Reveille escrita por MayaAbud


Capítulo 19
Conversa Franca


Notas iniciais do capítulo

Vc's não estão merecendo muito, falo da maioria, mas como eu fico ansiosa pra saber o que as lindas que comentam acham, aí está.



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                                            Ponto de vista de Renesmee

Ainda estava meio pasmada que maior parte da escola tenha votado em mim e Jake, isso definitivamente dizia que não estávamos sendo discretos. Will me acompanhou até a classe, onde Jake já esperava, em nossa mesa habitual. Ele sorriu quando entrei, após me despedir de Willian.

_Oi_ eu disse. Jake riu sem nenhum divertimento.

_Nem parece que moramos juntos_ comentou.

_Desculpe. No fim de semana... Eu... _ tentei falar, sentando.

_Eu sei_ ele afagou minha mão_ Coisas demais.

_Nem sei como foi com Jade, quero dizer, no baile.

_Hmm_ Ele hesitou_ Deveria ter sido melhor.

_Nossa! Vocês pareciam bem, hoje mais cedo_ falei optando por deixar o assunto de lado, Jake não parecia confortável_ Então, rei, hein?! Não vai me parabenizar?

_Nãão. Isso não é novidade, princesa Cullen_ nós rimos enquanto o professor entrava.

 Não consegui prestar atenção na aula, a proximidade distante entre mim e meu irmão era muito incômoda.

_Jake_ falei só para que ele ouvisse_ o que está acontecendo? Parecemos dois estranhos_ Jake pegou minha mão sobre a mesa, e mais uma vez, não pude ler seus olhos. Era apavorante não estarmos em sintonia, era algo inédito.

_ Acho... Que estamos em momentos diferentes_ respondeu com um suspiro_ Mas estou aqui, Ness, sempre estarei, quando quiser_ ele sorriu um daqueles sorrisos que parecem uma promessa.

 Depois da aula Bella e eu fomos ao shopping comprar um presente para Renée, pois logo seria seu aniversário. Minha mãe queria evitar que Renée ligasse cobrando uma visita então mandaria logo um presente como desculpas sobre estar muito atarefada com a faculdade, que minha avó pensa que ela cursa. Olhávamos uma vitrine, quando então minha mãe parecia que ia ter um ataque cardíaco se isso fosse possível. Desviei os olhos da vitrine, a fim de encará-la, Bella vasculhava a bolsa e então pôs óculos escuros no rosto, respirando fundo. Eu ia perguntar quando:

_Bella?!_ a voz atrás de nós soou incrédula. Girei automaticamente, sentindo a mão restritiva de minha mãe em minha cintura enquanto ela parecia tentar me esconder atrás dela (como se isso fosse possível).

_Mike!_ disse ela para o homem de olhos azuis, numa imitação de voz humana que ocultava o repicar de sinos da voz vampiresca. Ela era boa nisso, era assim que conversava com Renée. O queixo do homem jovem caiu um pouco, o coração ficou arrítmico e suor orvalhou de sua testa.

_Nossa! Você está... _ Ele buscou uma palavra por um longo momento_ Muito bem.

_Obrigado, você também está ótimo_ disse ela sorrindo sem mostrar os dentes, se fitaram por um segundo_ Deve estar estranhando os óculos, é que estou com uma irritação nos olhos.

_Ah. Como vai Edward? E a universidade?_ quis saber ele.

_ Muito bem, obrigado por perguntar.

_Soube que Ângela e Ben se casaram?_ ele perguntou fazendo-me entender tudo.

_Infelizmente, não pude ir a cerimônia_ disse ela. Mike aquiesceu, tirando os olhos pasmos de Bella para me olhar curiosamente_ o coração já irregular, perdendo uma batida. Ele expirou, com o ar saindo num silvo. Senti meu rosto esquentar um pouco diante da avaliação dele e sorri. Por um momento ele esqueceu de como falar e se mover.

_Desculpe-me, está é irmã de Edward. Nessie.

_Irmã?_ balbuciou ele.

_Ela também fora adotada, mas os pais morreram. Os tribunais nos contactaram há alguns anos e ela veio para nós_ Bella sorriu para mim.

_Muito prazer, Nessie_ ele estendeu a mão. Não deixei de notar que ele não teve coragem de cumprimentar Bella com um aperto de mão.

_O prazer é meu, Mike_ disse já soltando sua mão.

_Se ela fosse mais jovem, diria que é sua filha. Se parece muito com Edward, mas os olhos... Incrível!

_É o que todos dizem_ percebi a tensão na voz de minha mãe _ Foi bom revê-lo, mas estamos com um pouco de pressa.

_Oh, tudo bem, então até mais, Bella. _Nós sorrimos e saímos.

_ Seu amigo da escola?_conjeturei.

_Sim, fui convincente?_ ela estava insegura. Às vezes ela parecia esquecer que era uma vampira e o quão difícil era humanos não perceberem nossas mentiras.

_Foi ótima, cunhadinha.

 Naquela noite, em casa, fiz questão de cozinhar o jantar de Jake, nós sujamos muito e limpamos depois, foi divertido, até eu comi. Comemos vendo um filme, mas acordei de pijama, em meu quarto, Bella deve ter me trocado. No entanto, o que me acordou foi o estrondo de algo se quebrando, madeira e pedra se chocando, aço sendo retorcido. Ainda sonolenta não distingui os murmúrios e arquejos, mas sabia que vinha de diferentes partes da casa. Emmett gargalhou alto me acordando de uma vez por todas. Ouvi o riso de meu pai sendo abafado.

_Jasper!_ era a voz de Esme, ralhando com ele_ Alice!_ minha avó suspirou, trêmula. Risadas sussurradas ecoaram. Percebi então, o estranho formigamento em meu corpo enquanto levantava-me e ia até a porta do quarto.

_Que tal vocês darem o fora?!_ dizia Jake quando abri a porta. Só  sua cabeça apontava fora da porta, a voz baixa e gutural, a respiração irregular e ele estava suado.

_Jasper_ disse meu pai sem nenhum vestígio dos risos de antes.

_Tudo bem_ a voz de Alice flutuou pelo corredor. Vi ela e Jasper, que vestia uma camisa, caminharem pelo corredor do outro lado da casa e sumirem escada a baixo.

 Como num feixe de luz eu entendi tudo. Jacob corou quando me olhou nos olhos, fechando a porta em seguida, apenas murmurando um ‘boa noite’.

_Que nojo!_ Exclamei, mais desperta do que gostaria_ Jazz, eu preciso dormir_ pedi, imaginando que ele ainda poderia ouvir, desesperada por não ter que pensar naquilo. Alguns riram de minha reação. Só tive tempo de estar de volta em minha cama, acho que ouvi Jake roncar, antes do sono me abater ferozmente.

 Quando desci, pela manhã, quase todos já estavam prontos e rodeavam a mesa da cozinha.

_Já ouviram falar em ferro batido?_ Jacob, sério, mas divertindo-se com a provocação, disse. Rose rosnou.

_Demolimos casas inteiras, ferro é como massa de modelar_ respondeu Emmett. Fiz careta enquanto sentava no banco do balcão de mármore, Jake fez um ruído de asco.

_Qual é, sua pureza e inocência não agüentam?_ Emmett provocou-o de volta_ Por dia, quantas vezes você...

_Emmett!_ Edward interrompeu alarmado, os olhos arregalados_ Deixe esta para depois_ Emmett acatou a sugestão, olhou para mim e fez um muxoxo, desanimado. Essa devia ser mesmo muito suja, para fazê-lo desistir...

_Falo sério, Jasper você não pode se controlar? Quero dizer eu não tenho nada a ver com isso_ Jacob reclamou.

_Vocês podem, por favor, esquecer aquilo tudo?_ pediu Bella, envergonhada. Emm gargalhou alto e disse:

_Não vamos esquecer, vampiros não esquecem_ Bella rosnou em resposta e antes que Edward reagisse, Esme interveio.

_Já basta! Escola, agora, todos vocês_ ordenou ela do andar de cima.

 Alice e Jasper então surgiram, prontos para a escola.

_Desculpem-me por ontem_ disse Jasper, com um sorriso malicioso.

_Claro-claro_ Jake bufou. Revirei os olhos seguindo para a garagem, atrás de mim Emmett não parava. Ele não esqueceu isso por toda a semana.

 O tempo passou indistintamente rápido. Eu passei parte dele com Carlisle, Jasper e Bella, estudando e treinando meu escudo. Não conseguia expandi-lo mais que um metro ao meu redor, não consegui fazer mais como no dia da festa. Também podia sentir a energia elétrica quando entrava em contato com a energia de meu escudo. E também podia sentir o peso de tudo o que meu escudo tocava, não exatamente o peso em medida como quando se toca num objeto, mas era distinguível em minha mente, quase como se eu pudesse sentir sua forma. De algumas coisas como grama, aço ou madeira eu quase podia sentir o gosto quando meu escudo os tocava. Expandi-lo era um exercício para senti-lo como parte de mim, mas era estafante. Mesmo simplesmente impedir que Edward ouvisse meus pensamentos era exaustivo e eu não conseguia por mais que poucos minutos, embora depois de descobri-lo, projetar a distancia tenha ficado muito mais fácil, quase como se já tivesse nascido com essa capacidade.

 Todo o restante não mudou muito, os Cullen (e Black) continuavam discordando de minha relação com Willian, mas seus argumentos eram falhos diante do meu: viver o que eu tinha de humano. Admitira para mim mesma que era esta a questão: minha humanidade, ser apenas uma adolescente. Eu não gostava de Willian como deveria, mas não achava justo me pedirem para terminar o namoro. Emmett tirava sarro dizendo que meus hormônios em fúria iam deixar meu pai louco. De qualquer maneira não era tão mau assim não ser apaixonada, pois um dia nós partiríamos e isso era inevitável.

 O semestre havia acabado e todos estavam ansiosos pelas férias, passaríamos em Forks. Partiríamos no sábado pela manhã e no momento eu estava de saída para me despedir de Willian. Ignorando Jake e Edward, foi uma das coisas que aprendi nesses mais de três meses: não me importar demais com o humor deles, embora eu não conseguisse mesmo entender.

 Beijei o alto de cabeça de Jake, que estava no sofá, e passei por meu pai dando-lhe um beijo estalado na bochecha, já tendo me despedido de todos.

_Já nem tenho palavras para elogiar você_ Disse Will quando entrei no carro.

_Obrigada assim mesmo_ respondi sorrindo, sua respiração se acelerando enquanto seus olhos me perlustravam por inteira, um sorriso brincando em seus lábios quando olhou minhas pernas, expostas pelo vestido de verão, então sua atenção voltou-se para a estrada e o carro acelerou. Fiquei grata que ele não me pudesse ver corar, embora o prazer sentido por meu ego feminino fosse indiscutível.

 Fomos ao cinema, embora ao fim do filme eu não tivesse certeza do que se tratava. Depois fomos para o mirante, onde aconteceu nosso primeiro beijo. Will abriu o teto solar e recostamos nossos bancos de forma que pudéssemos olhar o céu. Em um dado momento, embora eu ainda não, ele precisou respirar, e o fez contra a pele de meu pescoço, me fazendo tremer involuntariamente.

_Tenho de ir_ sussurrei.

_Fica só mais um pouco, serão muitos dias separados_ disse ele colando em mim no banco do carona de maneira que fiquei prensada contra a porta do carro. Will me tomou num beijo profundo até começar a distribuir beijos de meu queixo a minha orelha. Minha respiração se acelerando com a sensação, e senti meu escudo tremeluzir, além disso, reprimia o instinto que me dizia para mordê-lo, enquanto meus poros se eriçavam e Willian me puxava para mais perto de si, suas mãos na base de minhas costas.

_Willian_ minha voz soou fraca. Empurrei seu peito e ele suspirou frustrado.

_Nessie, nós já namoramos há algum tempo e... Bom, você... Nossa!_ não que ele tenha explicado muito, mas eu entendi.

_Não é tanto tempo assim_ respondi, recuperando o fôlego, lisonjeada e assustada.

_E quanto mais será?_ perguntou ele me deixando desnorteada. Aquilo era muita coragem, embora ele não soubesse de minha natureza, tampouco a de minha família. _ Vou levar você para casa_ ele parecia magoado enquanto voltava para seu lugar, dando partida no carro. Eu quis que ele pudesse ver meus olhos estreitos para ele.

 Esse tempo todo em que estive convivendo com humanos, havia sempre uma nova descoberta, não só sobre eles, mas sempre sobre mim, principalmente sobre mim. Para evitar que Will pensasse no ocorrido, pouco antes, o fiz repetir para mim seus planos para as férias, eu tentaria esconder isso de Edward, não seria fácil se ele ouvisse... Na despedida, ele me beijou normalmente.

 Entrei em casa e apenas meus avós estavam.

_Quer caçar?_ perguntou Esme, os olhos em um tom âmbar escuro, Carlisle sorriu. Pelo silêncio da casa deduzi que todos haviam ido. Eu adoraria caçar, mas não dispensaria um momento em que pudesse pensar nas coisas.

_Acho que ainda não_ eu respondi.

_Jake chega logo e nós voltamos pela manhã_ disse vovô. Assenti, ganhei um beijo na testa e subi. Despia-me para o banho quando ouvi seu carro saindo. Já pronta para dormir, eu ouvi Jake no seu quarto e fui até lá. Abri a porta num rompante, pegando Jake de surpresa. Ele estava enrolado na toalha, gotas de água reluzindo azuladas no cabelo escuro. Não era a primeira vez que o via assim, apesar de não ter sido muitas vezes, mas fiquei constrangida, eu devia ter batido na porta de seu quarto, quero dizer... E se não fosse a toalha ali?! E percebi com curiosidade, que nunca imaginei as possibilidades de entrar assim no quarto de Jake.

_Nessie?_ ele me fitava, as sobrancelhas arqueadas à espera.

_Er... Quer ver um filme?

_Não acaba de chegar do cinema?_ perguntou sarcástico.

_Não foi com meu melhor amigo_ demandei. Jake sorriu como eu gostava e foi para o closet, enquanto eu me jogava em sua cama, olhando o teto, e não evitando o pensamento sobre a proposta implícita de Willian...

_O que há?_ Jake deitou ao meu lado de bruços, fitando-me. Virei de lado e o encarei um segundo, quando então, uma pergunta surgiu e precisava de resposta, mas hesitei sem saber como fazer, ele não ficaria ok com a razão de minha pergunta.

_Eu não sei como... _ comecei_ Ou porque, mas nunca imaginei se você já havia estado com alguém, e também não tenho certeza se é algo que eu saberia. _ Jake me encarava surpreso.

_Por “estado com alguém”...?_ Ele disse, e eu fiz cara de tédio_ Claro-claro. Não, não estive. _ Sentei de repente, num choque inesperado, não sabia o que esperava, em todo o caso, me surpreendeu. Surpresa mesmo foi minha risada, não, gargalhada. Nunca havia pensado no assunto, aliás, sexo e Jacob eram duas coisas que de forma alguma se coadunavam em minha mente, então pensar que ele tão... Forte, grande e (ok) bonito era...

_Tão virgem quanto eu?!_ rindo, me curvei, segurando o estômago.

 Jacob, apoiado nos cotovelos, apenas sorria, os olhos estreitos, o rosto cheio da paciência de quem se diverte vendo uma criança fazendo arte.

_Terminou de se divertir as minhas custas?_ perguntou ele quando meus risos cessavam.

_Desculpe-me_ falei mais calmamente, ofegante, porém.

_Porque o assunto agora?_ hesitei diante da pergunta, respirando fundo.

_Estive conversando com Suzan, sobre ela e Rick, bem_ dei de ombros. Não era uma mentira. Desde o dia em que Jade quase se afogou, meses atrás, eles namoravam, e já haviam ido bem longe nisso_ Curiosidade_ concluí.

_Quer conversar sobre o assunto? Não estou dizendo que precise falar o que sua amiga disse, falo sobre a coisa toda_ ele gesticulou vagamente, parecendo... Preocupado? Talvez. Eu sorri, achando engraçado.

_Eu tive aula de educação sexual há uns anos atrás. Não lembra? Você estava lá! Além disso, não há muito que você me possa ensinar_ eu desdenhei, provocando-o. Ele abriu a boca, mas riu balançando a cabeça. Então, mais que de repente estava fora da cama, me arrastando pelas pernas e me jogando sobre os ombros, como se faz com cargas.

_Vamos ver um filme, monstrinha_ disse ele risonho.

 De volta a Forks a primeira coisa que fiz foi visitar Charlie e Sue. Jake foi para a casa de Billy. A chuva não parou, mais um verão chuvoso na cidade que eu adorava. Com as tempestades os jogos de beisebol eram freqüentes, não que eu pudesse jogar, pelo menos não como eles, sempre pegavam leve quando eu estava num dos times. Jake e eu parecíamos exatamente como antes, o que reafirmou que o problema entre nós era Willian.

 Conseguimos fazer um lual, um dos verões mais chuvosos dos últimos tempos nos concedeu um dia de sol e uma noite com poucas nuvens. Rachel revelou sua gravidez recém descoberta, Jake e Billy ficaram emocionados e todos nós muito contentes. Kim, mulher de Jared, exibia sua barriguinha de quatro meses, nunca vi homens tão protetores quanto Jared e Paul.

 Algo que não me deixou ficar completamente feliz naquele dia foi a expressão que por um segundo anuviou os olhos de Rosalie, enquanto ela sorria educadamente, quando Rachel disse que esperava um filho de Paul. Eu não entendia e talvez nunca chegasse a compreender seu desejo, mas saber que algo a fazia infeliz, quando a amávamos tanto, me deixava triste.

 Já era começo de agosto quando eu quis caçar pela última vez nas redondezas de Makah antes de voltarmos a Seattle. Jake havia ido comigo, e agora caminhávamos pela praia de La Push...

Ponto de vista de Jacob

 Nossos braços balançavam entre nós enquanto caminhávamos de mãos dadas pela praia. Não me importava nada se apenas pudéssemos ser nós mesmos. A cumplicidade e a intimidade daqueles momentos eram como um afago na alma.

_Nesse exato momento, eu queria ficar aqui_ disse Nessie fazendo eco do que eu sentia, olhando as ilhas adiante. Sua expressão já saudosa.

_Eu também_ suspirei.

_Sente muita falta daqui, não é?_ seus olhos eram complacentes para comigo.

_Sinto_ admiti, olhando em volta, para o que era meu lar.

_Não que eu queira, mas você pode ficar. Quero dizer... Você foi por mim, mas não quero que esteja infeliz_ disse ela sinceramente.

_Não estou infeliz. Aqui é minha casa, e não vai deixar de ser. Agora, você acha mesmo que vou deixar que você fique fazendo besteiras longe de mim? Basta as que faz comigo por perto.

_Bobo_ ela me empurrou pela lateral.

_Começo a concordar com Emmett_ provoquei-a.

_Sobre meus hormônios furiosos?_ ela indagou, parando, as mãos na cintura fina, o rosto num choque exagerado e divertido. Nesse momento o sol rompeu algumas nuvens no horizonte, fazendo do mar cinzento de um verde jade profundo, um contraste com as nuvens carregadas acima de nossas cabeças. Nós piscamos um pouco com a súbita mudança na luz, o reflexo da água fez a faixa de areia clarear.

_Sim_ respondi desatento, olhando-a_ Vai mesmo enlouquecer seu pai.  A mim... _ percebendo o que estava dizendo, eu acrescentei: _ Aliás, a todos nós.

_Talvez tenha razão, mas eu sei que não posso gostar de ninguém, nem fazer amigos de verdade, sabe... Mentiras e meias verdades não ajudam. No entanto, eu posso experimentar_ disse com um sorriso maroto nos lábios avermelhados. Começou a chover, Renesmee olhou para cima e abriu os braços para os pingos grossos que caíam cada vez mais rápido e em maior quantidade.

_Em que parte eu tenho razão?_ perguntei.

_Hormônios_ falou rápido, furtivamente_ Mas eu disse talvez_ ela mordeu o lábio, tentando não rir, rubor tingindo as maçãs do rosto. Nós rimos, sem saber do quê, já encharcados a essa altura.

_Experimentar_ citei_ Que você volte para mim, sempre.

_Não vou à parte alguma, portanto não tenho de onde voltar_ ela me abraçou pousando o rosto em meu peito. O calor de seu corpo em contraste com a água fria da chuva me causando arrepios. Ela se afastou, sorrindo.

_Vocês são uns bobos, se preocupando com isso, com Will, quero dizer_ Ela falou debochando, mas não pude pensar numa resposta à altura rápido o bastante. Estava perdido vendo as gotas de água escorrendo pelo rosto, pelos lábios, seguindo pelo pescoço, algumas morrendo nos cachos grossos arruivados, outras desaparecendo no decote da blusa transparecida pela chuva, e que mostrava mais do que eu deveria ver e o suficiente para que Edward me expulsasse da presença da filha.

 Voltei os olhos para seu rosto, ela cruzou os braços no peito, sem parecer muito... Incomodada com aquilo. Tirei minha jaqueta (desnecessária) e a entreguei, tentando impedir que meu corpo reagisse a ela daquela maneira.

 Nuvens de cores diferentes pairavam pela praia, milhares de pequenos arco-íris formados pela chuva e pelo sol, refletidos pelos seixos multicores do chão e intensificados pela luminosidade do mar faziam a pele de Renesmee reagir de maneira muito peculiar ao brilho e as cores, quase como uma pérola de muitas tonalidades, e seus olhos castanhos assumiram o tom de todas as cores, um arco-íris vivo.

 Estendi uma mão afagando seu rosto com as costas dos dedos, e nós sorrimos, ela pelo carinho, e eu fascinado com a forma como ela parecia ainda mais um anjo naquele instante.

_Melhor irmos... Despedir-nos de todos antes de voltarmos_ falei o mais coerente que pude, antes que ela percebesse a maneira como a olhava.

 De volta a escola, todos estavam animados com as histórias sobre as férias. Mallory, Suzan e Nessie tagarelavam indo para a classe que tinham todas juntas agora. Jhon e eu nos encontramos no corredor dos armários, estranhei não ver Jade com ele, e mesmo com o mal-estar entre nós desde o baile, perguntei:

_Onde está Jade?_ Notei que ele parecia abatido.

_Não vem a aula_ murmurou, os olhos umedecendo vagamente_ Os pais dela sofreram um acidente de carro... Foram enterrados ontem_ disse ele tão baixo quanto um suspiro.

 A notícia me deixou muito mal, eu sabia como era perder alguém querido. Pobre, menina, ela perdera ambos os pais...

_Imagino que ela se sentiria bem ao vê-lo_ disse Edward durante o almoço. Nenhum dos Cullen se moveu, exceto Bella que me deu um sorriso de incentivo, eles já pareciam estar a par do assunto. Olhei Nessie a várias mesas, com o namorado e os amigos, enquanto levantava e saía dali.

 Na casa de Jade, bati na porta e sua avó me recebera, parecia ter envelhecido alguns anos mais.

_Jacob, não é?_ assenti para ela_ Entre_ A segui para dentro, onde na sala, me deparei com Jade. Inicialmente pensei que ela estivesse dormindo, talvez estivesse tentando. Estava no sofá, envolta em um cobertor, enrolada em torno de si numa bola estreita. Devagar, caminhei até ela, me ajoelhando no chão, e ela abriu os olhos. Toquei sua mão, parecia mais fria que o normal. Jade olhou-me um segundo e então para a avó, parecendo constrangida.

_Ele veio vê-la, querida_ disse a senhora, docemente_ Fique a vontade_ disse-me antes de subir.

 A garota que parecia doente segurou minha mão que estava na dela, suas sobrancelhas se unindo sobre as olheiras, sob as íris verdes. Não pude não me inclinar e abraçá-la.

_Vai ficar tudo bem_ prometi, afagando-lhe as costas. Ela soluçou.


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Notas finais do capítulo

Acho esse capítulo fofo, daqui em diante as coisas só ficam mais tensas entre eles...