Cinco semanas mais tarde...

John estava sentando na poltrona e olhava para seu blog sem saber o que escrever.

A verdade era que queria escrever como se sentia. Mas sabia que só sairiam coisas sobre Sherlock e o blog se tornaria algo como a Carrie falando sobre o Mr. Big em Sex And The City e isso o deprimiu. Pensar que ele sabia quem era Carrie e o que era Sex And The City o deprimiu ainda mais.

– Só City...sem o Sex...- sorriu falando sem querer em voz alta.

– O quê? – Sherlock Holmes perguntou curioso enquanto lia deitado em sua cama.

– Nada...estava vendo uns filmes e séries aqui. Poderíamos alugar algo para vermos hoje, o que acha?

– Pode ser. O que quer? Sem filmes de heróis da Marvel, por favor.

– Sim senhor. Pensei em algo engraçado...ou terror.

– Prefiro o segundo. É menos constrangedor ver pessoas tentando ser assustadoras do que engraçadas. Tem toda a maquiagem para ajuda-las, pelo menos. – declarou enquanto virava uma página, completamente entediado.

– Você está certo. Vou aproveitar e pegar uma pizza. Já venho...- Watson concordou pegando seu casaco e saindo.

A rua estava movimentada naquele domingo. Não fazia tanto frio, apenas ventava, mas estava agradável. A locadora ficava a alguns metros, mas a pizzaria ficava a algumas quadras e ele ficou feliz em ter aqueles minutos para pensar sozinho.

Sherlock tinha razão em alguns pontos sobre eles. Como sempre. Mas a verdade é que John nunca havia se sentido daquela maneira. O moreno tinha todas as qualidades que John admirava em alguém e isso era inacreditável até para ele mesmo.

E mesmo sabendo de todas as peculiaridades de Holmes, isso não o afastava. Pelo contrário.

Só o atraia. Cada vez mais. Aquele corpo, voz, aquela boca. É, não era fácil ficar perto de Sherlock, e não poder fazer nada.

– John... – seus pensamentos foram interrompidos com uma voz aveludada atrás dele.

– Oh. Irene...- respondeu assim que viu a morena encarando-o com um sorriso.

– Espero que Sherlock esteja bem.

– Você o drogou e ainda assim se preocupa. Escolha um time, Adler.

– Eu não o droguei...foi uma pequena e inofensiva dose de ecstasy. Não foi minha culpa que ele foi com sede ao copo...e por falar em sede, como foi a noite de vocês naquele dia?

– Uau. Você acha mesmo que algum dia eu vou compartilhar minha intimidade com você, como se fôssemos duas adolescentes?

– Sou curiosa, só isso. Sem ofensas.

– Por quê fez isso? Por que quis droga-lo?

– John...não comece a ficar careta como ele. Eu só quis me divertir.

– Se divertir? Ele virou piada por causa daquele vídeo!

– Oh, eu sinto muito por isso. E por falar em piada...é, é exatamente esse o motivo pelo qual eu te chamei. Falei com o Diretor hoje cedo e confessei que o trabalho era de Sherlock.

– Mesmo?

– Sim. Ele já está mexendo os pauzinhos e vendo o que é possível para reparar o dano causado.

– Que bom que Jim fez o que eu falei para ele fazer...

– Jim? Oh, querido...ele não fez nada, acredite. Pelo contrário, entregou a mim e a Sarah. Covarde, típico dele. Eu fui expulsa, naturalmente...mas antes, quis reparar a única coisa que arrependi ter feito: ter prejudicado Sherlock Holmes. Tive que assumir toda a culpa, mas valeu a pena. – refletiu – Então, em breve entrarão em contato com vocês, melhor já ir preparando o Sherlock.

– Obrigado. Obrigado por ter feito isso...por fazer Sherlock ser reconhecido. – John agradeceu ainda surpreso.

– Você tem uma visão tão romântica das coisas, não? Apaixonada...oh, Watson...você é uma graça. Sherlock é sortudo. – declarou.

– Não é? Você poderia dizer isso para ele? Acho que ele ainda não sabe...- ele respondeu fazendo-a rir.

– Ele vai saber...muito em breve. Pena que não estarei aqui para ver...me mudarei nesta semana...vou estudar dois anos na França. Esse é meu castigo por ter sido uma menina rica e má comportada. E diga ao Holmes que eu realmente sinto muito. Adeus, John.

– Oh. Tchau. – John acenou enquanto ela se distanciava e desaparecia entre todos os outros que caminhavam pela calçada.

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John arrumou a gravata de Sherlock que balançava seus braços, muito nervoso.

– Aí está...perfeito. – disse assim que o moreno se olhou no espelho – Será que tem muita gente aí dentro?

– Apenas o Conselho e meu irmão impertinente que convenientemente faz parte dele. - resmungou arrumando seus cabelos.

– Então...pronto? – Watson perguntou segurando rapidamente sua mão.

– Sim. Eu estou. – Holmes respondeu decidido.

– Prontos, garotos? – a secretária do diretor, Sra. Lawrence, apareceu na porta.

– Sim. Vamos...- John sorriu orgulhoso.

Ao entrarem na sala do diretor, os dois se surpreenderam ao ver todo o Conselho reunido naquela grande sala. Aproximadamente quinze pessoas, além de Mycroft, Greg, Molly, Sra. Hudson e até mesmo Sally e Anderson.

– O que vocês....- Sherlock sussurrou para os dois últimos, mas não conseguiu terminar pois o diretor o abraçou muito forte com uma risada forçada.

– Aqui está ele. O genial e até agora subestimado, Sherlock Holmes! Até agora...mas não mais. Estamos felizes por podermos reparar o dano que causamos, Sr. Holmes.

– Estão? – Sherlock perguntou levantando uma sobrancelha.

– Claro! Aqui está...seu trabalho devidamente reconhecido...- a professora Claire disse enquanto lhe entregava o trabalho, além do certificado de melhor trabalho acadêmico.

– Parabéns, Sherlock. Seu trabalho foi excelente. A faculdade está extremamente orgulhosa por ter um aluno tão espetacular como você. – a professora Smith acrescentou, segurando seus ombros.

– A genialidade é de família! – Mycroft disse orgulhoso fazendo todos rirem, menos Sherlock.

– Esperemos que tenham também nos perdoado pelas acusações falsas que foram feitas. – o diretor disse se dirigindo agora a John também.

– É, é passado agora...-Watson sorriu.

– Desta história toda, vocês podem tirar uma lição: nunca acuse sem provas concretas. “Achismo” é coisa de armadores desesperados. – Sherlock sorriu de maneira sarcástica, mas John o beliscou no braço.

– Certo! Bom, vamos brindar ao excelente trabalho do Sr. Holmes...e à nossa instituição que reconhece o talento de seus alunos, ainda que de forma tardia, mas nunca de forma injusta! – Mycroft declarou fazendo todos aplaudirem Sherlock e John que se entreolharam, admirados com tamanha falsidade em tão pequeno espaço.

– É isso aí, viva o esquisitão! – Anderson gritou.

– Cuidado, não o animem muito ou ele começará a dançar do nada! – Donavan provocou fazendo Sherlock fuzilá-la com um simples olhar.

– Isso foi lindo, meninos! Parabéns...- Sra. Hudson disse emocionada enquanto abraçava os dois de uma vez só.

– O que a senhora faz aqui?! – Holmes perguntou devolvendo o abraço enquanto ela enxugava suas próprias lágrimas e John sorria abraçando-a também.

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– E aí, gostou? – John provocou enquanto entravam no quarto, voltando da “cerimônia de desculpas”, como eles haviam nomeado.

– Não precisava...

– Oh, Sherlock...não precisa agradecer.

– Não estou agradecendo. Estou dizendo que tudo isso foi desagradável e desnecessário. Nunca abracei tantas pessoas desconhecidas em um dia só, foi horrível. – fez uma careta enquanto se jogava na cama, tirando seus sapatos.

– Bom, gostando ou não...agora você é o aluno mais inteligente da faculdade. Já era antes, mas agora é reconhecido.

– Como eu já havia dito: desnecessário, John. O que eu faço com reconhecimento? No ele me será útil? Meus verdadeiros amigos sempre estiveram ao meu lado, nada disso mudou. O fato é que agora terei que conviver com novos tipos de chatos como, por exemplo, os bajuladores.

– Eles podem ser bem úteis no final das contas.

– Não vejo como. – respondeu muito sério enquanto John deitava-se ao seu lado, observando-o. Sherlock soltou um longo suspiro e se virou para John que sorria para ele.

– O quê?

– Nada...

– Fale logo.

– Você fica adorável falando em público. Todo nervoso...

– Eu não estava nervoso.

– Estava sim, Sherlock...- riu.

– Não...- este se sentou dando um meio sorriso – não estava não.

John segurou seu pescoço, seus dedos passando entre seus cabelos, enquanto se olhavam.

– De qualquer maneira, obrigado por tudo. – Holmes agradeceu.

– Por ter feito você passar pelo pesadelo que foi tudo aquilo?

– Não, por estar comigo hoje.

Sherlock então se aproximou, beijando os lábios lentamente enquanto seus olhos se fechavam. Suas mãos subiram pelo toráx de Watson, parando em seu ombro. Ele sabia como provocar, mesmo sem saber o que isso significava.

John então segurou forte em sua cintura, Sherlock provocando com sua língua agora, intensificando o beijo.

– Deus...quem te ensinou a beijar desse jeito? – o loiro brincou assim que os dois se olharam, sem fôlego.

– Tive o melhor professor. E eu sou bem dedicado também...- Holmes sorriu fazendo John sorrir junto.

Neste instante o telefone de Watson tocou e Sherlock se levantou num pulo, fazendo o loiro ficar decepcionado.

– Alô? Oi! Oi mãe...é...estou bem...só mais esta semana...sim! Sério? Eu adoraria...poderia levar uns amigos? Vai ser maravilhoso!...obrigado...te amo também! Certo...te ligo sim...até mais!

– Sra. Watson? – Holmes perguntou enquanto montava seu cubo mágico na poltrona.

– Sim...ela perguntou sobre nossas férias e disse que quer que a gente vá para lá!

– Nós?

– É, quero dizer...eu e meus amigos. O que você acha? Vamos? Nossas férias estão aí...daqui duas semanas, poderíamos ir para a minha casa. Você vai adorar Bournemouth...e poderíamos chamar Greg, Molly...seu irmão se não tiver problema...- John propôs ansioso com a resposta de Sherlock.

– Eu vou adorar conhecer onde você nasceu e cresceu. Vamos para a praia nas férias! – Sherlock respondeu muito decidido fazendo John sorrir.