Intermissão escrita por Miss Stilinski


Capítulo 15
14.


Notas iniciais do capítulo

Um dia desses, eu vou acordar deste sonho ruim que eu estou sonhando
Um destes dias, eu rezo para que eu supere,supere,supere você
Um dia desses, eu vou perceber que eu estou tão cansada de sentir-se confusa
Mas por enquanto há uma razão para que você ainda esteja aqui no meu coração ...
(...)
Sem mais palavras na minha boca
Não tenho mais dúvidas
mas eu não acho que eu nunca vou me livrar
Do seu fantasma

Ghost of you - Selena Gomez



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—Ei, parece um tanto abatida — falou Embry, assim que abraçou Ane. — Está tudo bem? — Ela a afastou para poder olhá-la melhor.

— Sim, eu estou bem, Embry — respondeu Ane.

E era verdade. Bem, quase verdade. Ela ainda podia sentir o peso das palavras de Will em seu coração, porém, a presença de Embry melhorava um pouco as coisas. Ele conseguia iluminar seu dia, mesmo que fosse só um pouco.

— Tem certeza?

— Absoluta. — Assentiu Ane. — Eu estou com você.

O rosto de Embry abriu-se em um sorriso perfeito, fazendo com que Ane se sentisse mal por ter dito algo que era meia verdade. Ela não se arrependia de amar Will, mas desejava amar Embry do que jeito que ele merecia. E não para tampar um buraco que alguém deixara aberto.

Eles entraram na casa de Nessie e sentiram um cheiro maravilhoso vindo da cozinha. Embry e Ane seguiram o cheiro da comida, encontrando Nessie e Jacob lá. Nessie abriu um sorriso amigo e confidente à Ane, que devolveu com o mesmo entusiasmo. Com Embry ao seu lado, melhorava um pouco as suas angústias.

Ane e Embry sentaram-se à mesa, enquanto Nessie preparava o almoço com Jacob em seu encalço. A presença de Jacob, observou Ane, fazia Nessie completa. Era só olhar o jeito que seus olhos se iluminavam ao ver Jacob; era um sentimento tão forte e puro. E Ane sentia-se culpada por este sentimento não existir entre ela e Embry. Ela já cogitou a hipótese de terminar com Embry, mas nunca conseguiu. Ane precisava dele, apesar de tudo.

Nessie sorriu ao anunciar que o almoço estava pronto. A cozinha era o maior cômodo da casa. Com uma mesa grande com seis cadeiras, parecia que as paredes haviam sido pintadas por Renesmee, era branca com desenhos coloridos de flores e frutas. Uma geladeira imensa cinza — provavelmente repleta de comida —, um fogão e alguns armários mobiliavam a cozinha.

Jacob e Embry pulavam de tanta animação, fazendo as garotas rirem.

— Parece que nunca viram comida na vida — disse Ane ainda rindo levantando-se da cadeira e indo ajudar Nessie por a mesa.

— É por que você nunca comeu a comida da Nessie — respondeu Jacob, de olho na macarronada da namorada. — Parece que come o manjar dos deuses.

— Quanta modéstia, Jacob! — Nessie riu, colocando pratos na mesa. — Nem é tão bom assim, mas a minha mãe me ensinou algumas coisas úteis. Ela sabia cozinha muito bem quando era humana.

— E ficou melhor ainda quando virou vampira — completou Embry e Jacob concordou com a cabeça com veemência, fazendo Nessie e Ane rirem.

— Tá, vão comer ou não? — indagou Nessie colocando os talheres na mesa enquanto Ane colocava os copos.

— Isso é com a gente! — exclamaram Jacob e Embry em uníssono. Nesssie riu e se virou para Ane, que observava os dois atacarem a travessa repleta de macarronada, com um sorriso no rosto.

— Esse são para os dois comilões aí. O nosso está separado — avisou e Ane acompanhou Nessie para pegar a porção separada.

(…)

Ele estava na mais alta árvore que havia ali, apenas observando a casa dela. Will não conseguia entender a força que Ane exercia sobre ele. E não conseguia entender, também, como ou por quê que Ane estava com aquele... fedorento. Ele era lindo, cheirosos, forte... por quê ela não conseguia largar aquele transmorfo?

Will tinha apenas dois anos naquela vida de vampiro e era muito poderoso. Os Volturi o criaram para ser de sua guarda real; seus poderes começaram a aparecer desde qie Will abrira os olhos para aquela nova vida, assustado. Os Volturi viram que Will tinha potencial quando o garoto, digamos, persuadiu Aro a fazer o que ele queria. E o que era preciso muita força de vontade — ou ele libertar — para sair do transe que Will proporcionava. Desde então, quando havia algum julgamento de algum vampiro idiota ou algum humano via algo que descobrisse a existência dos vampiros, Will era chamado e persuadia quem quer que fosse a falar a verdade perante aos Volturi. Ele próprio já havia matado para seus mestres e sugado o sangue de humano para saciar sua sede. Literalmente um monstro.

Ouviu-a falar com os pais e subir as escadas. Trocou de árvore para vê-la melhor, a escuridão da noite o camuflava e impedia que ninguém o visse ali. E, se visse, seria por dois segundos antes de ele sair dali em dois átimos. Will a viu pegar uma toalha e ir para para o banho. E ela esperou pacientemente (até que porque ele podia ficar imóvel pelo resto de sua existência e não ficaria cansado).

Will estava em Forks para cumprir uma missão esquisita: alguém sabia sobre os vampiros e desconfiavam de Ane. Como dito acima, ele podia persuadir qualquer um a fazer o que ele quisesse. Contudo, ele tinha medo de usar seus poderes em Ane; de alguma forma, Will queria que ela o amasse pelo o que ele era.

Mas o que ele era, afinal? Ane disse que vira alguém morrer e que esse alguém era ele. Como ela o conhecia? Ele nunca esteve com ela! Porém, os olhos de Ane continham um brilho, um reconhecimento, toda vez que Will a olhava. Seus olhos verdes penetravam os vermelhos de Will, e uma força invisível o puxava para ela, o sangue dela era tão irresistível que os deixava maluco... Mas também tinha uma necessidade insana de protegê-la e aquele ciúmes.

Balançou a cabeça. Ele havia sido treinado a resistir ao sangue humano — a não ser quando precisasse caçar — para poder se infiltrar entre eles. Daqui a pouco eles ligariam para saber como andava as coisas e Will não poderia dizer que estava apaixonado e protegendo a garota, mesmo que ela não ficasse com ele. Mas que droga! Ele nunca amara alguém antes quando era humano. Como uma ruiva alta e magra e linda fazia-o sentir-se assim?

Ane voltou para o quarto enrolada na toalha e foi para o armário pegar uma muda de roupa. Ele a observou demorar-se a escolher o que iria vestir; parecia estar pensando em alguma coisa, em dívida se fazia ou não o que queria. Pro fim, soltou um suspiro — que Will pôde ouvir — pegou uma calça jeans, uma blusa de mangas compridas verde água, um casaco também jeans e botas baixas de cano longo.

Will a viu trocar de roupa, apreciando seu corpo tão branco quanto o dele, contrastando com seus cabelos flamejantes e as curvas que ela tinha. Ele imaginava seus dedos tocando a pele exposta de Ane, causando-lhe sensações que apenas ele poderia proporcionar. E o principal, Ane suspirando o seu nome. Balançou a cabeça, ouvindo Ane dizer:

— Mãe, vou... vou ver a Nessie, está bem?

— Claro, filha. Só não volte muito tarde — respondeu a mãe da cozinha.

— Pode deixar — disse Ane e bateu a porta da frente. Will, em dois segundos, já estava embrenhado entre as folhas, a observando entrar em um carro e dar partida.

Não seria difícil segui-la. Seria difícil enxergá-la estando dentro da floresta. Porém, ainda podia sentir o cheiro forte de Ane. O cheiro inebriante e maravilhoso que lhe ardia as narinas, sem se importar em senti-lo.

As árvores eram apenas um borrão e Will podia sentir um ouro cheiro. Um cheiro que não era tão atraente como o de Ane, mas, sim, repugnante, que quase apagava o cheiro de Ane, porém não o bastante. Se pudesse chutar, diria que o fedor era de um cachorro e, imediatamente, Will se lembrou do que seu mestre dissera: “Eles têm um vínculo com lobisomens. Lobisomens que podem se transformar a qualquer hora.” Deviam ser eles. Ou ele, pelo cheiro que aumentava e ficava insuportável a medida que se aproximava.

Então, Will o viu. Tão de repente, que quase derrapou na grama molhada, castanho avermelho e do tamanho de um cavalo. À primeira vista, ambos se retesaram e ficaram em posição de ataque. O fedor dos dois afetavam cada um com sua intensidade. E Will viu que o lobo não o deixaria passar.

Mas o lobo fez uma coisa que o vampiro não esperava: o olhou tão profundamente, que Will pensou que este o conhecia. Como, às vezes, Ane fazia. As orelhas do animal gigante voltaram ao normal assim como sua posição. Will franziu a testa quando o lobo afastou-se para o lado e se sentou, dando passagem para que Will passasse. Não era normal que eles fizessem isso, ainda mais com vampiros da guarda dos Volturi, mas Will confiou no bicho e passou. Antes de seguir atrás de sua obsessão, olhou para o lobo, que o olhava partir, com a expressão triste.

Não queria demonstrar, mas sentiu algo em seu coração parado ao olhar para aquele lobo. Ao olhar para o animal, sentiu gratidão e tristeza, como se também o conhecesse. Balançou a cabeça, concentrando-se em seguir o cheiro de Ane; mais tarde, quem sabe, voltaria a pensar na atitude estranha do lobo. Por enquanto, focaria toda sua mente em Ane.

O cheiro maravilhoso de Ane suprimiu o horroroso do lobo e ele a seguiu, encontrando-a ainda na estrada. Alguma coisa dizia que Ane não estava ainda na estrada. Alguma coisa dizia que Ane não estava indo ver a Cullen. Já haviam passado de La Push, onde os lobos ficavam. Depois de mais alguns minutos a segundo, Ane parou o carro em frente a uma espécie de restaurante. Ela saiu do carro e ele tomou coragem, se aproximando mais do local. Agora qualquer um podia vê-lo.

Will olhou para o restaurante, que abrigava algumas pessoas e viu Ane sentar-se ao balcão, parecendo pensar em alguma coisa. Por que aquele local lhe era familiar? Uma bela mulher de cabelos castanhos atendeu Ane, que parecia estar surpresa por ser atendida por aquela mulher. Ele tinha que escutar o que as duas falavam. Chegou mais parto.

— Eu não imaginava que a senhora ainda estivesse aqui — disse Ane com um copo de sorvete nas mãos. A mulher deu um sorriso triste.

— Eu não podia abandonar o restaurante. — Respondeu a mulher. — Isso aqui era especial para ele também e imagino que não iria gostar que eu fechasse.

— Claro que não — havia amargura na voz de Ane. Uma pausa para que a garota engolisse a colherada de sorvete e depois retomou a conversa. — Sente falta dele? — perguntou num sussurro.

Mas que raios “ele” era?, pensou Will, cada vez mais próximo da entrada do restaurante.

— Todos os dias — a mulher atendeu um cliente e depois olhou novamente para Ane, com os olhos cansados e marejados. — Mas você disse que ele está bem, não é? Então eu tenho que ficar feliz.

Ane suspirou, colocando mais um pouco de sorvete na boca.

— Sim, ele está bem — comentou Ane, distante.

—Você sente falta dele também, não é?

— A senhora não sabe o quanto — respondeu a garota, mexendo no sorvete com a colher. — Mas eu preciso seguir em frente, certo? — Ela parecia estar perguntando mais para si mesma do que para a mulher.

— Ainda o ama — não foi uma pergunta, mas, mesmo assim, Ane assentiu. — Tem o visto?

— Não — negou Ane com a cabeça. — Não, não tenho visto Will. Mas, eu ainda vejo o fantasma dele.

Nessa hora, Will ficou tão surpreso, que recuou um passo. Se tivesse um coração, ele estaria quase pulando para fora de sua boca. Não podia ser ele, certo? Não era sobre ele a quem Ane se referia. Ele nunca as tinha visto em todos esses anos. O que ela quis dizer que ainda via o fantasma dele? Seria essa a resposta de todos os enigmas que Ane dizia para ele? Fazia sentido...

Ele suspirou e balançou a cabeça. Ele estava ali para descobrir que humano sabia deles. E Will tinha uma séria impressão de que era Ane. Então por que não conseguia usar seus poderes? Ela era uma humana mundana, que não fazia diferença nesse mundo, certo? Pessoas morriam o tempo todos, não é?

Mas era claro que não. E Will sabia bem disso. Vendo Ane ali, com sangue circulando em seu corpo, fazendo-a corar e respirar, viva, ele se arrependia de ter feito tais atrocidades enquanto estava em Volterra.

Ane lançou um sorriso à mulher e saiu da cadeira, dando-lhe o dinheiro pelo sorvete comido. Desejou boa noite e saiu dali, indo para o carro. Will escondeu-se e só apareceu quando Ane já havia sumido de sua vista.

Cauteloso, Will aproximou-se da imensa janela que dava para ver a parte interna do restaurante e observou a mulher linda que arrumava alguns guardanapos num pote. Não sabia dizer por quanto tempo ficara ali a olhando, mas que, antes de a mulher fechar o caixa e o último cliente sair, ela olhou para onde ele se encontrava. Arregalou os olhos e Will fez o mesmo, assustado. Desapareceu dali rapidamente, porém, antes de sumir na escuridão da floresta, ele a ouvir dizer:

— Will?

E ouvia a voz dela, chamando o seu nome com surpresa e saudade, doía. E ele nem ao menos sabia quem ela era.


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Notas finais do capítulo

Sei que eu não ponho músicas em minhas histórias, mas, no dia que eu escrevi esse capítulo, eu estava escutando essa música. Em algumas partes, ela combina com eles, em outras, não.

Bem, espero que gostem e...
Comentem!



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