Melany

O taxi nos levou a biblioteca pública de Nova York que a propósito, era realmente enorme. Annabeth estava pagando enquanto eu observava o local com atenção, eu não sabia como eram os tamanhos das bibliotecas comuns, a do Olimpo era bem grande sim, mas não era desse tamanho.

–Então! Vamos entrar ou não?- perguntou Nico. Aquela foi a primeira vez que o ouvi falar desde a visita nada agradável dos deuses ao acampamento.

–Ha então agora você fala!- disse irritada.

–Eu tenho boca para isso.- retrucou Nico. Senti meu corpo tremer de raiva, o vento veio com mais força e Nico continuava me olhando como se estivesse me desafiando a tentar fazer algo com ele.

–Afinal, o que você está fazendo aqui?-gritei para ele.

–Eu vim para te ajudar sua ingrata.- ele gritou também.

–Eu não pedi sua ajuda.- Gritei novamente. Nico ficou boquiaberto, o vento diminuiu enquanto me acalmava. Nico fechou a boca deu um passo a frente, ele era um pouco mais alto do que eu, minha testa ficava na direção da boca dele.

–Mas precisa!- disse ele autoritário, ergui minha cabeça para olhar bem nos olhos dele e enfrentá-lo com aquilo que vinha me incomodando a tempos.

–Não, Nico... Você quer algo de nós.-disse enquanto cerrava os punhos louca para dar na cara dele, e o olhar dele para mim me dizia que ele queria fazer o mesmo.

–Eu só vim te ajudar.-disse Nico cerrando os dentes, como quem dissesse “É bom você pelo menos fingir que acredita ou eu acabo com você”. Rá gostaria vê-lo tentar.

–Eu vou descobrir o que você quer Nico, me aguarde!

Nico engoliu em seco preocupado, aquela reação só fez com que eu tivesse ainda mais certeza.

–Hmm... é melhor nós entrarmos não?!-disse Grover desesperado para apartar a briga, ele pegou no meu braço e começou a me arrastar em direção a biblioteca, olhei de canto de olho para Nico, que me encarava com raiva e preocupação. Agora era definitivo. Nico escondia alguma coisa!

Entramos na biblioteca. Annabeth olhou em volta até fixar seu olhar na mulher atrás da bancada. Ela começou a andar em direção a ela.

–Filha de Atena!- disse Annabeth, a mulher ergueu os olhos do livro que estava lendo. –Como, querida?- a mulher inclinou a cabeça olhando para Annabeth se fazendo de desentendida.

–Eu disse que sou filha de Atena, e vim aqui atrás de uns documentos.

A mulher fechou o livro e respirou fundo.

–Venham comigo.

Ela nos guiou até a parte mais abandonada da biblioteca, onde não havia ninguém, nem mesmo pessoas que geralmente se escondem em lugares assim para fazer você sabe o que. E pela poeira que se encontrava no local, ninguém ia lá a um bom tempo.

A mulher colocou a mão sobre um pequeno retrato na parede, era possível ouvir um pequeno zumbido vindo do retrato em seguida uma estante foi para frente e para a direita, e lá estava, uma escada. Então... em situações como essa vocês devem ter pensado que era uma daquelas escadas assustadoras com muita poeira, teias de aranha, morcegos e tudo mais. Mas não era!

Na verdade era extremamente limpo lá dentro, bem iluminado por pequenas luzes circulares que se encontravam no teto, com as paredes cor de gelo e o chão de mármore branca. Questiono-me se tudo que tinha haver com o Olimpo tinha que envolver mármore na decoração. Segurei no corrimão dourado.

–Tome!-disse a mulher a Annabeth.Na mão dela agora se encontrava um cartão dourado.- Passe esse cartão na máquina bem ali,-ela apontou para o mecanismo pendurado na parede.-para que vocês possam voltar. Annabeth fez que sim com a cabeça.

–Tudo bem, muito obrigada!- a mulher fez uma pequena reverencia com a cabeça e saiu. Annabeth nos empurrou em direção a escada, colocou Percy na minha frente, Nico atrás de mim,e Annabeth por último. Entendi o que ela fazia, se viesse perigo a frente, Percy os derrotava, se viesse por trás Annabeth os destruiria, enquanto Nico provavelmente me levaria para longe dali com algumas daquelas sombras em que ele entrava e se transportava para outro lugar. Toda aquela fila estava voltada para minha proteção, o que fez com que eu me sentisse uma completa inútil.

Não demorou nem cinco minutos e já havíamos chegado ao local. O lugar era realmente grande, imaginei em minha cabeça que deveria ser maior que a biblioteca acima de nossas cabeças.

Haviam três alas, a maior era a que se encontrava os relatos de todas as batalhas que ocorreram entre todos os meios sangues que já existiram, tenham sido essas batalhas importantes ou não, a segunda maior era aquela em que se encontravam as certidões de nascimento dos semideuses que já morreram, e como fora a sua morte, e a menor, a dos meios sangues que ainda estavam vivos. Fomos para a ala dos vivos.

–Vamos procurar... “m”... “m”-dizia Annabeth.-Achei!

Abrimos a gaveta, não tinham muitos meios sangues com “M” na gaveta, o que em outras circunstâncias facilitaria... se meu nome estivesse lá. Encostei minhas costas na cadeira macia na cabeceira da grande mesa de vidro com dez cadeiras em volta da biblioteca, todas elas acolchoadas.

–Não consigo entender, era para estar aqui!-disse triste.- Annabeth sentou a minha direita e Grover a minha esquerda, Nico sentou ao lado de Grover e Percy ao lado de Annabeth. Annabeth esfregava a testa enquanto pensava, até que ela ergueu a cabeça de repente como se tivesse deixado passar algo muito óbvio.

–Os deuses te mantinham em segredo... talvez... a tivessem considerado morta.-Ela se levantou da cadeira e seguiu em direção a ala dos semideuses mortos.

–Pessoal, venham aqui!- corremos até ela.- Ajudem-me a levar.- disse ela apontando para a enorme papelada na gaveta, eram mais de centenas.

–Por Pã... não sairemos daqui hoje.-disse Grover. Ignorei o fato de que Grover ainda mencionava Pã depois do que ocorrerá com ele e me concentrei em ajudar Annabeth.

Já se passaram mais de duas horas e nada da minha certidão, tinham outras “Melanys”. Poucas? Sim, mas as datas de nascimento não batiam com a minha, estava prestes a desistir quando finalmente... encontrei, lá estava ela, bem em minhas mãos. Meu coração batia cada vez mais forte enquanto não acreditava no que se encontrava diante dos meus olhos.

Nome: Melany Jackson

Pai: Poseidon

Mãe: Sally Jackson

Data de nascimento: 18 de agosto de 1996

Haviam mais informações, mas aquilo para mim já foi o suficiente. Tentei me recordar se alguma vez na fonte vi Percy fazendo aniversário, e então me dei conta que não... pois comemorava o meu.

–Percy!- Chamei.

–O que?- Percy ergueu a cabeça dos registros, sua aparência era de quem estava exausto.

–Qual a sua data de nascimento?- Percy ergueu as sobrancelhas surpreso com a pergunta.

–18 de Agosto de 1996!

–Por que?- perguntou ainda confuso.

–E qual é mesmo o nome da sua mãe?

–Sally Jackson... o que é Melany? Meu nome está aí?- perguntou ele preocupado.

Neguei com a cabeça.

–Achei minha certidão.- Todos suspiraram aliviados.

–Finalmente!- disse Grover.

–Mas espera o que isso tem haver comigo?- perguntou Percy desconfiado.

–Bem... digamos... que minhas suspeitas estavam certas eu sou filha de Poseidon.- Percy arregalou os olhos.

–Jura?- Fiz que sim com a cabeça.

–Mas o que isso tem haver com a minha mãe?- perguntou ele novamente.

–Nós temos a mesma mãe e o mesmo pai, Percy.

–O que?- ele levantou da cadeira.

–E... somos gêmeos, eu nasci no mesmo dia que você.- Percy correu em minha direção e tomou a certidão da minha mão, os olhos de Percy mexiam rapidamente enquanto ele lia a certidão, poucos segundos depois ele abaixou a certidão e encarou a parede boquiaberto.

–Eu tenho uma irmã!- disse ele parecendo hipnotizado.

–Bem... eu... acredito que você tenha outros irmãos e...

–Eu tenho uma irmã gêmea!- Percy continuava a encarar a parede, eu estava começando a ficar preocupada quando ele me puxou em um abraço forte me erguendo da cadeira, a cadeira caiu no chão fazendo com que eu levasse um susto.

–Você é minha irmã gêmea, Melany!- sorri e respondi ao abraço de Percy, os olhos cheios de lágrimas, apertei ele bem forte.

–Isso! Somos gêmeos.