Ele não estava lá. Kagome olhou para o lugar que ele sempre sentava, nem muito perto do palco, nem muito longe da saída. Rapidamente, voltou sua concentração pala o microfone na sua mão, esperando o show começar. Mas sua mente insistia em se lembrar daquele dia, quando o vira pela primeira vez.

Flash Back

O Miroku's estava animado com a nova banda. Todos diziam que a guitarrista era namorada do dono do bar e não haviam se enganado. Kagome, Sango, Rin e Kagura estavam ansiosas pela estreia.

- Oh, my God! Eu estou quase comendo as unhas!

- Não se preocupe, Rin-chan. Vamos nos sair bem, né?

- Claro! Somos as melhores, lembram? As Gatas Fugitivas!

- Kagura-san, melhor usar o nome em inglês mesmo... – Todas riram.

Passado um tempo, elas estavam prontas para cantar, quando um homem, de cabelos brancos e olhos amarelos, entrou. Trajava um terno, segurava uma maleta numa das mãos, parecia não gostar da vida que levava, pois olhava a mala como se fosse um saco de lixo, estava com as mãos nos bolsos e os longos cabelos não aparentavam serem bem cuidados. O coração de Kagome, ela nunca soube o porquê na hora, falhou uma batida e, meio paradoxal, eu sei, começou, logo em seguida, a bater rapidamente. O homem sentou numa das mesas e olhou diretamente para ela.

- 1, 2, 3, 4 e... – A música soa pelo local, vinda acompanhada da voz de Kagome, a vocalista.

Eu quero a sorte de um amor tranquilo

Com sabor de fruta mordida

Nós na batida, no embalo da rede

Matando a sede na saliva

Ser teu pão, ser tua comida

Todo amor que houver nessa vida

E algum trocado pra dar garantia!

E ser artista no nosso convívio

Pelo inferno e céu de todo dia

Pra poesia que a gente nem vive

Transformar o tédio em melodia

Ser teu pão ser tua comida

Todo amor que houver nessa vida

E algum veneno anti-monotonia

E se eu achar a tua fonte escondida

Te alcanço em cheio, o mel e a ferida

E o corpo inteiro, feito um furacão

Boca, nuca, mão e a tua mente, não!

Ser teu pão ser tua comida

Todo amor que houver nessa vida

E algum remédio que me dê alegria

Ser teu pão, ser tua comida

Todo amor que houver nessa vida

E algum trocado pra dar garantia

E algum veneno anti-monotonia

E algum...

A música acaba e uma salva de palmas ensurdecedora se fez ouvir. Kagome ainda olhava aquele homem intrigante. Então, com surpresa, notou que ele, ao levantar, murmurou alguma coisa, um simples mexer de lábios, pagou a conta e saiu.E isso se repetiu por uns três meses, ele entrava, sentava naquela mesa, pedia um drink, ouvia a banda, levantava ao final, murmurava algo e ia embora. Kagome sabia que ele murmurava só para ela.

Flash Back

Mas ele não estava lá. Nem estaria lá. Nunca mais. Por culpa de uns simples goles de um motorista numa lata de cerveja. E Kagome nunca saberia que as palavras ditas por ele eram "Te amo".