Muito Bem, Parabéns, Aqui Estamos. escrita por bksbm


Capítulo 5
5º Capítulo


Notas iniciais do capítulo

De todos aqueles dias seguintes, só guardei três gostos na boca de vodca, de lágrima e de café. O de vodca, sem água nem limão ou suco de laranja, vodca pura, transparente, meio viscosa, durante as noites em que chegava em casa e, sem ele, sentava no sofá para beber no último copo de cristal que sobrara de uma briga. O gosto de lágrima chegava nas madrugadas, quando conseguia me arrastar da sala para o quarto e me jogava na cama grande.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/342647/chapter/5

Durante aqueles dias frustrantes, seguintes à briga, ela nunca tinha sentido o gosto de tantas bebidas alcoólicas diferentes. Percebeu que era o fim quando conseguiu virar mais de quatro copos de vodca numa só noite. O gosto desagradável da vodca, puxando pela garganta, misturada com o teor salgado de suas lágrimas, só era cessado pelas xícaras de café desperdiçadas nas manhãs seguintes. E de que tudo isso adiantava? Nada. Sua infelicidade não mudaria o fato de estarem afastados, tão pouco a sua história com o caso de sua mãe. Foi nesse momento que decidiu ir para Paris – lembrou. 

Por algumas madrugadas, já em Paris, ainda continuou jogada numa cama grande. Sempre no meio, evitando deixar um dos lados frios, fazendo com que ela lembrasse a ausência de alguém por ali. As janelas permaneceram fechadas por dias. Com o vidro fumê, nem a iluminação natural, tão pouco os reflexos da torre, conseguiam alcançá-la.

Pela primeira vez o quarto pode sentir o vento da manhã atravessá-lo, minutos depois da mensagem ser respondida, do encontro ser marcado. Foram duas mensagens apenas. A primeira confirmava sua presença, e a segunda respondia ao horário e local marcado. Dali a uma semana ela deveria estar preparada para falar e ouvir tudo que vinha sendo reprimido durante os anos e se agravara nos últimos meses. Era quase um teste de resistência, de força. De tudo que achava sentir era tão verdadeiro a ponto de fazê-la engolir o orgulho e ir atrás do prejuízo. O primeiro passo, e o mais difícil, ela já tinha dado. Reconhecer o erro e tentar consertá-lo.

Agora com a janela aberta, o frio pouco importava. Lembrou-se dos dias em que ele te protegeu, do tigre, da mira de uma arma, de falsos amores. Passou a imaginar se ele já estaria na cidade, ou se iria esperar o dia exato para desembarcar. Paris não era tão grande assim... Será que se saísse na rua poderia dar de cara com ele, como nos filmes, por acaso do destino? Fantasioso demais, mas a situação exigia um pouco de fantasia (sem fugir da realidade) para tentar fazer o tempo correr mais rápido. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Muito Bem, Parabéns, Aqui Estamos." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.