4. Mundo, que porra você está tramando agora?

POV ALICE

– Você é só uma pirralha. - Maria disse, sorrindo cinicamente. - Como se Jasper fosse se interessar por uma criancinha como você.

Eu engoli em seco. Maria sorriu ao perceber, e cruzou os braços, dando um passo em minha direção com seus saltos agulha. Dei um passo para trás e senti o sofá de couro bater levemente contra as minhas pernas.

Oh droga, ela está me encurralando.

Rezei mentalmente para que Rose ou Bella tivessem visto a minha mensagem. Maria se aproximou ainda mais e colocou um dedo em frente ao meu rosto. Ela me atingia, ela sabia disso... E eu odiava a mim mesma por isso. Por que eu não conseguia tomar uma atitude?

– Criança, infantil, idiota, sem talento. É isso o que você é. Sem sal. - Maria disse maldosamente. - Você acha que está no topo do mundo, quando na verdade está bem abaixo de pessoas superiores como eu.

(Coloquem a música para tocar agora!)

Fechei os olhos, sentindo meu peito doer com suas palavras.

– Você é um nada, garota. - ela praticamente rosnou. - E já passou da hora de enxerg...

– C-CALA A BOCA! - gritei, e ela fez uma expressão surpresa. - Quem é você para falar de mim, Maria?! Todos te odeiam, ninguém suporta você! Não percebe isso?!

Ela desfez sua expressão surpresa, e retomou sua pose prepotente.

– Quem você pensa que é para falar isso, sua pirralha? - ela perguntou. - Você não sabe de nada da minha vida! Você não me conhece!

Dei dois passos para frente e ela arregalou levemente os olhos, dando um passo para trás. Oh, ela é daquele tipo... Ela ladra, mas não morde.

Como um cão.

Sorri com o pensamento, e ela me olhou sem entender.

– Realmente eu não sei nada da sua vida, Maria. - falei lentamente. - Assim como você não sabe nada da minha. Mas sabe do que eu tenho certeza?

Ela permaneceu em silêncio e crispou os olhos para mim. Continuei:

– Eu tenho certeza de que agora eu não sou mais uma pirralha. Eu estou à sua altura. Portanto, posso fazer isso.

Levantei minha mão e rapidamente esbofetei o rosto de Maria, que cambaleou para trás. Ela abriu a boca em forma oval, olhando estupefata para mim, e colocou uma mão sobre o local atingido. Seus cabelos caíram um pouco sobre seu rosto, e ela me olhou com ódio.

– Sua vadia... - ela grunhiu.

Quando menos percebi, Maria voou para cima de mim agarrando meus cabelos. Gemi de dor com os puxões que ela deu, e rapidamente levantei meu joelho e bati em sua barriga. Maria deu um grito e arquejou, me soltando rapidamente enquanto rodeava sua barriga lipoaspirada. Sorri satisfeita, sentindo a falta de alguns fios de cabelo. Ao vê-la daquela forma, curvada e gemendo de dor com os braços ao redor da barriga, agradeci Rosalie mentalmente.

Aquele mulher é uma boa professora. Sem dúvida alguma.

– V-Você... - ela gaguejou e arfou. - Eu contarei à Jasper, e você pode dizer adeus à essa sua carreira de merda!

Parei de rir, e a olhei séria.

– Você não merece nada disso! - ela continuou. - Nada!

Peguei em seus cabelos longos e já não arrumados e os puxei, e Maria arquejou, segurando meu pulso.

– Eu batalhei por tudo isso! - praticamente gritei. - Eu me esforcei por anos, eu sofri, eu passei por coisas e senti coisas que você NUNCA sentirá, Maria! Você não sabe o que é perder alguém, você não sabe o que é desejar fortemente algo que um dia você pensou que nunca seria possível! Eu mereço sim tudo isso! - Maria me olhou com raiva, e eu sorri com escárnio, puxando sua cabelo com mais força. - Coisas boas acontecem para pessoas boas, Maria. É por isso que você não possui a felicidade que eu possuo. É por isso que você tem raiva de mim.

Maria deu um grito e me empurrou. Com o susto eu cambaleei para trás e caí sobre o sofá. Maria se pôs sobre mim, me estapeando e puxando meus cabelos. Tentei empurrá-la e segurar seus braços, mas ela era muito pesada.

De repente, senti seu peso sumir e abri os olhos arfando. Olhei para os lados e vi que Maria estava sentada no chão e, segurando seus cabelos por cima estava...

Sorri.

Rosalie não perdia uma oportunidade.

– Você não tem vergonha? - Rose perguntou à Maria com um sorriso perverso. - Já nessa idade avançada... E batendo em garotas mais novas. Você deveria se garantir mais, queridinha.

Rose a chamou de "queridinha". Maria não vai sair daqui viva. Vi Bella olhando para tudo com os olhos arregalados e segurando a bolsa de Rose, ao lado da porta da sala. Estávamos na sala de Jasper, que saíra para uma reunião urgente e até agora não voltou.

Céus, quando ele voltar e ver tudo isso revirado, ele...

– O que é isso?! Uma gangue?! - Maria perguntou arfante e com a face vermelha. - Suas vândalas! Eu vou mandar vocês para a cadeia!

Rose riu alto, jogando a cabeça para trás e puxando os cabelos longos de Rose com mais força.

– Oh querida, como você é engraçada! - Rose disse perversamente. - Será mesmo que você conseguirá sair daqui falando? Porque eu não sei se você sabe, mas... Eu sei três tipos diferentes de luta. Você sabe, uma garota tem que saber se defender.

Maria fez uma careta e Rose pegou seu rosto e deu um uma série de 4 tapas seguidos. Bella escondeu o rosto atrás da bolsa que segurava, e eu arregalei os olhos. Rose largou Maria, que ficou de pé rapidamente, meio cambaleante. Maria deu um grito de guerra e foi para cima de Rose, que desviou dela e rapidamente pegou em seu braço, virando-o para trás. Maria gritou de dor e Rose a empurrou, fazendo-a cair no chão.

Maria tentou se levantar novamente ir para cima de Rose, mas Rose virou e deu uma joelhada em sua barriga. Maria arfou e cambaleou até onde Bella estava.

Bella tirou a bolsa de frente de seu rosto na hora em que Maria parou em sua frente cambaleante. Bella arregalou os olhos e Maria levantou a mão para atacar Bella, que berrou e jogou a bolsa contra o rosto de Maria.

– WOW!– Rose gritou, batendo palmas. - Bella, você é tão esperta às vezes!

– "Às vezes"? - Bella perguntou entredentes.

Maria caiu de joelhos no chão, com as mãos contra a barriga. Seus cabelos estavam desgrenhados, sua face vermelha, seu batom vermelho borrado e havia um pequeno corte em seu lábio. Vi que um de seus saltos havia quebrado, e suspirei, me jogando contra o sofá. Passei a mão contra a minha testa, e olhei para o teto.

Céus, o que foi que eu fiz? O que foi que nós fizemos? Isso não irá acabar bem...

– Isso é para você aprender que não se mexe com uma Swan. - ouvi Rose dizer à Maria. - E muito menos com uma Hale. E que nós não somos vândalas, nem uma gangue, mas se você mexer com qualquer uma de nós novamente, ah... Não vai ter cirurgião que te ajeite novamente, garota.

Engoli em seco com as palavras de Rose, e vi Maria abaixar o rosto. Rose foi até Bella, que tinha os olhos arregalados, e pegou sua bolsa pendurando-a em seu ombro. Ajeitou os cabelos longos e, agora, loiros e sorriu toda fofa para mim.

– Cadê Jasper? - perguntou.

– Foi à uma reunião de última hora, acho que daqui a pouco ele volta... - murmurei.

Rose olhou ao redor, e deu de ombros.

– Então pegue sua bolsa, Alice. Vamos para casa dar um jeito nesse cabelo, porque hoje era seu dia de folga, esqueceu? - perguntou. - Anda, pega sua bolsa!

Me apressei e peguei minha bolsa que estava jogada sobre a cadeira em frente a mesa de Jasper. Passei por Maria rapidamente, que ainda arfava um pouco e tinha o rosto abaixado. Fui até Rose, que colocou um braço ao redor dos meus ombros.

– Daqui a pouco seu lindo noivo vem dar um jeito em você. Nossa conversa foi ótima, Maria. Beijinhos! - Rose disse, sorrindo e me empurrando levemente para fora da sala.

Bella nos seguiu rapidamente e fecho a porta da sala. Coloquei meus braços ao meu redor e senti as lágrimas vindo aos olhos. Rose me abraçou, e logo senti Bella fazer o mesmo.

– Ei, ei... Nada de choro. - Bella sussurrou. - Está tudo bem, Alice.

– E-Ela apareceu do nada e... - murmurei, e elas me abraçaram mais apertado.

Bella se afastou um pouco e limpou as lágrimas do meu rosto, dando um beijo em cada bochecha minha em seguida.

– Esqueça isso, bebê. - ela pediu. - Vai ficar tudo bem, ok?

– Mas Jasper... - murmurei, e Rose me interrompeu revirando os olhos.

– Ele sabe muito bem o quanto aquela mocréia te provocou durante esses cinco anos. - Rose disse. - Ele será muito hipócrita se for contra você. E se ele fizer isso, faço nele o que fiz na Maria, mas mil vezes pior.

Sorri, e Bella acariciou minha cabeça. Rose envolveu meus ombros novamente, e Bella segurou minha mão.

– Agora vamos, porque Edward já deve estar enlouquecendo com a nossa demora! - Bella falou, enquanto andávamos pelo corredor branco em direção ao hall de entrada da gravadora.

– Eddie veio também? - perguntei chorosa.

Bella riu.

– Sim, ele está no estacionamento com Austin. - falou. - Você o deixou preocupado com aquela mensagem também...

– Não só ele. - Rose resmungou.

– Me desculpem, mas é que eu quase tive um enfarte quando Jasper saiu apressado e ela entrou na sala...

Bella acariciou minha mão para me acalmar, e suspirei. Ficamos em silêncio e, ao chegarmos ao hall de entrada, vi Stephen entrando e me olhando com os olhos arregalados.

– Alice? O que aconteceu?! - perguntou desesperado, vindo até mim.

Rose me soltou, assim como Bella. Stephen me segurou delicadamente pelos meus ombros, me avaliando com os olhos assustados.

– Foi a Maria. - falei.

Seu olhar escureceu, e seus lábios se apertaram em uma linha fina. O senti enrijecer, e suspirei.

– Eu estou bem. - murmurei.

– Me explica o que aconteceu. - ele pediu.

– Agora não dá, eu tenho que ir para casa. - falei.

– Posso ir com vocês? - perguntou. - Eu apenas vim aqui porque tinha que entegrar algumas partituras para John, mas posso deixar isso para outro dia!

– Você está de folga também?

Ele murmurou um "Sim" e eu assenti. Olhei para Bella e Rose, que nos olhavam com um sorrisinho. Stephen segurou em minha mão firmemente e voltamos a nos encaminhar para a saída. Bella ficou brevemente para trás, para pedir à Gianna - a menina que ficava no balcão de atendimento - para que avisasse à Jasper que eu tive que voltar para casa.

Logo chegamos ao estacionamento, e eu vi Edward encostado no capô do carro. Austin estava sentado sobre o capô ao seu lado, olhando para o céu. Sorri levemente para eles, e Edward arregalou os olhos ao me ver.

– Garota, você quer nos matar?! - ele perguntou, vindo até mim e me abraçando, logo se separando e avaliando meu rosto. - O que aquela mulher fez agora? - ele disse com raiva.

– Não se preocupe, nós demos um jeito nela. - Rose disse. - Na verdade, quando chegamos lá, Alice já tinha feito um estrago.

– Você bateu nela?! - Edward perguntou surpreso, com um vestígio de sorriso aparecendo em seus lábios. - Estou orgulhoso, baixinha.

Revirei os olhos, mas sorri.

– Tia, você tá sangrando... - Austin murmurou, pulando na minha frente com uma carinha de tristeza.

Me agachei lentamente até ficar à sua altura, e acariciei o topo de sua cabeça.

– Dá um beijinho que sara. - falei sorrindo, e virando minha bochecha para ele.

Austin fez uma expressão tristonha e deu um monte de beijinho em minha bochecha. Todos riram e eu o abracei, dando um biejo estalado em sua bochecha fofa. Ele sorriu e me abraçou também. Logo nos separamos e Bella foi me rebocando para o carro.

– Vamos para casa, gente. - Bella pediu. - Fiquei cansada só de ver o show de luta livre lá dentro!

Todos sorriram e assentiram. Me ajeitei no banco de trás do carro de Edward com Austin. Stephen me deu um beijo na testa e foi para o seu carro, para nos acompanhar. Rose fez o mesmo e foi para seu carro vermelho, - e nada chamativo.

Tudo dói... Mas de certa forma, é gratificante.

Não sou mais a "pirralha" que Maria pode ofender e xingar como acha que deve. Eu cresci. E já passou da hora de mostrar isso para as pessoas.

(...)

– Ai!

– Alice, sossega! - Stephen resmungou.

Assenti lentamente e voltei a ficar quietinha, enquanto ele umidecia um pedaço de algodão e passava sobre o meu lábio cortado. Senti arder mais um pouco, mas não tanto quanto antes. Estávamos sentados sobre a minha cama, no meu quarto. Ele cuidava de mim enquanto Bella e Rose me preparavam algo para comer.

Olhei para cima, e vi que Stephen me observava profundamente. Ele suspirou, terminando de cuidar do meu corte e guardando as coisas sobre a caixinha de primeiros socorros.

Me ajeitei na cama e me joguei sobre os travesseiros. Stephen colocou a maleta de remédios sobre a mesinha de cabeceira e se ajeitou ao meu lado, me olhando atentamente.

– Precisa de algo? - perguntou.

Revirei os olhos.

– Vocês estão agindo como se eu, sei lá, tivesse caído de um prédio. - resmunguei.

Ele suspirou e passou a mão pelos cabelos, desviando o olhar do meu.

– Alice, todo mundo ficou preocupado... Cuidado nunca é demais. - murmurou. - Se sente melhor?

Sorri levemente para ele e assenti. Ele sorriu e eu dei dois tapinhas no espaço da cama ao meu lado. Ele rapidamente se deitou, e ficamos ambos olhando para o teto. Era bom passar esse tempo com ele... Stephen era o meu melhor amigo, e nesses 5 anos ficamos muito próximos. Sei que posso contar com ele para tudo.

– Alice, eu... Eu queria te perguntar uma coisa. - ele disse de repente.

Olhei para ele, esperando que ele falasse. Ele me olhou e suspirou, parecendo indeciso.

– Você ainda gosta do Jasper? - perguntou, tão baixo que eu mal ouvi.

Que pergunta era aquela agora? Pensei antes de falar, e ele me olhava profundamente. Engoli em seco.

– Eu não sei... - murmurei.

– Como não sabe?

– É complicado, você sabe.

– Eu não sei, explique.

Suspirei. Stephen sabia ser bem insistente quando queria.

– Nesses últimos anos eu... Eu aprendi a lidar mais com isso. Aprendi a ignorar. O sentimento não é tão forte quanto antes, mas não deixa de estar aqui, entende? Eu amadureci, Stephen. Não sou mais a garota de dezenove anos que está encantada com tudo. Eu aprendi a lidar e ignorar muitas coisas, até porque já fui alvo de muita fofoca nesses últimos tempos, principalmente acera de nós dois, e de mim e Jasper, e muitas outras pessoas. Eu ainda gosto dele, mas sei que nunca ficaremos juntos. - murmurei por fim.

Senti uma dor no peito, e respirei fundo, olhando para um ponto fixo na parede do outro lado do quarto. Senti a mão quente de Stephen sobre a minha, e o olhei. Ele mordeu o lábio inferior, e se sentou melhor na cama. Fiz o mesmo, o olhando com curiosidade.

– Então eu tenho uma proposta. - falou.

– Que proposta?

– Me deixa te ajudar a esquecer o Withlock. - falou.

Arqueei as sobrancelhas, surpresa. Mas o quê...

– C-Como assim? - gaguejei.

Stephen parecia um pouco nervoso, e senti suas mãos levemente trêmulas quando ele pegou as minhas entre as dele, e me olhou profundamente nos olhos.

– Namora comigo.

Como diria a Bella:

Mundo... Que porra você está tramando agora?