A Filha Do Sol escrita por Let B Aguiar, Taty B


Capítulo 4
Nosso chalé dá um show


Notas iniciais do capítulo

Ei, chefes! Prontas para um novo capítulo fresquinho? Esse é pequenininho comparado aos outros rs. Antes, é claro, precisamos agradecer as pessoas que deixaram comentários lindíssimos para nós! O incentivo de vocês é muito importante para gente, então, muito obrigada ♥ Agora, vamos ao que interessa haha x



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O refeitório parecia uma praça de alimentação de um shopping: grande e barulhento. Mais de 10 mesas se dispunham a frente de uma mesa principal, onde vi Quíron, o Sr. D e outras pessoas que não conhecia, porém todos adultos, se sentando. Meus irmãos fizeram sinal para eu me sentar em uma das mesas que ficavam mais no meio do enorme salão. Eu me sentei ao lado de Will, e assim que fiz isso, todos eles começaram a despejar perguntas em cima de mim, do tipo: de onde você veio? Como papai te contou que era uma semideusa? Quantos anos você tem? O que você gosta de fazer? Você tem medo de se machucar? e etc. Só que depois de responder tantas perguntas, era a minha vez de perguntar. Afinal de contas, não sabia se eles tinham reparado, mas desde que nos sentamos, as pessoas nas outras mesas não paravam de fofocar e olhar para mim.
– Caras, tem alguma coisa de errado comigo? Por que as pessoas estão tão surpresas com a minha chegada? Percy me disse que isso acontece aqui todos os dias. – falei séria, atraindo mais ainda a atenção deles.
– Bem... A verdade é que não é todo dia que um deus como nosso pai quebra o juramento que ele e outros deuses fizeram. – Matthew falou, num tom entediado e irônico.
– Como assim? – sinceramente, não entendi muita coisa.
– Pattie, depois da última guerra, há três anos, os deuses juraram pelo Rio Estige que iriam proclamar todos os seus filhos até que eles completassem 13 anos de idade. Você tem 15. – Will me olhava compenetrado, com seus olhos da mesma cor dos meus. Will era muito bonito também. Seu sorriso era bondoso e ele demonstrava ser o mais responsável dos garotos.
– E? – estava até me sentindo um pouco burra, pois não compreendia quase nada do que eles falavam.
– Ela não está familiarizada com a coisa! – Johnny se manifestou. Era o mais bonito entre nós. Seus cabelos loiros, os olhos azuis, o sorriso sacana e desleixado deviam fazer as garotas caírem aos seus pés. Também era bem alto e magro e tinha algumas tatuagens no braço. – Pattie, assim, quando os deuses juram alguma coisa, é sério mesmo, eles precisam cumprir. Por isso juram pelo Rio Estige, que é um rio sagrado que fica no Mundo Inferior. E segundo o juramento, nosso pai e os outros deuses deveriam ter proclamado todos os filhos não proclamados quando eles chegassem aos treze anos de idade. Isso era para estar acontecendo há dois anos, e não agora. Você deveria estar aqui no Acampamento há tempos.
Alguma coisa vai acontecer com ele por causa disso? – um peso enorme se depositou em meu peito. Eu sabia que meu pai era um deus; dificilmente ele seria machucado ou castigado brutalmente, porém, não me sentia bem ao pensar que algo poderia acontecer com ele por minha culpa.
– Não sabemos, Pattie. Talvez ele fique um bom tempo sem aparecer por causa disso... Até Zeus decidir o que fazer. – Will percebeu que fiquei desconfortável – Mas ei, isso não é culpa sua! Foi decisão dele querer te proteger.
– O que vocês acham de comer? Esse assunto tá pesado, cara. – Adam disse, e no instante seguinte, nossa mesa se encheu de comida vinda do além. Meu estômago não sabia o que desejava mais. Se a pizza, os lanches de hambúrguer, o churrasco ou a macarronada. Me servi de um belo prato e vi meus irmãos se levantando com seus, indo em direção a uma grande fogueira no canto do salão. Os acompanhei, perdida, sem saber o que fazer. Murmurei no ouvido de Leroy:
– O que vocês vão fazer?
– Dar uma parte da nossa comida aos deuses. Fazemos isso antes de toda refeição. É como uma oferenda. – Leroy era o mais sério dos meus irmãos. Poderia ser considerado o nerd do chalé, pois era muito estudioso e seu sonho era ser neurologista. E é claro, também tinha uma beleza excepcional, assim como os outros.
– Ah. – murmurei de volta em entendimento. Desculpe, mas em L.A não fazemos isso. Quando joguei uma parte do meu macarrão nas chamas, ele se dissipou em fumaça dourada. Achei muito interessante. Voltamos para nossa mesa, eu sendo a única entre um bando de meninos. E por incrível que pareça, não estava achando isso estranho. Todos estavam me tratando muito bem, e me respeitando. Não teria problemas com eles. Pelo menos por enquanto.
Levantei meus olhos do prato para beber um pouco de suco, e reparei que alguém acenava para mim. Era Leo Valdez, o Sr. Trator Desgovernado, que trombara em mim mais cedo. Acenei de volta, sorrindo discretamente. Me segurei para não rir quando reparei que ele parecia um ratinho entre seus meio-irmãos. Era completamente mirrado perto deles. Porém, tinha cara de ser o mais bem humorado.
Enquanto comia, não conseguia parar de ouvir murmúrios atrás de mim. E eu conheço perfeitamente esse tipo de murmúrio. Algumas garotas da mesa de trás deveriam estar falando até do formato dos poros da minha pele. Eu já sou vacinada contra essas coisas, mas pise no meu calo para ver. A coisa fede. O sangue carioca ferve nas minhas veias.
Depois do jantar, todos os campistas rumaram para a arena de vôlei, onde aconteceria um torneio. Eu amava vôlei, mas ainda não me sentia parte dos campistas para participar disso. Nem vestia a mesma camiseta que eles. Preferi ficar vendo as pessoas jogarem. Kye assistiu o jogo comigo e me contou várias coisas sobre o acampamento, os deuses, e os espíritos da natureza. A estadia no acampamento se tornava cada vez mais interessante. Ele também me explicou o que é ser um sátiro, o que o torna mais ou menos um menino bode. Kye tinha pernas e traseiro de bode, ou seja, ele não mostrava suas pernas na escola porque não seriam exatamente pernas, e sim pernas peludas com cascos.
Meu chalé (se é que já podia o chamar assim) quase perdeu do chalé de Ares, mas sem dúvidas ganhou do chalé de Deméter. Fiquei animada para participar dessa e de mais atividades. No final das contas, não estava sendo tão bizarro e estranho assim. Algo dentro de mim assimilava as coisas com facilidade, como se aos poucos eu fosse descobrindo que esse era o meu mundo.
Pensei que já seria hora de dormir, mas todos se reuniram em volta de uma fogueira acesa no meio da arena de esgrima. Cinco de meus irmãos tinham desaparecido, e voltaram com violões e instrumentos de percussão. Ei, como assim vocês não vão me incluir nisso? Foi exatamente o que pensei, mas não tive coragem de falar de primeira. Talvez me achassem folgada demais. E eles nem sabiam qual era meu dom.
Johnny começou a cantar uma música dos Beatles ao mesmo tempo em que tocava violão. Era ‘Twist and Shout’, e caramba, ele cantava incrivelmente bem. Seu tom de voz era perfeito. Ele não errava nenhuma nota. Uma melodia mega agradável de se ouvir. Adam tocava o segundo violão, e Carlos, Austin e Ronnie tocavam os instrumentos de percussão. Todos em volta da fogueira começaram a cantar junto, e as chamas se expandiam alto no céu, bruxuleando de todas as cores. Meu coração se aqueceu com aquela cena.
Eles tocaram mais duas músicas, e Johnny repentinamente estendeu seu violão para mim. Eu não entendia como ele podia fazer isso sendo que eu não havia revelado que minha maior paixão na vida era a música. Uma proposta ousada. Só que depois de ter me apresentado na frente da escola inteira, nada mais me apavorava. Demonstrei-me surpresa, mas me enchi de confiança e me sentei no banquinho na frente da fogueira. Os meninos murmuraram ‘pode tocar qualquer coisa’ e eu assenti. Não tinha ideia de como eles iriam saber tocar a mesma música que eu, sem lhes falar qual era. Comecei os primeiros acordes de ‘I’m Yours’, de Jason Mraz. Percebi os olhares desconfiados das pessoas sobre mim, mas quando comecei a cantar, senti o gelo ser quebrado. Minha voz invadiu a alma de cada campista presente ali, até dos mais carrancudos. Nunca sentira esse poder antes. Era como se todo meu corpo fosse feito de música. As notas saiam sem esforço, tomavam conta de mim. A fogueira se transformou em puras chamas multicoloridas. Quando terminei a música, fiquei até sem palavras. As pessoas me aplaudiram, alguns até de pé. Até o rabugento Sr. D fez uma carranca, que imaginei ser de aprovação.
Cantei mais uma música com Johnny, e então cada grupo foi para seu chalé. Meus irmãos ficaram atônitos com a minha voz, e não paravam de me perguntar como eu podia ter uma voz tão maravilhosa. Bom, nem eu mesma sabia que eu era capaz de tudo isso. Até aquele dia. O dia mais insano e marcante de toda minha vida.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? Prometemos que o próximo capítulo vai deixar vocês doidinhas rs. Deixem reviews e comentem o que acham que, talvez, possa acontecer! Elogiem, critiquem, puxem assunto, mas comentem! Haha. Amanhã nós voltamos com mais um capítulo novinho em folha para vocês, semideuses ;) xx



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