Strawberry against Blood escrita por Miahh


Capítulo 23
Morangos com café


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, como prometido aqui está mais um capitulo *---* Espero que gostem. Obrigado pelos comentários fofos gente, sabe que eu amo vocês, não sabem?



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Na manhã do dia seguinte, eu tomei banho logo cedo no banheiro da cela mesmo e tirei a roupa laranja que eu era obrigado a usar.

Fui para o meu sótão, passei perfume e arrumei o cabelo. Eu precisava não aparentar o quão cansado eu estava por culpa da noite mal dormida.

Constatei que Teresa ainda não estava na CBI, então dei continuidade na minha “surpresa” para ela. Era mais como um presente.

–Rigsby? – Chamei o agente que estava terminando de fazer um café – Pode me fazer um favor?

–Hum, depende do favor. Não vou te ajudar a fugir.

–Não, não é isso – Respondi sentindo o cheirinho gostoso da bebida, que tomava conta do ar – Quero que compre algumas coisas para mim.

–Quais tipos de coisas?

–Comida.

Ele pensou um pouco antes de continuar.

–Posso até comprar, mas com que dinheiro se você não tem nada?

Eu sorri.

–É ai que o seu dinheiro entra.

–Nem pensar – Rigsby fez uma careta – Não posso gastar muito. Os custos da creche do Benjamim já são enormes, sabia? Além disso, têm as fraldas, roupinhas, brinquedos que a mãe dele cisma em comprar... É difícil isso.

–Eu sei disso, Rigsby, eu já fui pai – Afirmei, caminhando lentamente junto dele até sua mesa – Mas não é muito, e, além disso, eu te pago depois.

Ele continuou andando em silencio, pensativo. Então, depois de dois minutos, ele finalmente concordou:

–Tudo bem, eu compro o que você quiser. Desde que isso não passe de cem dólares.

–Não se preocupe, não irá... – Tirei de dentro do bolso uma listinha feita há alguns minutos atrás e entreguei a ele – Compre o que estiver escrito ai. Te pago depois.

–Ah, ok Jane.

***

Passos leves de salto alto eram ouvidos corredor adentro da CBI. Ainda era cedo – não passava das dez – e Teresa estava a caminho da sua sala. Eu a aguardava com uma “surpresinha” que acho que ela iria amar. Na verdade, eu tinha certeza.

Todas as persianas de sua sala estavam fechadas. Precisava de total discrição ali. Ela não poderia ver nada antes, senão não teria graça.

Uma mão delicada pousou na maçaneta da porta e lentamente a abriu. Ela colocou a cabeça para dentro, em um pequeno vão e somente entrou na sala após me ver sentada no sofá. Pelo tamanho do vão, ela não viu a surpresa.

–Vi as persianas fechadas e tomei um su...

Teresa corou instantaneamente. Seus olhos uma hora intercalavam em mim, outra na mesa de vidro, cujo qual eu arrumei colocando tudo que ela mais amava: Bolinhos recheados, café quente, morangos com chocolate, croissants e para completar, um lindo ursinho de pelúcia bege com um grande laço verde, preso no pescoço. Verde como os olhos dela.

Teresa estava boquiaberta. Um lindo sorriso brotou em seu rosto.

–Isso é pra mim?

–Se você for a princesinha raivosa, sim.

Ela trancou a porta e caminhou até a mesa.

–Como você fez isso?

–Mágica – Brinquei. Os olhos dela estavam brilhando – Não vai se sentar e comer? Olhe – Levantei e peguei o potinho com os morangos lavados e cobertos de chocolate – Trouxe um pouco de morango para você. Sei que ama.

Ela se sentou na cadeira, colocando um dos morangos na boca.

–Está delicioso – Constatou, pegando outro morango – Tudo isso é pra mim? Quer dizer... Eu ganhei tudo isso só por estar grávida de um filho teu?

–Sim, como mãe do meu filho, você merece ser alimentada o tempo todo com o melhor.

Ela bebeu um pouco de café.

–Desse jeito eu tenho inveja de Lorelei.

–Meh, não fiz metade do que fiz agora pra você, para ela. Você sabe que você é especial...

–Você é um amor, Patrick. Não tenho palavras para agradecer.

–Não precisa de palavras... Um beijo está bom.

Ela sorriu, me puxando pela mão para perto. Beijei seus lábios que tinham gosto de café com morangos, seus vícios. E mesmo eu não gostando muito das duas coisas, eu até poderia me acostumar, afinal esse seria o gosto que eu experimentaria todas as manhãs, para o resto da minha vida. Não era tão mal assim.

–Vai sair para algum lugar hoje? – Teresa perguntou – Vai ver a Lorelei?

–É, daqui a pouco. Eu preciso bolar um plano de fazê-la contar algo sobre o Red John. Tenho quatro dias até ir preso...

–Relaxa, sei que vai conseguir – Respondeu confiante. Mais do que eu – Você sempre consegue.

–Tomara que sim, pequena Lisbon. Eu realmente espero que sim...

Peguei outro morango e coloquei na boca dela, esfregando o chocolate em seus lábios antes dela morder a fruta. Ela mordia de um jeito tão sensual, com um olhar sexy estampado em seus olhos. A coisa ficava cada vez mais quente, cada vez que ela encostava os lábios no meu dedo melado e sorria.

Meu Deus, depois dessa eu tive certeza que nós não iríamos parar no primeiro filho.

–Você só faz isso para me provocar? Ou você sempre come os morangos assim?

Ela riu baixinho.

–Sempre como assim. Por que senhor Jane? – Perguntou em um tom de superioridade, mas ao mesmo tempo malicioso, arqueando as sobrancelhas e endireitando o corpo. Notei que por debaixo do seu sobretudo marrom, havia apenas uma blusa preta com um grande decote – Isso lhe incomoda?

–Não, nem um pouco.

Ela me deu um tapinha de leve no peito.

–Vou fingir que não vi você olhando descaradamente para o meu decote.

–Eu posso.

–Pode por quê?

–Porque somos namorados – Foi uma afirmação que ao mesmo tempo era uma interrogação. Nós somos namorados?

Ela assentiu de leve com a cabeça.

–Acho que somos mais amantes do que namorados... Quer dizer, você tecnicamente está com a Lorelei...

–Você sabe que eu não estou com ela, não sabe?

–Tecnicamente você está... – Ela ficou séria e ao mesmo tempo, senti o ciúmes pairando no ar – Você... Você vai vê-la no hospital hoje né?

–Vou, por quê?

– Porque eu tenho certeza que ela irá se aproveitar de você.

–Mas amor – Acariciei seu rosto com a ponta dos dedos – Eu não disse que iria me pegar com ela.

–Mas ela quer isso.

Me senti incomodado com a afirmação. Era verdade o fato que Lorelei tentaria algo, mas ao mesmo tempo ela está debilitada demais. Talvez eu não devesse ver Lorelei.

–Somos namorados então? – Perguntei, mudando sutilmente de assunto – É... Quer dizer, eu iria te pedir, mas de uma forma mais “formal”.

–Guarde as formalidades para o pedido de casamento – Ela sorriu. Eu sorri junto. Senti a desconfiança no olhar da agente. Ela estava incomodada como eu. O assunto Lorelei sempre me traz problemas com a morena.

–Olhe... Eu tenho que pegar o Red John e se Lorelei disser que preciso beija-la para isso, eu não terei escolha...

–Não é beijar que ela quer.

–Lisbon, por favor, ela está em um hospital.

–Dá pra fazer coisas incríveis em um hospital – Ela argumentou com um pingo de maldade no olhar.

–Como sabe disso?

–Você não sabe muitas coisas sobre mim, Patrick, muitas coisas...

É difícil de imaginar minha pequena Lisbon no hospital, fazendo coisas inapropriadas com alguém. Mas não impossível.

–Prometo que não farei nada com Lorelei no hospital, minha pequena – Beijei sua testa, sentindo o cheiro que sua franjinha exalava.

–Eu realmente espero que não.

***

–Lorelei, a senhora tem visita... – A enfermeira anunciou animadamente. Pelo que ela tinha me dito, Lorelei andava muito triste nos últimos dias e qualquer visita, até mesmo de alguém da policia, a animava.

–Patrick – Seus olhos brilharam de contentamento – Achei que não vinha mais.

–Foi difícil convencer o Bertram.

–Aquele cara é um chato mesmo.

Sentei em sua cama e a enfermeira fechou a porta.

–Como você está hoje?

–Eu estou bem, amor – Ela respondeu. Seus olhos estavam um pouco inchados além da pele extremamente pálida – Adivinha quem veio me ver?

–Não faço ideia.

Red John? Não seria uma surpresa.

–Minha mãe.

Wow, isso sim era uma surpresa.

–O que ela queria?

–Ela veio ver se eu estava bem, quis conversar comigo... Contou que a policia estava atrás de mim fazia um bom tempo... Perguntou quem era esse tal de “Red John” – Ela imitou a voz fina de sua mãe quando disse o nome fictício do serial killer.

–E você disse o que?

–Falei que não era da conta dela. Ela sumiu por anos e agora quer dar uma de mamãe feliz, que mora na casinha feliz com a família fez? Não, não, obrigada. Já passei por essa fase de querer que as coisas fossem perfeitas.

–Talvez ela esteja arrependida.

–Duvido muito, eu acho que o meu padrasto deve ter largado dela ou morrido mesmo, sei lá. Aquele cara era um velho nojento – Desabafou, esfregando as mãos uma na outra de forma continua – Deve estar querendo dinheiro. Só isso que ela pensa, dinheiro dinheiro e mais dinheiro.

Lorelei estava realmente magoada. Isso mostrava que até o ser mais sem emoção como ela ou Red John, também tinham os seus pontos fracos. Eu era prova disso.

Deitei ao lado dela e abraçados assistimos a tv. Estava passando um programa sobre viagens pela costa da Califórnia.

–Sinto falta de ir em praias como essa... São todas tão belas -Ela murmurou.

–Quais praias você gosta de ir?

–Aquelas mais isoladas onde tem bichinhos como siris ou conchas por toda parte –Ela parou um pouco, provavelmente se lembrando da ultima vez que foi em uma.

–Qual praia foi a sua favorita?

–Praia de Point Dume, fica perto de varias colinas e há muitas pedras e algas lá, mas é tão isolado e as águas são tão calminhas e mornas... – Ela fechou os olhos e suspirou – Tão perfeito passar o tempo nesse lugar...

Point Dume não era qualquer praia, não para mim. Fica em Malibu, perto da minha antiga residência.

É uma praia romântica, ou seja, a quantidade de casais sozinhos lá é bem maior que a quantidade de gente que leva suas crianças junto. Se Lorelei foi para lá, com certeza não foi com sua mãe e muito menos com sua irmã.

Eu costumava ir com Angela para lá. Nós passamos o dia todo deitado na areia fofa ou fazíamos churrasco com os amigos do tempo do circo. Quando Charlotte nasceu, demos preferências para as praias onde geralmente os pais levavam seus filhos como Marine Beach ou Manhattan Beach, ambas mais afastadas de Malibu.

Apenas uma vez eu levei Charlotte para Point Dume, e foi exatamente duas semanas antes de Red John a matar. Comecei a imaginar se ele não estava nos vigiando naquele dia em familia. Se ele não estava me vigiando há anos, esperando o momento certo onde eu, movido pelo orgulho e luxuria, iria ir a tv e falaria mal dele em cadeia nacional.

A cada minuto, as coisas faziam menos sentido para mim, e me assustavam cada vez mais.

– Parece ser um lugar bacana – Fingir algo que te machuca por dentro, não é muito fácil. Foi inevitável lembrar de Charlotte brincando na areia, empilhando conchas e mais conchas em suas mãozinhas ou correndo junto de mim atrás de siris que entravam e saiam dos buraquinhos na areia.

–É sim...

–Lorelei Martins – A voz da enfermeira ecoou pelo quarto – Hora do almoço.

Ela sentou e esperou pela comida que estava sobre uma bandeja. Era sopa com alguma coisa junto, o que poderia ser carne ou frango.

–O senhor terá que sair, senhor Jane.

–Tudo bem – Dei um beijo na testa de Lorelei e voltei para a agencia. O caminho todo eu só conseguia pensar em Charlotte e na felicidade que irradiava sempre que saiamos juntos. Seus castelinhos de areia, cheios de conchas em volta. Sua toalha rosa envolta de seu corpo, após sair da água fria. Os brinquedos espalhados pela areia fofa.

Tudo isso acabou.

Graças ao desgraçado do Ray.

Ele esteve sempre tão perto de mim, mas agora, eu tenho uma vantagem sobre ele.

***

–Patrick? Já se apossou do meu sofá? – Ela brincou com um grande café em mãos, olhando diretamente para mim que estava pensativo há horas, desde que voltei do hospital.

–Ele é muito confortável.

–É, eu sei... – Ela fechou a porta e deixou o café sobre a mesa – Sabe quem eu encontrei no elevador?

–Não.

–O Ray. Ele me chamou para sair amanhã ás nove.

–O que? E você aceitou?

Ela deu de ombros, indiferente.

–Não disse que sim, nem que não.

–Você não pode ir.

–Por que não? Claro, tirando o fato de que eu sou agora a sua namorada-amante oficial?

Era hora de falar a verdade para Lisbon. Ela estava correndo muito risco e eu sabia que Ray iria querer algo com ela. Mais do que uma noite de amor. Ele iria querer vingança.

–Ray não é o cara que você pensa.

–Ele é o que então? – Confusa, ela sentou bem perto de mim, segurando na minha mão.

–Tem certeza que você quer que eu diga?

–Claro que sim, sabe que eu odeio ficar curiosa.

–Bom, mas você terá que me prometer que não falará nada para ninguém. Nem para o time.

Ela suspirou fundo.

–Prometo, prometo.

–Bom... Tenho suspeitas de que Ray pode ser o Red John...

–Red John? Ray? Oi?

–É, atrás daquela carinha de cachorro sem dono, tem um psicopata enrustido.

–Não pode ser... Ele... Não... Meu Deus... – Eram as palavras que saiam de sua boca surpresa. Ela fez uma careta engraçada após se lembrar da noite em que ambos ficaram juntos a sós, brincando de “mestre”. Eu não me esqueci disso.

–Você quase transou com um serial killer... Como se sente?

Mesmo eu agindo com infantilidade, no fundo eu estava preocupado. Tentava agir como se tudo estivesse bem, ao meu alcance quando na verdade, apenas uma boa vontade dele e Teresa morreria.

–Ai meu Deus... Como você soube que Ray é o Red John?- Perguntou ignorando a minha pergunta - Lorelei te disse isso agora?

–Não, eu descobri... Vamos dizer que Lorelei contou, mas não explicitamente.

–Como? Como isso? – Perguntou com urgência na voz.

–Eu disse que você estava saindo com o Ray e ela pir...

–Você fica contando coisas minhas para aquela vadia? – Ela me cortou – Não é a toa que ela me chama de vaca. Você deve ficar contando pra ela sobre todo mundo que eu saio – Ela cobriu o rosto com as mãos – Que vergonha... Olha a vergonha que você me faz passar.

–Calma, eu só contei isso. E foi bom, acredite, assim eu tive certeza que Ray é o Red John.

–Você contou para ela da nossa noite de amor também? Ou da nossa manhã de amor na minha casa? Que mais você disse?

Senti que Teresa estava pronta para pegar o martelo que estava em sua gaveta e me golpear até eu morrer.

–Nada, nada, juro, prometo, só isso.

–Jura pela sua filha?

Respirei fundo.

–Eu juro pela Charlotte, ok? Eu não disse mais nada para ela.

Ela se acalmou depois de alguns minutos. Demorou um pouco para ela assimilar toda a novidade.

–O que nós vamos fazer agora? Como vamos prender o Red John?

Eu pigarreei.

–Eu vou mata-lo, da mesma forma que ele matou minha esposa e filha. Você sabe disso.

–Não, não pode fazer isso, você vai preso.

Eu poderia ir preso, mas pelo menos eu me sentiria em paz depois de tantos anos de tormenta.

–É o certo a se fazer...

–Não é não, a justiça cuida dele, não você.

–Ele vai fugir se for preso, ele tem contatos no FBI.

–Não vai fugir, a policia saberá como lidar com ele.

Se eu não soube lidar com ele por mais de doze anos, como que a policia inexperiente poderá?

–Teresa, eu vou dar um jeito tá legal? Eu vou provar que Ray é o Red John e depois disso eu vejo o que faço.

O que significa que eu já fiz a minha decisão: Matar o filho da mãe.

–Eu espero que você se lembre de que, se mata-lo, você irá preso e não poderá ver nosso bebê nascer... Não poderá cuidar dele... E eu não vou deixa-lo te visitar até fazer dezoito anos.

–Ei, isso é maldade comigo.

–Não é maldade, é a sua opção, Jane. Você sabe muito bem disso. Cada escolha tem seu preço e esse será o seu se não fizer o que eu estou mandando.

Manipulação usando um bebê que ainda não nasceu, é tão Lorelei. Eu queria dizer isso mas ela me mataria sem dó.

–Vou pensar no caso.

–Bom que pense mesmo. Eu estou falando sério.

Eu também estou. Red John é meu.


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Notas finais do capítulo

Sim sim, Jisbon u.u Eu espero que vocês tenham entendido o lance das praias... Vamos dizer que é uma surpresinha pro final. Ah, essas praias existem mesmo, eu achei um guia com todas as praias da california, nossa, são bonitas demais *--* Bom, espero que tenham gostado e deixem suas opiniões sobre o que vocês acham que vai acontecer e o que deveria acontecer. Sabe que eu adoro ler o que vocês dizem :)
Beijinhos meus lindos.