Pretérito Imperfeito escrita por ValValdez, Livia Dias


Capítulo 20
Capítulo 19 - Enfrentando o Perigo. Parte II




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Depois de uma busca rápida pelos principais corredores das galerias desse lugar, concluímos que Cronos não está em nosso ponto de busca.

– Quando essa treta acabar – Travis quebrou o silêncio, aparentemente pensativo. – Poderíamos comer nachos.

Luke ri, tal como eu.

Os Stoll, definitivamente, brisam demais.

– Nachos é bom – concorda Connor, reflexivo.

Após essa curta troca de palavras, mergulhamos no silêncio incessante.

Esses corredores úmidos com água servindo de trilha para nós, não é lá muito convidativo para termos uma conversa animada.

– Acho que não tem nada por aqui – diz Luke, ao fim de uma segunda vistoria por esses lugares.

Essas palavras mal são absorvidas por nós, quando uma explosão sacode o túnel sob nossos pés vacilantes.

Fecho os olhos, sentindo minhas pernas amolecerem perante o tremor repentino.

Luke me puxa para trás no exato momento que uma parte do teto desaba, caindo a nossa frente e erguendo uma espessa nuvem de poeira.

Essa foi por muito, muito pouco.

Travis e Connor não estão por perto, e me questiono se estão bem. Luke reproduz minha preocupação em voz alta, chamando pelos irmãos, tão preocupado quanto eu.

– Ei, Luke! – a voz de Travis soa por trás do monte de concreto que nesse instante, bloqueia a passagem de volta para o ponto onde encontramos os outros.

– Vocês estão bem? – pergunto, aguardando pela resposta.

– A medida do possível – resmunga Connor, aparentemente irritado pela interrupção do nosso caminho.

Consigo me levantar, enquanto Luke tira vários dos blocos de concreto da barreira. Finalmente, os rostos empoeirados dos Stoll surgem diante de nossos olhos, e temos certeza de que eles não estão feridos ou algo do tipo.

– O que será que foi essa explosão? – indaga Travis, com uma das sobrancelhas arqueadas.

Luke e eu nos entreolhamos, pensativos. Obviamente foi uma granada, mas lançada por quem?

A vantagem da dúvida cai em meus ombros e me vejo mais preocupado. Por fim, acabo tomando uma atitude.

– Temos que continuar – digo a Luke, que assente brevemente. Volto meu olhar para os Stoll. – Melhor vocês tentarem achar os outros.

– Tomem cuidado. – recomenda Travis, pela primeira vez, sério.

– É. Lembrem-se dos nachos – ironiza Connor.

Balanço a cabeça positivamente, satisfeito por eles não terem surtado.

Luke e eu nos dirigimos pelos corredores escuros, e de alguma maneira, sei que tudo isso está prestes a ter um fim.

(...)

Esgueiramo-nos por salas desertas, repletas de dinamite e armas. Não falamos uma só palavra, continuando em silêncio.

– Ele tem de estar por aqui – murmura Luke, meio desesperado e ansioso.

Ouço grunhidos e tosses fracas, quase imperceptíveis. Encaro Luke, que parece perceber os sons e toma a frente, iniciando uma série de passos lentos e silenciosos.

O sigo, e os ruídos nos levam ao fim de um dos corredores, para dentro de uma sala tão escura quanto as anteriores.

Mantemos as armas erguidas, apontando para todos os cantos. É então que somos pegos de surpresa.

Luke é puxado para trás, enquanto a porta se fecha. Vejo-me em total breu, sem saber para onde olhar.

– Luke? – chamo-o, nervoso por não receber resposta alguma.

Droga!

– Essa é a minha realidade, Jackson – uma voz fria e áspera ecoa aos meus ouvidos, logo que uma vela se acende as minhas costas, e tenho uma boa visão da figura que sempre me assustou em pesadelos, mas que agora só trás raiva ao meu interior.

Luke está caído no chão, com a própria arma apontada para ele.

Cronos mantém uma postura vitoriosa, como se o jogo tivesse terminado e eu fosse o perdedor da vez.

– A escuridão – completa ele, sentando-se em uma poltrona velha que está descansada às suas costas. – E o dinheiro. Eles o tornam forte, sabia Jackson?

Mesmo sem ameaças diretas, sei que é para eu baixar minha arma, ou Luke morre, e não posso permitir que algo assim, chegue a acontecer.

Luke me encara como se eu fosse um babaca; seu olhar não mente. Mas é difícil querer e não poder.

Porque eu quero matar Cronos, entretanto, não posso arriscar a vida do meu amigo.

– Ora Jackson, sabe que tudo é culpa sua não sabe? – Cronos coloca um charuto na boca e com apenas uma mão, o acende. – Deveria ter pagado a dívida do seu amigo vagabundo. Se o tivesse feito, seus amigos estariam bem...

– Você não deveria tê-los envolvido! – exclamo feliz por responder as ridículas palavras desse canalha, sem gaguejar ou tremer.

– Não? – Cronos mexe no gatilho da arma, e Luke empalidece. – Será que não?

Fico atento a cada movimento seu, segurando a Glock com minha mão impregnada de suor frio.

– Posso demorar anos, mas sempre cobro as dívidas – Cronos encosta a ponta da arma na cabeça de Luke, atitude que prende por completo minha atenção. – E agora está na hora de acertar as contas.

Em uma atitude desesperada, prevendo o que vai acontecer me lanço na direção dele, acertando uma coronhada em sua cabeça. Luke se levanta e se afasta, enquanto Cronos tenta recobrar os sentidos.

Tento tirar a arma de sua mão, mas sou afastado com um soco no estômago e caio para trás, grunhindo de dor. A Glock escapa por meus dedos e cai longe de mim.

O bandido se ergue e mira em Luke, que parece um rato assustado. Sem pensar pego um pedaço de madeira ao meu lado e acerto-a nas pernas de Cronos, com tanta força que o faço grunhir de dor.

Levanto-me e corro até minha Glock, pegando no exato momento que meu inimigo se ergue novamente. Luke parece voltar a realidade, pois avança até Cronos rapidamente.

Nosso oponente mal tem tempo de mirar, quando é acertado com um soco no nariz. Mais uma vez ele urra em agonia, e Luke aproveita para recuperar sua arma.

Ao mesmo tempo, miramos em Cronos, ofegantes pela luta.

– Vão atirar em um velho doente? – questiona, levando a mão ao lado do corpo. Uma tosse forte escapa por sua garganta, e resquícios de sangue descem pelos cantos de sua boca.

Encaro Luke, que parece tão surpreso quanto eu.

– Melhor não confiarmos nele – diz, categórico.

– Sempre traiçoeiro Castellan – Cronos limpa a boca com as costas da mão. – Cospe no prato que comeu, apenas para dizer que é diferente de mim...

– Eu entrei nessa para conseguir grana – confessa Luke, ofegante pelo nervosismo. – Mas agora vejo que fui idiota em crer que minha vida melhoraria com mais dinheiro.

– Bonitas palavras – desdenha Cronos, sem piedade alguma. – Entretanto, é tarde demais para pensar assim.

Vejo-me desprevenido e despreparado para o que ele faz. Embora pareça ser bem mais velho, consegue saltar até mim e me derrubar no chão, reunindo uma força impressionante.

Luke também parece atordoado, pois seus movimentos se tornam mais lentos diante de meus olhos. Fecho e abro os olhos, tonto e com as costas doendo.

Tenho que pegar minha Glock de volta... De novo.

É então que percebo a gáfia que cometi; Cronos pegou minha arma.

Amaldiçoo minha lerdesa, enquanto tento ficar de pé. Luke e Cronos estão lutando, se acertando com fortes golpes.

Meu amigo também vacilou com sua arma, deixando que Cronos tentasse toma-la dele a força.

E agora, uma Glock e uma 9mm repousam solitárias a metros de distância de qualquer um de nós.

Pelo menos Luke foi ágil em desarmar Cronos e se desarmar. Provavelmente o lema foi “Eu me ferro, mas você se ferra junto”.

Com um gemido de dor, tento mais uma vez me colocar de pé. Devo ter fraturado as costelas ou algo assim, com a queda de agora a pouco.

Arrumo um jeito de me mover, sem arrecadar uma série de grunhidos em protesto; arrastando-me pelo chão, consigo percorrer uma boa distância até as armas.

Cronos e Luke continuam a resolver suas tretas por meio de golpes sangrentos, sem perceberem o que faço.

Estico minha mão até a Glock e sinto o frio metal entre meus dedos. Mais um pouco e já me vejo armado novamente.

Aponto o revólver para Cronos e o estampido preenche o ar. Seu grito parece um uivo doloroso, e o homem cambaleia para trás, com uma das mãos tentando estancar o sangue que sai de seu braço.

Luke corre até mim, estendendo a mão e colocando-me de pé novamente.

Mas Cronos é difícil de ser detido.

Ele joga Luke no chão, mostrando seu talento em saltos.

– Mas que porra! – xingo, apontando para meu inimigo novamente.

Só que este se mostrou mais esperto.

Quando puxo o gatilho, nada acontece. Verifico as balas, percebendo que não há mais nenhuma.

Cronos as tirou, deixando apenas uma para matar Luke ou eu, e aquela maldita bala já foi usada por mim.

Como a única arma que possuo, utilizo a Glock de outra forma; acerto-a na cabeça de Cronos, com o punho fechado.

Mesmo com a pancada na nuca, o maldito acerta seu punho em Luke, antes de sorrir maldosamente para mim.

Permaneço firme, de punhos cerrados. Luke parece inconsciente, o que não é nada bom.

Cronos apanha a 9mm, e de imediato me lanço em sua direção. Certo, atitude idiota; eu sei. Mas foi a única coisa em que pensei no momento.

Ele não tem tempo de mirar em mim, pois de imediato eu o acerto e começo a socar sua “fuça”, quase que maquinalmente. Cada golpe é com tanta força, que Cronos começa a sangrar em poucos instantes.

Paro então, exausto. Não sei por quanto tempo fiquei socando sua face, mas sei que é o suficiente.

Levanto-me, dando as costas para meu inimigo, e corro até Luke.

– Você está bem? – pergunto ainda tonto por tudo que aconteceu.

Meu amigo sorri fracamente, enquanto tenta colocar-se de pé. O ajudo, mesmo que seja eu quem precise de ajuda agora.

Por uma fração de segundo, atravessamos parte da sala escura, mancando e cambaleando pelos ferimentos tanto internos, quanto externos. Até que um estampido soa em meus ouvidos, e Luke cai para frente, como um boneco de trapos.

O ferimento em suas costas começa a sangrar, e Luke não se move.

Viro-me lentamente e avisto Cronos, de pé, com a maldita 9mm apontada para mim.

– Você é o culpado, Jackson – Cronos ri, dando um passo a frente. – Deveria ter dado o dinheiro naquela noite...

Dou um passo para a esquerda, olhando de relance para Luke. Ele está respirando, o que é um bom sinal.

Fico atento aos poucos ruídos que soam no corredor. Volto meu olhar para a sala escura, que é precariamente iluminada pela vela.

– E você é o cara que irá morrer – afirmo, com ódio em minhas palavras.

Cronos solta uma gargalhada, mas é cruelmente interrompido; a porta as minhas costas explode, e por instinto, jogo-me para o lado, enquanto tiro Luke do caminho.

Tio Zeus, Hades e meu pai adentram o lugar atirando em sincronia com suas metralhadoras. Caio no chão, ofegante, sabendo que tudo ficará bem.

Nico, Chris, Charles, Travis e Connor surgem em meu campo de visão, e o primeiro começa a verificar a pulsação de Luke.

– Temos de levá-lo ao hospital ou... – Ele não completa o pensamento, e isso não é realmente necessário.

Charles estende a mão e não hesito em segurá-la, recebendo impulso para me colocar em pé novamente.

E dessa vez, sei que não vou cair de novo.

Os ruídos de tiros se tornam mais distantes aos meus ouvidos, enquanto observo os irmãos Stoll erguerem Luke, e passarem os braços dele por seus ombros.

– Saiam daqui! – berra tio Hades, com sua típica voz raivosa. – Exceto você, Jackson! Os outros podem levar o Castellan a um hospital!

Meus amigos partem, logo que os tiros cessam. Não sei o porque de tantos tiros; talvez meus tios e meu pai quiseram criar um novo tipo de queijo, e usaram Cronos como experiência.

– Perseu. – Pela primeira vez, tio Zeuza... Digo, Zeus, me chama pelo nome e não pelo sobrenome. Concluo que é algo importante, e me aproximo dos três, que cercam o “queijo-Cronos”.

O velho nem de longe parece o líder da máfia. Seu rosto está deformado pelos socos que dei nele, enquanto o restante de seu corpo possuem milhares de furos ensanguentados.

E de modo surpreendente, Cronos ainda respira, e mantém os olhos semicerrados voltados para mim.

– Um dia... Ainda nos encontraremos... Percy Jackson – arfa, e sinto o ódio que ele possui sendo mostrado em suas palavras.

– Foi mal – digo sério. – Mas eu não sei se vou para o mesmo lugar que você.

Sangue desce pelos cantos da boca de Cronos, algo realmente detestável.

– Vai sim... Você é pior do que eu. – afirma ele, risonho.

Nego, com um aceno de cabeça.

– Pior eu seria se fosse um covarde e não livrasse meus amigos e minha família de você. – Encaro meu pai, que estende a Glock para mim, recarregada novamente. – Só que hoje eu tenho coragem para isso.

Miro em sua testa, com apenas uma das mãos segurando a arma. Cronos arregala os olhos brevemente, antes de o gatilho ser puxado.

Seus olhos perdem o foco de imediato e dou as costas para tudo isso.

Desta vez, acabou. Para sempre.


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Notas finais do capítulo

Heey, tudo bem com vocês? Esperamos que sim õ/

No capítulo anterior recebemos apenas um review, que foi mandado hoje pela Miih Riddle. Mas a dúvida que paira no ar é: Se tivemos 88 acessos e a fic possuí 117 leitores, por que será que apenas um deles comentou?

Sim, nós demoramos a postar, mas a escola e nossas outras fics nos prendem muito, portanto, não temos tanto tempo para postar nessa fic. Mesmo assim, não desistimos da história e continuamos postando fielmente, sem deixá-los na mão.

Agora, seria bom um pouco de reconhecimento, certo? A fic está na reta final, e se vocês acompanharam a história desde o início, por que não acompanhá-la até o fim?

Sei que muitos de vocês não merecem esse desabafo, mas como sou uma pessoa extremamente sincera...

Segunda chance, pessoal! Quem gostou do capítulo? O que acharam? Não deixem de comentar ;)

Beijookas e um excelente final de semana!

— Livia Dias.



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