Reveille escrita por MayaAbud


Capítulo 27
Tentando Um Pouco Mais


Notas iniciais do capítulo

Capítulo transitório...



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Ponto de vista de Renesmee

_Renesmee, o que houve?_ a voz que se aproximava era familiar_ Está machucada?_ a voz calorosa quis saber. Quase tive vontade de rir, que pergunta idiota! Houve murmúrios perto, mas não pude ver, sentia que se me movesse me despedaçaria.

_Cara, ela não está bem_ eu conhecia essa voz também_ Isso me lembra...

_Sim, eu sei!_ outra voz familiar interrompeu bruscamente_ Seth, vamos tirá-la da chuva e avisar Bella.

_Não, não_ sussurrei engasgada, ninguém da minha família podia me ver agora, já era humilhante o suficiente que eles tivessem me visto assim.

_Deve ter alguma roupa dela na minha casa, melhor levá-la para lá. Minha mãe e Charlie estão no trabalho_ disse a voz mais próxima enquanto seus braços mais quentes do que eu gostaria me tiravam do chão com facilidade.

_Melhor esperar que se acalme_ ouvi Quil dizer atrás de nós.

_Deixe-me andar_ pedi constrangida, embora mal pudesse sentir meu corpo_ Posso ir sozinha.

_Sem essa Nessie_ respondeu Seth_ Estamos pegando um atalho, estamos quase lá.

_... Uma grande loucura_ murmurava Quil como se eu não pudesse ouvi-lo.

_Não sei o que é pior_ respondeu Embry.

 Seth só parou de correr quando chegou à cozinha de Sue, ele me sentou numa cadeira e sumiu pelo corredor no instante em que Embry e Quil passaram pela porta. Os dois pararam me olhando e desviei os olhos, carrancuda.

_O que estavam fazendo lá?_ perguntei, minha voz falhou miseravelmente.

_Íamos pular, por diversão, você sabe_ respondeu Quil parecendo constrangido a julgar pelo tom de voz, eu encarava o tampo da mesa.

_Aqui, Nessie. São suas_ Seth pôs em minhas mãos uma toalha, uma blusa de linho e um jeans, roupas esquecidas em algum fim de semana com Charlie. Ficariam apertadas, mas deviam caber.

 Assenti e levantei sem encará-los. Troquei-me no banheiro enquanto eles falavam aos sussurros.

_Gostaria que pudéssemos fazer algo_ foi só o que pude ouvir Embry dizer.

Alguém suspirou baixo enquanto eu voltava pelo corredor até a cozinha, secando os cabelos.

_Nessie, não devia ficar andando por aí, assim, sozinha_ disse Embry, os olhos cheios do cuidado que se tem com alguém de sua família.

_Prefiro ficar sozinha_ admiti.

_Ficamos preocupados_ disse Quil. Como eles podiam ter tanto cuidado com alguém que magoou e afastou seu irmão, seu alfa?!

_Talvez eu esteja mesmo enlouquecendo_ falei e Seth, escorado na pia ao meu lado estendeu um braço longo e forte, envolvendo meus ombros.

_Todos estamos um pouco_ me apoiou ele.

_Posso ficar aqui um pouco, não acho que Edward vá ficar ok, se eu chegar em casa assim_ pedi a ele.

_Não me importo, a casa é sua também_ respondeu Seth. Embry e Quil me abraçaram antes de sair.

 Seth ligou a TV se refestelando num sofá e eu fazendo o mesmo em outro. Só me dei conta de que dormira quando acordei. Ouvi Bella conversando com Charlie na cozinha, Seth roncava baixinho ainda.

_Eu vim buscar você_ disse Bella surgindo na sala. Logo me despedi de vovô e saímos.

_Porque veio me buscar?_ perguntei entrando no carro.

_Seth ligou e me disse o que houve_ sua voz era tranqüila, mas havia preocupação em seus olhos dourados_ Sente-se bem?

_Melhor_ respondi afundando no banco e encarando a chuva que parecia derramada de um balde.

_Renesmee... Mata-me que eu não possa fazer nada por você, mas sabe... Você poderia conversar. Rosalie estudou psicologia apesar de não ter diploma, há seu avô...

_ Está me sugerindo fazer terapia?_ perguntei chocada. Ela balançou a cabeça sem tirar os olhos da estrada.

_Apenas que ponha isso para fora. Guardar para si não ajuda_ ela franziu os lábios decidindo dizer algo_ Acho que esse lugar também não ajuda muito.

_Essa é minha casa_ falei, mais por teimosia, porque nesse momento não senti que dizia uma verdade, não sentia que aquele era meu lugar_ Além de tudo, não há nada que diga que vocês já não saibam: sinto culpa, sinto medo de que algo aconteça... De que precise de algo e sinto raiva porque nada disso faz o menor sentido.

_Nessie... _ ela levou a mão ao meu rosto enxugando uma lágrima que caía.

 Bella não contou o ocorrido para ninguém, mas claro que eu não poderia esperar que meu pai nunca soubesse...

 O dia seguinte era meu aniversário. Foi uma experiência extracorpórea. Eu nunca ansiei completar minha taxa de crescimento, não pensei muito nisso, mas nunca imaginei que seria assim. Esme me fez um bolo de chocolate e cereja, meu favorito. Não houve alarde algum como sabiam que eu preferia. Emmett e Rose me enviaram o presente pelo correio, ele me deu uma filmadora nova e ela uma gargantilha com o brasão da família. Jazz me deu uma câmera fotográfica e Alice cinco pares de sapato. Esme comprou material para reformar meu quarto no chalé e Carlisle me dera uma coleção de livros recém-lançados. O presente de Bella era um tanto estranho: biquínis e saídas de praia.

_Para combinar com o meu_ meu pai respondeu ao meu pensamento estendendo-me uma pequena caixinha. Abri e havia uma chave lá.

_Uma chave... É, combina_ falei e todos riram.

_É a chave de uma casa. Presente para você e Bella, mas você parece gostar mais de presentes que ela_ Bella revirou os olhos_ Fica em uma ilha.

_Depois de amanhã partiremos_ disse minha mãe.

 Passei meu ultimo dia em La Push, com Emily e Claire, Jade apareceu lá no fim do dia quando eu já estava de saída. Despedi-me uma vez mais de todos ali...

 Nossa ilha ficava mais precisamente em território mexicano, relativamente perto da fronteira.

 Numa marina, depois de algumas horas de avião, pegamos uma lancha e partimos deslizando sobre a água, sob um céu estrelado e uma lua que parecia uma pintura. Após três horas de viagem aquática avistei ao longe a massa prateada e pálida que parecia flutuar acima da espuma branca das ondas que quebravam, era areia. Desembarcamos num pequeno píer e seguimos por uma trilha ladeada por uma vegetação baixa e algumas árvores. Perguntei-me se já havia sido feita alguma reforma, pois me pareceu pouco provável que a casa original já tivesse uma aparência tão familiar.

 A entrada era praticamente toda de vidro, e o que não era possuía uma madeira cor marfim. O piso era claro, a mobília moderna e ao mesmo tempo neutra. Havia um piano branco, desbotado propositalmente, muito charmoso. Um sofá azul claro, um divã salmão no canto da sala e cadeiras de balanço beges, havia também fotos nossas espalhadas na mesa com um abajur e ao lado da TV. Imaginei que fora isso que Esme andou fazendo enquanto viajávamos. Depois da sala havia um corredor largo com duas portas de cada lado, os quartos, imaginei.

 O corredor levava a uma cozinha ampla, de piso de mármore claro como toda a mobília, exceto a mesa de quatro lugares que era de mogno. Meus pais me mostraram meu quarto. A cama era grande, forrada com lençóis brancos, as paredes decoradas num azul exuberante e alegre e também em marfim. Na parede em frente a cama havia uma porta de madeira com fendas na horizontal, estava aberta e depois havia uma varanda que do lado direito possuía uma rede e do esquerdo uma espécie de grade de madeira fina, cheia de botões  brancos de uma roseira que se emaranhava em torno de si, o aroma fresco do mar e das rosas era delicioso, calmante, eu podia ver o mar dali, brilhando numa mistura de púrpura e prata.

 Acordei com a luz do sol entrando forte pela porta que ficara aberta. Sentei na cama admirando a paisagem lá fora: alguns metros de grama verde cobriam o chão depois da varanda e depois a areia branca e que parecia muito fina se estendia até o mar verde e calmo.

 A risada musical de minha mãe ressoava pela casa, meus pais estavam enroscados no sofá.

_Bom dia meu amor_ disse Bella, linda em seu short e em sua camiseta rosa.

_Concordo_ disse Edward beijando-a, dirigi-me a cozinha.

_Renesmee_ chamou meu pai vindo atrás de mim_ Como acha que a Ilha deve se chamar?_Pensei um instante, minha mãe surgindo ao seu lado.

_Ilha Bella!_ falei_ Bella quer dizer bonita não é? Em espanhol e em italiano. É perfeito_ expliquei servindo-me de suco.

 Depois do café da manhã, Edward me levou para fora, nos fundos da casa, onde havia uma piscina e uma espécie de garagem. Edward me fez parar e Bella pôs suas mãos pétreas sobre meus olhos. Em segundos tudo o que pude ouvir foi um pequeno estalido metálico e então as mãos se foram: meu pai estava na minha frente, atrás dele uma versão menor e verde escura do jipe de Emmett jazia. Edward deu um tapinha na lataria dizendo:

_Ele é ótimo na areia. _ Ergui um sobrancelha.

_É para você_ disse Bella sorridente, brilhando suavemente com o sol que não nos tocava diretamente de onde estávamos.

_Hoje é seu aniversário_ falei.

_Claro_ disse ela revirando os olhos_ Ganhar uma ilha com meu nome não é nada.

_Ela sabe dirigir, você não_ disse meu pai_ Vou ensinar, logo você terá sua carteira de motorista.

 Foi tudo muito fácil, sabia teoricamente como se guiava um carro, a mecânica era moleza. Dirigi pala trilha da floresta que havia no lado norte da ilha, atravessamos e chegamos à praia do outro lado, era mais rochoso ali, mas não menos bonito. Havia um paredão formando um penhasco que findava direto no mar. Demos a volta na ilha, que era deslumbrante, coqueiros curvavam-se sobre nós na faixa de areia, o mar parecia uma piscina de tão tranqüilo, era um lugar que eu realmente gostaria de partilhar com alguém, como meu melhor amigo. Fingi não perceber o olhar de meu pai e ativei meu escudo.

_Vamos nadar?_ perguntei, parando o carro.

 O tempo na ilha passava inconstante, por vezes o dia parecia infinito e por vezes curto demais. Em geral eu passava o dia zanzando: admirando as aves coloridas, araras e papagaios, a leste, dando frutos aos pequenos macacos que com alguma paciência de minha parte pararam de fugir (ou eu os alcançava). Não tinha animais grandes ali, nada que se pudesse apresar sem desperdiçar, os pequenos roedores não eram nada gostosos, assim saíamos sempre que precisávamos caçar. Eu só fora três vezes nos três meses em que estávamos ali.

 Eu lera a coletânea que vovô me dera, quando não tocava piano estava desenhando, pintando... Já havia algumas telas pela casa: o pôr do sol, a praia, as araras com suas cores vivas... Alice levara uma tela para Esme, ela e Jasper estiveram conosco por dois dias...

 O sol acabara de se pôr e como sempre eu havia ido ver, lá da beira do mar, onde dava a impressão de poder ouvir afundando no oceano... Entrei pelo meu quarto, não usara o carro, e ouvi a voz de minha mãe, logo entendi que falava com Alice numa chamada de vídeo e fui sentar-me com ela.

_Onde estão os outros?_ perguntei estranhando vê-la sozinha na tela, nunca era assim.

_Providenciando a documentação do novo... Brinquedo_ ela riu.

_Brinquedo?_ fiz eco.

_Helicópteros. A viagem inaugural é até aí_ respondeu ela. Não disse nada, sem conseguir acreditar.

_Porque eu nunca pensei nisso?_ murmurou Edward, que eu não havia percebido atrás de mim.

_Não é muito discreto_ falei por fim.

_Vão ficar guardados num heliporto aqui em Seattle_ disse-me Alice.

_E Esme, Carlisle, onde estão?_ perguntou meu pai.

_Caçando, estou tão só_ ela fez beicinho. Perguntava-me o que Alice fazia em casa só, porque recusara a oportunidade de fazer compras, se ainda estivessem em Forks... Mas estavam em Seattle, como antes...

_Vi Carlisle e Esme indo para a Ilha no Brasil, sei que vão ficar para as festas de fim de ano, então pensei que podíamos ir a Las Vegas_ disse ela, provavelmente continuando uma conversa que começara antes. Edward olhou para Bella esperando sua opinião.

_ Acho que tudo bem, podemos passar o natal com Charlie e então Vegas_ respondeu ela.

_Não quer ir Nessie?_ perguntou-me Alice, o cenho franzido.

_Hmm... Não sei, quero dizer, eu vou, aonde mais iria?

_Nos vejo tão bem que me parece que você não estará conosco _respondeu.

Edward me olhou interrogativamente e encolhi os ombros, confusa.

_Isso fica confuso, acho que as premonições de Alice às vezes forçam a si próprias_ murmurei.

_Verdade_ disse Edward sucintamente, reclinado no encosto do sofá.

_Combinado, até mais_ e ela não estava mais na tela.

_Que tal um banho para se livrar da areia_ sugeriu Bella tocando a ponta de meu nariz, e corri para o banheiro.

 Os pesadelos voltaram, porém menos freqüentes. No entanto por mais que eu dormisse, não descansava. Pela manhã, estava sempre com a mente cheia de imagens indistintas, irreconhecíveis...

_Estamos saindo_ disse Bella do outro lado da porta.

_Tudo bem_ respondi. Eles iam à praia à noite, embora estivessem em casa quando eu despertava, pela manhã. Eu preferia mesmo que eles saíssem, isso me deixava mais à vontade para não dar atenção a mais nada, ficar dispersa, entre meus pensamentos, e ultimamente alguns vinham me perturbando. Como na manhã em que pensei nos Volturi, nada em especial no começo... Ignorei como a um sonho ruim. Mas eu estava sem perspectiva alguma e isso me fazia pensar nos milhares de caminhos que o tempo infinito abria diante de mim. Tantas possibilidades...

 Sacudi a cabeça enquanto deslizava a camisola de seda pelo corpo (Mesmo longe, Alice me encheu para fazer compras durante as viagens com meus pais), banindo as idéias. Nunca me permitiriam! Os Volturi queriam dizimar minha família, a cripta italiana nunca seria opção de férias para mim.

Renesmee!, repreendi-me.

 Pensando melhor, Rose já me contara que meu pai tivera seus anos rebeldes, alimentando-se de humanos maus, isso quando ela mesma ainda era uma humana. Não que eu quisesse isso, ultimamente eu estava muito bem com comida humana, ainda que a sede permanecesse, mas e se eu quisesse seguir por mim mesma? E, depois, Aro permitiu que Carlisle seguisse sozinho quando assim o quis...

 Minhas possibilidades de erros e acertos eram incognoscíveis, infinitos, podia aprender tudo, ser tudo. Que importa os erros se você tem a eternidade para corrigi-los?! De repente senti que estava perdendo um tempo precioso... Eu não podia impor as conseqüências de minhas atitudes a ninguém mais, devia caber somente a mim manter sob controle qualquer obscuridade que me fosse íncola.  E esta era mais uma possibilidade, uma entre um milhão. Ouvindo as ondas, em minha rede, eu estava terminantemente segura de que não dava para continuar assim, ainda que a Renesmee de antes por alguma razão insondável tenha implodido, eu tinha de buscar algum ponto de luz, uma razão, um sentido, e lamentei não perceber isso antes...

 Pela manhã, abri meu e-mail como se estivesse adivinhando, Ive me escrevera:

  Nessie,

 Porque não me dá noticias? Pensei que fosse minha amiga, bom você é, mas não sei se sou sua.

 Espero que esteja bem, sem você de companhia a escola voltou a ser como antes... Por um tempo. Então Will e eu nos acertamos, estamos juntos, é incrível. Como vai você? Onde está? E a escola nova? E Jacob? Como ele está? Saudade, e espero resposta.

Ive

Não tinha as respostas que ela queria, eu também as queria... E teria de mentir um pouco:

 Fico feliz por você. Bom, estou no México, estou de férias no momento. Jacob anda ocupado, sinto falta dele. Desculpe-me pela demora e a falta de notícias, prometo escrever mais. Perdoe minha brevidade, não tenho novidades.

 Beijo, Nessie.

 Pensei por um minuto se deveria excluir minha conta, não podíamos ser amigas, mas decidi que não, não ainda. Havia outra mensagem, que me chamou atenção por ser em Francês, era propaganda de uma agência de turismo e citava alguns pontos turísticos e culturais. ‘École Nationale Supérieure dês Beauxs- Arts’ me chamou atenção, havíamos ficado de ir a Paris...

_A escola superior de belas artes a interessa?_ Edward perguntou surgindo e sentando em minha cama.

_Talvez_ dei de ombros sem muito interesse.

_Você poderia se aperfeiçoar. Não veria nada muito diferente do que Esme ou Alice a ensinaram, mas outras perspectivas seriam interessantes, não acha?

_Interessantes_ repeti, girando a cadeira para olhá-lo. Ele tinha nas mãos o esboço do desenho dele e de Bella que eu havia começado.

_Escola Nacional de Artes?_ indagou Bella à porta do quarto.

_Como é o processo de admissão?_ perguntei hesitante. Bella bufou antes de responder.

_Não conhece seu pai? Se você quiser entrar ele vai falir os Cullen em subornos a quem seja_ Edward pareceu surpreso, chocado, se recompôs, e então revirou os olhos, eu tive de rir um pouco.

 Três dias depois recebemos visitas. Estava sentada na beira da piscina terminando o retrato de meus pais quando ouvi o som indistinto, de início imaginei ser um barco, mas ouvi meu pai gargalhando enquanto vinha para fora, Bella sob seus braços.

_Emmett está em frenesi_ dizia ele_ Nessie, ele vão pousar aí! _então entendi.

_Vão usar o pátio de heliporto_ falou Bella.

 O som estava mais perto, ouvia o farfalhar das árvores pelo vento das hélices, a nave negra então surgiu, fez uma manobra rasante e pudemos ouvir a risada estrondosa de Emmett. A máquina fez seu pouso vertical, criando ondas pequenas na piscina e envergando as árvores pequenas em volta.

Alice e Rose foram as primeiras a sair, me abraçando, para depois seguir até meus pais. Alguém afagou minha cabeça destruindo meu rabo de cavalo.

_Emm_ disse eu abraçando-o_ Preciso respirar_ arquejei.

_Deixe a menina, Emm_ ouvi Rose dizer atrás de mim, ele me soltou e foi esmagar alguém menos destrutível. Jasper me abraçou mais civilizadamente.

 Em alguns minutos assistíamos uma luta dos garotos que resultou num banho coletivo: vendo o que ia acontecer Jasper saltou agilmente para o outro lado da piscina, meu pai e Emmett se arrastavam, um tentando derrubar o outro. Edward estava perdendo para a força hercúlea de Emmett, então agarrou Rose, que por sua vez agarrou Bella pela cintura, vendo, Emm não perdeu mais tempo e pulou na água levando todos consigo. Tudo tão rápido que mal registrei. Salvos da água, Jazz, Alice e eu rimos.

_Não parece que você vai estar em Vegas conosco_ demandou Alice de repente.

_Ainda não tenho certeza... _ Emm me interrompeu sacudindo os cabelos.

_Esta blusa não_ gemeu Alice correndo para longe. Minha família eternamente adolescente aproveitou o clima competitivo e o fato de já estarem molhados e carregaram os jet-skis para o mar. Nós meninas ficamos à beira-mar.

_Quando Esme e Carlisle partem?_indagou Bella, chutando areia distraidamente.

_Na véspera de natal, quando ele tiver folga do hospital_ Respondeu Rose.

_Há anos não ficamos separados assim_ observou Alice.

_Antes de mim, presumo_ disse Bella.

_Anos antes_ falou Rose mandando beijos para Emmett, um diamante monstruoso iridescente no mar, junto de outros dois.

_E Renesmee? Não vai para Las Vegas? Nunca pensei que uma visão tão clara fosse me matar de curiosidade_ reclamou Alice, o cenho franzido brilhando.

_Não sei quanto às datas... Ela estava interessada na escola de Artes em Paris. _respondeu Bella.

_Paris?_ os olhos dourados de Alice se arregalaram_ Isso é ótimo!_ sorriu para mim.

_Na verdade se eu for... Acho mesmo que seja antes do natal. Espero que Charlie me perdoe, mas não quero voltar para Forks agora_ confessei.

_Ele vai entender_ disse minha mãe afagando meu cabelo. Ela suspirou e chutou areia novamente, que pegou numa mecha do cabelo dourado de Rosalie, que agora estava sentada no chão, diante de nós.

_Ah, Bella_ grunhiu ela.

_Desculpe-me, miss perfeição_ disse Bella rindo.

_Sem problemas, senhora desajeitada_ ao dizer isso Rose jogou um punhado de areia em minha mãe, rindo também.

_Nessie_ sussurrou Alice, me puxando alguns passos atrás. Num segundo elas estavam em posição de ataque, rondando-se, os dentes amostra refletindo como alabastro ao sol, no outro estavam rolando no chão enchendo os cabelos uma da outra de areia. Os rapazes agora estavam bem perto, gargalhando.

_Isso é sexy_ disse Emmett acotovelando meu pai. Revirei os olhos.

_Não!_ arfou Alice perto de mim. Antes de qualquer coisa meu pai a segurava, afastei-me, Bella e Rose atacaram Alice no exato momento em que ele a soltou, as três rolando no chão em seguida.

_É, sexy_ agora Jasper concordava. Senti meu cenho franzir.

 O dia fora maravilhoso, mas o cair da noite era inevitável. Cochilei no sofá, já depois da meia noite, entre Rose e Bella, sem ao menos perceber. Não me dei conta que estava sonhando, apesar de ser diferente, aquilo parecia inteiramente eu...

 Estava num campo de vegetação amarelada, a altura alcançava meu rosto, o céu era aberto e tão azul que era esbranquiçado, o sol estava a pino, ofuscante. Eu sabia que podia correr, o poder que sentia emanar de meus músculos não era como algo que já tivesse experimentado, mas não, era perigoso, de alguma forma fora cercado em vários pontos. O que estava atrás de mim era menor que eu, eram homens, soube instintivamente, uma parte de mim, a parte que se parecia mais comigo rejeitando que homens pudessem se esconder entre a vegetação e eu não, entretanto a outra parte, que também era eu, ouvia a cautela e a caça no silêncio que seguiu. Um estouro me assustou, meus ouvidos sensíveis demais, doeram, mas outra dor eu senti, um calor explosivo em meu ombro, eu corri, perguntando-me porque não o fizera antes... Outro estouro, algo quente tocou a ponta de minha orelha e senti escorrer por minha cabeça, eu estava a uma velocidade incrível, mesmo para mim, ouve muitos estouros... Tiros, eu soube, e soube também que havia sido atingida... Isso não me preocupou. Os estouros continuavam, eu ouvia também a correria atrás de mim. Havia um rochedo distante, uma montanha talvez, tudo parecia tão seco, mas havia árvores ao longe, senti meu ombro esquentar outra vez, minha pata, e então... Minha nuca... Abri os olhos, encarando a noite escura, estava frio, eu sabia o que viria, estava sendo observada. Jacob!, Chamei ansiando por ouvir sua voz, seu uivo.

_Filha_ Bella me sacudia delicadamente, fitei-a confusa e estranhamente decepcionada.

_Está tudo bem?_ perguntou meu pai. Assenti sentando-me e desenrolando as mechas de cabelo do pescoço.

_Não acredito que isso continue_ Rose murmurou na sala, com raiva demais para ser baixo o bastante para que eu não ouvisse.

_ Algumas coisas simplesmente fazem parte de quem somos_ disse Alice severamente.

_Volte a dormir, querida_ meus pais beijaram minha testa e saíram. A casa esteve imersa em silêncio tempo o bastante para que eu tivesse voltado a dormir, estivera todo esse tempo muito quieta, meu escudo ativo.

_Guarde seus comentários para si mesma, Rosalie_ rosnou Edward. Um novo silêncio. E continuou:

_Quando você vai entender?_ a pergunta era pura retórica.

_Não é minha intenção machucá-la_ respondeu ela.

_Calma, aí, mano_ interveio Emmett.

_Edward_ eu sabia como Bella o abraçava quando falava naquele tom doce.

_Sim, Edward, sabemos que Rose tem problemas quanto à raiva, como eu disse: algumas coisas simplesmente fazem parte de quem somos_ O tom crítico ainda estava nas palavras de Alice_ Nessie irá mesmo para Paris?

_Fará bem a ela ter algo constante com que se ocupar_ disse Bella.

_ Ela não sabe, mas se quiser ir, já tenho tudo pronto na escola de artes. _ falou Edward. Típico de meu pai, tão empenhado em me fazer feliz.

_Temos de alugar uma casa, ou apartamento_ refletiu ele.

_Alice, você ainda tem aquele apartamento próximo ao centro de Paris, não tem?_ era Jasper falando.

_Tenho, Jazz_ a voz de Alice estava animada_ Vou providenciar tudo.

_ Obrigada, Alice_ falou Bella.

 Sim, eu iria, mas não era minha intenção fazer meus pais se mudarem, eles estavam felizes na ilha, em lua-de-mel. Não era correto, com eles nem comigo. Eu queria realmente fazer algo por mim mesma.


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Notas finais do capítulo

Novos personagens estão vindo por aí, hein!
O que acharam de tudo?
Da possível viagem, das visões claras da Alice, dos sonhos da Nessie e de seus pensamentos?
Próximo capítulo tem narração do Jake.
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