Admito que evito aquele olhar. Evito por desespero, por fraqueza. Por dependência. Aqueles lindos orbes violáceos que tomam minha alma em um sussurro mudo, em um beijo cálido que nunca existiu.

É como se, realmente, me sentisse sem forças. Sem livre arbítrio. Sem vontade de deixá-la. Como se, em algum momento, eu tivesse experimentado estar longe.

Então eu, sem pensar duas vezes, evito aquele olhar brilhante e cheio de emoções.

Até porque, ao olhar para aquelas violetas brilhantes eu via meus próprios sentimentos escapando através de um sorriso bobo e sem fundamento.

–Não evite meu olhar, Ry. - Ela chamou, indignada.

Eu ri sem jeito. Como não evitar sendo que ele transparecia tudo o que mais temia somente de deixar seus olhos se encontrarem? Toda vez que sentia meu olhar cruzar com o dela tinha vontade de tomá-la nos braços e clamá-la sua.

Um simples olhar e veria-me completamente tentado a declarar todo meu amor pela baixinha.

–Não estou evitando, Arme. - Sorri, mas virei o rosto, fingindo-me distraído com uma bugiganga qualquer de seu laboratório. Não resistiria a expressão infantil que ela faria agora, não mesmo. - Por que eu te evitaria?

Ela inflou as bochechas, pude ver pelo canto do olho, e eu estou sentindo minhas bochechas quentes. - Até parece que você não gosta de mim, Ry.

E ele só pode rir, tentado a mostrá-la o quanto ele "não gostava". - É baixinha, você não imagina o quanto.