Os Mortos Também Amam - Livro 1 escrita por Camila J Pereira


Capítulo 10
Alerta


Notas iniciais do capítulo

Damon mostrando enfim com mais abertura o seu lado humano.
Helena sofre mais uma grande perda e parece muito triste.
Mas as coisas podem ser melhores do que j foram, eles tm Bella agora.



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Não, não poderia ficar tudo bem - Helena pensou. Poderia ser de outra maneira. Não tinha se preparado para perdê-la tão prematuramente. Porque tudo tinha que ser assim com ela? Tinha perdido seus pais quando ainda era uma criança, eles a deixaram e deixaram a sua irmã ainda um bebê. Por sorte existiam seus tios e os amava como pais e então novamente veio à vida ou a morte para ser mais exata e os separou.

Reneé era tão jovial, esperta e bonita. Sua vida apenas tinha começado. A história havia se repetido novamente. Era pra ser dessa maneira? O mesmo que acontecera com seus pais tinha que acontecer com a pequena Reneé? Ela deixou a linda Isabella também um bebê como ela quando ficara órfã.

Aos poucos foi se acalmando ainda nos braços de Damon. Ele permanecia calado, apenas a abraçando. Damon estava com o semblante carregado de preocupação pela dor imposta a Helena. Todos os vampiros sabiam das consequências ao se transformar. Alguns não se importavam com a distância dos entes queridos e das pessoas que amavam. O que vale depois de se tornarem vampiros para eles é apenas o prazer de serem o que são.

Mergulhavam tão profundamente na nova vida que se esqueciam do passado ou quase isso, o seu foco apenas é o poder e o maravilhoso deleite do líquido mais preciso para eles... O sangue. Damon acreditava que era assim. Um andarilho errante, mas às vezes pegava-se fazendo coisas de que pensara nunca mais fazer, como agora quando consolava Helena em seus braços.

Era... Engraçado, senti-la agora tão perto. Tudo o que pensou um dia querer era tê-la assim, vulnerável e entregue, mas agora, justo agora, seu coração não demonstrava o sentimento de antes. Era algo mais suave e brando... Fraternal. Helena era... Não conseguia definir.

- O que aconteceu de verdade? - Damon forçou-se a quebrar o silêncio e fugir de seus pensamentos tão cândidos.

Helena afastou-se dele limpando com as pontas dos dedos finos algumas lágrimas que ainda teimavam em cair pelo seu rosto.

- Reneé estava tão feliz... Charlie conseguiu uma reserva no restaurante mais cotado de Santa Fé. Ficamos para cuidar de Bella.

- Bella? - Damon franziu o cenho.

- Bella, Isabella, a minha sobrinha. - Helena pareceu ficar ainda mais triste ao citar a sobrinha agora órfã.

- Claro. - Damon constatou que era um apelido óbvio para o nome da criança. - Continue. - Pediu.

- Não tinha como imaginar que logo depois que eles ligaram para saberem de Bella e para avisarem que não demorariam que... - Helena fechou os as pálpebras recordando-se do ocorrido com pesar. - Foi... A última vez que escutei a voz da minha irmã. Eu... Nem pude... Dizer adeus. - Ela forçou-se a não cair novamente em prantos. Damon acariciou o seu braço dando-lhe apoio.

- Não fique assim, Helena. - Sua voz era de pesar. Helena evitou as lágrimas que ameaçavam ressurgir e respirou fundo.

- Mas... E você? O que esta fazendo na cidade? Por que veio, Damon? - Damon sabia que não podia protelar conversar sobre o que o levou até a cidade, mesmo com o coração dilacerado, Helena tinha que saber sobre o perigo.

- Temos que conversar. - Falou simplesmente e ela soube que qualquer que fosse o assunto, era bastante importante, de outra maneira Damon não teria ido procurá-los, pelo menos ela pensava assim agora. Helena apenas assentiu e seguiu Damon.

Quando alcançaram a parte externa da casa, Damon parou agora parecendo indeciso se entrava ou não. Os vampiros, o seu irmão e a criança estavam todos na casa e não sabia se gostaria de estar entre eles. Helena percebeu a sua hesitação, mas decidiu prontamente fazer as coisas ficarem mais fáceis para ele.

- Vamos. - Pegou em sua mão passando confiança e tentou sorrir.

- Os outros estão aí. - Sua afirmação saiu como se ele estivesse se referindo a animais peçonhentos. Não fez questão de esconder seu desgosto com a careta que fez.

- Eles são amigos. - Ela disse. Damon bufou. - Vamos, por favor. - Pediu delicada e ele nem em mil anos poderia recusar.

Damon se deixou levar pela mão por Helena. Ao passar pela soleira da porta ele delicadamente afastou-se dela para encarar todos os pares de olhos em sua direção. Um cheiro agradável lhe invadiu as narinas. O cheiro era diferente, saboroso e parecia tão doce. O vampiro que no dia anterior tinha se apresentado levantou do lugar que ocupava no sofá. Seu olhar era ameaçador.

- Calma, Edward, ele está bem. - O cara que lhe enviou aquelas ondas de calma no dia anterior falou.

- Ele não fará mal a ela. - Agora Damon encarava uma minúscula vampira de rosto fino, sentada ao lado do tal Jasper. Quem era ela para dizer se ele faria mal a alguém ou não? Como ela tinha tanta certeza? Estava claro que se encontrava entre vampiros com dons extraordinários. Mas... a quem eu poderia fazer mal? - Pensou.

Sim, o cheiro delicioso que estava no ambiente... Era tão puro e agradável. Seus olhos rolam pelo local e encontraram com o seu irmão. Fazia tempo que não se encaravam frente a frente. Stefan parecia preocupado e cansado... Como sempre fazendo o seu papel de bonzinho irremediável. Não entendia como seu irmão poderia fazer tanta idiotice. Ele poderia ter evitado toda essa dor de Helena, mas ele sempre prefere pagar para ver.

Stefan estava em pé atrás do sofá em que os outros estavam sentados, metade de seu corpo escondido pelo corpo do vampiro irritante, Edward. Ao seu lado havia outro, parecia um pouco mais maduro que os outros. Seus cabelos louros eram claros, pareciam feitos de fios de ouro.

- Damon, gostaria de lhe apresentar nossos amigos, os Cullen. - Helena enfim falou ao seu lado.

- Sou a Alice. - A miúda levantou sorrindo. Damon estranhou a animação da vampirinha. - Já conheceu o meu irmão Edward e o meu companheiro Jasper ontem. - Damon encarou novamente Edward, que ainda não havia relaxado.

O que esse guri pensa que é? - Damon viu o lábio superior dele mover-se em desgosto controlado e lembrou que ele podia ler seus pensamentos. O que para ele era uma droga. Não gostava de sentir-se invadido daquela maneira. Falaria o que tinha que falar e iria embora, ficaria bem longe desses vampiros intrometidos e metidos a besta.

- Adoraria que fizesse isso. - Edward pronunciou as palavras com um sorriso que Damon também denominou como irritante.

- Gostaria que se mantivesse longe da minha cabeça, garoto.

- Damon... Ele não pode evitar. - Stefan, o salvador, defendeu o vampiro estúpido. Porque não se surpreendia? O seu caro irmão defendia todos, com tanto que eles não sejam ele próprio, seu irmão.

- Edward, sente-se. - O louro pediu calmamente, mas Damon sentiu a influência que ele exercia sobre Edward. Este hesitou um pouco, mas acabou sentando e Alice o imitou. - Desculpe o meu filho, Damon. Sou Carlisle Cullen. - Ele cumprimentou Damon acenando levemente a cabeça e Damon retribuiu. - E aquela é a minha companheira, Esme. - Ele apontou em uma direção. Damon acompanhou sua mão e viu quando uma vampira de cabelos castanhos e rosto redondo entrava lentamente na sala segurando um bebê nos braços.

Damon sentiu o mesmo cheiro de antes, mas agora muito mais concentrado. Aquele cheiro parecia lhe enfeitiçar e sem querer sentiu-se salivar. Sua garganta estava seca. Agora entendia porque aquele cheiro lhe atraiu tanto e ainda atraia, era sangue novo, puro. Ouviu um rosnado baixo e com sua visão periférica viu talvez Alice e Carlisle moverem-se mais para perto de Edward.

Helena apressou-se em ir em direção as duas e pegou delicadamente a criança em seus braços que parecia bastante ativa movendo seus pequenos braços. Damon achou a cena bonita. Ao ver Helena totalmente envolvida com aquele pequeno ser em seus braços e o seu rosto encantado, teve certeza de que ela superaria a morte da irmã. Restava a Stefan fazer a coisa certa dessa vez.

- Damon, esta é Isabella. - Helena aproximou-se dele mostrando-lhe a criança. Edward ficou na defensiva olhando o desenrolar da cena.

Damon viu a cabeleira que já se mostrava cachos cor de mel. A menina abriu os olhos e o encarou, ela tinha olhos cor de avelã, eram grandes e redondos. Ele achou que ela não deveria ter olhos tão inteligentes.

- Ela não é linda? - Damon observou o rosto da criança, sua pele era tão branca que o fez recordar o conto da Branca de Neve. Linda? Estava pensando nisso quando sentiu todos os olhares em cima dele. Desviou prontamente o olhar da criança que o hipnotizou e afastou-se um pouco.

- Para um joelho ela deve ser. - Falou irônico por fim.

- Ei, ela não parece um joelho. - Alice protestou.

- Para mim parece. - Falou simplesmente. Alice abriu a boca em O, mas Helena sabia que aquilo era apenas para ele não admitir a verdade.

- Ela tem um cheiro bom. Isso eu devo admitir. - Damon fez isso para provocar Edward.

- Fique longe dela. - Ameaçou.

- Com prazer, rapaz. Ficarei longe sim, apenas darei o aviso e irei embora.

- Do que se trata irmão? - Irmão? Estranhou a forma como Stefan referiu-se a ele, como nos tempos antigos. Fazia bastante tempo desde a última vez em que ele o chamou assim.

- Encontrei-me com dois vampiros nos limites da cidade. São novatos. - Damon começou calmo enquanto todos prestavam atenção nele. Esme aproximou-se Carlisle que lhe abraçou pela cintura e Helena ficou ao lado de Stefan com Bella resmungando algo.

- O que têm eles? - Stefan perguntou desconfiado.

- Foram enviados... Para encontrar Katherine. - Damon olhou de Stefan para Helena e percebeu que eles surpreenderam-se.

- Katherine? - Stefan perguntou confuso.

- Como? - Helena instintivamente aproximou-se ainda mais de Stefan que pôs um braço em sua cintura e outro afagou a cabeça da criança.

- Eles foram mandados por Klaus, Stefan.

- Klaus? O que isso quer dizer? - Helena inquietou-se.

- Problemas. - Damon simplificou.

- Como soube disso? - Stefan queria saber os detalhes.

- Eles me abordaram. Perguntaram por Katherine, é claro que disse que não conhecia. São inexperientes, mas estão no rastro certo. Estão perto demais, e podem descobrir o verdadeiro fim de Katherine.

- Acha que eles podem descobrir que estamos envolvidos?

- Não sei bem, Helena. Mas não vão querer descobrir. Não sei exatamente o porquê de Klaus estar atrás de Katherine, posso supor, mas não tenho certeza. E se eu estiver supondo corretamente, tenho certeza de que ele não deixará a morte dela impune.

- Você tem razão. - Stefan falou e novamente Damon surpreendeu-se ao ver o irmão lhe dando razão. - Temos que sair daqui. - Os Cullen não entenderam nada, a não ser Edward que já estava a par de parte da situação pelos pensamentos e lembranças de seus amigos.

Stefan contou-lhes rapidamente a velha história dos Salvatore que se envolveram com uma vampira extremamente egoísta, Katherine. Contou-lhes também do que a própria tinha lhe contado sobre o seu transformador.

- Podemos esperar por eles e lhes dar um fim também. - Jasper sugeriu ao terminar de ouvir a história.

- Klaus sentiria falta dos seus lacaios. - Edward falou como se analisasse a situação e Damon não gostou nada dele estar envolvendo-se.

- Além do mais, ele mandaria mais ou viria pessoalmente. - Carlisle disse.

- Não podemos nos arriscar. Klaus é bastante antigo e forte. Temos que nos preservar...

- Por Bella. - Helena completou a frase de Stefan. Eles já haviam decido ficar com a criança muito antes dessa conversa.

- Pra onde pretendem ir? - Edward perguntou.

- Não sei ainda.

- Decidam, assim podemos ver se será um bom passo. Alice pode prever. - Edward esclareceu.

- O quê? Vocês têm uma bruxa? Foi assim que previram a minha chegada? - Damon perguntou.

- Sim, foi assim. Eu previ sua chegada. - Alice confirmou sem se importar em ser chamada de bruxa, estava acostumada.

- Temos que agir depressa, Stefan. Pelo que eu vi através dos pensamentos de Damon, eles estão determinados.

- Obrigado por novamente invadir meus pensamentos. Por que não se mete com a sua vida? - Damon falou ameaçador para Edward.

- Só estamos tentando ajudar. - Alice defendeu o irmão em um quase choramingo.

- Preferiria que se mantivessem calados.

- Damon, por favor... - Stefan tentou acalmar o irmão.

- Vocês vão ou não sair daqui? - Damon já estava sem paciência.

- É claro que vamos. - Stefan estava decidido a ir embora.

- E dessa vez, faça a coisa certa, Stefan. Pare de tentar agir como um santo e aja como um homem, ou melhor, como um vampiro. Tente evitar que essa criança tenha o mesmo fim de Judith e Reneé, mantenha-a viva, por Helena. Faça a coisa certa quando for à hora.

- Fazer a coisa certa? - Stefan fincou os olhos.

- Sabe do que estou falando. Transforme-a quando achar que for a hora, com tanto que não seja tarde. Helena já chorou demais.

- Está dizendo que devo impor a ela a nossa maldição?

- Isso é um absurdo. Bella deve seguir a sua vida como humana. - Edward se interpôs.

- Já estou farto de suas intromissões, pirralho! - Damon virou-se para Edward com seus olhos enegrecidos e seus dentes pronunciando-se para fora de sua boca.

- Acalme-se. - Jasper aproximou-se.

- Não ouse usar seu talentozinho comigo!

- Vamos todos nos acalmar. - Carlisle tentou contemporizar.

- Por favor, não chegaremos a lugar algum assim. Lembrem-se de Bella. - Esme enfim se fez presente com sua voz preocupada, mas amorosa. Todos relaxaram inclusive Damon. Seus olhos voltaram à cor original e seus dentes ao tamanho normal.

- Vou arrumar as bagagens para irmos. - Helena anunciou.

- Ficarei pelas redondezas observando as coisas. Avisarei se ver algo suspeito. Espero que até a noite já tenham saído daqui.

Stefan e Helena assentiram. Damon observou novamente todos os rostos ali presentes e ao encarar Edward trincou os dentes. Foi embora deixando todos os vampiros da casa preocupados e em alerta.


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