.

   Esperei ela terminar de se servir do chá que eu havia feito, assim como Carlisle e Edward, e suspirei.

- Então... – comecei.  – Como vocês sabem, meu pai me deixou a fazenda e dez mil dólares para lidar com os custos dela. – eles assentiram, me olhando atentamente. – Mas já se passaram quatro meses, e o dinheiro está acabando.

   Esme e Carlisle me olharam surpresos.

- Como já está acabando? – Carlisle murmurou.

- Parece que todos os animais resolveram adoecer, e eu tive que comprar remédios. Mais as contas da casa. Mais os alimentos. Mais o pagamento dos funcionários... – murmurei.

   Esme e Carlisle suspiraram.

- Às vezes eu esqueço que essa fazenda é três vezes maior que a nossa. – Esme disse. – Realmente, são muitos gastos.

   Assenti, suspirando. Notei Edward me olhando profundamente, e senti meu rosto arder.

- Mas e agora? – ele perguntou. – Quero dizer... O que você vai fazer, Bella?

   Era agora.

- Eu estou pensando em... Vender... A fazenda. – murmurei incerta.

   Os três me olharam estupefatos.

- Mas é a sua casa, Bella! – Esme disse confusa. – Se é por causa do dinheiro, nós podemos te ajudar! Eu sei que é difícil agora no início, mas...

   Eu a interrompi.

- Tia, não é só por causa do dinheiro! Eu não sei como fazer isso, como lidar com tudo isso, entende? Eu estava estudando Direito, eu não sei como cuidar de uma fazenda. E esse lugar é enorme, e são muitos animais... Eu não vou saber administrar tudo isso. – falei agoniada.

   Os três me olharam por alguns segundos antes de suspirar.

- Nós entendemos, Bella. – Carlisle disse. – Realmente é muito difícil cuidar disso tudo, e você tem apenas 20 anos. Deve estar sendo duro para você, não é?

   Assenti.

   Esme suspirou novamente e sorriu levemente para mim.

- Nós vamos te apoiar. – ela disse.

   Sorri para eles e os abracei apertado. Edward permanecia sério, mas quando o olhei, ele forçou um sorrisinho para mim. Resolvi esquecer isso e continuei conversando com eles, e eles me deram dicas.

[...]

   A fazenda já estava à venda há três semanas. Graças à Esme e Carlisle, eu consegui administrar tudo com calma... Até que surgiu um comprador.

- Sou James McNight, muito prazer. – ele falou, sorrindo para mim e apertando minha mão firmemente.

- Isabella Swan. – me apresentei. – Gostaria de olhar a fazenda?

   James e outro homem chamado Royce, - que eu acreditava ser seu secretário ou algo assim – concordaram em olhar o local. Laurent me acompanhava, e a todo momento lançava olhares avaliadores aos dois senhores.

   Levamos James e Royce a toda parte da fazenda onde ficavam os animais e os lagos, já que o restante era tudo composto por bosques. Os olhos de James brilhavam ao ver tudo aquilo, e seu sorriso ficou enorme ao ver as vacas.

- Eles são muito bonitas. Fortes. – ele disse, avaliando todas elas. – Você quer vender tudo, não é? Incluindo todos os animais?

   Assenti.

- Eu não tenho para onde levá-los. Venderei a propriedade e os animais junto.

   James sorriu estranho e assentiu.

- Vou comprar. – falou. – E te ofereço ainda mais do que você está pedindo.

   Arqueei as sobrancelhas. Ele iria me dar mais do que 500 mil dólares?

- Seus animais são belos, todos eles. Vão ser ótimos para o que eu pretendo, creio eu. Por isso, irei comprar por 900 mil dólares. – ele falou, me fazendo arregalar os olhos. – Você é uma menina bela, merece o melhor. E eu estou realmente satisfeito com tudo isso.

- O-Obrigada, senhor. – agradeci. – Deseja ver mais alguma coisa?

   James me olhou da cabeça aos pés com um olhar malicioso, e eu engoli em seco. Ouvi Laurent grunhir ao meu lado e vi que ele olhava para James com um olhar enfurecido.

- Não senhorita, obrigado. Para mim já é o bastante. – James disse sorridente. – Ainda nesse mês poderemos fechar a compra.

   Assenti feliz, e apertamos nossas mãos. Eu e Laurent ficamos na porta do celeiro olhando James e Royce indo embora. Assim que o motorista de James abriu a porta para os dois entrarem e o carro partiu, ouvi Laurent pigarrear. Olhei para ele curiosa e ele suspirou.

- Não acho que seja uma boa ideia, Bella. – Laurent disse.

- Laurent, eu entendo que você esteja triste... Eu também estou, e você sabe disso. Eu não queria vender a fazenda e...

   Laurent não me deixou terminar, e me olhou parecendo agoniado.

- Bella, está tudo bem. Estou triste por isso, eu te entendo, mas é que... Esse James, eu não sei se é uma boa ideia.

   O olhei confusa, e ele suspirou pesadamente, passando a mão nos cabelos.

- Bella, você não viu a cara dele? Pelo amor de Deus, ele tem cara de louco.

   Ri de Laurent, e ele pareceu chateado.

- Ok, me desculpe por rir, mas é que... Bom, ele é sim um pouco estranho, mas não parece ser louco. – falei.

- Bella, por favor, repense melhor. – Laurent pediu.

   Mordi o lábio inferior.

- Laurent, eu já pensei. Eu vou vender a fazenda.

   Ele suspirou a assentiu, me dando as costas e voltando para o estábulo. Bufei.

   Ótimo, agora eu perderia o meu amigo também? Droga.

[...]

   Uma semana já havia se passado desde a visita de James.

   Hoje é dia 10 de Junho, e por volta do dia 20 eu sabia que fecharíamos a compra da fazenda, por isso eu decidi voltar à Los Angeles para dar um jeito na minha vida. Eu dividia um apartamento com Alice, minha melhor amiga, e nós duas estudávamos na mesma universidade, mas eu fazia Direito e ela fazia Moda. Como meu pai faleceu, eu tive que voltar para a fazenda, por isso havia trancado a faculdade e pedido demissão do meu emprego...

   Mas, bem, agora irei voltar a morar em LA, então tenho que organizar tudo novamente. Mas ficarei apenas uma semana, enquanto Esme e Carlisle cuidam da fazenda por mim.

   Terminei de fechar minha mala e desci com ela. Laurent já me esperava com o carro em frente de casa, ele iria me levar para o aeroporto. Ele me ajudou a guardar a mala no porta-malas e, enquanto ele entrava no carro, fui me despedir de Esme e Carlisle. Os abracei apertado, e Esme pediu para eu voltar logo.

   Sorri para eles prometendo que voltaria e entrei no carro.

[...]

- E esse James é como? – Alice perguntou agarrada em seu pote de sorvete.

- Ah, ele parece ser bem responsável. – falei, pegando uma colher de sorvete e comendo.

   Alice revirou os olhos.

- Estou falando de aparência, Bella!

   Arqueei as sobrancelhas e terminei de comer meu sorvete. Lembrei da imagem de James e fiz careta.

- Não faz meu tipo. – falei.

- Mas vai que faz o meu... – Alice disse, fazendo um biquinho.

- Vai por mim, não faz não. – falei rindo. – Ele é estranho, mas pareceu gostar da fazenda. Isso que é importante.

- Mas é estranho o seu amigo Laurent ter cismado com ele, não acha? – ela disse, comendo mais sorvete. – Quero dizer, deve ter um motivo.

- Laurent está triste porque eu venderei a fazenda, apenas isso. – dei de ombros.

   Logo mudamos de assunto e voltamos a conversar sobre as coisas que aconteceram nesses meses em que estive fora. Eu já havia voltado há 3 dias, e por enquanto ainda não havia destrancado a faculdade nem procurado por outro emprego. Faria isso quando voltasse de vez, talvez daqui a umas 2 semanas, se desse tudo certo com a venda da fazenda.

   Logo Alice foi tomar um banho para se arrumar, porque ela cismou que tínhamos que ir a uma festa de Jacob Black. Ele fazia Engenharia Mecânica na mesma faculdade que a gente e vivia no meu pé. Alice cismou que eu formava um casal perfeito com ele.

   Não formávamos, é claro. Isso só existia na mente perturbada de Alice.

   Eu olhava meu closet procurando por um vestido decente, quando ouço meu celular tocar. Corri para atende-lo e me sentei na cama.

- Alô. – falei.

   Estranhei o número. Era desconhecido.

- Bella, sou eu, o Edward. – ele falou parecendo arfante.

   Edward me ligando? Estranho.

- O que aconteceu? – perguntei.

- Você... Você precisa v-voltar... – ele disse ofegante.

- Voltar? – perguntei, e ele murmurou um “Sim”. – Agora?

- Sim Bella, você precisa voltar agora!

- Mas o que aconteceu?

- Eu descobri algumas coisas sobre... Sobre aquele cara para quem você vai vender a fazenda.

- Como assim “algumas coisas”? Edward, você bisbilhotou a vida do James?!

   Ele não tinha o direito de fazer isso! Ouvi Edward bufar, parecendo irritado.

- Quando você souber o que eu descobri não irá reclamar!

   Passei a mão no rosto, apertando o celular com força.

- Edward, você não podia ter feito isso. – falei.

- Bella, por favor, volta. Eu imploro. Você precisa saber do que eu descobri. – ele pediu mais calmo.

   Engoli em seco com a sua voz suave e rouca. Ok, eu não podia negar que Edward era lindo, e sua voz era perfeita.

- Edward, meu voo de volta será só daqui a dois dias. – falei.

- Eu já estou comprando uma passagem para você de um voo que virá essa noite. – ele falou.

   Arregalei os olhos.

- Enlouqueceu?!

- Bella, por favor, venha. – ele disse, e ficou em silêncio por alguns segundos. – Pronto, a passagem está comprada. O voo será o das dez da noite, não o perca.

   Eu me joguei na cama, lamuriando.

- Eu não acredito que você fez isso!

- É de suma importância.

- Mas é da minha vida que estamos falando!

- E da de todos os animais da sua fazenda também!

   Fiquei em silêncio, e me sentei rapidamente.

- Como assim? – perguntei com a voz vacilante.

   Edward suspirou.

- Bella, apenas venha. Eu vou te buscar no aeroporto, e conversamos. Ok?

   Suspirei, e concordei. Encerramos a chamada. Alice bateu na porta do meu quarto, perguntando se eu já estava pronta. Eu a deixei entrar e expliquei tudo o que aconteceu.

- Você vai voltar para Nashville agora? – ela perguntou surpresa. – Realmente é tão importante assim?

- Edward disse que sim. – suspirei. – Desculpe Alice.

   Alice revirou os olhos.

- Bella, se ele ligou agora, é porque é importante! Não se preocupe, vai dar tudo certo, ok?

   Sorri e a abracei. Alice logo deu um pulo e correu para o meu closet para escolher a minha roupa de viagem, mesmo eu insistindo que seria um voo de apenas 3 horas.

   Mas para Alice Brandon, não importa se você vai jogar o lixo fora, você tem que estar bonita.

   Logo eu terminei de me arrumar e já era 21:00. O voo seria 22:00. Alice trocou o vestido por uma roupa mais confortável rapidamente e praticamente voamos para o aeroporto. Quando chegamos lá, faltavam dez minutos para a minha chamada. Lanchamos algo rápido numa lanchonete que havia lá e logo eu corria para o portão de embarque.

   Assim que sentei na poltrona do avião, suspirei cansada.

   Céus, era bom que o que Edward tinha para falar fosse realmente muito importante!

   Fechei meus olhos e cochilei. Era 00:30 quando eu cheguei em Nashville. Bocejei, procurando com os olhos por Edward. Havia poucas pessoas no aeroporto, a maioria desembarcando como eu. Logo eu vi aquele emaranhado de cabelo cor de cobre e crispei os olhos para ele. Edward me olhou, parecendo ansioso.

   Assim que me aproximei dele, ele pegou minha mala para levar.

- Fez boa viagem? – ele perguntou.

   O olhei com a minha cara amassada de sono e os meus cabelos revoltados.

- Claro. – falei irônica.

   Edward sorriu levemente, balançando a cabeça. Chegamos ao estacionamento e ele guardou minha mala no porta-malas de seu carro. Me joguei no banco de passageiro e fechei os olhos.

- Não durma, vamos conversar ainda essa noite. – ele avisou assim que pôs o carro em movimento.

- Não pode ser amanhã?

- Não.

   O olhei e suspirei já mais desperta devido à curiosidade.

- O que foi que você descobriu sobre James que está te deixando tão ansioso assim? – perguntei.

   Edward engoliu em seco, e não tirou os olhos da estrada.

- Em casa conversamos.

“Em casa conversamos”, e não falou mais nada. Notei que o caminho que ele pegou nos levaria à fazenda dele, de Esme e Carlisle. Não falei nada. Logo chegamos, e nem retiramos minha mala do carro. Fomos direto para dentro da casa de Edward, e notei a maior parte das luzes apagadas. Edward foi acendendo tudo, enquanto eu sentava no sofá.

- Mudou bastante! – falei, olhando ao redor. – Onde estão Esme e Carlisle?

   Eles haviam comprado uma TV bem maior, e notei que o tapete, o sofá e alguns quadros também eram novos. Mas o conforto sempre predominava.

- Eles saíram para... “Aproveitar a noite sozinhos”. – falou fazendo uma careta. - Eu vou lá em cima pegar o meu computador. – ele falou, e antes que eu pudesse falar algo ele foi para o segundo andar.

   Suspirei. Edward está tão estranho...

   Retirei minhas botas que já incomodavam e coloquei minha jaqueta sobre o sofá. Apesar da noite fria, a casa estava aquecida pela lareira acesa da sala. Logo Edward voltou com seu notebook e sentou ao meu lado. O olhei, a curiosidade corroendo por dentro.

   Ele não me olhou. Apenar abriu algumas pastas no computador e logo colocou o mesmo sobre a mesinha de centro. O olhei sem entender e ele se sentou virado para mim, me olhando profundamente.

   Ai meu deus. O que ele vai fazer?

- O que foi? – perguntei num fio de voz.

- Primeiramente, você tem que acreditar em mim. Ok? – ele falou.

- Ok.

- Prometa.

   Suspirei, revirando os olhos.

- Eu prometo que vou acreditar em você. – falei.

   Edward assentiu e passou as mãos no rosto. Logo começou a falar:

- Você sabia que James esteve aqui há dois dias atrás, quando você viajou? – ele perguntou. O olhei surpresa negando. – Pois então, ele veio. Ele disse que sabia que você havia viajado, mas queria muito dar mais uma olhada na fazenda. Ele trouxe dois homens com ele... Um tal de Royce e outro chamado Riley. Meus pais permitiram que ele olhasse a fazenda, e quando ofereceram Laurent para acompanha-los, James disse que não era necessário. Mas Laurent foi atrás deles escondidos... E ouviu umas coisas.

- Aonde você quer chegar? O que Laurent ouviu? – perguntei.

   Edward mordeu o lábio inferior, parecendo receoso em falar.

- Laurent disse que seguiu James e os dois outros homens até o estábulo onde estavam as vacas. James começou a mostrar os bichos aos homens, e Laurent os ouviu dizer que elas renderiam um bom dinheiro.

    Arregalei os olhos.

- C-Como assim? – gaguejei.

- James pretende ganhar dinheiro abatendo as vacas, Bella. – Edward esclareceu. – E ele...

- Não, isso não pode ser verdade. – o cortei. – Eu deixei bem claro, tanto no anúncio quando ele veio visitar, que eu venderia os animais também, mas não para serem abatidos! Nós não fazemos isso!

- Bella, a fazenda será dele, e os animais também. Ele pode fazer o que quiser.

- Não pode não! – praticamente gritei.

   Edward me acalmou, e eu suspirei.

- O problema não é esse... – ele murmurou. – Tem umas coisas a mais.

- Fala logo!

- Aparentemente será um matadouro ilegal. Eles pretendem fazer tudo às escondidas, e não só com as vacas.

- Como assim “não só com as vacas”?!

- Também tem os cavalos, os patos, gansos, porcos e cães, esqueceu?

   Senti uma dor no peito, olhando desacreditada para Edward.

   Ele estava mesmo falando aquilo?

    James pretendia abater todos os animais da fazenda?

- Isso não é possível, Edward... – murmurei. – Não, ele não pode.

   Edward passou as mãos no rosto.

- Laurent filmou toda a conversa. Você quer ver? – ele perguntou.

   Assenti rapidamente e Edward pegou o notebook, colocando-o sobre o seu colo. Eu me aproximei ainda mais dele no sofá, olhando a tela do computador. Edward abriu um vídeo e logo o mesmo começou a ser reproduzido.

   A imagem estava meio trêmula, e era notável que Laurent provavelmente estava escondido atrás dos montes de feno do estábulo. Logo a imagem parou de ficar trêmula, e eu pude ouvir com nitidez James falando.

- ... são animais fortes, e tenho certeza que irão render bastante. O que você acha, Riley?

   O tal Riley cruzou os braços rindo.

- Acho que vamos faturar, chefe. Tem bastante carne aí. E pelo o que eu vi no curral, aqueles porcos também serão de bom proveito!

- Só os porcos e as vacas? Vocês viram o tamanho daqueles cavalos?! – Royce disse. – Vamos ficar ricos com tudo isso! Sorte nossa que aquela garota está nos disponibilizando tudo facilmente!

- Sim, sim... – James murmurou, esfregando o queixo. – Mas temos que agir com cuidado. Ninguém pode descobrir do que nós faremos, vocês sabem. Se isso cair na boca da mídia, acabou tudo. Eu tenho uma imagem a zelar.

- Pode deixar, chefe. Meus ajudantes são de confiança. – Riley falou convicto. – Mas o senhor pretende abater todos?

- É óbvio. – James falou ríspido.

   Riley coçou a barba curta.

- Hmm... Vamos precisar de equipamentos fortes, então. Ainda mais para os porcos. Mas vai por mim, vai valer a pena. Matadouros rendem que é uma beleza, e um de qualidade assim, - ele deu tapinhas sobre o dorso de uma das vacas – vai longe!

   James sorriu satisfeito, assentindo.

– Agora acho melhor nós irmos embora. Tenho que resolver algumas papeladas para a compra e...

   O vídeo foi encerrado, e eu ainda encarava a tela do computador atônita. Edward colocou o computador sobre a mesa novamente, e acariciou meus cabelos.

- Bella?

- Não Edward... – murmurei.

- Eu falei que não era uma boa ideia vender a propriedade a esse cara. Laurent disse que também te avisou e... Ei, ei não chora!

   Edward me abraçou, e eu afundei o rosto em seu peito, molhando sua blusa com minhas lágrimas. Ele me balançava levemente, tentando me acalmar, o que funcionou. Eu me separei dele, limpando a umidade do rosto.

   Chorar não iria adiantar de nada.

- O que eu vou fazer? – perguntei.

- Cancelar a venda, é claro.

- Mas... Mas eu tenho que vender a fazenda, Edward. Eu não vou poder cuidar dela, os animais acabarão morrendo de um jeito ou de outro. – murmurei.

   Edward me olhou por alguns segundos, antes coçar o queixo. Sem falar nada ele voltou a colocar seu notebook em seu colo.

- O que você está fazendo? – perguntei, tentando olhar a tela do computador.

- Você sabe como funciona um matadouro? – ele perguntou, e antes que eu pudesse responder ele continuou. – Você sabe o que fazem com os animais lá? Sabe o que esses três filhos da puta irão fazer com os animais que seu pai cuidou por tanto tempo?

   Neguei, sentindo minhas mãos trêmulas. Edward assentiu, e abriu alguns arquivos, e logo a janela do player abriu, e um vídeo começou a ser reproduzido. Eu me ajeitei no sofá para olhar melhor a tela, e senti meu coração falhar uma batida com o que eu vi.

- Isso é o que eles fazem com os porcos. – Edward disse.

   Senti meu coração começar a acelerar com o que aparecia no vídeo. Meus olhos arderam, e eu queria desviar o olhar, mas não conseguia. Apertei a barra da minha blusa, com a respiração pesada.

   Não era possível... Não era possível que o ser humano pudesse fazer isso com um animal...

   O vídeo acabou, e Edward abriu outro.

- Isso é o que eles fazem com as vacas. – ele disse. – E provavelmente o que James mandará fazer com os cavalos também.

   Arfei. O barulho, o choro dos animais preencheu todo o ambiente, e eu fechei os olhos com força, virando o rosto.

- Tira isso, Edward! – gritei.

   Segundos depois o barulho cessou. Tentei respirar, mas comecei a soluçar. Senti os braços de Edward ao meu redor.

- Me desculpe, eu não devia... – ele murmurou.

- Ele não pode fazer isso! – me agarrei à sua blusa. – Isso é desumano, Edward! Eles... Eles...

- Fica calma. – ele pediu.

   O empurrei.

- Ficar calma?! Como você quer que eu fique calma?! – gritei. – Meu pai cuidou daquela fazenda por todos esses anos, se sacrificou tanto... Para quererem fazer isso com tudo o que meu pai prezou por tanto tempo...

   Arfei, passando as mãos pelo rosto e cabelos. Edward me olhou preocupado.

- Eu não devia ter te mostrado os vídeos. Eu mesmo não consegui assistir até o final, eu... – ele murmurou. – Me desculpe.

   Balancei a cabeça, com o olhar focado no tapete no chão.

- Está tudo bem. – murmurei.

   Eu tinha que pensar em algo.

   Eu não podia deixar aquilo acontecer, de maneira alguma. E James não podia saber que eu sabia de tudo o que ele planejava...

- Você tem que esquecer essa venda, Bella. – Edward disse. – Nós damos um jeito, mas...

- Eu vou cancelar a venda a James. – falei. – E depois resolvo o resto. Por enquanto nos focaremos nele.

   Edward suspirou e assentiu.

- Ele disse que virá novamente daqui a três dias. Ele soube do dia que você voltaria de viagem, e disse que traria os papéis para passar a propriedade para o nome dele.

   Assenti quieta. Edward deu um peteleco leve em minha testa e eu o olhei.

- Não fique com essa cara. – pediu. – Quer dormir aqui hoje? Amanhã te levo de volta para a fazenda.

   Apenas assenti novamente, e Edward suspirou. Ele foi até o carro para pegar minha mala, e me levou até o quarto de hóspedes, logo em seguida indo para o seu. Eu tomei um banho gelado, tentando esquecer as imagens do vídeo.

    Não funcionou.

   Vesti um short de algodão e uma blusa larga, e deitei na cama. Encarei o teto acima de mim, e logo olhei para o quarto escuro ao meu redor. Engoli em seco. Tentei fechar os olhos para dormir, mas era impossível.

   As imagens, os sons, tudo me vinha à mente com clareza. Senti meus olhos arderem novamente e me encolhi debaixo do cobertor.

   Os animais não matam por divertimento, e sim por necessidade. Eles são dóceis se você os trata assim. Dão doces. Eu cresci com eles, ao lado deles. A coisa mais fácil do mundo é amar um deles. E aqueles monstros simplesmente...

   Eles não os matam. Eles destroem.

   E fazem isso de uma maneira tão bruta, tão selvagem, tão surreal! E por quê?! Pela merda do dinheiro? Diversão? Aquele Riley... Ele falava como se tudo não passasse de lixo, e não de vidas! São vidas lá! Não brinquedos que eles podem destroçar, abrir, destruir!

   Senti meu estômago se revirar. Lembrei do que Charlie uma vez me disse, quando eu era pequena:

   “Nós, seres humanos, estamos na natureza para auxiliar o progresso dos animais, na mesma proporção que os anjos estão para nos auxiliar. Portanto, quem chuta ou maltrata um animal é alguém que não aprendeu a amar.

   Eu me lembro dele dizer que era a citação de alguém... Chico Xavier, talvez. E eu não entendi muito bem as suas palavras na época. Agora eu entendo perfeitamente.

   Minutos se passaram, e eu não consegui cair no sono. Eu me sentia exausta. Tanto fisicamente quanto, - principalmente – mentalmente.

   Saí da cama e caminhei até a porta. O corredor estava escuro, e eu rapidamente fui até o quarto de Edward. Dei três batidas na porta e ele logo a abriu, olhando para mim surpreso.

- Aconteceu algo? – ele perguntou.

- Eu não consigo dormir. – falei, sentindo meu rosto pegando fogo.

   Edward sorriu levemente e pegou em minha mão, me puxando para dentro de seu quarto.

- Como quando éramos crianças. – ele disse prendendo um riso.

    Revirei os olhos e ele soltou a risada.

[...]

   O dia em que James viria chegou.

   O plano era simples: ele chegaria com os papéis, eu diria que não venderia a fazenda, ele iria embora. Fim.

   Eu bufei ansiosa. Edward arqueou uma sobrancelha para mim, enquanto bebia seu café à mesa.

- Está muito estressada. – ele disse.

- Não estou não.

   Ele sorriu, dando de ombros. Terminei de comer alguns biscoitos e de beber meu café, e coloquei a louça suja na pia.

- Esme e Carlisle disseram que virão mais tarde. Eles tiveram que fazer umas compras. – ele disse.

   Assenti, e ouvimos uma buzina. Senti um arrepio percorrer minha espinha, e Edward me abraçou.

- Eu estou aqui, ok?

- Ok.

   Saímos de casa, e nos deparamos com um James sorridente. Dessa vez Royce e Riley não estavam com ele.

- Olá Isabella! – ele disse animado. – Pronta para os negócios?

   Olhei para Edward, e ele pegou em minha mão.

- Na verdade James, eu tenho um aviso para te dar. – falei.

   O sorriso de James vacilou, e ele me olhou sem entender.

- Que assunto, querida?

- Eu não irei te vender a fazenda. – fui direta.

   O sorriso de James sumiu, dando lugar a uma expressão séria. Engoli em seco com seu olhar.

- Não estou entendendo. – falou entredentes.

   Olhei para Edward, pedindo por ajuda.

- Ela disse que não irá vender a fazenda. – Edward disse com sua voz imponente.

   Voltei a olhar para James, e ele agora olhava para Edward com um ódio contido.

- E posso saber o por quê? Se não irá vender para mim, irá vender para quem?

- Para ninguém. – Edward falou.

- Eu percebi que não devo vender a propriedade que foi da minha família por tanto tempo. – falei forçando um leve sorriso. – Espero que entenda.

   James me olhou, duro. Ergui o queixo, olhando-o da mesma forma.

- Entendo. – ele murmurou. – É claro que entendo. Mas você então não estaria interessada em me vender alguns de seus animais? Ofereço uma boa quantia por eles.

   De repente seu sorriso, - falso – estava lá novamente.

   Ele era repugnante.

- Não, Sr. Knight. Peço desculpas por ter te dado trabalho com a papelada e tudo mais, mas realmente não estou interessada em lhe vender nada. Nem a propriedade, muito menos os animais.

   Senti vontade de soca-lo ao lembrar do vídeo que Edward me mostrou dias atrás. A expressão perversa dele suas palavras imundas.

   James assentiu lentamente, com o leve sorriso forçado no rosto.

- Entendo. – falou. – Bem, quem está saindo perdendo é você, senhorita Swan.

   Sorri.

- Com certeza não.

   James assumiu sua expressão séria novamente e seu motorista abriu a porta para ele entrar. Vi seu semblante irritado mesmo através do vidro do carro. Ele não nos olhou, não se despediu.

   Não que eu fizesse questão disso.

   Assim que o carro passou pelo portão, ouvimos uma risada.

   Olhamos para trás, assustados, e vimos Laurent de braços cruzados rindo.

- Ah isso sim foi divertido! – falou.

   Eu e Edward sorrimos.

- Você foi bem. – Edward disse, dando um aperto de leve em minha mão.

- Obrigada.

   Senti meu rosto esquentar. Droga! Maldita hora para eu corar!

   Laurent deu um assovio, olhando para nós dois.

- Vou dar banho nos meus bebês. – falou, se referindo aos cavalos. – Divirtam-se, juízo hein.

   Revirei os olhos, e Edward sorriu sem graça, soltando minha mão.

- Bella, podemos conversar? – perguntou.

   Assenti, e fomos andando até o lago. Edward tinha as mãos no bolso da calça, e eu não pude evitar notar o quanto sua pele parecia meio dourada e atrativa à luz do Sol. E o quanto seus cabelos pareciam ainda mais revoltados. E seus olhos verdes pareciam brilhar, e...

Nashville - Taylor Swift

   Desviei o olhar rapidamente.

- Eu me sinto meio mal. – murmurei.

   Edward me olhou sem entender. Nós nos sentamos  na borda da pequena ponte sobre o lago, e eu retirei minhas sapatilhas, mergulhando os pés da água. Edward dobrou as barras de sua calça retirou seus sapatos e mergulhou os pés da água também.

- Se sente mal por quê? – perguntou.

- Mesmo que tenhamos evitado James de fazer aquilo com os animais daqui, isso não quer dizer que tenhamos evitado ele de fazer em outro lugar. – murmurei olhando para a água. – Ele devia ser preso por isso, não devia?

   Edward sorriu torto.

- Acha que eu já não providenciei isso? – perguntou. Arregalei os olhos. – Seria divertido estar no escritório dele agora. Assim que ele chegar, os policiais estarão lá.

 - Isso é sério?

   Ele assentiu.

- Eu levei até o departamento de polícia local, e eles investigaram James. Não sei o que farão com ele, mas provavelmente passará ao menos um ano na cadeia. – ele falou. – O que ele pretende fazer é crime, é ilegal. Ele não possui licença para isso.

   Suspirei e sorri levemente.

   Que façam na cadeia com ele o que ele pretendia fazer aqui. Ok, eu estou ficando meio sádica, mas ele merece.

- Bella. – Edward chamou e eu o olhei. – Você ainda pretende ir embora?

   Voltei a olhar para o lago, e o local ao nosso redor. Senti uma nostalgia... Do tempo em que eu sempre trazia os cavalos para beber água no lago, e brincava com os cães na grama.

- Eu não sei. – falei. – Eu não tenho condições de arcar com tudo isso, eu não tenho experiência alguma nessa coisa de administrar uma fazenda. O dinheiro está acabando, eu não sei o que fazer.

   Senti a mão quente de Edward sobre a minha, a as olhei unidas. Levantei o olhar para Edward, e ele sorria para mim.

- Esme e Carlisle iam te fazer uma proposta. Mas como eles não estão aqui, eu a faço. – falou.

- Que proposta?

- Queremos saber se você gostaria que nos mudássemos para a sua fazenda. Carlisle tem experiência em tudo isso, ele cuidaria muito bem de tudo. Eu poderia ajudá-lo. E te ajudaríamos com todas as despesas também.

    Arregalei os olhos.

- Vocês fariam isso mesmo? – perguntei surpresa. – É sério?

- Se você quiser, é claro. Se achar que estamos nos precipitando e invadindo a sua privacidade, nós entendemos, mas...

   O interrompi, o abraçando fortemente. Edward arfou, e logo envolveu minha cintura com seus braços. Suspirei.

- Obrigada. – agradeci. – De verdade. Não vai ser incômodo nenhum, é claro que não! Vocês são a única família que eu tenho, afinal.

   Edward me olhou, suspirando. Colocou uma mexa do meu cabelo atrás da minha orelha e sorriu levemente.

- É... Família. – ele murmurou.

   Notei seu olhar pousar sobre os meus lábios, e sua respiração ficar mais pesada. Mordi o lábio inferior e ele engoliu em seco.

   Caramba, ele é lindo!

   Peguei seu rosto entre minhas mãos e o beijei. Edward pareceu surpreso, mas logo correspondeu. Senti um arrepio percorrer meu corpo quando sua língua entrou em contato com a minha. Edward me apertou ainda mais em seus braços, e eu sorri contra seus lábios.

- Antigamente eu imaginava formas de te dar sustos no celeiro. – murmurei separando nossos lábios. – Nunca imaginei que estaríamos assim.

   Edward sorriu.

- Você me acharia um pervertido se eu dissesse que me imaginava assim com você até quando você tentava me dar sustos no celeiro? – ele perguntou, e eu ri. – É sério, aquele feno é bem macio e...

- Céus Edward! – falei rindo. – Seu tarado!

   Edward me olhou, sorrindo, e retirou alguns fios de cabelo que caiam sobre o meu rosto.

- Obrigada. – ele murmurou.

- Pelo o quê?

- Por estar disposta a ficar. Por ter salvado tudo isso.

- Foi você quem me ajudou, Edward. Eu é que tenho que agradecer. – falei.

   Edward beijou minha testa.

- Charlie estaria muito orgulhoso de você. – afirmou.

   Eu me aconcheguei contra o seu peito, e sorri.

- Ele estaria querendo te dar uma surra com aquele chinelo velho em você por estar abraçado na garotinha dele. – falei risonha.

   Edward riu alto.

- Com certeza! – falou.

   Levantei meu rosto para olhá-lo, e ele abaixou o dele. Nos lábios se encontraram, novamente, suaves.

   Definitivamente, aquele lugar era a minha definição de paraíso.


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Notas finais do capítulo

Enfim, o que me chocou foi isso: http://www.anda.jor.br/05/12/2012/fotografo-capta-reacao-das-pessoas-ao-testemunharem-sofrimento-dos-animais-em-matadouro

Não a expressão de horror no rosto das pessoas, não a surpresa, mas a descrição do que realmente acontece com os animais vinda de uma pessoa que fez tudo aquilo. Como a Bella, eu sou uma amante dos animais, de verdade. Sempre fui. E se tudo der certo, pretendo me tornar Veterinária. E aí eu me deparo com isso...
Bom, não estou aqui para dar sermão às pessoas que nem verão isso, nem nada assim. Estou para conscientizar. Quem puder, leia o que há no link. Tudo o que está escrito me fez chorar de verdade, e me fez ficar mal.
E eu tive a ideia dessa One... Só melhorei depois que escrevi. Até pensei em não postar, mas já havia terminado, e não vi porquê não postá-la aqui. A razão de eu não ter descrito as cenas do vídeo que Edward mostrou à Bella são meio óbvias. Ficaria pesado. Eu me sentiria mal por ter que reler novamente. Então, prefiro deixar o link para vocês, e quem quiser ler.
Bom, essa One não tem tanto romance. Não é toda água-com-açúcar. Não tem "Edward e Bella apaixonados" e tudo mais (só no final, que eu achei justo colocar), mas tem a realidade. Achei que seria bom colocar algo nesse site que demonstre um pouco do que anda acontecendo por aí, e não é mostrado.
Muitas histórias aqui mencionam estupro, violência, abuso... Tudo o que já se tornou normal vermos por aí nas TV's, filmes, novelas, etc. Mas o que acontece com os animais, que na minha opinião é ainda mais bárbaro e desumano, ninguém mostra.
E a quantidade de vidas inocentes que um amor e zelo pode salvar.
Enfim, acho que meu desabafo foi enorme.
Se gostou, por favor, comente dizendo o que achou.
Se não gostou, por favor, comente também e diga porquê não gostou.
Não dou fora nem sou rude com ninguém por causa disso, gente, então podem falar o que realmente acham!