-Sou Emily Cipriano.-eu disse meio desconfortável com aquela atitude dele.

Ele afastou a cadeira para que eu sentasse. Depois disso ficamos em um silêncio absoluto. Aquele clima era chato. Quando voltei meus olhos para olhá-lo notei que ele sorria para mim.

-O que foi?-indaguei curiosa

-Nada-ele respondeu voltando a rir.

-Fala.-fiz biquinho

-É que você é mais bonita vista de perto.-respondeu ele. Logo enrubesci.

-E de onde você me conhece?-perguntei

-Vejo que vocês dois já estão se socializando-disse minha mãe chegando a mesa impedindo que Seth respondesse.

-Não estão mais-disse meu pai comprimentando Seth e me dando um abraço. Meu pai tinha muito ciúmes de mim, costumava dizer que sempre suspeitasse de garotos com um sorriso bonito, que andam em motos ou são muito preocupados comigo. Nunca entendi o porquê daquela guerrra contra os garotos de moto mas nada podia fazer quanto a isso, só obedecer.

-Pai-repreendi sorrindo

-Não vamos nos preocupar hoje, é nosso aniversário de casamento-disse minha mãe em meu socorro.-Além disso, Seth é um bom garoto.

Minha mãe começou a falar como se eu e Seth já fossêmos namorados o que me deixou ainda mais vermelha. Passado o ocorrido, jantamos em paz. A comida era ótima. Quando recebi uma ligação. “Número desconhecido?”, pensei antes de atender.

-Alô, quem fala?

-Socorro!-gritou a voz do outro lado-Emily, me ajuda!-era a voz de Lanna.

-Lanna!-falei em resposta tentando não chamar muita atenção-O que aconteceu? Onde você tá amiga?

-Eu não posso explicar agora. Eu tô atrás do cinema, vem me buscar! Venha sozinha, se não eles me matam-implorou.

Voltei a mesa visivelmente transtornada mas tentei disfarçar o máximo que pude. Inventei uma desculpa e consegui sair. Seth percebeu meu estado e me ajudou com meus pais. Peguei um táxi e logo cheguei a rua escura da parte de trás do cinema.

-Olá! Lanna!-gritei. Nada em resposta. Senti uma mão em meu ombro.

Quando me virei vi que era o homem do beco, aquele mesmo que tentou me violentar naquele dia.

-Olá querida.-ele disse. Eu dei um passo para trás. Ele tinha a cabeça raspada com alguma coisa escrita que não consegui identificar o que era. Seus olhos eram totalmente negros, até mesmo a parte branca. “Aquilo não é humano”, pensei.

-Não é mesmo-ele respondeu como se tivesse lido em meus pensamentos.

Comecei a dar alguns passos lentamente para trás.

-Cadê a Lanna?-perguntei já com meu coração para sair da minha boca.

-Que Lanna?-ele deu um sorriso assombroso.-Dessa vez eu não vou falhar, vou te matar agora e depois eu vejo o que eu posso fazer com seu lindo corpinho.

Comecei a correr mas ele apareceu instantaniamente na minha frente.

-O que é você?-indaguei

-Seu pior pesadelo querida-ele respondeu.

-Por que você quer me matar?-falei já sentindo a fraqueza dominar minhas pernas.

-Digamos que você não era para ter nascido.-ele disse antes de colocar a mão  na minha testa. No momento que ele colocou a mão, senti uma sensação estranha invadir todo meu ser, foi como se tivesse levado uma surra. Cai no chão. Senti como se todos meus ossos estivessem se quebrando. Minha cabeça começou a girar. Não conseguia me levantar e sentia que iria desmaiar a qualquer momento. “O que ele fez comigo?”, pensei.

-Nossa, você é fraca! Caiu de primeira!-ele disse acocando-se na minha frente.- Confesso que estou decepcionado. Sendo filha de quem é, achei que seria mais difícil matá-la. Parece que eu estava errado.

-Do que é que você tá falando-falei quase sem voz já que a dor me dominava.

-Vamos deixar essa conversa para depois querida. Primeiro eu vou matá-la. Adeus, Emily Cipriano.-ele respondeu

-Não, por favor-eu implorei vendo as lágrimas inundarem meus olhos. Comecei a piscar os olhos para tentar não desmaiar.Não funcionava, a escuridão estava chegando.  Tudo que vi foi um vulto e uma voz ao fundo:

-Isso é um erro Liu. Você vai pagar por isso.-ouvi a voz de meu assassino dizer.

Depois, nada... Tudo escureceu...

Acordei assustada. Levantei rapidamente da cama e corri para o espelho, meu corpo não doia mais. Havia um curativo na minha testa. Não havia sido um sonho. Como eu tinha chegado em casa? Minha cabeça começou a doer ao tentar lembrar da noite passada. “Liu!”,pensei ao lembrar da última coisa que o bandido havia falado. Ele tinha alguma coisa a ver com isso e eu estava disposta a descobrir o que era. Depois de me certificar que a Lanna estava bem desci as escadas. Meus pais encontravam-se à mesa.

-Mãe, como foi que eu cheguei em casa?-perguntei tentando parecer o mais natural possível, pois pelo visto minha mãe não sabia o que havia acontecido na noite passada.

-Ora filha, não foi o Seth que te trouxe no carro dele?-ela respondeu sorrindo

-O Seth?-indaguei

-Não foi? Eu achei que tinha sido, ele saiu logo atrás de você. Achei que vocês tinham combinado alguma coisa.-ela disse já ficando preocupada

-Ah é, verdade-eu disse rindo nervosamente. Não queria que minha mãe percebesse nada. Depois do café, tomei meu banho e me vesti. Lanna me levou a escola mas eu estava distraida tentando lembrar mais alguma coisa que ligasse o que tinha acontecido a noite com Liu Desperete. Depois de Lanna me repreender por eu não dar atenção ao que ela dizi, fui ao banheiro do colégio. Lá dentro resolvi que eu iria questionar Liu sobre os fatos, por isso mandei uma mensagem de texto para ele:

“Liu, é a Emily. Quero falar com você, a sós.”

Se ele tivesse alguma coisa a ver com aquilo ele poderia dar algum sinal em sua voz. Eu era muito observadora, dom herdado do meu pai. Além disso, o que poderia acontecer? Liu  me mataria? Ri nervosa com esse pensamento. Ele respondeu rapidamente.

“Pensei que você nunca pediria para ficar a sós comigo. Te encontro hoje a noite no Jesper’s bar. Vista-se sexy.”

Revirei os olhos, ele não muda.