Diziam que você voltaria

Custou-me a acreditar

Agora aqui estou eu

Tentando me salvar

Eric colocou o corpo de Chloe com cuidado no chão como se ainda estivesse viva e logo depois se virou com uma expressão meio maníaca para Caroline, que rosnou ameaçando-o.

-O que pensa em fazer? – Eric fingia pensar.

“Matar-te não parece má ideia” – pensou seguida de mais um rosnado e depois um peso na consciência.

Era apenas nisso que conseguia pensar? Em morte? Será que sua nova forma influenciava nisso ou ela também estava ficando maníaca como Eric?

-O que foi, está confusa? – falou com preocupação na voz.

Caroline começou a recuar mesmo Eric ainda estando no pé da escada, ele parecia querer confundí-la mais do que já estava. Ela lutou contra o impulso de atacá-lo e fugiu, não como um ato de covardia, mas de auto preservação mental.

As árvores passavam como borrões a sua volta e galhos se partiam sobre suas patas enquanto tentava organizar sua mente. Parou perto de um lago e olhou em volta para ver se Eric a seguira, será que conseguiria correr todo o percurso que ela fizera?

Ela precisava apenas de alguns minutos para se estabilizar, havia muito tempo desde a primeira vez que mudara de forma, devia ter doze anos na época e ela não lembra o que acontecera ao certo, apenas que tentara fugir da mansão saltando pela janela e quando sentiu o impacto com o chão ela tinha patas no lugar das mãos. No dia seguinte, acordara no meio da floresta sem roupa.

Aproximou-se do lago e olhou para seu reflexo que lhe parecia tão irreal e familiar. Os olhos amarelados se destacavam em meio aos pelos negros e estava com vontade de caçar algo.

Deteve-se balançando a cabeça ao pensar nisso e lembrou que não comia desde o almoço. Concentrou-se para pensar como uma humana e lembrou-se de Isabele, culpou-se por um momento por não ter se preocupado em saber se estava bem, mesmo que antes preferisse jogar-lhe um candelabro.

Balançou a cabeça de novo, não iria conseguir nada desse jeito, soltou um pequeno uivo de tristeza, sem se preocupar se chamaria atenção ou não.

Um arrepio percorreu-lhe quando sentiu a presença de algo, procurou em volta e deu de cara com um par de olhos bem conhecidos, mas que preferia não vê-los nem em seus pesadelos.

“Finalmente me encontrou” – Caroline nem pensou na possibilidade de fugir, como em um sonho que tivera já há algum tempo, não havia como ela continuar.

Ele a analisava do outro lado do lago, seus olhos rubi, incomuns para os lobos, exceto por um deles, aquele que o livro alertava.

“Lune Rouge.Lui toujours visites lors du lune rouge.”

“- Lui toujours… Ele sempre voltará na lua vermelha. – traduziu tremendo de leve no final. - O Lua Vermelha... Ele sempre voltará no dia da lua vermelha – concluiu juntando os pontos.”

Caroline arriscou-se a olhar para o céu e viu uma lua ficando em um tom avermelhado, confirmando suas suspeitas.

O lobo, mais conhecido como Lua Vermelha, ainda a fitava, seus olhos jamais piscavam dando a sensação de que duas miniaturas da lua a encaravam.

“O que quer comigo afinal?” – tentou outra tentativa de comunicação.

“A flor, onde ela está?” – sua voz sussurrou na mente de Caroline.

“Eu não sei, mas porque está me perguntando isso eu nem sei quem...”- ela se interrompeu e olhou para o lobo que parecia balançar a cabeça meio decepcionado.

Um grito ecoou pela floresta e os dois rapidamente viraram a cabeça na direção da origem do som.

“Isabele!” – gritou em pensamento.