Happiness escrita por MissLerman


Capítulo 5
Capítulo 5 Never Be The Same


Notas iniciais do capítulo

Heeeey olha só quem apareceu após séculos? poisé gente, desculpa. Mas agora estou oficialmente de férias, e prometo postar com mais frequencia. Bem, caso não tenham notado, o títulos dos meus capítlos são os nomes das músicas que eu escuto enquanto escrevo. Se quiserem escutá-las enquanto leem, eu aconselho. Enfim, divirtam-se crianças



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/345497/chapter/5

Dormir. Eu precisava dormir. Mas por alguma razão estranha, meu cérebro não me permitia isto. Eu estava eufórica. Meu "encontro" com Percy havia me deixado um tanto abalada. Não digo abalada do tipo nervosa, apenas fiquei esperando por algo. Não sei explicar ao certo. Pensei comigo que, tudo o que ele havia me falar e a forma como nos demos tão bem no dia anterior poderia sim ter me deixado mexida. Fiquei um tanto assustada com tal pensamento. Eu, Annabeth Chase, alguém que nunca gostou de se comunicar com pessoas novas, fiquei encantada por um garoto que mal conhecia. Será que eu estava ficando louca? A resposta seria óbvia, porém quanto mais eu pensava a respeito, menos queria saber sobre o assunto.

A verdade era que seus olhos verdes me deixavam intrigada. Havia algo a mais neles. Percy havia me dito que um dia me contaria o que ele mais escondia, e isso era algo tão difícil de imaginar que toda e qualquer hipótese, por pior que fosse, já havia passado por minha cabeça. Pensei que talvez ele pudesse ter fugido de casa para poder proteger seus pais, após ser mordido por algum inseto radioativo. Ou então, quem sabe ele não fosse um heroi, ele poderia ser um vilão. Poderia ter sido vendido por seus pais. Poderia ter sido trocado na maternidade, e algo extremamente horrendo aconteceu com seus pais adotivos. Enfim, poderia ter sido qualquer coisa, e minha cabeça parecia não se cansar de pensar em coisas assim.

Olhei para o relógio pela milésima vez e notei que mal havia passado de meia-noite. O sono realmente me abandonara naquela noite. Me cansei então de ficar lá deitada sem fazer nada. Levantei e liguei meu computador. Tanto tempo que não o ligava, resolvi matar a saudade. Sem contar que estava com saudade de Thalia, e aquela me parecia uma boa hora para conversar com ela. Na maioria das vezes, nossos horários não batiam. O que era pena, pois Thalia realmente me fazia falta todos os dias. Pensei em mandar uma mensagem, afinal, naquele horário em Londres, Thalia estaria provavelmente acordando. Busquei seu número em minha agenda e lhe mandei uma mensagem dizendo que estava com saudade, e que deveríamos marcar um novo horário para nos vermos. Fazíamos isso sempre quando cheguei em Nova York.

Devo ter ficado horas na frente do computador e não percebi, porque quando meus olhos começaram a pesar de sono, notei que já eram quase 5h da manhã; minha mãe provavelmente ia me matar. Desliguei o computador e voltei para a cama. Dormi imediatamente. Porém logo fui desperta pelo som do despertador. Fiz o máximo de esforço que eu pude para abrir os olhos. Sentia com se uma manada de elefantes tivesse passado por cima de mim.

- Annabeth, ainda não levantou? - escutei minha mãe gritar da cozinha.

- Argh! - gemi de sono e me espreguicei.

Levantei cambaleando mais do que uma velha com labirintite. Tirei aquele maldito uniforme do guarda-roupa e o vesti. Estava frio, então coloquei a camiseta, uma blusa de lã e por cima uma outra blusa. Coloquei meu par de All Star e fui para o banheiro. Acendi a luz e dei de cara com a calamidade que meu rosto se encontrava. Eu estava mais para zumbi do que para Annabeth. Meu cabelo loiro estava arruinada e completamente oleoso. Eu apenas o escovei meio por cima e o prendi. Pronto. Escovei meus dentes, fiz o que tinha que fazer  e desci tomar café.

Minha mãe, como sempre, já estava toda arrumada e com as coisas do trabalho na mão.

- Filha, hoje não volto para almoçar, tenho uma audiência e precisarei ficar fora. Pode se virar sem mim, certo? - dona Atena me disse terminando de tomar seu suco.

"Sempre me viro sem você" penso comigo. Já estava acostumada com isso.

- Claro, mãe. Vou ficar bem - digo pegando uma torrada e a jarra de suco.

Minha mãe sorriu, me deu um beijo na testa e saiu. Tomei meu café sossegadamente. Pelo horário, notei que havia ficado pronta de maneira rápida, desta vez. Lamentei internamente.

Já que estava cedo, subi para meu quarto e peguei minha mochila. Thalia ainda não havia me respondido, mas fiquei aguardando sua resposta. Tranquei minha casa e sai. O dia estava nublado, porém não estava chovendo. Havia algumas possas pelo caminho, e eu me divertia tentado pulá-las. "Percy se divertiria com isso também" pensei. Era algo que lhe parecia ser agradável. Eu havia notado que Percy gostava de coisas um tanto diferentes. Mas isso não era estranho para mim, ao contrário, eu gostava daquilo. 

Avistei uma possa enorme ao longe, tinha certa de um metro de comprimento. "Será que você consegue Annabeth?" desafiei a mim mesma. "É claro que consigo". Então corri um pouco mais rápido e pulei por ela. Perfeito. Um salto perfeito. Todos os anos que fiz balé em Londres sempre me foram muito úteis. Sim, uma pessoa como eu fazia balé sim, e eu amava aquilo.

- Belo salto! - alguém gritou atrás de mim.

Me virei bruscamente, mas já sabia quem poderia ser.

- Consegue fazer melhor? - desafiei Percy enquanto esperava ele se aproximar de mim.

Percy caminhou mais depressa e se pos ao meu lado. Ele estava com o cabelo completamente bagunçado, e notei que os dedos de sua mão direita estava com esparadrapos. Achei estranho.

- E espacar do jeito que você espacou? Mas nunca. Se eu tentar uma coisa dessas vou quebrar muito mais do que só as minhas pernas. - ele disse rindo.

Ri também. Mesmo estando com sono, hoje o dia não parecia estar tão mal.

No caminho, fomos conversando sobre coisas quaisquer. Percy me perguntou como eu consegui pular daquele jeito, então contei a ele sobre os anos em que aventurei em uma sapatilha de ponta dando piruetas e saltos. Ele pareceu muito abismado. E, ainda, me confidenciou seu grande desejo de, um dia, tentar fazer balé. Fiquei um tanto espantada, não achava que ele poderia gostar de uma dança assim.

O caminho para a escola pareceu ser mais curto naquele dia. Quando chegamos, o sinal não havia batido ainda. Entramos sem problema algum. O portão azul royal da entrada estava completamente aberto, como se estivesse convidando os alunos a entrarem. Avistei Rachel chegando com Silena e Drew. As três haviam personalizado o uniforme, mesmo após levarem uma bela suspensão por isso, ainda insistiam em usá-lo. Da calça, fizeram uma saia, não tão curta, mas bem acima do joelho. Da blusa, deixaram-na mais justa, e disto até mesmo eu havia gostado. Fora uma boa ideia.

Os jogadores de futebol ficavam sempre no jardim, conversando até o último minuto antes de bater o sinal. Eles usavam jaquetas azuis, um pouco maiores que essas de uniforme. Na maioria das vezes eram caras grandes, que não se importavam em ficar se enroscando com outros caras. Luke era o capitão deles, e, pelo que eu ouvira, era um excelente jogador.

Avistei Nico chegando, sua irmã dirigia o carro. Ela se formara dois anos antes, e eu só a conhecia de vista. Notei então que não havia falado com ele nos dias anteriores. Perguntei para Percy então o que ele achava de irmos fazer companhia para Nico antes do sinal bater. Percy concordou. 

Nico estava sentado em um banco, próximo de uma arvore. A minha arvore. Percy então se apressou para poder chegar até ele mais rapidamente.

- Hey, bom dia. Você deve ser o Nico. Prazer, Percy. Mas você já deve me conhecer, eu sou o cara novo, lembra? O australiano branco...

Percy começou a falar. E falava muito rápido. Nico sempre fora muito quieto, então a cara que ele fazia me fez querer rir. Acho que ele fora pego de surpresa, talvez não esperasse que Percy e eu iríamos até ele para lhe fazer companhia. Seu sotaque parecia deixar tudo ainda mais engraçado.

- Percy, pare de falar, já chega. Nico está assustado - digo rindo e me sentando ao lado dele - Bom dia Nico.

- Bom dia, Annie. Nossa, você está com uma cara horrível - Nico respondeu reparando em minhas enormes olheiras.

- É, não dormi muito bem hoje - respondo. Porém, instintivamente, olhei para Percy. Ele então, deu risada.

- Sabe como é Nico - Percy começou - nosso sexo selvagem estava tão bom que deixei Annabeth acordada pelo resto da noite.

Arregalei meus olhos assim que escutei aquilo. Senti meu rosto corar bruscamente. Percy apenas deu risada. E Nico me encarava com um olhar assustado. Seus olhos estavam tão arregalados que chegavam até a assustar. Tentei formular uma resposta inteligente, mas nada saiu. Eu ainda estava em choque.

- Percy Jackson! - grito olhando para Percy. Ele continuou rindo.

- Desculpa ter revelado nosso segredo, amor. - respondeu ele fazendo bico.

- Percy! - digo de novo. Mas a verdade é que aquilo fora um tanto engraçado. Então apenas revirei os olhos e dei risada também.

- É brincadeira isso, não é? - Nico perguntou, ainda com cara de assustado.

- É claro que é, Percy é um bobão, Nico. - digo dando risada e olhando diretamente para seus olhos verdes.

Percy apenas me lançou um meio sorriso, aquele que eu achava lindo, e me deixava um tanto atordoada. Droga! Senti meu rosto corar novamente.

- Vocês já vão entrar para a sala? Porque o sinal já vai bater. - Nico disse me tirando do transe daqueles olhos verdes.

- Vamos, vamos sim - digo então me levantando.

Percy e Nico fizeram o mesmo. Apenas de Percy já conhecer Rachel, eles não andavam juntos. Ele sequer falava direito com ela. Nunca entendi o porquê. Talvez um dia eu pergunte. Afinal, não gosto de ficar curiosa com relação a nada.

A primeira aula seria física. Não era minha matéria preferida, mas dava pro gasto. Fiquei a aula toda sentada sentada com Percy e Nico, já que tínhamos que trabalhar em duplas, mas como estávamos em número ímpar, o professor deixou que fizéssemos em trio. 

Acho que todos os outros alunos estranharam, porque eu estava rindo e me divertindo muito com aqueles dois. Quando Percy dizia algo completamente safado ou idiota, Nico ria tanto que chegava a ficar sem ar, nunca o vi daquele jeito. No fim, construímos um circuito elétrico em forma de alguma coisa não identificada. Mas conseguimos fazer com que as luzes se acendessem. Foi uma aula extremamente agradável.

Após uma aula de Inglês, o sinal do recreio tocou. Percy e eu descemos, mas Nico disse que queria ir para a biblioteca, então nos encontraria depois. Com todos os grupos e panelas possíveis de se ver em uma escola, Percy e eu éramos apenas duas sobras que haviam se juntado. Corremos para a grama para garantir nosso lugar nela. Comi meu sanduiche e Percy comeu o dele. Ficamos em silencio, porém continuamos rindo toda vez que víamos algo bobo.

Eu me sentia bem com ele, simples assim. Talvez todo aquele jeito bobo, sorridente, talvez tenha mudado algo em mim. Pela primeira vez depois de 6 meses por aqui, aquele fora o único dia feliz. Eu estava me sentindo muito bem, muito bem mesmo.

Percy então sugeriu que continuássemos o jogo de perguntas. E assim foi. Perguntei sobre um mico, e ele me contou que uma vez descoloriu parte do cabelo, e depois entrou na piscina porque esqueceu, e suas luzes ficava com um tom esverdeado. Ri compulsivamente, e o chamei de cabeça de algas, ele pareceu  não se importar. Então Percy perguntou sobre um mico o qual eu não gostava sequer de lembrar. Contei a ele sobre uma vez que me declarei para um garoto, um antigo amor platônico, e após algum tempo, descobri que ele não gostava de mulheres. Nunca mais tive coragem de olhá-lo nos olhos.

Estávamos rindo e perguntando sobre bobeiras. Mas então Percy perguntou:

-  O que te fez vim para cá, Annabeth? Tive a impressão de que você não quis entrar em detalhes sobre isso ontem.

Meu rosto então se tornou um tanto sombrio. Recolhi meu sorriso. De fato, a separação dos meus pais não era meu assunto preferido. Mas senti que Percy talvez entenderia. Além de Thalia, ninguém fora da minha família sabia disso. Eu não sentia orgulho algum. Pelo contrário, me sentia completamente envergonhada.

- Meus pais - comecei - assim como você, foi pelos meus pais. Mas eles não estavam pensando no meu futuro, pelo contrário, só pensaram no deles mesmos. Minha casou logo após se formar, mas meus avós não aprovavam isso, principalmente por meu pai ser professor, e sua remuneração não ser excelente. Mas ela casou mesmo assim. Eles então se mudaram para Londres, onde eu nasci. Só que com o tempo, com a dor de cabeça da minha mãe e o estresse de meu pai por conta da universidade onde ele dava aula, eles começaram a brigar demais. Lembro que as vezes acordava no meio da noite e escutava os gritos deles. Foi assim por muito tempo. Até o começo do ano passado, quando minha mãe o pegou com outra, seja lá quem esta for, não me interessa. Ela simplesmente juntou suas coisas e mandou que eu juntasse as minhas, e nos partimos de volta para cá. O apartamento em que moramos era dos meus avós, mas eles se mudaram para um menor, deixando-o então para nos. Não posso dizer que me sinto feliz aqui porque passei a minha vida em Londres. Minha vida está lá. Nunca me senti bem falando sobre isso porque não gosto de pensar que sempre atrapalhei a vida de meus pais. Talvez... Talvez seja melhor eu me mudar ano que vem, por conta da faculdade. Assim minha mãe não teria tanta preocupação, e meu pai não teria que pagar mais nada. Odeio ser um estorvo, e odeio mais ainda não poder fazer nada para mudar isso. Desde que eles se separaram, sinto que me separaram também, porque não me sinto completa aqui.

Precisei respirar fundo assim que terminei de falar. Foram meses guardando isso para mim mesma. Fechei os olhos com força, para me impedir de começar a chorar. Respirei fundo novamente. Felizmente, estava me sentindo muito mais leve.

- Tudo bem, Annabeth - Percy disse sentando-se mais próximo de mim - Não é a única que tem problemas com pais.

Olhei para ele e vi que ele me encarava. Seus olhos verdes estavam tristes, completamente tristes. Era como se a tristeza de minhas palavras o tivesse atingido. Esfreguei os olhos por impulso. E também como desculpa, para não ter que olhar em seus olhos novamente.

- Pode me chamar de Annie? Não gosto de quando me chamam pelo meu nome inteiro. - digo, me virando para Percy novamente.

Percy assentiu, e segurou a ponta dos seus cabelos, como se o analisasse. Ele fazia carinho neles, mesmo estando completamente embaraçados. Percebi que ele estava longe. Seu corpo poderia estar ali, do meu lado, porém sua cabeça estava distante. Quase como se tivesse acontecido algo.

- O que acontece entre você e seus pais? - perguntei então, para quebrar o gelo. E também porque o intervalo estava quase acabando.

Percy suspirou e olhou para mim. Senti o peso em seus ombros.

- Eu sou adotado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Tchaaaaaaaaaaan, poisé, cabô HEUEHUEHU mas prometo que, a partir daqui, a coisa começa a melhorar. Mais ação e tals. Obrigada por lerem leitores lindos, até mais. Vou ver se até semana que vem consigo postar. NHAC e até o próximo :3



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Happiness" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.