Aí está o que procura

Aí está o que tanto anseia saber

Só tome cuidado

Para certo não entender.

Isabele acendeu a vela de uma luminária, tirando-as um pouco da escuridão do local. Arrastou uns caixotes para perto da luz e sentou-se sem antes convidar Caroline para fazer o mesmo.

-O livro. – pediu com sua voz infantil.

Caroline deu o livro hesitante para ela e sentou ao lado da mesma.

-Você tem alguma noção de quem está cometendo esses assassinatos?

Isabele entregou um telegrama para a jovem, nele continha a seguinte informação:

Um rastro de corpos foi encontrado próximo a cidade, acredita-se de que o responsável esteja saindo do interior e vindo para a cidade, comunique a todos de que a entrada para a mesma estará fechada durante os próximos dias.

-Isso foi enviado para todos os ricos da região. – comentou assim que Caroline acabou de ler.

A jovem franziu o cenho tentando ver onde Isabele queria chegar com aquilo.

-Mas se todos receberam o aviso, porque vieram hoje?

-Aí é que está e também porque nenhum deles foi pego pelo assassino? Acho que tem alguma armação por trás disso. Mas antes de levarmos isso à diante, vou te mostrar o que tem neste livro.

Caroline achava estranho ter as respostas da pessoa que menos esperava, mas Isabele também não parecia ter todas elas. Talvez também tivesse procurando suas próprias.

-O livro fala sobre uma lenda onde há muitos anos toda uma geração de caçadores e suas famílias foram almadiçoados, assim como outro grupo de protetores foi abençoada pelo dom de se transformarem em lobos.

-Um por sua vontade própria e outro não. – acrescentou Caroline.

Isabele olhou para ela erguendo uma sobrancelha.

-Conhece a lenda?

-Minha mãe adotiva me contava essas histórias quando criança.

Caroline passou as folhas até o desenho da floresta que vira quando achou o livro.

-O que quer dizer esse desenho?

A jovem observou Isabele ficar pálida e quase deixando o livro cair de suas mãos que foi pego pelas de Caroline.

-O... O... Pesadelo... – murmurou em pausas.

-Você tem pesadelos como nesse desenho?

Antes de conseguir responder, ouviram passos pela sala e manteram-se em absoluto silêncio, apenas os batimentos e os passos sobre o piso ecoavam nos sensíveis ouvidos de Caroline.

Assim que os sons se afastaram, ela colocou na página do desenho da garota com a flor e do massacre do lobo.

-O que significa essa frase? – apontou para a legenda debaixo do desenho.

- Lui toujours… Ele sempre voltará na lua vermelha. – traduziu tremendo de leve no final. -O Lua Vermelha... Ele sempre voltará no dia da lua vermelha – concluiu juntando os pontos.

As duas ficaram refletindo durante alguns instantes o ponto a que chegaram. Caroline escutou mais passos pelo corredor.

-Será o Lua Vermelha que está matando as pessoas? – seus olhos passaram rapidamente pela imagem para desviarem logo depois dando uma sensação estranha, como se algo se remexesse dentro dela.

Isabele apenas negou com a cabeça.

-Muito pelo contrário, quem está fazendo isso quer chamar atenção dele, onde tem morte, tem a Flor. – pronunciou deslizando os dedos sobre a imagem da garota com a flor.

-Mas quem quer chamar atenção dele? – Caroline já estava aflita com aquela história.

Vidraçarias foram quebradas em algum lugar do salão, gritos de todos os lados eram ouvidos e algo além do som dos sapatos lustrados dos ricos comerciantes ecoava no chão, eram mais pesados e ligeiros.

Os cheiros de sangue e morte invadiram as narinas de Caroline a embriagando.

A pequena porta secreta se abriu e Caroline encarou Nathaniel com os olhos no aspecto amarelado dos lupinos.

-Canibais – Isabele e Caroline responderam em uníssimo a pergunta levantada.