"Me abrace (somente você a mim), cubra-me (eu tenho)

Você é como um anjo

A razão pelo qual vivo é você

Eu não que posso de te ver novamente, sinto que estou morrendo

A única pessoa que pode me amar é você

Brilhe em mim nessa escuridão"

BAP-1004 (ANGEL)

Eu não queria correr, queria ficar e proteger Liu. Mas o que eu poderia fazer? A sensação de impotência tomava conta de mim, uma sensação que me deixava com raiva. Decidi por ficar.

Marius o atacou cortando a lâmina na diagonal, Liu bloqueou o golpe com a lâmina de sua espada. Cada toque das espadas uma explosão de luz e chamas ocorria. Era como se duas estrelas estivessem brigando pelo espaço na noite escura. Seria um espetáculo lindo, se não fossem as circunstâncias. Os dois golpeavam com maestria e habilidade, era como se os dois houvessem nascido para aquilo e eu acreditava que realmente haviam. Senti uma mão forte me virando com violência. Eu já estava pronta para bater embora eu soubesse que se fosse um anjo talvez eu não tivesse a mínima chance, mas não importava. Dane-se a promessa que eu havia feito, eu queria ajudar o Liu.

–Você é o ser humano mais teimoso, cabeça-dura e idiota que eu conheço. -disse Seth.

–Pelo menos eu não sou uma traidora. –esbravejei quase cuspindo a última palavra. –O que você veio fazer aqui?

–Salvá-la...como sempre. –ele disse. –Isso aqui vai piorar muito, você não vai querer estar aqui para ver isso.

–Você está errado.-eu disse calma.

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–Por que você não desiste Liu? Posso deixá-lo vivo, poderá ser um de meus generais. –disse Marius. As espadas estavam cruzadas, cada um fazendo muita força. Liu estava ajoelhado, o suor corria por seu rosto.

–Não.

–Prefere morrer aqui? Você sabe como é a morte de um anjo.

–Prefiro morrer aqui à uma existência sem a Emily, porque ela é o ar que respiro, tudo que eu tenho e tudo que sou. –disse Liu empurrando Marius.

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Tudo ficou calmo. Seth me soltou e ousei olhar para a batalha. Os dois estavam parados. Marius começou a rir, uma risada tenebrosa.

–Droga!-disse Seth. –Emily, sei que você não acredita mais em mim, mas agora estou falando sério, você tem que sair daqui. Todo esse lugar ficará em ruínas. –Seth falou olhando para os meus olhos, preocupado.

Eu balancei a cabeça em sinal negativo.

–Emily, eu vou ajudá-lo. –ele disse sério.

–Prometa que vai trazê-lo vivo para mim. –eu disse em súplica.

–Eu prometo. Agora saia daqui, corra o mais rápido que puder, para as montanhas e espere.

Fiz o que ele disse e corri o máximo que pude subindo as colinas, caí muitas vezes, eu estava chorando. Sabia que Seth havia me feito aquela promessa para que eu saísse dali e não por ele achar que eles venceriam.

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–Sabe que não pode me vencer em um combate angelical. –disse Marius.

Os dois jogaram as espadas no chão.

–Não, mas nós dois podemos. –disse Seth andando até o lado de Liu.

Liu o olhou sério e assentiu com a cabeça depois voltou a olhar para Marius.

Os dois caídos correram para atacar o arcanjo. Marius socou o chão e este se partiu em milhões de pedaços. Os caídos pularam antes que o chão desmoronasse e socaram a cara de Marius que foi lançado à cerca de 30 metros, girou e pousou em pé. Suas asas estavam abertas.

–É só isso que podem fazer? –disse Marius. –Eu esperava mais.

Seth sorriu de lado, pegou em um carro que estava do lado da rua, tocou-o com o fogo que saía de suas mãos, o carro entrou em chamas. Ele o lançou para Marius que desviou facilmente deste voando. Liu o surpreendeu pulando por cima de outro carro chutando Marius e o derrubando do alto.

Marius levantou com raiva pegando uma corrente presa a um poste, ele a fez ficar em chamas e a usou para puxar Liu pelo pescoço e lançá-lo contra um prédio que ruiu completamente. Seth tentou atacá-lo, mas foi derrubado com a corrente que puxou suas pernas.

–Desista enquanto ainda não o matei. –falou Marius com a corrente de fogo enrolada ao redor do corpo de Seth, este estava caído com o pé de Marius em cima de seu coração.

–Você não entendeu? Nunca obedeceremos a você. –disse Seth.

–Que seja. –falou Marius preparando-se para repartir Seth em dois.

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Cheguei ao alto da colina. Dele eu podia ver a cidade e avenida, sentei ofegante. Quando ousei olhar para trás, senti o fim de tudo. Seth estava caído com uma espécie de corrente em chamas em volta de seu corpo, não conseguia ver Liu e isso significava que ou ele estava escondido ou... a outra possibilidade me fez ficar sem ar só de pensar.

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Marius estava prestes a puxar a corrente e partir Seth quando Liu pulou derrubando-o na parede de um prédio fazendo-o soltar a corrente, libertando Seth. Os dois levantaram-se rapidamente e começou o combate corporal. Liu acertou alguns socos e recebeu outros. Liu conseguiu acertar uma rasteira e quando Marius tentou voar, suas asas e seu corpo foram segurados pela corrente. O feitiço havia virado contra o feiticeiro. A corrente estava presa, fundida ao chão. Seth segurava no ponto em que a corrente se ligava ao chão, para que Marius não pudesse arrancá-la. Marius tentou se soltar sem sucesso, se continuasse a puxar, suas asas seriam arrancadas.

–Não pode me matar com isso. –falou Marius a Seth.

–Mas com isso eu posso. –disse Liu dando um sorriso tenebroso. Ele estava com a espada de fogo em sua mão direita. –do pó vieste...-iniciou.

–E ao pó voltarás. –concluiu Seth.

–Você se arrependerá por isso! –falou Marius antes que Liu cortasse sua cabeça.

–Vai pro inferno. –disse Liu soltando a espada.

Marius, ao contrário dos outros anjos que tornavam-se uma espécie de pó dourado, desfez-se em cinzas negras e desapareceu.

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Assisti a tudo aquilo e respirei aliviada então corri todo o caminho de volta ao encontro de Liu. Quando cheguei à Avenida parei, olhei-o. A expressão dele suavizou e ele abriu um lindo sorriso pra mim. Corri ao seu encontro e o abracei.

–Eu não mereço tudo isso. –disse em seu ouvido agradecida, agora, lágrimas de felicidade desciam pelo meu rosto.

–Você merece mais do que isso meu anjo. –ele respondeu.

Beijei-o calorosamente. Depois soltei-o e abracei Seth de forma mais maternal.

–Obrigada. –sussurrei.

–Humm...-foi a resposta dele retribuindo meu abraço e dando um leve suspiro de alívio.

Sabrina vinha arrastando uma perna e com uma asa quebrada. Os dois a escoraram e a sentaram na calçada.

–Você vai ficar bem?-indaguei. –Obrigada.

–Sim, a asa está quebrada, mas não arrancadas. Não me agradeça, seu namorado e seu amante já me salvaram de coisas bem piores.

Ignorei o “amante” e abracei, ela retribuiu.

–Tá, já chega de toda essa emoção, temos muitas memórias para apagar e refazer. –falou Sabrina me empurrando e apontando para os sobreviventes que saíam dos esconderijos, para os militares e policiais que chegavam à cidade.

4 dias depois...

–Estamos reunidos neste lugar para lembrar não da maneira trágica como eles morreram, mas sim como foi lindo enquanto viveram. –comecei. Na mente de todos ali, o que havia acontecido era um genocídio cometido por um psicopata que acabou morrendo queimado enquanto destruía a cidade. O fogo havia consumido tudo.

De certa forma aquela história era verdade, queria que todos soubessem a verdade, meus pais mereciam que a verdade fosse dita, mas não podíamos contá-la. A humanidade não estava preparada para aquilo.

–Eles se amaram e enfrentaram todos os perigos que o amor pode trazer. E ainda assim, me amaram acima de si mesmos dando suas vidas para me proteger. –eu disse, a palavra cada vez mais presa na garganta. –Eles foram os melhores pais e me amaram embora tantas vezes eu tenha dito que os odiava em momentos de raiva idiota. –lágrimas escorriam. –Posso dizer a todos no Céu e na Terra que eles jamais serão esquecidos, porque o que fazemos aqui... ecoa pela eternidade. –as pernas tremendo. –Eu também daria tudo para ouvir as vozes deles novamente. –eu disse olhando para Lisa, irmã da Lucy.

Sobraram apenas alguns ossos e cinzas dos meus pais e nós os enterramos juntos.

Todas as pessoas importantes na minha vida e na de meus pais estavam lá: Tia Vee e seu filho Luke, Lisa e sua mãe, os amigos do papai, as amigas da mamãe, Enzo e Lanna, Seth e Sabrina, e o meu anjo, Liu. Ao longe ainda vi um homem alto de cabelos cacheados e loiros encostado em uma árvore mais distante. Lanna já sabia de toda a verdade, Enzo havia contado a ela, os dois estavam namorando e talvez por isso ela tenha me perdoado mais rapidamente por mentir para ela por tanto tempo. Seth e Sabrina também estavam bem próximos nos últimos dias e isso me deixou muito feliz, sei que ela é a única que poderia “domá-lo”.

O enterro terminou e todos saíram com exceção de Liu e eu. Continuei ao pé do sepulcro a contemplar as inscrições:

“Somos todos pó.”

O homem loiro aproximou-se.

–Lamento por sua perda.

–Obrigada. –respondi. A resposta já era automática naquele dia. –Patch a amava como eu nunca serei capaz de amar alguém e salvou minha alma tantas vezes que parei de contar. E Nora foi a melhor humana que tive o prazer de conhecer.

–Quem é você? –Liu indagou.

–Não me conhece querubim, mas devia. Sou o responsável pelos assuntos inacabados.

–O punho de ferro. –Liu falou percebendo minha confusão.

Eu estava confusa e assustada.

–Ele garante que as decisões tomadas lá em cima sejam cumpridas. –Liu falou.

–Vamos começar. –o punho de ferro falou tirando um pergaminho dourado. –Seth e Liu por sua grande contribuição na resolução deste problema salvando não só os celestes, mas toda a humanidade recebem como benefício suas asas e como conseqüência desta a volta para o Céu. Seth já aceitou e voltou com Sabrina. O que você diz, caído?

–Não. –Liu respondeu segurando minha mão.

–Nesse caso, sua situação não será revista nunca mais. Quando morreres sua alma irá para o inferno acorrentada por toda a eternidade, aceita esses termos?

–Sim.

Liu estava desistindo de tudo com tanta calma que fez meu coração disparar.

–Enzo foi designado a cuidar de Lanna já que ele não tem se empenhado o bastante com sua humana. –ele disse olhando para mim.

–Acabou? –perguntou Liu.

–Não caído, agora é a parte realmente interessante. –disse o punho de ferro queimando o pergaminho.-Uma ordem para a neflin também foi dada. Eles não querem se arriscar a cometer os mesmos erros, a linhagem deve ser desfeita e apagada.

–O que isso quer dizer? –perguntei.

–Você foi condenada a morte. –disse Liu suspirando.

–Devo dizer que esta ordem foi delegada especialmente a mim. Contudo, vejo que o comando está conturbado e prefiro agir por meus pensamentos, dois dias bastam para você caído?

–São suficientes. –respondeu Liu. Eu não estava entendendo nada. Liu me puxou e fomos para fora do cemitério.

–O que está acontecendo? Ele não ia me matar? –perguntei.

–Ele não concorda com essa decisão, acredita que nós merecemos uma segunda chance por isso ele nos dará dois dias de vantagem para fugir.Passaremos a vida fugindo.

–Se arrepende? –eu indaguei olhando no fundo de seus olhos.

–Um minuto com você é melhor do que a eternidade inteira sem. –ele disse antes de me beijar. Ele subiu em sua moto e eu montei na garupa, partimos seguindo o horizonte. Era o pôr-do-sol e eu não estava com medo, me sentia segura, estava com quem amava e o resto que se dane.

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