Mais Além De A Usurpadora escrita por Kah


Capítulo 41
Capítulo 41 Esconderijo




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Carlinhos entra na sala e ao ver a mãe chorando com tanto sofrimento o menino se encolhe no canto da parede e se senta no chão, se sentia imensamente culpado por tudo o que aconteceu, quando Paulina escuta o choro do menino levanta a cabeça e o vê chorando descontroladamente no chão, Carlinhos estava com a cabeça escondida nos joelhos.

Paulina se levanta e vai ate o menino se sentando ao seu lado e pegando em seus ombros.

— O que foi meu amor? – ela pergunta preocupada.

Carlinhos olha para mãe, os olhos de ambos estão repletos de água, o menino abraça a mãe e diz entre soluços.

— Me desculpa mamãe, é tudo culpa minha, devia ter protegido Paulinha, o papai disse pra mim cuidar dela e eu não cuidei.

Paulina beija a cabeça do filho, vovó Piedade diz para Patrícia e Estephanie que ainda estavam no sofá.

— Vamos, deixe Paulina e Carlinhos conversarem sossegados.

Paulina e Carlinhos continuam abraçados, os dois choram, Carlinhos soluçava nos braços da mãe, Paulina sentia seu coração se despedaçando ainda mais ao ver o filho se culpando pelo sumiço da irmã.

— Meu amor, - Paulina diz puxando o rosto do filho para vê-lo – você não teve culpa de nada Carlinhos, pelo contrario, pra mim você é meu herói, você fez o que podia pra salva-la.

— Não mamãe, - ele diz ainda entre soluços – não consegui impedir.

Paulina abraça ainda mais o filho e beija seu rosto, depois limpa a face do menino.

— Carlinhos, você é só uma criança, não teve culpa de nada meu amor, não se sinta assim que parti meu coração te ver sofrendo tanto.

Carlinhos olha para a mãe um pouco mais calmo, no fundo ele sentia medo dos pais estarem o culpando também, sentia medo que a mãe deixasse de amá-lo.

— Eu quero minha irmãzinha de volta mamãe – ele diz com algumas lagrimas pelo rosto – não quero que nada aconteça a ela.

— Eu também não meu filho. - Paulina diz com as lágrimas caindo.

As horas continuavam a passar, a falta de noticias de Paulinha e agora também de Carlos Daniel estavam deixando todos e especialmente Paulina muito preocupada, ela estava sentada no sofá com Carlinhos deitado no seu colo, o menino depois de muito chorar ali no colo da mãe acabou dormindo, Patrícia e Estephanie ligavam a todo momento sem sucesso para os maridos.

Já era bem tarde quando os três chegaram, na sala ainda estavam Paulina que agora dormia sentada com a cabeça apoiada no sofá e Carlinhos no seu colo que também dormia, no outro sofá Patrícia estava olhando para Paulina e Carlinhos, seus olhos estavam vermelhos e inchados.

— Graças a Deus vocês chegaram. – ela diz falando baixo e indo ate o marido para abraça-lo. – E então encontraram Paulinha?

Carlos Daniel a olha triste, da pra ver nos olhos dele que havia chorado muito.

— Não Patrícia, - ele diz sem esperanças – não tinha nada lá.

Fernando se despede deles e sobe para ver Estephanie, Carlos Daniel vai ate Paulina, ela parecia estar num sono profundo.

— Que bom que Paulina dormiu, - ele diz passando a mão pelo rosto de esposa – ela precisa descansar.

— É, - Patrícia diz limpando os olhos que já estavam cheios de água novamente – eu dei um remédio pra ela dormir sem ela ver, não pode continuar assim.

— Fez muito bem meu amor, - Rodrigo diz – se Paulina continuar assim vai acabar doente.

Carlos Daniel se senta ao lado da mulher e do filho,

— Melhor levar o Carlinhos pra cama, o pobrezinho chorou ate dormir. – Patrícia diz olhando para o menino.

— Eu o levo Carlos Daniel. - Rodrigo diz indo ate o menino e o pegando, ele e Patrícia sobem com Carlinhos.

Paulina suspira e se meche no sofá, Carlos Daniel a pega nos braços, e vai em direção ao seu quarto, ele a deita na cama com todo o cuidado, como se ela fosse de vidro e pudesse se quebrar, a noite estava fria, ele a cobre e se deita junto a ela puxando-a para seu peito, suas mãos envolve o corpo de Paulina.

Carlos Daniel fica assim com Paulina, velando seu sono, ele não consegue dormir, a preocupação com a filha estava lhe matando por dentro, tinha medo de nunca mais encontrá-la, e sabia que deveria ser forte por Paulina, que agora mais do que nunca precisava dele.

Já era madrugada quando Paulina acordou, ao ver Carlos Daniel deitado ao seu lado e com o olhar triste ela já soube que não haviam encontrado a filha e chorou sobre o peito do marido, por um longo tempo não falaram nada, apenas choraram abraçados um ao outro.

— Cadê a carta Carlos Daniel? – Paulina pergunta se sentando na cama.

— Esta aqui comigo meu amor, - ele diz tirando-a do bolso de sua calça – mas o que você quer com ela?

— Preciso ler de novo Carlos Daniel, acho que tem alguma pista de onde Fabrício pode estar. – Paulina diz limpando os olhos.

Carlos Daniel se senta ao lado de Paulina e a abraça enquanto ela lê novamente aquela poesia.

— É só uma poesia sem sentindo meu amor, - Carlos Daniel diz olhando a carta nas mãos de Paulina – não tem nada nela.

Paulina continuou a ler, ela já sabia aquela poesia de cor, afinal foi Fabrício que fez pra ela, ela fecha os olhos e sua mente volta pra sua infância.

~*~

Ela estava com Fabrício e alguns amigos andando pela praia próximo a choupana em que morava, suas lembranças são tão claras que ela sente o vento no rosto e o cheiro do mar, eles brincam correndo pela praia e sorrindo muito, quando Fabrício para de repente e olha para o meio da floresta que havia na beira daquela praia, as demais crianças param e olham para Fabrício, desde criança ele sempre foi o aventureiro e exibido da turma. Ele mostra para os amigos a velha choupana escondida entre as arvores, era quase impossível de vê-la, com muita dificuldade eles avistam a casa, Fabrício vai correndo ate ela e todos os acompanham, eram crianças e buscavam por aventuras e diversão. A velha choupana parecia estar abandonada há muito tempo, e o Fabrício decidiu que ali seria o ponto de encontro dos amigos, e assim por muito tempo foi, somente as crianças daquela vila sabiam da existência daquela choupana, e foi ali onde anos mais tarde Paulina deu seu primeiro beijo em Fabrício, e ele lhe entregou a poesia dizendo que aquela cabana na beira do mar era o melhor lugar do mundo, e era onde eles iriam morar quando se casassem.

~*~

Paulina abre os olhos e encontra os de Carlos Daniel, ele a olhava confuso, os olhos de ambos estavam cheios de água, ele puxa o queixo de Paulina e a beija com delicadeza.

— Eu sei onde Paulinha esta Carlos Daniel. – ela diz enquanto as lágrimas caem.

Carlos Daniel a olha sem fala e espera que ela continue a dizer.

Paulina lhe conta tudo, dizendo todos os detalhes daquelas lembranças que veio como um flash em sua mente, Carlos Daniel ouvia atentamente e uma esperança de poder encontrar a filha surge em seu peito. Ao terminar de contar Paulina se levanta e pega uma mala colocando roupas dela e de Carlos Daniel dentro, demora alguns segundos para Carlos Daniel raciocinar e poder falar alguma coisa.

— O que você esta fazendo Paulina? Pra que essa mala? – ele pergunta se levantando e indo em direção a Paulina.

— Nos vamos agora mesmo para Cancún, - Paulina diz sem parar o que estava fazendo – vamos buscar Paulinha.

Carlos Daniel sempre foi impulsivo, e com aquele desespero de poder encontrar a filha ele não pensa duas vezes e começa a ajudar a esposa a arrumar a mala, era madrugada, eles saem da casa despercebidos, deixando apenas uma carta para vovó Piedade dizendo que estavam bem e que iriam buscar Paulinha.

O carro corre pela madrugada afora, Paulina se sentia cheia de esperanças, tinha certeza que sua filha estava naquela velha choupana, sentia isso, não parava de pensar que dentro de algumas horas finalmente teria a filha de volta.

Quando chegam a Cancún já são 15:30, eles não pararam nem para comer, ambos estavam muito ansiosos para recuperar Paulinha, Paulina queria ir direto a velha choupana, mas com um sentimento de proteção, Carlos Daniel acha melhor irem ate a delegacia da cidade, um ato assim poderia colocar a vida da filha em risco.

Paulina não pensava direito, o que mais queria era poder sentir a filha nos braços e ter certeza de que ela estava bem.

Ao chegarem à delegacia Paulina fica na sala de espera, Carlos Daniel entra para falar tudo ao delegado, a impaciência começa a invadir Paulina, ela anda de um lado pro outro na sala, os minutos corriam e ela fica cada vez mais angustiada, e com uma decisão impensada ela sai da sala indo ate o estacionamento, Paulina liga o carro e parti correndo em direção a praia.

Ao entrar na sala e não encontrar Paulina, Carlos Daniel se desespera, ele coloca a mão no bolso da calça e se lembra que as chaves do carro havia ficado com a esposa, o delegado reúne alguns policias e partem em direção a praia onde Paulina morava, Carlos Daniel não sabia onde era a choupana que Paulina disse que Fabrício estava, mas se lembrava perfeitamente onde era a antiga casa da esposa, ele temia que acontecesse alguma coisa a amada e a filha, e era inevitável as lágrimas não cair do seu rosto enquanto ele ia no carro com os policias em direção a praia, no seu pensamento ele só se perguntava “Porque você fez isso minha vida? Porque?

Paulina para o carro próximo a sua antiga casa, ela apenas olha para velha choupana onde morou tanto tempo com a mãe e corre em direção ao esconderijo de Fabrício, o local era um pouco afastado dali, mas não dava pra chegar de carro, o vento soprava forte deixando o mar agitado, quando finalmente ela avista a velha casa no meio da mata seus passos diminuem, devia ter cuidado e observar bem, tinha medo de que Fabrício tentasse algo contra sua filha ao vê-la se aproximar.

Ela caminha devagar entre as folhas e galhos caídos que cercam a casa parando embaixo da janela, estava tudo trancado, com muito cuidado Paulina olha pela abertura da janela, seus olhos percorrem o que parecia ser um quarto, ate que ela vê deitada na cama e brincando com a boneca sua filhinha, ela estava toda suja de terra e areia, seus cabelos estavam molhados, mas parecia bem.

O coração de Paulina bate forte no peito, como se fosse saltar de seu corpo, e com o coração saindo pela boca ela vai ate a porta dos fundos da casa, estava tudo silencioso lá dentro, os únicos sons que ela ouvia vinha de Paulinha que brincava com a boneca. Paulina olha bem a sua volta, torcia para que Fabrício não estivesse ali, ou então estivesse dormindo, ela empurra a velha porta de madeira, o rangido alto que a porta faz a assusta e ela para, como não escuta nem ruído dentro da casa, ela entra, a cada passo que dava seu coração batia mais forte, seus ouvidos sentiam a pressão dos batimento cardíacos, sua respiração fica ofegante, ela respira fundo e atravessa a cozinha com cuidado, sempre andando pelos cantos das paredes, ela observa a velha sala abandonada, não havia nenhum sinal de Fabrício, Paulina conhecia perfeitamente aquela casa e sabia que só haviam três cômodos nela, e no ultimo estava sua filhinha, em seu pensamento ela planejava tudo enquanto caminhava lentamente ate o quarto, iria pegar a filha e sair correndo o mais rápido que pudesse ate o carro, o sol estava dando seus últimos suspiros, logo ali estaria tudo escuro, com o coração batendo cada vez mais rápido ela consegue chegar ate o quarto, ao ver a filha ali, sentada na cama e brincando feliz com sua boneca, Paulina não segura as lagrimas, ela vai rápido ate a filha que ao ver a mãe abre um enorme sorriso e grita de contentamento.

— MAMÃE.

Paulina pega a filhinha nos braços e a abraça apertado beijando seu rosto, a menina começa a falar alto e dar gargalhadas.

— Mamãe, mamãe.

— Shhhh, - Paulina diz baixinho para a filha.

Paulinha olha para a mãe e a abraça sorrindo, Paulina acaricia a cabeça da menina e começa a ir em direção a saída, agora com a filha nos braços, seu desespero de sair dali só aumentava, ela ainda não ouvia nenhum barulho, seus olhos derramavam as lágrimas insistentemente, o entardecer começava a chegar, com grande alívio ela chega ate a cozinha, apenas mais alguns passos e ela estaria livre com a filha, e lá fora ninguém a pegaria, ela iria correr com toda sua força ate o carro.

Quando Paulina abre a porta da cozinha seus olhos se arregalam.

— Ora, ora, ora. Quem resolveu fazer uma visita.

Paulina fica sem reação e sem fala por alguns segundos, apenas olha paralisada para a pessoa parada na porta, ate que consegui sussurrar uma única palavra.

— Isabel...

Isabel sorri vitoriosa para ela e toma Paulinha dos seus braços, Paulina a olha cheia de confusão e quando estica os braços para pegar a filha de volta, que agora chora por ter saído dos braços da mãe, uma forte pancada lhe acerta atrás da cabeça e ela cai inconsciente no chão.


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