Happiness escrita por MissLerman


Capítulo 1
Capítulo 1 Sadness


Notas iniciais do capítulo

POisé, este aqui é apenas o começo de um surto criativo que tive agora mesmo. Sem ideias anteriores, sem caderno. Abri o computador e me deu vontade de escrever. E aqui estou. Aos leitores, que sejam muito bem vindos. E sim, estou de volta



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Acordar cedo nunca foi muito animador. E terceiro ano do ensino é um pouco menos ainda. Assim que meu celular tocou, fiz um esforço infinito para conseguir levantar. Há varias noites que estou sem dormir, e eu sequer sei o motivo. Eu simplesmente não consigo fechar os olhos e dormir direito. Perdi há muito tempo a lembrança de meu último sonho. Mas talvez isso tenha sido desencadeado por minha súbita mudança de país. Morávamos na Inglaterra, até meus pais se separarem. Porém, eu não havia herdado aquele charmoso sotaque, por minha mãe ser americana. Estamos em Nova Iorque a 6 meses, e eu ainda não me adaptei.

- Annabeth, levante! Ou vai chegar atrasada, de novo! - escutei minha mãe gritar da cozinha.

"É tudo o que eu mais quero" resmunguei comigo; mas desci mesmo assim, afinal estudava em um colégio caro, e não podia me dar ao luxo de não aparecer nas aulas na maioria dos dias. Troquei de roupa rapidamente; coloquei um uniforme ridículo o qual sou obrigada a usar, uma calça azul e camiseta branca com o emblema da escola. Em certos dias, eu não suportava a cor azul.

Peguei minha mochila e fui tomar café. Tentava fazer tudo rapidamente de manhã, assim eu poderia acordar mais tarde. Uma técnica que aprendi com um antigo amigo. Minha mãe, Atena, havia acabado de preparar meu café. Ela era um tanto atarefada. Trabalhava como advogada para uma boate, que eu sequer me lembro o nome. Mas também não me importava. Minha mãe nunca comentava sobre seu trabalho, que, em sua maioria, eram segredo de justiça. 

- Parece que alguém não dormiu bem a noite. - minha mãe comentou.

- É, acabei me empolgando com meu livro novo. Pelo menos já o li quase todo. 

Desta vez, não havia mentido. Tenho um certo problema com livros. Criei um vício enorme por comprar livros, e agora não consigo parar. Por indicação de uma amiga, comecei a ler "A Culpa é das Estrelas". E, mesmo não sendo meu gênero favorito, me prendeu a atenção por várias horas. Senti uma certa identificação pela personagem principal. Mas estava com medo de terminar o livro, pois já esperava o que ia acontecer.

Minha mãe me deu um beijo na testa, pegou sua bolsa e saiu apressada. Ainda me pergunto qual seria o número de processos que ela tinha que cuidar. Durante a semana, ela ficava fora todos os dias. E aos finais de semana, ficava dando atenção aos processos. Isto piorou desde que viemos para cá. Somos só nós duas, mas sinto como se fosse apenas eu o tempo todo.

Demorei para tomar meu café propositalmente, não queria ir para a escola. Estava torcendo para chegar atrasada e a diretora não me deixar entrar. Sai de casa aos passos lentos. Havia deixado meu celular em casa, afinal nunca recebia nenhuma ligação. Apenas as vezes de Thalia, uma amiga que ainda mora na Inglaterra; a qual me indicou o livro. Eu me via cercada por meninas que apenas pensavam em quando a mensagem de seu "ficante" ou "namorado" ia chegar. Eu tinha certeza que só ia conseguir arranjar um namorado depois de muito tempo. Minhas duas últimas ficadas haviam sido um tanto desastrosas. E sim, foram apenas duas, e eu tenho quase 17 anos. Não me admira que nenhuma das meninas da minha sala tenha tentado conversar comigo. Elas estão ocupadas demais se preocupando com coisas fúteis.

Apesar de tudo, acabei de chegando a tempo. A diretora simplesmente olhou para minha cara e disse que por hoje eu estava perdoada, mas que não haveria uma segunda vez. Praguejei mentalmente por isso.

Segui para minha sala sem muito ânimo, como sempre. Minha primeiro aula seria inglês. Felizmente era uma de minhas aulas preferidas. Assim que entrei na sala, sentei-me na mesma mesa de sempre, a primeira carteira da última fileira. Me encostei na parede e fiquei esperando a professora chegar. Me atrevi a olhar pela janela, coisa que eu raramente fazia. Apenas enxerguei o pátio com algumas poucas pessoas. Nada de especial. Talvez hoje seja apenas mais um dia.

Um pequeno pássaro então pousou sob a janela. Fiquei um tempo o admirando e pensando no quanto aquela pequena criatura tinha sorte. Ele poderia ir para onde quiser. Sem muros, sem impedimentos, sem nada. Podia voltar pra casa quando quisesse, não havia nada o impedindo. Apenas ele mesmo. O pássaro ficou um tempo olhando pra mim, parecia estar me admirando também. Talvez ele pudesse estar pensando no quanto tenho sorte por ser humana. Porém, eu descordaria disto.

- Da licença, Annabeth, certo? - uma voz cortou meus pensamentos de repente. 

Olhei para o lado e vi que era apenas Luke, um dos jogadores de basquete do time daqui. Ele estava segurando uma folha, provavelmente minha prova. 

- Sim, sou eu. - digo seca. Nunca gostei muito de atletas.

Luke apenas sorriu de leve e me entregou minha prova. Uma nota satisfatória, oito, considerando que não havia estudado para aquilo. Olhei a nota e fiz uma cara de "é, ta bom, mas poderia ter tirado bem mais". Quando fui olhar para ele novamente, avistei um outro garoto entrando pela porta. Este eu não conhecia, tinha cabelos pretos e uma pele um tanto bronzeada. Ele não parecia ser daqui. Vi que ele conversava com a professora, que havia acabado de entrar na sala. Tentei olhar mais, para ver se reconhecia quem era, porém não reconheci. Tinha absoluta certeza que ele não era daqui. Assim como eu.

O garoto deu um meio sorriso para a professora  e percorreu algumas cadeiras. Notei que ele estava vindo em minha direção. Não me atrevi a olhar novamente. Ele passou por mim, deixando um rastro de perfume no ar, e depois se sentou na última carteira, abriu um livro e começou a ler. Achei sua atitude um tanto curiosa. E eu ainda não havia visto seu rosto.

- Ele é surfista, e veio da Austrália. Não sabem como eu fiquei animada quando ele me contou que vinha pra cá. - escutei uma voz ardida. Rachel, quem mais?

- Senhorita Dare, está atrasada novamente. - a professora lhe disse.

Rachel fez uma cara de tanto faz e correu para abraçar o garoto novo. Ele pareceu ficar um tanto sem graça com o abraço, mas retribuiu assim que pôde. Eles pareciam ser amigos, ser bem amigos na verdade. Senti uma pontada estranha. Afinal, ela o conhecia, e eu não. E, por algum motivo eu queria conhecer aquele garoto.

De repente, sentei-me direito na carteira e sacudi a cabeça. Não podia me desfocar. Era meu último ano, e se eu quisesse realmente ser alguma coisa na vida, precisaria estudar. Meninos apenas atrapalham, esta é a verdade. Respirei fundo e esperei a aula começar. Senti um pequeno cutucão nas costas, e me virei para ver o que Nico queria. Nico era o mais próximo de amigo que eu tinha. Apenas conversávamos na sala. Nunca soube mais do que seu nome completo, e que ele vive perdendo seus materiais.

- Trouxe a minha caneta? - ele perguntou tirando os fones absurdamente altos do ouvido.

- Trouxe. Se eu não trazer você não faz lição. - digo lhe entregando a caneta, que ele usava quase todos os dias, desde que cheguei nesta escola.

Quando estava prestes a me virar novamente, senti outro cutucão. Tornei a me virar.

- De onde acha que ele é? - me perguntou apontando com a cabeça para trás. Com uma rápida olhada, notei que ele estava falando do outro garoto.

Este, estava de cabeça baixa. Parecia tão focado no livro que era possível que sua mente nem estivesse mais ali. É fácil viajar para longe quando se tem uma bela história. 

- Austrália, talvez? Escutei Rachel falando alguma coisa sobre Austrália agora de pouco. - eu disse, olhando para a  ruiva.

Rachel era o símbolo da popularidade nesta escola. Todos a conheciam e todos a amavam. Não havia uma pessoa sequer que não a conhecesse. Meninos, ela tinha de monte, mas escolhia a dedo o qual ela queria. Era o que a maioria das garotas querem ser. 

- Ela é australiana, certo? Vai ver conhece ele de lá. - Nico afirmou.

Apenas concordei com a cabeça. Ficamos sem assunto, e isso acontecia com frequência. Então me virei e me pus a copiar o que a professora havia passado. A aula passou rápido. Na verdade, todas as aulas passaram rápido. E, quando me dei conta, já estava na hora do intervalo. Me senti feliz por isto, porque em alguns dias o tempo custa a passar. Isso é o pior de tudo.

Desci para o refeitório e fui pegar meu lanche. Me sentei embaixo de uma árvore e fiquei comendo meu lanche. Ali, na minha, sem ninguém para atrapalhar. Eu gostava daquele lugar, me dava paz. Qualquer lugar que tivesse grama e uma sombra, era um bom lugar para mim. 

- Vem, Percy, vem sentar com a gente. 

Rachel? O que Rachel está fazendo na minha árvore? Me perguntei assim que escutei sua voz. E quem raios é Percy? Me virei rapidamente e vi Rachel parada no lado oposto ao meu naquela árvore. Fiquei um tanto confusa, até me levantar e ver quem estava ali. Era aquele garoto, aquele garoto novo. Fiquei um tanto feliz por pelo menos saber seu nome. 

Tentei me esconder e espiar para ver sobre o que falavam. Vi Percy sentado no chão, parecia estar comendo; e Rachel de pé, falando com ele.

- Mas vai ficar sozinho aí? Vamos lá com a gente, o pessoal todo ta lá. - Rachel insistia.

- Não Rachel, não precisa. Eu prefiro ficar aqui mesmo. - ele disse. E pela primeira vez em toda minha vida senti algo estranho ao escutar sua voz. Ele tinha um sotaque diferente, bem típico da Austrália. Mas eu gostei, gostei do som da sua voz. Era uma voz confortável.

- Tem certeza? - Rachel parecia estar desistindo.

Percy apenas acenou com a cabeça afirmativamente. Rachel então apenas lhe lançou um sorriso e saiu.

De repente, me veio aquele impulso. Devo falar com ele? Ele parece ser tão conhecido por todos, tão querido, será que daria importância para mim? Queria apenas puxar alguma assunto, saber quem ele era. Me senti diferente. Não me senti mais como eu mesma. Era estranho pensar que Annabeth um dia ficaria assim, escondida atrás de uma árvore pensando se deve ou não falar com um garoto. Mas eu estava, e estava com muita vergonha, não sabia ao certo o que fazer naquela situação; então fiz a coisa que mais se parece comigo: sai dali enquanto ainda não havia feito nada de ruim.

Sai apressada, e tentei não olhar para trás. Voltei para a sala e abri o livro de química, esta seria minha próxima aula. Eu amava química, realmente amava. Era uma de minhas matérias preferidas. Quando abri meu livro, um de meus desenhos caiu acidentalmente. Poucas pessoas sabem, mas desenhar é uma de minhas grandes paixões. Assim que vi minha folha no chão, corri para pegar, mas uma outra mão acabara indo mais rápido do que a minha. Gelei por pensar que alguém poderia ter visto meu desenho.

Ergui os olhos e dei de encontro com dois olhos lindos. Eles me olhavam de uma forma diferente dos demais. Tinham um brilho diferente. Eram completamente verdes e completamente lindos. Consegui me ver naqueles olhos. Nunca havia reparado isso com as outras pessoas. Mas com estes era diferente. 

Pisquei algumas vezes e retomei a consciência. Quando me dei conta, era ele. Era ele e seus belos olhos me olhando. Ele apenas sorriu e me entregou o desenho. Senti minhas bochechas queimarem por algum motivo que não consegui identificar.

- Prazer, meu nome é Percy Jackson.


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Notas finais do capítulo

Então gente, espero que gostem. Ando meio ocupado ultimamente, então não sei quando irei postar novamente. Mas não irá demorar muito. Beijo e NHAC :3