A Volta da Garota Sobrenatural escrita por Hunter Pri Rosen


Capítulo 3
Capítulo 3 - Assombrada


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo feito com muito carinho para todos vcs!!!

Simbora e have fun!



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Mia começava a achar aquele silêncio constrangedor e desnecessário demais. Parecia que ela tinha dito algo muito absurdo, confessado um crime, sei lá. Foi Dean que cortou o silêncio dizendo:

– Oh, oh... Vai com calma, Mia. Como assim você quer ser caçadora? Ninguém quer essa vida. Essa merda toda simplesmente te escolhe.

– Exato. - concordou ela - Mas eu sou a tal garota sobrenatural, lembram? A garota que pode ver Cães do Inferno e tem pesadelos com gente morta. Essa vida me escolheu. Além disso, quando eu segui vocês há dois meses eu sabia dos riscos. E por mais que as coisas tenham saído um pouco do controle, eu não me arrependo...

– Saído um pouco do controle? Você morreu! - reforçou Castiel deixando transparecer uma certa preocupação.

– Eu sei. - concordou ela - Mas foi graças a aquela escolha que hoje nós estamos mais próximos de mandar todos os demônios para o Inferno e fechar a fornalha para sempre. Se tem uma coisa pela qual vale a pena morrer é isso.

– Mia, eu não posso deixar você fazer isso de novo. - protestou Castiel - É muito perigoso. Nós daremos outro jeito. Nós vamos consertar tudo isso e então você vai poder recomeçar em outro lugar...

– Sem ofensa, mas eu acho que você foi ingênuo ao pensar que eu conseguiria voltar pra vida que eu tinha e seguir normalmente com ela quando me trouxe de volta. - interrompeu Mia - Eu não posso ser a pessoa que eu era antes. Eu não posso viver a vida que eu vivia antes. Acabou.

– Ok, eu entendo o que você quer dizer, Mia. - disse Sam - Mas isso não significa que você tem que se envolver mais e mais nisso tudo, nessa vida. Você não precisa abraçar o sobrenatural desse jeito...

– E qual a alternativa? - indagou Mia - Enganar o Crowley de novo? Procurar outra faculdade e recomeçar como se nada tivesse acontecido até o Inferno ou outra coisa pior me encontrar de novo? E ter que fugir de novo? E ter minha memória apagada de novo? Não. Eu passo.

– Mia, mas foi você que disse que sempre se tem outra escolha. - lembrou Dean.

– E há, Dean. Mas eu que já fiz a minha. - disse ela.

– Mia, você tem certeza disso? - perguntou Sam - Acredite em mim, essa vida pode acabar com você... E uma vez que você entra nela... Não tem como sair.

– Isso não deveria estar em discussão. - interrompeu Castiel indo em direção a Mia - Essa vida não é para você. Eu posso te proteger até tudo isso acabar e...

– Esse é o ponto. - cortou Mia - Isso não vai acabar. Quando não for Crowley, será outra coisa. Eu fui marcada... Vocês não entendem?

Castiel se aproximou mais dela e garantiu a olhando nos olhos:

– Eu posso te proteger. E desta vez, eu não vou falhar. Eu prometo.

– Desta vez? - estranhou Mia e deixou escapar - Eu nem consigo confiar em você...

– Mia... - repreendeu Sam.

Castiel a olhou com uma certa mágoa por ela ter dito aquilo. Mas ao mesmo entendia por que ela se sentia assim. Ele não estava sendo totalmente sincero com ela. Mia, por sua vez, não queria ter dito aquilo. Não queria ter sido ríspida com ele. Não queria magoá-lo. Mas por que se importava com isso? Era ele quem estava mentindo. Respirou fundo e resolver continuar:

– Meninos, vocês acham que eu não percebi? Os olhares? As indiretas? É óbvio que ele está escondendo alguma coisa. E vocês sabem o que é. Mas querem saber? Tudo bem. Mais cedo ou mais tarde, eu vou descobrir. Vocês sabem disso.

– Mia, tudo o que você precisa saber é que tudo o que eu fiz e estou fazendo é para proteger você. - tentou explicar Castiel. - Assim como eles.

– Eu sei disso. - assentiu ela - Mas esse é o ponto. Eu não quero que você ou eles me protejam. Eu não quero ser um fardo. Ser a coitadinha sobrenatural que precisa de ajuda pra continuar viva. Eu quero proteger a mim mesma. Eu quero ser capaz de me proteger sozinha. E pra isso eu preciso parar de fugir. Parar de fugir de que eu sou e do que eu fiz. Essa pode não ser a vida ideal, pode não ser a vida que vocês queriam ou a vida que eu quero. Mas é única vida que eu posso ter. E eu não posso mais fugir disso.

– Mia, se você fizer isso... Não tem volta. - lembrou Dean.

– Ótimo. Porque eu não tenho para onde voltar. - disse ela.

Depois de mais um silêncio constrangedor, Sam estendeu a mão entregando algo para Mia e disse:

– Então eu acho que você pode começar com isso.

Mia reconheceu o diário e disse:

– O diário de John Winchester.

– Tudo o que sabemos sobre o sobrenatural, começou com ele. - lembrou Dean - Por anos, ele foi a nossa base para tudo.

– Ok, eu prometo que vou cuidar dele com carinho. - garantiu Mia e começou a sair da sala - Eu vou começar a ler já...

– Mia. - chamou Castiel fazendo-a se virar.

– O quê? - indagou ela.

– Se... Por acaso... Se... Você mudar de ideia... Se você pensar melhor e mudar de ideia sobre tudo isso, eu só quero que você saiba que você pode confiar em mim. Eu estou aqui, se você precisar. - disse o anjo.

Mia pensou um pouco e então respondeu:

– Eu sei. E eu agradeço. - Mia tinha virado novamente, mas sentiu necessidade de dizer mais uma coisa e voltou - Ah... E desculpe por eu ter dito que eu não confio em você. Você salvou a minha vida. Eu não esqueci disso. Eu realmente espero que isso possa mudar um dia. Que eu possa voltar a confiar em você.

– Eu também. - confessou ele observando-a se afastar.

Quando só os três ficaram na sala, Sam observou:

– Ela disse "voltar a confiar"? Voltar?

Castiel entendeu o que Sam queria dizer. Aquilo o deixava confuso e com certo receio. Será que Mia estava se lembrando da parte que ele temia? Dean interrompeu seus pensamentos:

– Cas, tem certeza que quando você escaneou a cabeça dela, não deixou passar alguma coisa?

– Ela não deveria lembrar... – refletiu Castiel.

– Então só tem uma explicação. - começou Sam e Dean e Castiel voltaram-se para escutá-lo - Você pode ter apagado a memória dela, mas de alguma forma o coração não esqueceu.

Dean ficou uns instantes em silêncio e depois levantou dizendo:

– Sammy, antes que você diga que o coração tem razões que a própria razão desconhece, eu vou pegar uma cerveja. Quer uma?

– Claro! – aceitou ele.

Quando Dean saiu da sala, Sam perguntou para Castiel:

– Por que você está fazendo isso mesmo?

– É complicado. - tentou esquivar-se ele.

Mia parou de ouvir a conversa atrás da porta e se afastou. Andou em direção a outra sala e sentou-se numa poltrona perto da janela. Sam só podia estar brincando. Aquilo não fazia sentido. Ela tinha entendido direito ou eles estavam insinuando que ela e Castiel... Não. Ela devia ter entendido errado. Abriu o diário de John Winchester. Precisava se concentrar em outra coisa. Castiel era um anjo. Aquilo era inconcebível. Ela e Castiel? Talvez em outra vida... Demônio dos olhos amarelos, Wendigos, vampiros, fantasmas com assuntos inacabados que se tornam vingativos, demônios, metamorfos...

Mia não conseguia parar de ler aquilo. E de ficar impressionada com tudo aquilo. Agora entendia a forma como Sam e Dean tinham sido criados. A vida que tiveram. Entendia por que eles tentaram alertá- la sobre os riscos que aquilo implicava. Mas não podia voltar atrás. Se ela ia enfrentar o mal ela tinha que conhecer tudo sobre ele.

Perdeu a noção do tempo e só percebeu que estava com fome quando Dean apareceu trazendo uma bandeja com um hambúrguer e um suco. Comeu depressa e voltou a ler aquelas sombrias e reveladoras anotações. Criaturas que ela nem sabia que existiam estavam descritas ali com detalhes. E o mais importante: John indicava como matar cada uma delas. Com armas que ela nem sabia que existia. Entendeu os testes que os Winchesters fizeram com ela quando a descobriram naquele cemitério. Prata, água benta...

Olhou pela janela e viu que a noite se aproximava. Resolveu fazer uma pausa para tomar um banho e depois continuou lendo, mas dessa vez, na cama. Quando menos esperava estava na última página. A última anotação de John era sobre ele ter encontrado uma pista sobre o demônio dos olhos amarelos. Tinha que perguntar para os Winchesters o que aconteceu depois disso. Ficou uns instantes digerindo tudo o que havia lido e vivido até ali. Era só o começo. Precisava aprender mais sobre o sobrenatural. E precisava aprender a caçar essas coisas. A matar essas coisas. De manhã iria pedir para Sam e Dean a ensinarem a atirar... De manhã. Sem perceber, adormeceu com o diário aberto.

Um ruído a fez acordar. Ficou uns instantes parada esperando que o barulho surgisse novamente. Quando pensou que tinha sido coisa da sua cabeça, ouviu o que parecia ser um sussurro. Sentou na cama. Olhou o relógio ao lado da cama. Ele marcava 3 horas.

– Mia...

Aquilo não era imaginação. Alguém tinha chamado o seu nome.

– Sam? Dean? - perguntou ela esperando uma resposta que não veio. - Castiel? - tentou por fim, mas também não teve resposta.

– Mia... - sussurrou a voz novamente e desta vez parecia estar mais perto.

Um outro barulho chamou a sua atenção. Era a porta do quarto rangendo enquanto abria. Mia esperou que alguém aparecesse, mas tudo o que ouviu foi aquela voz chamando o seu nome novamente. Teve a impressão de reconhecer a voz. Sentou na cama e ao colocar os pés no chão o sentiu muito gelado. Só então percebeu que todo o quarto estava muito frio. Abriu a boca e viu o ar saindo de dentro dela em contato com o ar gelado.

– Mia... - repetiu a voz cada vez mais perto.

Ela olhou para o abajur no criado-mudo e teve a impressão de ver a luz piscar.

Isso não era nada bom. Lembrou das coisas que leu no diário de John. Das coisas sobre fantasmas e demônios e de como a temperatura caía quando algum deles estava por perto. E a lâmpada piscou novamente.

Levantou ao ver uma sombra passando entre a sua porta e o corredor. Andou devagar até a porta e terminou de abrí- la. Estava escuro do outro lado. O que estava acontecendo?

De repente, uma ideia passou por sua cabeça e resolveu arriscar:

– Meninos, se isso é algum tipo de teste pra me assustar...

– Mia... Me ajude... – sussurrou a voz.

– Vocês conseguiram. - admitiu ela saindo do quarto.

À medida que passava pelo corredor seu coração batia mais forte e sentia mais frio. Podia ser imaginação, mas Mia sentia que tinha alguém atrás dela. Parou de andar e respirou fundo antes de virar- se. Ficou aliviada por não ver ninguém ali, mas não pode conter o grito ao sentir um vento passar por ela.

– Droga... - disse enquanto voltava a andar pelo corredor.

Não queria acordar Sam e Dean, mas por outro lado queria muito que eles aparecessem e salvassem o dia. Ou Castiel... Essa seria um ótimo momento para ele aparecer.

De repente, um barulho estrondoso em um dos quartos a fez parar de pensar em Castiel. Por que estava pensando nele mesmo? Mia andou mais rápido e parou diante da porta. A janela batia impulsionada pelo vento que vinha do lado de fora. Mia tentou acender a luz, mas a lâmpada parecia estar queimada.

– Ótimo... – disse ela.

Por mais que estivesse com medo, Mia sabia que se queria ser uma caçadora de verdade, tinha que enfrentar os seus medos. Pensando nisso, entrou no quarto e quando chegou na janela a fechou depressa. Sentiu que tinha cumprido uma missão, vencido um desafio. E sentia- se patética por ter ficado tão assustada. Era só o vento.

Para sua surpresa a luz do quarto acendeu. E quando ela se virou ficou paralisada pelo susto.

– Mia... - disse a figura fantasmagórica.

Mia buscou aquela imagem na sua memória, mas mesmo assim não conseguia acreditar. Tinha alguma coisa de errada com ele. De sombria...

– Ric? - surpreendeu-se ela.

– É tudo sua culpa, Mia...

Ela estava em choque. Aquele era Ric, mas... Não era o Ric que ela tinha conhecido. Podia sentir o ódio no olhar dele.

– Não... Ric... Eu não tive culpa... - disse a garota.

Mia viu o fantasma do amigo se aproximar dela com uma velocidade que desconhecia. Olhou em seus olhos e não reconheceu a figura do amigo ali. Só via um vazio. E ódio.

– Me ajude, Mia...

– Como? - quis saber ela dando um passo para trás.

– É tudo sua culpa... Você me matou...

– Não... - discordou ela incomodada com aquilo.

Por mais que Mia quisesse argumentar, no fundo ela sabia que o fantasma de Ric estava certo. Deu mais um passo para trás. Ric tinha morrido por sua causa. Ele morreu tentando protegê-la. Crowley o matou para atingí-la. Seu coração batia cada vez mais forte à medida que o fantasma do seu antigo amigo se aproximava dela.

– Eu sinto muito... - sussurrou ela sentindo um nó crescente na garganta que a impedia de falar mais alto.

Ric deu mais um passo em sua direção e desapareceu no ar quando um estrondo ecoou pelo quarto. Ele tinha ido. Mia viu Sam na porta segurando uma arma e entendeu o que tinha acontecido. Balas de sal afastam os espíritos.

– Você está bem? - perguntou Sam preocupado dando um passo a frente.

Quando Mia ia responder, alguma coisa empurrou Sam contra a parede. Mia viu Dean entrar no quarto no mesmo instante, mas Ric estava muito perto dela. A encarou com um olhar repleto de ódio e disse antes de empurrá-la em direção a janela com uma força descomunal:

– Você é a próxima!

Mia ouviu o barulho de vidro estilhaçando em suas costas quando seu corpo atravessou a janela. Ainda teve tempo de ouvir Dean atirando no fantasma de Ric enquanto ela caía...


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Notas finais do capítulo

Vixe Maria! Corram para ler o próximo capítulo porque a Mia tá caindo da janela, gente!!!

Mas antes, deixe um comentário e faça uma hunter feliz!