Filha De Todos escrita por Anne Kath


Capítulo 35
Capítulo 34


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que eu demorei para postar mas como o site estava em manutenção eu me enrolei um pouco, e agora vai o cap que eu deveria ter postado a tempos!!



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Nico

Eu acordei amarrado com correntes, olhava em volta tentando me encontrar.

–Olá, traidor!- ergui os olhos lentamente, eles pareciam pesados como se tivessem jogado areia. Das sombras ao lado de meu pai, surgiu Gaia.- Fico me perguntando qual maldição o Estige está preparando para você.- Engoli em seco.

–O rio já me amaldiçoou!-sussurrei para mim mesmo enquanto minha mente flutuava até Melany. Olhei mais uma vez a minha volta, eu estava preso no trono de meu pai, bufei, irônico eu estar preso a algo na qual deveria querer estar por livre e espontânea vontade, mas... eu não precisaria mais deste trono, não teria mais Melany, por tanto não precisam mais de mim.

–Vocês nunca a terão!- falei entre os dentes.- Nunca!- rugi olhando nos olhos de Gaia, podia sentir o calor da raiva em meu rosto. Gaia estreitou os olhos, seu rosto contorcido em pensamentos, encolhi os ombros e a olhei com medo de que conclusões ela poderia chegar com essa minha atitude. Gaia arregalou os olhos com alguma revelação.

–É você!- ela sorriu.- Olha, mas que bonito!- ela riu- Então estou diante do herói.

–Herói?- Hades a olhou confuso.- Mas que herói?- Meu pai provavelmente não se lembrava da profecia, obviamente não deu muita importância quando ela foi dita, o destino dos deuses nunca lhe interessou somente o dele, ele provavelmente só ouviu a conclusão da conversa quando mencionaram o abandono de seu trono, talvez eu estivesse cego quando cheguei a admirar meu pai.

Gaia não respondeu a sua pergunta. Ela simplesmente se aproximou de meu ouvido.

–Isso significa que se eu te machucar, ela irá sentir- Gaia riu em meu ouvido, um calafrio subiu pela minha espinha- É uma pena que se eu te matar ela não morra, mas a dor será tanta que ela provavelmente ficará fraca, tão fraca que abrirá espaço para mim.

–Não se ela sentir ódio de você... a raiva ativa os poderes dela.

–E a tristeza o que faz?- continuei a encarando, tentando não transparecer o medo que eu tinha. Eu lutava contra mim mesmo para não implorar que não machucasse Melany, eu deveria fazer isso, mas isso acabaria comigo, acabaria com o pouco de respeito que restara por mim mesmo. Eu tenho nojo de Gaia, ódio dela, ódio por ser tão insignificante e mesquinha quanto Cronos. Não... eu não me rebaixaria aquele monstro. Ela girou a mão e um pequeno furação de areia girava em sua palma, ele se dissipou e formou o cabo de couro de alguma coisa, a areia flutuou terminado de formar o resto do objeto. Abaixei a cabeça engolindo em seco, sabendo o que viria depois.

–O que você irá fazer Gaia?- meu pai perguntou, ouvi um pingo de preocupação da parte dele, e o olhei de imediato, ao olhar em meus olhos toda a preocupação se foi, sendo substituída pela raiva.

–Não se preocupe não irei matá-lo, só... lhe dar uma lição.- continuei olhando meu pai, quase que gritando por socorro, mas sua expressão permaneceu fria.

–Faça o que não fiz em anos.- arfei e abaixei a cabeça para que ele não visse as lágrimas que escorriam de meus olhos.

Não... eu não me rebaixaria, olhei para Gaia, iria sofrer de cabeça erguida. Gaia já estava com a mão firme no chicote pronta para me apunhalar, engoli em seco preparado e então... um calafrio me subiu pela espinha, e o chicote na mão de Gaia virou pó.

–Mas o que...?- Gaia olhou para a mão vazia apavorada e confusa. Uma névoa que reluzia como o arco-íris foi tomando forma. O espírito de Melany estava ali e olhava para Gaia com ódio.

–Vocês foram tolos... se pensam que estão em vantagem se enganaram, eu estou pronta, completamente pronta, e como foi dito na profecia você irá cair, e eu me certificarei disso... considere-se no tártaro Gaia.

–Ouvir isso de um espírito não me amedronta tanto... não tenho medo de você.- um meio sorriso brincou nos lábios reluzentes de Melany.

–Deveria!- vi Gaia ter um calafrio, ela tentou esconder mas não conseguiu, ela temia Melany apesar de dizer o contrário. - É guerra Gaia!

–Estava esperando você declará-la, Jackson!- Melany estreitou os olhos.

–Que comece!- rugiu Melany, logo se transformando em névoa novamente, a névoa de Melany me envolveu, senti como se meu peso não existisse mais e eu estivesse flutuando.

–Nico!- ouvi a voz de Melany como o sopro de um anjo.- Nico!- um meio sorriso brincou em meus lábios. E foi aí que eu abri os olhos.

–Melany!- estávamos na nuvens, Melany vestia um vestido com saia formada por pétalas de rosas brancas gigantes e a parte de cima era formado por um tomara que caía de penas brancas. Ela estendeu a mão para mim e eu a segurei. Após me aproximar dela, passei minha mão por seus cabelos castanhos e ondulados que agora iam até sua cintura ao invés de até os ombros.

–Você é linda!- ela sorriu.

–Você também é lindo.- Melany ergueu a mão e uma nuvem se moveu permitindo-nos a visão de um espelho. Eu estava completamente vestido de branco, meu casaco de couro era branco, usava uma blusa gola V e uma calça jeans também branca, meu cabelo preto estava ondulado e descia até abaixo das orelhas, com um brilho um tanto azulado, eu não tinha mais olheiras embaixo dos olhos, meu rosto não era mais tão branco, tinha um tom rosado nas maçãs do rosto, mas o que mais me chamou a atenção foram os meus olhos, não eram castanhos, eram azuis, olhei para Melany com curiosidade, e foi aí que reparei que os olhos de Melany não estavam azuis estavam castanhos, como deveriam estar os meus.

–Melany...

–Você confia em mim, Nico?- a sua expressão estava tranquila, mas seus olhos brilhavam em preocupação.

–Com a minha vida!- disse baixinho.

– Eu tirei a sua alma do mundo inferior, mas seu corpo continua lá.- suspirei. Eu sabia disso, se tem uma coisa que eu conheço bem, são as regras do mundo inferior. Mas é que... aqui tem tanta paz, eu queria não ter que voltar... não queria ter tamanha responsabilidade, mas eu tinha e a coisa correta a se fazer era voltar para aquele caos. Melany pareceu ler a minha expressão. –Não se preocupe, amor, quando morrermos nós viremos para cá, e aqui Hades não governa.- me aproximei dela e a beijei. E esse beijo foi diferente, ele foi quente e frio ao mesmo tempo, foi calmo e inocente, não era como se existisse uma barreira entre nós, estávamos expostos, e eu amava isso.

–Dê-me sua mão!- pediu ela calmamente após separarmos nossos lábios.

Eu dei minha mão a ela. Melany a equilibrou entre nós, faíscas de luzes de todas as cores pareciam sair de sua mão e penetrar a minha. Logo elas saiam das duas mãos, e nos rodeavam formando um oito.

–Está vendo isto?- assenti impressionado.

–É o meu poder junto com o seu... agora é definitivo, somos um.

–Quer dizer que se você morrer, eu morrerei também?

–Não, mas se eu morrer, nossos poderes continuaram ligados, eles se desligarão de mim, e serão somente seus,... juntos somos mais poderosos que todos os deuses unidos. O nosso poder é ilimitado, vê?- disse ela apontando com sua mão livre para o oito que brilhava a nossa volta.- O poder deles não.

–Quer dizer que somos invencíveis?- ela sorriu.

–Não... não somos.- seu sorriso se alargou- Nada é invencível, somos somente... poderosos.- assenti compreendendo.- Escute, Nico- ela deu um aperto na minha mão na intenção de mostrar que o assunto era sério e exigia minha total atenção.- você retornará ao mundo inferior,- ela suspirou, o medo que crescia em sua expressão era nítido- use seus poderes... você já conseguia ultrapassar Hades antes mesmo de eu dividir meus poderes com você, agora, eu tenho fé que você não vá nem ofegar, e que em um estalar de dedos Hades estará aos seus pés.- Ela abaixou a cabeça para que eu não visse seu rosto, mas era tarde, eu havia visto a sua preocupação, ela temia me deixar voltar e enfrentar meu pai, já havíamos tido essa conversa antes, eu talvez não conseguisse... não porque eu não tivesse forças para isso, mas sim porque ele é o meu pai.

Eu poderia sentir pena dele mais tarde, mas hoje... agora, eu não podia sentir mais ódio de alguém, nem mesmo Gaia o superava. Eu não tinha nenhuma ligação com ela, mas ele... ele é meu pai, e pretendia deixar Gaia me torturar sem um pingo de arrependimento no rosto. Coloquei minha mão livre na bochecha de Melany, ela olhou para mim, eu acariciei seu rosto e o beijei, ela voltou seu olhar para baixo.

–Eu te amo!- ela sorriu, e uma luzinha, como uma pequena estrela caiu de seus olhos, após um tempo eu compreendi que aquela era a sua lágrima.

–Eu também te amo.- sussurrou ela. Eu sabia que aquela seria a nossa despedida, estava na hora de partir. Mas eu ainda tinha uma dúvida.

–Como eu vou te encontrar?- tudo a nossa volta começava a ficar cinza, e o desespero por uma resposta crescia.

–Peça as sombras para te levarem até mim.- Assenti rapidamente.

–Até daqui a pouco, meu amor!- dei outro beijo em sua bochecha.

–Até!- disse ela com um meio sorriso triste. A imagem de Melany foi desaparecendo aos poucos, até que tudo ficou completamente negro, eu não conseguia respirar, eu havia esquecido como se respirava.

Abri os olhos de repente e suguei o ar, desesperado.

A minha frente estava Gaia e Hades, me olhando com raiva.

–Onde você estava, Nico? Por que não o senti?- gritava meu pai aflito, provavelmente acreditando ser um efeito de sua fraqueza, no entanto eu sabia que não era.

“Não se preocupe, amor, quando morrermos nós viremos para cá, e aqui Hades não governa.”

Sim, eu sabia que isso não era um efeito de sua fraqueza, mas ele não sabia disso, e eu me divertiria ao máximo com seu ego ferido.

–Pelo visto a sua união com Gaia não está fazendo efeito, não é mesmo, papai?- o lábio inferior de Hades estremeceu com a raiva, ele ergueu a mão e me deu um tapa, mas desta vez não iria aceitar calado.

Senti o sangue ferver em minhas veias, a raiva tomando conta de mim, pude sentir o frio das sombras se aproximando, só esperando que seu mestre as chamasse. Um terremoto tomou conta do mundo inferior, Gaia olhou ao redor confusa, ela era a Titã da Terra e não compreendia o porque de tudo aquilo, mas meu pai compreendia, ele estreitou os olhos para mim e em resposta eu quebrei as correntes que me prendiam ao seu trono somente com a força de meus punhos. Eu levantei e encarei meu pai que continuava a me olhar sem nenhuma mudança em sua expressão. Enquanto Gaia me encarava perplexa. Sorri ao me levantar, tudo aquilo era uma grande novidade, o gostinho de poder pisar na cabeça deles e poder pensar... Eu sou foda.

–Sabe... talvez eu me acostume com essa vida de deus!- Meu pai trincou os dentes. Ele desapareceu e em menos de um segundo estava do outro lado do salão. Meu pai ergueu as mãos e o chão do mundo inferior começou a formar crateras e delas surgiram almas com armaduras e espadas.

–Creio que conheça o exército espartano!- meu pai sorriu. Estreitei os olhos e me ajoelhei, o sorriso de meu pai se alargou, ele provavelmente acreditava que eu estava me rendendo, mas não.

Eu coloquei as minhas mãos no chão, as duas abertas. Podia sentir as sombras se agitando ainda mais com o que estava prestes por vir, então as liberei. Elas foram se acumulando atrás de mim, e em pouco tempo não podia sequer ver o trono de Hades. Meu pai arregalou os olhos, o rosto de Gaia tremeu de raiva, e ela bateu o pé forte no chão, uma enorme rocha voou em minha direção, olhei para ela e ela explodiu, uma faísca de sombra flutuou de onde a rocha estava e se uniu com as outras. Olhei para Gaia.

–Minha vez!- Um barulho ensurdecedor veio das sombras, Gaia colocou a mão sob os ouvidos, uma grande parte das sombras foi em direção a ela, e a rodeavam como abutres, ela gritava em incomodo. Voltei meu olhar para o exército espartano e logo as sombras foram na mesma direção, uma pontada leve me atingiu atrás da cabeça, eu ri. Era meu pai, ele tentava dissipar o poder de minhas sombras. Ele estava fazendo um grande esforço para me derrotar e tudo o que ele me causava era nada mais nada menos do que uma pontada de dor na parte de trás de meu cérebro.

Meu pai ficava cada vez mais frustrado.

–Acabem com ele!- meu pai gritava para as almas, mas minhas sombras invadiam suas mentes uma a uma, fazendo- os ter as piores memórias de todas as suas vidas passadas. As almas se jogavam no chão e imploravam pela morte.

–Vocês já estão mortos!- sussurrei em suas mentes. As almas gritavam e meu pai tentava de todas as formas acabar com meus ataques.- Mas podem se render- eu dizia em suas cabeças- se vocês se unirem a mim, prometo a vocês a paz que eu sei que meu pai nunca os concedeu.

As almas, uma a uma, iam se rendendo e se voltando a meu favor. Elas imploravam para que eu as aceitasse e que tivesse misericórdia. Em nada mais nada menos que cinco minutos, todos os trezentos soldados estavam a meu favor.

–Eu irei te matar, Nico! E quando sua alma estiver sob o meu comando irei fazê-la arder por toda a eternidade!- meu pai já puxava a espada quando eu o interrompi.

–Não irei perder meu tempo com um deus tão rebaixado feito você, que não soube lidar com seus próprios poderes, e que desistiu de seus próprios irmãos por um trono que sempre esteve perdido. Você não estará no comando quando eu morrer pai, disso eu tenho plena certeza! Agora se me der licença, tenho que encontrar a semideusa mais temida pelos deuses.- meu pai deu um passo em minha direção na intenção de me impedir, mas já era tarde, eu já me transportava pelas sombras.

Para Melany!

Melany

Eu consegui voltar para o meu corpo a tempo, e após repetir quinze vezes para o Percy o que eu tinha feito e o que aconteceu enquanto ainda era um espírito, eu finalmente consegui uma reunião com os deuses.

–Precisamos agir!- disse Ares se levantando e elevando a voz no mesmo instante em que terminei de contar a história pela décima sexta vez.- Está na hora de acabarmos logo com essa ameaça.

–Sempre haverá uma nova ameaça!- disse Zeus parecendo exausto.

–E é justamente por isso que não podemos deixar que elas se acumulem.- disse Atena pensativa. Zeus respirou fundo e me olhou nos olhos.

Ainda sentia um pouco de raiva dele por ter dito que eu não deveria nem existir, mas sei que foi da boca pra fora. E além do mais, essa é a verdade, eu não deveria nem existir... mas... já que existo...

–Que seja então!- disse Zeus se levantando com dificuldade, meu coração se acelerou com a preocupação.- Que comece a tão esperada guerra.

As luzes do salão do Olimpo piscaram e diminuíram a intensidade, uma sombra negra foi surgindo no chão. Todos os deuses já estavam em posição de ataque, quando da sombra surgiu... Nico. As luzes voltaram ao normal e todos relaxaram, eu corri para abraçá-lo.

–Você conseguiu!- ele riu.

–Foi moleza.- Nico percebeu onde estava e ficou tenso. Com delicadeza ele me afastou e se voltou para os deuses.

–Eles estão próximos!- disse com uma seriedade fora do comum, me perguntei o que havia acontecido no submundo.

–Poseidon!- chamou Zeus.

–Sim, irmão?- Zeus o olhou quase tão sério quanto Nico.

–Prepare as armas.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do Capítulo, fiz com muuuuuita atenção, só que como a minha atenção é uma bosta, então... estou aberta a observações bjsbjs