POV – GINA

Quando James completou seis meses de vida, eu descobri uma outra gravidez, bem menos esperada do que a primeira, porém não fiquei surpresa. Uma das coisas que eu mais desejava era ter filhos, Harry muito mais, então qualquer uma das vezes que eu anunciasse para o mundo que estava grávida, era sempre um motivo de alegria imensa.

Porém, essa notícia causou a nossa mudança do apartamento para uma grande casa na em um povoado bruxo não muito distante dali. A casa era perfeita. Tinha o espaço suficiente para um casal criar os filhos e quartos o bastante para abrigar uma família inteira. Mudamos-nos quando o primogênito fez um ano.

O nascimento do nosso segundo filho, que resolvemos chamar de Albus Severus – junção dos primeiros nomes dos homens mais corajosos que Harry e eu já conhecemos, foi bem menos demorado do que o do mais velho. Vale contar que estávamos bem mais tranquilos e tínhamos em mente o sexo do bebê porque daquela vez resolvemos não abdicar da nossa chance de saber disso na décima sexta semana de gestação.

Na mesma época, Hermione anunciou que estava grávida, assim como Fleur, pela segunda vez. A filhinha de Hermione era quatro meses mais velha que Albus e a de Fleur, dois. Nós já fazíamos planos sobre os três, que seriam grandes amigos. Para quem quisesse ouvir, Rose, Albus e Dominique estariam juntos.

Porém, não foi bem isso o que aconteceu.

Rose sempre se mostrou muito amiga de todos os meus filhos e os primos restantes, porém Dominique era indiferente às relações familiares, isso desde pequenina. Victoire defendia que a sua irmã mais nova era “do mal” por sempre estar de mau humor e gritando sem qualquer motivo com qualquer pessoa. Bem, perto de nós ela era um anjo, mas minha cunhada e meu irmão sempre pegavam mais pesado com a segunda filha do que a primeira porque Domi sempre teve um temperamento bem... Difícil.

Por isso, achávamos que ela não gostava de contato social, o que foi até o meu terceiro bebê vir ao mundo. Daquela vez, uma menina. Lily Luna. O primeiro nome era da mãe de Harry e o segundo da minha melhor amiga e madrinha da menina. A Luna “original” ficou imensamente feliz com essa notícia, ainda mais porque esbanjava felicidade desde a descoberta que carregava gêmeos em sua barriga. Ela era de fato uma mãe loucamente apaixonada pela ideia de ter dois nenéns de uma vez só.

Descobrimos mais um membro na família quando Albus completava um ano e James dois, mas a nossa filha veio a nascer quando o mais velho tinha três e o outro quase dois aninhos.

Foi uma alegria imensa porque era a primeira menina dos Potter em várias gerações, e logo ela se tornou a princesinha do Harry. Poucas semanas após Lily vir ao mundo, Hermione deu à luz a Hugo, que era a cópia fiel de Rony, enquanto Rose lembrava bem mais a mãe. Jorge e Angelina também tiveram uma filha naquela época, Roxanne, que era muito parecida com a mãe. Anos bem mais tarde, Fleur e Gui finalmente tiveram um menino, Louis e por último Audrey engravidou novamente, quando Lucy tinha 13 anos. Ela deu à luz a uma menina que Percy decidiu chamar de Molly, fazendo a avó encher o peito de orgulho.

Ta aí uma coisa que não aconteceu comigo e meus filhos: todos eles sempre foram parecidos com Harry. Menos Lily Luna porque na verdade ela era... A cópia exata de Lily Evans, mas deu para perceber que eram dos genes do meu marido, e tal, ou seja, todos eles puxavam mais os traços Potter do que os Weasley.

Quanto mais o tempo passava, mais os meus filhos demonstravam suas respectivas personalidades. Eu devia ter percebido que os nomes refletiam no que os bruxinhos seriam, e admito que aquela fosse até uma coisa bem engraçada... James era um verdadeiro maroto, enquanto Albus era mais reservado e cabeça, mas Lily era bem eclética e sempre disposta, porém ela não puxou o jeito que a mãe de Harry era, já que a pequenina nunca foi apegada às regras os aos estudos pesados. Um fato sobre a menina era que ela nunca demonstrou gostar de mim. Desde pequena, sempre preferiu o pai e nunca se importava em dizer pelo menos um “bom dia, mãe”. Reconheço que vez ou outra eu era muito rígida com ela porque eu queria que ela fosse assim como eu quando mais nova, mas... Ela realmente me odiava por tentar fazer isso.

– Eu já disse mil vezes que eu não quero usar isso! – uma Lily com 15 anos tirou a blusa rosa de seu corpo, jogando-a no chão do quarto e pisando em cima, sujando-a com marcas de seu sapato sujo, por ter acabado de chegar da rua.

- E eu digo que você ficará linda. – rebati.

- E eu com isso?

- Lily Luna, quem você pensa que é para falar comigo desse jeito?

- Eu falo com todo mundo do jeito que eu q-u-i-s-e-r! QUISER! – ela saiu do quarto às pressas, batendo a porta logo atrás.

James se dava bem comigo tanto quanto Harry. Nós dávamos conselhos e bronca a ele, e sempre fazia questão em nos dizer que éramos bons pais e que nunca saberia se virar sem nós. O lado ruim eram as suas brincadeiras infantis para cima de Albus. Ele sempre questionava a sexualidade do irmão, acompanhado de Fred que aplaudia o meu primogênito em tudo o que fazia e ainda dava corda para que continuasse. Meu filho do meio reagia como se o mais velho fosse um idiota e tudo o que ele tivesse que fazer era ignorar. Ele tentava realmente, mas acabava por tratar James como um ser de uma raça inferior e que não fosse digno de sua atenção.

– Ei Lils, sabe qual o número de matrícula do Albus em Hogwarts? –Um James de 15 anos perguntou em um dia de férias de verão em que todos estavam na casa dos meus pais.

- Hm... Sei lá.

- 1124 – riu, acompanhado de Fred.

- Boa cara! – Fred ficava mais vermelho a cada instante.

- O que é o 11? – a menina já com 12 anos perguntou.

- Um homem atrás do outro – Fred dirigiu um olhar malicioso à Albus.

- Estou sabendo, ta Albus? Não pense que nos engana com aquele papo que Paul Danton é só seu amigo – minha filha entrou na brincadeira.

- Palavras vindas de pessoas como você e James não me atingem por vocês serem reles criaturas infernais que nunca chegarão a qualquer posição importante na vida – Albus finalmente pronunciou-se – Sendo assim, sempre serão a poeira dos meus pés.

Já Albus não tinha uma relação boa ou ruim com qualquer pessoa. Ele era somente o Albus Severus. Todo mundo gostava ou não tinha nada a reclamar porque ele sempre foi muito reservado, o que fazia dele neutro a qualquer tipo de discussão. Algumas pessoas o interpretavam como uma criança estranha e na adolescência isso só piorou. Ele tinha um péssimo problema de auto-estima por causa do seu físico, sendo ainda mais magrelo do que Harry e James já foram um dia, e usava óculos com lentes mais grossas que o pai, além de estar sempre fungando o nariz por ser altamente alérgico a ingredientes de poções e algumas plantas cultivadas nas aulas de Herbologia. Ele também era o único dos irmãos com menos contato com pessoas do sexo oposto, trazendo um dia à mesa a discussão pelos irmãos de Albus por ele nunca ter beijado uma menina na vida inteira, fazendo-o corar e abandonar a refeição na metade.

Já quanto ao meu casamento com Harry? Ele não poderia melhorar. Todos os dias eram dias de vitória e sorrisos, brigávamos algumas vezes, mas sempre fazíamos as pazes e dizíamos quanto nos amávamos... Realmente foi um golpe certeiro cair de cabeça nesse relacionamento.

Um dia desses, eu estava parada na varanda de casa, observando o sol se pôr e as nuvens desaparecem. A brisa de fim da tarde bateu em meu rosto. O outono estava indo embora e o calor já se aproximava. Cruzei os braços embaixo dos meus seios. Meus cabelos ruivos balançavam conforme as rajadas de vento se tornavam mais fortes, fazendo-me apertar os braços. Pra um fim de outono, estava bem frio.

Senti dois braços envolverem minha cintura, e os lábios quentes beijarem o meu rosto. Sorri e correspondi com outro na boca de Harry, acomodando-me no seu abraço logo em seguida. O tempo passava depressa. Quantas coisas já vivemos? Por Merlin... Há quase 30 anos começamos a namorar, passamos por tantas turbulências, desentendimentos e caos até enfim nos acertamos e começarmos a encarar a vida com um sorriso irônico porque ela sempre aprontaria as piores travessuras para nos separar... Mas com isso, aprendemos a ser fortes e não terminar tudo o que construímos por simples bobeiras. Afinal... Nada era perfeito se não trabalhássemos duro para conseguir que fosse, e juro por todos que eu amo que eu e Harry batalhamos duramente para construir tudo o que temos hoje. E melhor, com a cabeça erguida.

Eis uns que falam que parecemos gêmeos siameses e que ainda não saímos do clima de lua de mel... Bem, tenho vontade de rir com isso, mas vez ou outra eu também concordo porque somos de fato o casal mais apaixonado que eu tive o prazer de viver na pele todos os momentos. Nunca agradeci tanto ser Gina Weasley desde que finalmente descobri o que era amar e ser amada.

- Eu adoraria saber por que você chegou assim de repente, você raramente faz isso... – falei.

- Eu só estava pensando... – respondeu.

- Em?

- Na vida. Como ela dá voltas e reparei que você anda pensativa. Refiro-me a mais que o normal.

- Saudades de James. Essa vida de estreante com a banda dele o tira de mim por muito tempo... – suspirei – espero apenas que as pessoas gostem dele nos bares em que apresenta...

- Eu sinto que ele vai ser uma grande estrela um dia.

- Eu também. Afinal, ele é James Sirius. A sorte sorri ao lado dele como uma grande amiga. Menos quando...

- É melhor esquecermos isso. – beijou meus cabelos.

- Tem razão.

- Eu não tenho razão em muitas coisas.

- Mas eu sempre concordo com tudo o que você diz. Você tem certeza em tudo o que fala e pensa.

- Quer saber a única coisa que eu realmente afirmo com toda a segurança do mundo?

- O quê? – arregalei os olhos, curiosa. Ele me apertou em seus braços, e então sussurrou ao meu ouvido:

- A única certeza que eu tenho é de estar Amando Gina Weasley.