Raul

Eu estava nervoso, muito nervoso, os batimentos de Alice estavam cada vez mais escassos, ela estava morrendo...

- Mais rápido Marcelo!

- É impossível! Isso aqui não é um carro de corrida não, e eu não sei nem pra onde estamos indo.

- Pro hospital mais próximo.

- Eles não vão conseguir curá-la.

- Você tem uma ideia melhor?

- Não.

- Então nós vamos para o hospital.

Levi estava quase chorando, eu também , mas tinha que me manter firme. Marcelo dirigiu por mais 15 minutos e então chegamos a um hospital, corri pra dentro com Alice em meus braços. Ela parava de respirar pouco a pouco, deitei ela cuidadosamente em um sofá que havia lá e fui falar com a recepcionista.

- Moça, ela tá precisando de ajuda.

- O que ela tem?

- Eu não sei. Por favor.

- Nome completo.

- Quê? Ela tá morrendo, o coração dela tá parando, você sabe o que é isso?

- Nós temos um formulário...

- Você pode pegar esse formulário e enfiar no seu... Se você não internar ela AGORA, eu vou ser o seu pior pesadelo... LITERALMENTE!

Ela chamou um maqueiro e em pouco tempo, ao verem a gravidade do caso, já haviam vários médicos ao seu redor. A levaram para uma sala, eu não pude ir junto. Os outros Marcelo, Rogeslane, Anderson, e Levi vieram ficar no hospital.

- E aí?

- Ela foi levada para uma sala.

- Ela vai ficar bem?- meu irmão perguntou

- Não sei pequeno, não sei. Senta aqui.

Os minutos foram se passando... Aquela demora me deixava nervoso.

- Eu vou falar com eles.

- Calma, espera, deixa que eu vou, sou mais velho.

- Eu não vou ficar aqui sem notícia dela!

- Cara, sinceramente, eles não podem fazer muito por ela. O carinha lá transmite um vírus raro, na verdade, só ele que faz isso, a medicina não conhece aquilo.

- Eu sei! Mas o que é que eu vou fazer? Tinhamos que tentar algo.

Um médico veio em nossa direção.

- O responsável pela paciente Alice.

- Sou eu!- falei

- Com essa cara de moleque? O responsável pela senhorita Alice por favor.

- É... Sou eu.

- Ela está mal, a sua situação é muito grave, não sabemos nada sobre o que ela tem, é algo desconhecido e mortal. Nós testamos de tudo, mas já não podemos fazer mais nada, podem vê-la pela última vez, eu... Lamento. Lamento muito mesmo.

Não. Aquilo não podia estar acontecendo, era tudo um pesadelo... Era só um pesadelo...

Marcelo pôs a mão em meu ombro.

- Calma.

Levi me abraçou chorando.

- Venham vê-la.

Fomos todos até a sala onde ela estava. A linda Alice estava pálida agora, e fria, quase já não respirava. Peguei em sua mão.

- Não vá Alice, você é mais poderosa que isso. Não se renda. Você pode vencer essa doença.

- Lice.- disse Levi.- Não deixa a gente sozinho. Nós precisamos de você...

Era tarde, e era tudo culpa minha, se ela não tivesse pulado pra me salvar, ela não estaria ali naquela hora, deveria ser eu... Sim deveria ser eu ali.

- Olha chatinha se você viver, eu nunca mais vou zoar com você e o Raul, vocês podem não ser namorados, mas... Mas vocês combinam.- Marcelo tentava não chorar.- O que eu quero dizer é que você é importante pra mim, a irmã mais nova que eu não tive.

- Eu te amo Alice.

Rogeslane e Anderson permaneceram calados, mas eu sabia que eles estavam sofrendo também.

O coração dela parou de bater, o chão abaixo dos meus pés se desfez, morri por dentro junto com ela, uma grande parte de mim se foi com Alice Melodee.

Chorei. E disse adeus por dentro.