Subi em cima do banco que havia a minha frente, dei um grito alto para chamar a atenção. algumas pessoas se viraram para mim, outras, menos educadas, fingiram que o que estavam fazendo era tão importante que não poderiam ceder uns minutos do seu tempo para escutar seu futuro salvador.

me dirigi as pessoas que me deram atenção.

– olhem só para isso - levantei a noticia que exibia um menino de olhos verdes e uma menina de olhos caramelados, os dois dançando e sorrindo - olhem para essas crianças. pois são eles que iram nos governar.

mais algumas pessoas pareceram ter interesse depois que me dirigi ao rei e sua recente proclamada noiva.

– eu já perdi três filhos para aquela prisão, que eles ironicamente chamam de escola, mandamos nossos filhos como cordeiros mudos ao matadouro, em troca de uma pequena miséria que eles acham que pode nos nutrir, minha esposa está gravida de novo e não vou entregar meu filho para morrer, de novo não, meu coração sangrou até quase me matar com a noticia de que havia perdido meu filho, imagine receber essa noticia três vezes? - esperei um momento para que eles também pudessem se identificar com minhas palavras - minha família está a três semanas sem receber a ajuda do reino pois meus filhos morreram, e se não tenho soldados para eles, eles não tem comida para minha família, por quanto tempo vamos aceitar isso?

levantei a noticia do noivado e da recente maluquice da puta do rei de que ela poderia reproduzir animais já mortos.

– enquanto eles esbanjam comida e manjares, meus filhos me perguntam todos os dias o que tem para comer, e eu não sei o que responder - gritei - mas agora eu sei, quando meu filho chegar para mim e perguntar o que vamos comer, eu vou dizer que não sei, mas que papai fará de tudo para que não lhes falte nada, nem que para isso seja preciso arrancar a comida de dentro dos estomagos daqueles que se intitulam nossos soberanos. esse menino, esse muléque - notei que havia bastante olhos arregalados para mim - ele poderia ser meu filho de tão jovem, olhem bem para essa foto, e me digam se esse garoto é que vai decidir a nossas vidas e a de nossos filhos?

ouvi vários murmúrios de concordância, eu os estava convencendo.

– vocês não acham que está na hora de decidimos que come, que bebe e que pode controlar nossas vidas?

– sim - a multidão havia aumentado de forma alarmante, não para mim.

– mães, já chega de entregar seus bebes de colo para morrem torturados numa prisão - eu os incendiei - pais já chega de não saber o que será nosso alimento no dia seguinte. nós podemos revidar, nós podemos tomar a força. vamos matar todos eles, para que saibam o que é sofrer - gritei. - não vamos deixar pedra sobre pedra!

a multidão pegou fogo, sabia que o que havia ali era bastante, mas comparado a cidadela ainda eramos poucos, precisávamos juntar mais pessoas, eu conseguiria isso, iria formar meu próprio exercito, e um exercito que não tem nada a perder é o mais perigoso.

– vamos matar todos eles - repeti bem alto.

as pessoas ali presentes começaram a repetir, "matar todos eles, matar todos eles"

mas a garota é minha.– murmurei.

sorri para a foto da menina de vermelho.

– Ela vai ser minha por um bom tempo antes morrer.

Continua...