Vovó Piedade esta sentada na sua velha cadeira quando se assusta ao ver o neto entrar no seu quarto chorando e se ajoelhando para colocar sua cabeça sobre seu colo.

— Carlos Daniel o que aconteceu? – ela pergunta passando a mão na sua cabeça – Porque esse choro meu filho?

Carlos Daniel não responde nada apenas chora no colo da avó.

— Aconteceu alguma coisa com as crianças, com seus irmãos, com Paulina? – vovó pergunta ficando preocupada pelo estado do neto.

Ao ouvir o nome de sua amada Carlos Daniel chora mais ainda deixando vovó extremamente preocupada.

— O que aconteceu com Paulina Carlos Daniel? Onde ela esta?

— Eu sou um monstro vovó, - ele responde entre soluços – um monstro.

— Mas porque esta dizendo isso Carlos Daniel? O que você fez de tão mal assim?

Carlos Daniel olha a avó e decide lhe contar tudo.

— E você me conta isso só agora? Depois de ter feito essa besteira? – vovó pergunta furiosa olhando o neto.

— Mas vovó, o que eu poderia fazer? – Carlos Daniel diz ainda com lagrimas descendo pela face – Paulina esta correndo risco ao meu lado.

— Eu devia te dar umas boas palmadas por ter falado essas mentiras para Paulina, - vovó diz ainda muito brava – tem noção do que fez? Sabe muito bem que será quase impossível Paulina te perdoar algum dia, eu no lugar dela não te perdoaria fácil.

— Vovó entenda, eu não tenho escolha, se não me afastar de Paulina essas ameaças podem se cumprir e eu não suportaria.

Vovó vendo o estado do neto o abraça e tenta fazer com que ele se acalme.

— Vou ver como a Paulina esta, - vovó diz se levantando – talvez a convença a ficar.

— Ela já foi vovó, - Carlos Daniel diz – eu perdi Paulina para sempre.

A semana passa devagar, Paulina vai para um hotel com Filó e os filhos, o hotel foi escolhido por Carlos Daniel sem Paulina saber, ele também contratou dois seguranças para protegê-la, não se sentia seguro em deixar Paulina e seus filhos, tão pequenos, sozinhos.

Para Carlinhos e Lizete ele disse que a mãe havia viajado e que não tinha os levados devido às aulas.

Carlos Daniel não tinha animo para nada, não estava indo para fabrica e quase não saia do quarto. Paulina também estava na mesma situação, não se alimentava direito e vivia chorando abraçada aos filhos, Filó mantinha Carlos Daniel informado de tudo que se atormentava ainda mais por saber que Paulina sofria tanto.

Havia chegado uma ultima carta a Carlos Daniel, onde lhe parabenizava ironicamente por ter seguido as ordens da carta anterior, Carlos Daniel tinha certeza absoluta que quem estava por traz de tudo era Leda. A carta só lhe alertava para continuar longe de Paulina e ela longe dos Brachos. Desde o dia que saíram da casa, Paulina não teve nenhum contato com ninguém da família Bracho.

Carlos Daniel estava à beira de um abismo, sentia que a qualquer momento não suportaria mais e cairia num buraco sem fim, estava desolado, só e totalmente perdido sem Paulina.

Todos da casa já sabiam tudo sobre as ameaças, Carlos Daniel com sua certeza que era Leda contratou um detetive para investigá-la.

— Meu filho, - vovó Piedade diz entrando no quarto – você não pode continuar assim Carlos Daniel, não tem se alimentado direito, não vai mais a fabrica.

Carlos Daniel estava sentado na cama olhando para o vazio.

— Não tenho vontade de fazer nada vovó, me sinto sem vida sem Paulina.

— Mas se você continuar assim não vai recuperar Paulina nunca, já faz mais de uma semana Carlos Daniel, e você não fez nada para tentar conversar com ela e fazer com que te perdoe pelas besteiras que você falou.

— Mas vovó, não posso me aproximar de Paulina, sabe que se tentar ela pode sofrer algo, não sei o que Leda é capaz de fazer para ferir Paulina.

— Ainda pensa que seja Leda que esta por trás de tudo Carlos Daniel? – vovó pergunta se sentando ao seu lado.

— Claro que é ela vovó, quem mais poderia ser?

— Mas o detetive que você contratou disse que ela esta na Europa.

— Com certeza ela tem alguém aqui que segue as ordens dela vovó, e é alguém da fabrica, Rodrigo esta observando todos os funcionários para descobrir quem fez aquilo com Paulina.

— Bom, eu tenho minhas duvidas quanto a Leda. – vovó Piedade diz olhando o neto – Mas você tem que fazer alguma coisa para recuperar Paulina Carlos Daniel, estou morrendo de saudades dela e dos meus bisnetos.

— Não podemos nos aproximar dela vovó. – ele diz enquanto as lagrimas caem pelo seu rosto.

— Idiota. – vovó diz brava se levantando – Não pensa para fazer as coisas e agora fica aí chorando, se tivesse contado para Paulina desde o começo teriam encontrado uma solução juntos.

— Mas vovó...

— Mas nada Carlos Daniel, - ela diz o interrompendo – se eu fosse você me envergonharia por ter tido uma atitude tão burra como teve.

— Eu sei vovó. – ele diz enquanto as lagrimas caem descontroladas pelo seu rosto.

Vovó se aproxima de Carlos Daniel e o abraça.

— Desculpa meu filho, sei que esta sofrendo muito com essa separação e essas ameaças que nem temos certeza de onde vem. Mas você é muito impulsivo Carlos Daniel, principalmente quando se trata de Paulina.

No hotel Filó se preocupava muito com Paulina que a cada dia que passava ficava pior, mergulhada numa imensa tristeza, os olhos de Paulina não tinham mais o mesmo brilho, vivia calada pelos cantos e sempre distraída, desde o dia que foram para esse hotel Paulina não saiu do quarto, ficava o tempo todo trancada naquele apartamento.

— Paulina, você vai acabar doente se continuar assim, - Filó diz vendo Paulina revirar a comida no prato – não esta se alimentando direito e só fica nesse quarto, tem que sair, respirar um ar puro, ver pessoas.

— Não quero ver ninguém Filó. – ela diz sem desviar os olhos da comida – não tenho vontade de fazer nada.

— Mas tem que ser forte pelos seus filhos Paulina, ainda são muito pequenos e precisam de você mais do que qualquer coisa no mundo, como vai cuidar deles se ficar doente?

— Eu sei Filó, - ela levanta os olhos para olhar Filó – é por causa deles que encontro forças para me levantar todos os dias. Carlos Daniel me feriu muito, foi um erro ter me casado com ele, se pudesse voltar a atrás me casaria com Edmundo Serrano.

— Não diga isso Paulina, - Filó diz pegando suas mãos – um dia vai entender tudo o que esta acontecendo, Carlos Daniel te ama muito minha filha.

— Não Filó, ele não me ama, ele mesmo disse que não me ama. – Paulina diz enquanto seus olhos enchem de água – Eu vou me deitar um pouco.

— Mas você não comeu nada Paulina. – Filó diz vendo ela se levantar.

— Não estou com fome Filó. – Paulina diz dando um beijo no rosto de Filó e indo em direção ao quarto.

Os dias seguiam negros e sem vida para Carlos Daniel e Paulina, a cada dia que passava a falta um do outro era maior, Carlos Daniel andava abatido pela casa, se culpava internamente pelo o que fez com Paulina. Já havia duas semanas que estava sem Paulina, nunca, desde que se casaram, haviam ficado tanto tempo separados, o máximo que consegui foi pouco mais de uma semana, durante aquela viajem de negócios da qual não suportou ficar longe de Paulina e voltou antes do tempo, agora era diferente, ele não podia ir vê-la.

Lembrar de Paulina era seu consolo, se lembrava dos momentos juntos, ria sozinho quando se lembrava de algo engraçado como a vez que Paulina levantou de madrugada com desejo de comer bolo de chocolate e quase destruíram a cozinha. Não tinha uma noite que não sonhasse com Paulina. E sentia uma falta imensa de seus dois filhinhos, ainda tão pequenos, dois bebes que estavam no meio dessa separação.

Já Paulina não sonhara nenhum um dia com Carlos Daniel, na verdade não tinha mais sonhos, parece que ate eles haviam sido lhe tirado.