Estrela Guia - A História De Carlisle Cullen escrita por Claudia Carvalho


Capítulo 1
Fim e Começo


Notas iniciais do capítulo

Prólogo

A vida é totalmente imprevisível. Numa hora você está tudo normal, tudo bem. No segundo seguinte tudo muda. Você era o perseguidor, agora é o perseguido; você era a presa, agora é o predador.

Mas o que é esse predador? Eu sou esse predador. Eu sou um demônio, com um destino preestabelecido, sem opções. Sem esperanças.

Mas meu destino será mesmo preestabelecido? Será que não tenho escolha? Será que não há esperanças?

Há males que vêm para o bem?



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Londres, ano de 1663


Está começando a anoitecer. Eu e mais uma multidão de anglicanos, munidos de forcados e archotes, esperamos escondidos que umas das bestas saia do esgoto.



Finalmente meu pai terá orgulho de mim. Ele dizia que eu era um fracassado como perseguidor de demônios, apenas porque eu investigava antes de assassinar um inocente, diferente do que ele fazia. Mas eu tenho certeza – este é o demônio certo.


Poucos minutos depois do crepúsculo, saiu do buraco do esgoto o demônio que esperávamos. Era branco como a neve, porém imundo, com cabelos como uma juba ao redor do rosto. Suas roupas estavam em estado deplorável.

Mas o que me assustou foram os olhos vermelhos. Não eram de um tom forte, como eu esperava, como meu pai disse que seria – eram vermelhos escuros, da cor do vinho.

Assim que pôs a cabeça para fora, o monstro farejou o ar. Senti os olhos dos humanos mais próximos em mim. Força, Carlisle pensei. Se seu pai conseguiu, você também consegue.

Quando ouvi a voz da criatura gritando numa língua que supus ser latim, respirei fundo, estufei o peito, saí de meu esconderijo e dei o grito que condenaria o demônio:

– Atacar!

O monstro arregalou os olhos ao me ver, talvez ele tenha me reconhecido. Afinal eu sou filho do pastor Cullen, e todos sabiam de obsessão de meu pai por caçar essas anomalias. Ele estaria aqui se não estivesse velho demais para essas coisas.

Corri na direção da besta, seguido pela multidão enfurecida. A criatura se assustou e disparou em sua fuga. Eu era rápido, mesmo para aquele amaldiçoado que parecia ser mais rápido que qualquer humano, e logo a multidão ficou para trás. Mas eu estava chegando perto. Talvez pudesse queimá-lo com a tocha que eu carregava – se eu conseguisse chegar só um pouquinho mais perto...

Foi quando, subitamente, o perseguidor se virou para mim, num movimento que parecia não ter acontecido, e soltou um rosnado bestial. Estendeu o braço e bateu na minha tocha, atirando-a longe. Então ele me bateu e me arranhou; seus punhos eram como pedra, e suas unhas como lâminas afiadas. Tudo aconteceu muito rápido – os golpes eram como borrões. Em poucos segundos eu estava no chão. Ele me levantou pelos cabelos – mais dor –, enfiou os dentes no meu pescoço e começou a sugar meu sangue. Eu estava lidando com um vampiro.

A mordida ardia, mas ele não continuou com aquilo por muito tempo. Ele teve que me deixar de lado, pois a turba que ficara para trás estaca nos alcançando. Quando vi que o demônio estava distraído, comecei a me arrastar, muito ferido, para sair do caminho da multidão. Consegui me esconder a tempo, atrás de alguns barris. Vi aquele ser atacar três pessoas, matando duas delas. Apesar das perdas, a multidão cumpriu seu objetivo – logo o monstro estava ardendo em chamas; e a mordida no meu pescoço também. Não literalmente, mas parecia queimar. Vi atearem fogo nos dois mortos e no que sobreviveu – meu pai não permitia que nada que tivesse o mínimo de contato com um demônio ficasse inteiro – nada nem ninguém. Absolutamente tudo que entrasse em contato com a criatura deveria ser queimado. Na verdade tudo isso aconteceu muito rápido.

Graças à Deus, eu havia me escondido na frente de uma vidraça que levava ao porão de uma venda. Minhas veias estavam queimando, mas contive o grito de dor. Consegui me esgueirar pela janelinha e caí lá dentro, em cima de uns sacos que, pelo cheiro, deviam conter batatas podres. Foi aí que tudo piorou.

Meus ferimentos atingiram uma dor inimaginável, a dor da queimação triplicada. Mordi minhas bochechas, para não deixar que meu grito revelasse a minha localização. Enterrei-me ainda mais nos sacos, para o caso de o meu grito de dor escapar. A dor aumentou, e parecia que nunca cessaria. Senti a vontade de gritar duplicar junto com a dor da queimação, mas aguentei firme.

Não sei por quanto tempo a dor insuportável continuou, mas por cada segundo daquela dor, eu desejei que chegasse a minha hora, que Deus viesse me buscar. Muito tempo depois, um tempo incontável, a dor passou, e meus olhos, que estavam fechados, se abriram para um novo mundo.


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