Uma Criança Com Seu Olhar escrita por Miss Desaster


Capítulo 19
Capítulo XIX


Notas iniciais do capítulo

Aproveitem a felicidade.



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Elena saiu do consultório um pouco desanimada com as notícias. Seus remédios foram prolongados até o próximo mês e voltar ao trabalho agora estava fora de questão.

Ela precisava ocupar a cabeça e com certeza voltar ao trabalho lhe daria tempo de menos para pensar em excesso de coisas que havia acontecendo ultimamente.

A casa não estava precisando de arrumação ou limpeza, mas ela resolveu mesmo assim que era uma boa hora pra limpar o guarda roupa, tirar as roupas que nunca vestiu ou que sequer gostava.

Acabou encontrando os primeiros trabalhos manuais que David havia lhe dado e uma caixa grande que não era mexida há alguns meses. Isso deixou sua garganta apertada e lembrou da última coisa que colocou ali em caso de emergência.

Balançou a cabeça para espantar os pensamentos ruins e terminou de organizar todo quarto que ela jurava ter visto uma camiseta antiga pendurada no ventilador de teto tamanha a bagunça.

David ficaria preso na escola primária até o final do dia com as atividades extras. Ele estava no coral. Bonnie deveria estar nos braços de Morfeu essa hora da manhã, Klaus ela não tinha o menor interesse de conversar e mesmo que fosse possível, ele estaria no trabalho. E Damon não deu sinal de vida desde que voltara pra casa.

Ela estava com a maior vontade de ligar, ouvir alguma besteira e rir com isso. O problema de ser orgulhosa era exatamente esse: você deixaria o sentimento dominar seu corpo, ser jogado de um lado para o outro, a vontade de ir falando para a direita e o sentimento te segurando na esquerda.

Na metade do dia a casa estava mais limpa do que estivera no último ano.

Tirar uma soneca parecia uma boa maneira de esperar seu filhote sair da escola.

–-

Damon não havia ligado para Elena. Talvez fosse uma atitude ruim depois do bom final de semana que passaram e seria a atitude que tomaria depois de dois dias com uma mulher qualquer, mas ela não era.

Elena detestou quando ele perguntou o que aconteceria com os dois depois que ficaram juntos. E a ideia de alguém descobrir sobre eles parecia incomodar bastante.

Parecia que até quando acertavam, ainda teriam muito para errar.

Quanta propensão aquilo teria para dar certo?

Interrompendo seus pensamentos, Stefan chegou alegre e como um furacão em sua casa.

– Temos uma tarde de autógrafos no próximo final de semana depois que você voltar do Canadá. Não é ótimo? – Stefan estava sentado na poltrona de frente ao espelho do closet em que Damon se arrumava.

Essa foi uma ótima notícia. Ele sentia falta dos seus fãs.

Ultimamente só encontrava com eles nas ruas ou em outros lugares que passeava. Sua vida pessoal estava tirando seu tempo para as outras pessoas que mais se importava. Não que isso fosse uma coisa ruim, mas o deixava com vontade de ver aqueles rostos sorridente outra vez.

– Com certeza. Distribua as senhas antes do dia e se acabarem, faça dois dias.

– O que foi? Qual o motivo desse bom humor? – O amigo deu um sorrisinho malicioso. – Final de semana em família, hein?

– Só estou bem.

– Ah e a Elena ter ido com você no “The Sky” não tem nada com isso?

Ela queria ver as estrelas. – Damon murmurou distraído.

Agora estava fuçando as roupas do moreno e provavelmente estava procurando a próxima roupa que roubaria do acervo de Damon.

– Você não tem saído pra beber, não tem usado nada por mais tempo que te conheço e nunca te vi tanto tempo concentrado. – A jaqueta grafitada de sua última viagem pra Austrália já estava no corpo de Stefan que sorria coo modelo para o espelho. Teve de revirar os olhos.

– Eu sempre me concentro quando estou produzindo meu álbum.

Seu empresário e amigo riu com gosto:

– Já te vi gravar tão alto que beijaria o céu. Mas sempre ficou bom se te serve de consolo. Você nasceu pra fazer música. Estou gostando do que está fazendo agora.

Damon olhou confuso para Stefan.

– O que estou fazendo?

– Do que tem feito no estúdio. Vi seus rascunhos e ouvi o que andou gravando. Está um pouco diferente, mas ainda é muito bom. Quando vamos ver finalizado?

Isso não estava nos seus planos e de repente Damon sentiu uma dor de cabeça daquelas de quando ficaria com raiva o bastante para quebrar um bloco de cimento.

– Que merda você estava fazendo no meu estúdio?

O moreno saiu do closet pisando firme e se serviu do uísque no que sempre ficava no canto mais afastado de seu quarto.

– Eu sempre vou e não tinha nenhum aviso de proibido-a-visita-de-empresários-curiosos. – Stefan se jogou na cama e colocou os braços atrás da cabeça e nem um pouco afetado pelo ataque de fúria.

Não era realmente uma surpresa. Stefan se tornou o amigo mais próximo de Damon desde que sua carreira começou de verdade e estava acostumado com tudo de bom e ruim que vinha junto.

– Aquilo é pessoal. – Damon rosnou.

– Fazer música é pessoal. Senta aqui cara.

O moreno não estava com a menor intenção sentar ou interagir com Stefan, mas sabia que ele não lhe daria um minuto de paz se não fizesse.

– Você está escrevendo aquelas músicas pra sua família, eu sei.

Damon contou algumas coisas que estavam acontecendo para Stefan. Ele era o irmão que nunca teve e era bom não ter que fingir tanta coisa perto de alguém. Dessa vez o amigo não fez piada ou comentários sarcásticos sobre o assunto. Apenas escutou e acenava a cabeça vez ou outra mostrando estar escutando.

– Só dê um tempo pra ela. Acho que é só isso. E tenho uma ideia pra essa viagem.

Stefan fez uma observação importante dos planos de viagem e melhorou em 70%.

– O que você faria sem a minha pessoa? – O amigo deu um tapa na cabeça de Damon, que agora estava sentado com o notebook no colo e finalizando a ideia dos dois.

– Teria paz e meu closet não seria assaltado com tanta frequência.

–-

Bater agora na porta só não foi mais difícil do que no dia da descoberta que seu filho estaria atrás dela. Tanta coisa tinha acontecido no último mês e parecia que as mudanças não parariam tão cedo.

– Hm. Bon, você esqueceu a chave de novo? – Elena murmurou enquanto abria a porta do apartamento 402.

Elena estava com a cara amarrotada de quem acabou de acordar.

– Não tenho a chave. – Damon murmurou se sentindo sem graça pela primeira vez em anos. – Posso entrar?

Ela apenas confirmou lhe dando espaço para passar pela porta e o seguiu até o sofá onde já estava acomodado.

– Achei que você só viria amanhã.

– Estou atrapalhando? – Damon olhou por cima do ombro na direção do quarto e esperava realmente que alguém surgiria do quarto.

Não que Elena fizesse esse tipo de garota, mas eles passaram por muita coisa até chegarem nesse exato momento e era difícil afirmar com toda certeza que algo não havia mudado nela. Torcia pra nada ter mudado tão radicalmente.

– Você não ligou. – Ela resmungou como se o fato a tivesse chateado.

– Estive pensando na nossa viagem e que viajar de avião não parece uma boa ideia.

– O médico me proibiu de viajar de avião por causa da pressão atmosférica ou algo assim. – A morena ainda parecia sonolenta e bocejou: - Você pode levar o David, se quiser.

Damon se aproximou de Elena:

– Não. Eu vim falar sobre isso e temos outro jeito de ir. – Ela parecia desconfiada: – Posso pegar o ônibus que uso pra turnê...Na verdade o John deve chegar de noite.

– Não sei se é uma boa ideia ir com você. É a sua família.

Estar com ela tinha esse tipo de efeito em Damon. Ele precisava dela ou não se sentia bom o bastante para fazer determinadas coisas. Ela acreditava nele e isso sempre o deixava melhor. Ela acreditava como pessoa, simples como o Damon Salvatore, o garota do Canadá que saiu de casa aos 17 anos e o problemático com o pai. Elena sempre sabia de tudo e encontrava um jeito de acreditar que ele poderia superar as tempestades. Ela era seu barco para que navegasse pelo oceano.

Damon não pensou em nada quando a pressionou contra o braço do sofá e a beijou. Beijou pra espantar a enxurrada de pensamentos, para aplacar a vontade de diminuir a distância e para ter certeza de que nada havia mudado em dois dias.

Ela reagiu da forma que ele menos esperava – ok, ele esperava sim -, mas foi surpreendente o modo como Elena agiu totalmente receptiva, sem restrição e ansiosa pelo momento.

– Eu preciso de você. – As palavras não soaram erradas ou tremendamente loucas como ouvia na própria mente.

Elena sorriu e seus lábios estavam entreabertos e ela pressionou num beijo rápido e disse:

– Senti sua falta.

Foi a segunda melhor coisa que havia ouvido nos últimos tempos. A primeira foi que tinha um filho.


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Notas finais do capítulo

Espero que vocês estejam felizes como Damon, Elena, David e Bonnie. Eu provavelmente vou escrever um capítulo especial de Natal :) Obrigada meus amores