Adriano Costa - Miami, Flórida - EUA.

"Meu filho, tem certeza que quer mesmo voltar a morar no Brasil? Não acha melhor terminar o terceiro ano aqui e voltar conosco no final do ano?" perguntou minha mãe, me olhando com preocupação.

"Sem dúvidas, dona Alice. Eu sei me virar, e eu quero muito voltar ao Quadrante, sinto muita falta dos meus amigos..."

"E dela, né?! Confessa que você está voltando mais pela Lia. Vou ficar preocupada, filho, aonde você irá morar? Se sustentar? Você sabe que a nossa situação melhorou bastante, porém não vai dar para te mandar muito dinheiro mensalmente..."

"Sim, mãe, é pela Lia. Eu tenho que consertar tudo o que eu fiz, não aguento mais conviver com isso, não consigo mais viver sem sequer vê-la, mesmo que de longe... E eu irei ficar no Hostel em que a Fatinha trabalha, ou vejo com o Orelha se posso ficar na casa dele por uns tempos, eu dou meu jeito, mãe... Eu arranjo um emprego rapidinho, você sabe que quando eu quero algo, eu consigo, não precisa se preocupar!" digo tentando a tranquilizar.

"Filho, se é isso que você quer... Não temos como te impedir, te ajudaremos no que der..." diz meu pai me apoiando.

"Você vai viajar de novo, Dinho? Eu vou sentir muito sua falta de novo, não vou te ver mais?" Tico me pergunta com um tom triste na voz.

"Claro que vai, pequeno. Eu preciso ir, é meu destino, minha vida está lá, entende? E eu vou voltar aqui nas férias de Julho, não se preocupe. Temos Skype e tudo que a tecnologia nos permite... Logo logo estaremos juntos novamente."

"Promete?" me olha com os olhos cheios de lágrimas

"Prometo, pequeno. Mas não chora! Eu te disse que homem chora sim, porém agora não tem motivos, eu não vou te abandonar." digo secando suas lágrimas. "E vou sentir muitas saudades dessa minha gordinha danada, né, Luísa." digo pegando minha irmãzinha no colo.

"Cuidado com a cabecinha dela, Dinho, ela é molinha ainda..." diz minha mãe me alertando.

Sentirei muita saudade dos meus pais, do Tico, da Luísa que havia completado um mês de vida ontem, e até mesmo das loucuras da Bárbara. Morar esses tempos em Miami foi ótimo, melhorei meu inglês e fiz meu curso de desenho... Sim, desenho! Passei a me interessar e vi que levava jeito após ter passado por Marrocos, no qual um homem que sobrevivia com sua arte na rua... Ninguém dava muito valor, uns não pagavam e se pagavam era pouco, porém seu amor por desenho e pintura era tão grande que não abria mão desse sonho, e eu aprendi muito com ele, inclusive algumas técnicas no qual me ajudaram muito no curso. E com ele aprendi também a não desistir dos meus sonhos e nem do amor, por isso estou voltando ao Rio de Janeiro, irei atrás do meu sonho, no qual tem meu amor junto.