Ponto de vista de Jacob

 Odiava a forma como todos lidavam com isso.

_Não é como se você fosse fazer algo a respeito_ disse Edward mal-humorado.

 Ele tinha razão, eu não faria nada que contrariasse Nessie, deixando-a chateada. Subi e me joguei na cama, frustrado. Renesmee era uma menina, minha menina. No entanto o humano branquelo estava longe de vê-la assim. Enquanto sua figura me alegrava e trazia paz, para ele e os amigos era fonte de luxúria, enquanto seu cheiro me contentava, o enlouquecia. Odiava não ter o que fazer sobre isso. Suspirei pesadamente, encarando o teto, tentando pensar em outra coisa qualquer... Então uma boa coisa em que pensar me ocorreu: o que aconteceu com meu olfato que Nessie agora exalava diferente?

 A diferença era só para mim, apesar de que todos nesta casa têm um super olfato. E isso me fez imaginar que meus sentidos estariam enlouquecendo.

_Na verdade, temos uma teoria, Jacob_ Disse Edward no andar de baixo. Senti uma sobrancelha se erguer, aquilo havia sido discutido? Voltei à sala, incomodado que Edward estava ouvindo, em quanto tempo eu, finalmente, me acostumaria? Carlisle agora estava presente, um livro enorme no colo, Esme, ao seu lado, fitava a TV.

_Não vê a razão?_ Edward perguntou como se a resposta estivesse realmente em meu nariz. Esperei_ O que você sente são... Hormônios. De forma simples e sucinta é isso.

_Então vocês também percebem a diferença?_ demandei_ Porque eu não sou o único aqui com um nariz super sensível.

_Mas é o único com uma ligação sobrenatural com minha filha_ chiou Bella.

_ E o que isso tem a ver...?_Carlisle me fitava, interessado_ Tem algo a ver?_ perguntei a ele.

_Sim_ ele riu_ Entenda, Jake, humanos também são capazes de perceber tais coisas, apenas não registram conscientemente. É o que chamam de química entre as pessoas. São feromônios, de fato, processos químicos. Vê como coincide com... O amadurecimento de Renesmee?

 Senti minha testa franzir e meu estômago gelar quando entendi o que o doutor dizia.

_ Pensei que isso fosse coisa animal, de cachorro, ou sei lá_ murmurei. Todos riram, até mesmo Esme. Acima de minha cabeça um tilintar delicado, Alice, e o som retumbante de um sino dourado, Rosalie.

_Acho que é exatamente o caso_ Bella ria.

_Muito engraçado. Há, há_ resmunguei, rumando o andar de cima.

 Ponto de vista de Renesmee

 Como Jacob, eu achava exagerado meu pai sugerir que ele fosse a casa de Jade. Soava-me muito íntimo...

_O que acha deste?_ Rose estendeu a mão com um enorme brilhante jazendo em seu dedo.

_Eu gosto_ respondi ao mesmo tempo em que o celular vibrou em meu bolso. Meu estômago fazendo o mesmo quando vi quem era.

_Oi, Will.

_Ei, Nessie_ ele parecia sorrir_ Desculpe-me ligar assim, mas gostaria de saber se você sairia comigo hoje à noite, o que acha?

_Não tenho certeza, mas em meia hora te dou a resposta_ Assim ficamos de nos falar.

_Mãe, intercede por mim?_ Pedi ao telefone depois de contar sobre o convite. Ouvi todas as suas recomendações enquanto Rose dirigia seu BMW para casa.

_Nessie, tenha cuidado com esse humano, não confie_ disse minha tia, quando desliguei o telefone. Eu sabia de seus traumas, portanto relevei.

_Não se preocupe, tia, eu tomo cuidado.

_Sei que você é tão inteligente quanto bonita, mas também é muito jovem... _ Ela deixou a voz morrer e eu deixei a conversa no ar.

 ***

_Sabe que eu não gosto dele_ Disse Edward quando reclamei das caras feias dele e de Jazz.

__Vocês dois, Emm e Jake? Claro que não gostam_ eu ri_ Só vamos ao cinema.

_ Está linda_ disse Alice. Eu mesma me vesti, estava simples: Uma camisete de seda verde mar, um Black jeans, uma sandália de salto e o casaco.

_ Vou me cuidar, pai_ Prometi_ Boa noite_ Will me esperava no carro.

_Que bom que pôde vir_ disse ele quando entrei no carro.

 Como o combinado, fomos ao cinema. Depois ele dirigiu para o lado montanhoso da cidade

_ Aonde vamos?_ perguntei sem a menor preocupação, pois até ali tudo havia sido muito agradável.

_Quero mostrar uma coisa_ ele sorriu e aumentou o som do carro, que tocava uma música romântica. Não demorou muito e estávamos numa estrada íngreme, ladeada por floresta. Estávamos subindo a montanha, e ali perto havia um mirante, eu vira quando caçara com Emmett alguns dias atrás.

 Willian parou o carro no abismo, em frente à cerca baixa de madeira. A vista era linda. O luar pálido que vencia as nuvens conferia um tom perolado às superfícies rochosas e fazia as minúsculas estrelas de gelo brilhar (lamentei que só eu pudesse ver esta parte), estendo-se pelas árvores abaixo até esmaecer em contraste com as luzes da cidade, que ia adiante como um tapete brilhante.

_Vem_ disse Will saindo do carro, eu o segui_ Gostou?

_Lindo_ murmurei

_Combina com você_ Nesse momento nos encontramos os dois na frente do veículo, onde nos escoramos, ele me olhou e sorriu, chegando mais perto. Ele passou um braço em meus ombros, com a outra mão afastando meus cabelos dos ombros. Estávamos quase abraçados. Minha respiração causava uma bruma espessa entre nós, no ar frio, o vi instintivamente inalar meu hálito, se aproximando. O martelar úmido de seu coração aquecia o ar em lufadas, saindo de sua pele fina. Os olhos azuis assumindo um brilho púrpura como a noite.

 Minha boca se enchia de saliva (uma reação automática à proximidade do humano) enquanto a dele se aproximava da minha, roçando o nariz frio na linha de meu queixo, a respiração morna em meu pescoço. Até que seus lábios subiram por meu rosto até minha boca. Não consegui pensar, minha mente presa entre a expectativa e a sede, meu coração me ensurdecendo.

 Fiquei imóvel quando os lábios macios e molhados chegaram aos meus, eu sentia seu coração bater dentro de mim. Willian continuou o beijo levemente, esperando uma resposta minha. Minha garganta ardia, ele era uma presa fácil, seu cheiro era bom... Minha mente era um turbilhão, até que me concentrei em um dos desejos. Beijei-o também. Milhares de sensações novas despertaram, estavam explodindo por minha pele. Minha mente parecia ficar mais leve enquanto sua boca se movia devagar na minha. Quase como se levasse metade que o normal para executar qualquer tarefa, no entanto, eu não me sentia sobre controle de mim mesma.

 Willian interrompeu o beijo ternamente, os olhos permaneceram fechados, a testa colada a minha.

_Nossa!_sussurrou ofegante.

Meu primeiro beijo!

_Não acredito_ ele riu, os olhos ainda fechados.

_ Em quê?_perguntei confusa.

_Que seja seu primeiro beijo_ disse ele me deixando surpresa. Ele acariciou meu rosto enquanto eu enrubescia. Confusa. Nada havia mudado, porém a estranha leveza em minha mente não parecia existir mais, minha percepção voltara ao normal. Estava segura de que não transmitira nada a ele por minhas mãos. Tentei encontrar o caminho de volta... E senti que algo em minha cabeça parecia se deslocar, se expandir... Mas é verdade, pensei propositalmente. Agora muito consciente do que estava fazendo. Ele me beijou de novo.

_Acredito, mas sendo você tão linda...!_ seus olhos por fim se abriram, como que para ter certeza do que falava. Dei de ombros e seus lábios novamente estavam nos meus.

 Despedimo-nos em frente a minha casa e quando nos beijamos, tenho certeza de ter ouvido dentes se chocando.  Hesitei diante da porta, meio constrangida por meu pai. Não era nada animadora a perspectiva de discutir uma experiência íntima diante de todos, já que, a meu ver, tal experiência fora o catalisador do que quer que tenha ocorrido dentro de minha mente. Dentro da casa os únicos sons eram as respirações superficiais e um coração pulsando.

_Qual é, Nessie? Todo esse medo é só porque andou dando uns beijos? Entra logo!_ Falou Emmett. Alice riu baixinho.

 Com um suspiro resignado girei a maçaneta. Estavam todos espalhados pela sala: Jazz e Alice no chão, escorados no sofá. Rose no colo de Emm, numa poltrona, meus pais na sacada e meus avós no divã junto à parede oposta a sacada. Jake estava esparramado no sofá e fitava a TV; só percebi que seus olhos eram os primeiros que eu esperei quando seu olhar não veio. Ele se levantou e foi em direção à cozinha.

_ Nessie, mostre-me_ pediu Alice, Rosalie parecia interessada. Cruzei os braços no peito.

_Não_ murmurei. Minha tia com cara de fada fez careta e voltou a recostar-se em Jasper. Claro que ela voltaria a tocar no assunto_ Há coisas mais importantes para falar agora_ anunciei.

 Meus pais e avós se aproximaram. Internamente eu buscava o caminho de volta, vasculhava minha mente tentando acionar o que quer que tenha sido antes. Não era difícil, desde sempre eu transmitira meus pensamentos pelas palmas, a questão agora era não usar vias físicas...

_Renesmee?_ insistiu Edward, vendo meu esforço.

“Mãe, pode me ouvir?”, pensei, sentindo como antes.

_Santo Deus!_ Exclamou ela, os olhos dourados arregalados.

_ A ouviu?_ perguntou meu pai a ela, Bella assentiu puxando-me para seus braços.

“Como assim?”, “Expliquem”, “O que?” _ murmuravam todos.

_Renesmee projetou sua mente na de Bella_ explicou Edward.

_Como?_ perguntou Rose.

_Como eu isolo as vozes, ou Jasper além de sentir controla emoções, ou Alice vasculha o futuro_ especulou_ Aperfeiçoamento.

_Diga algo, Renesmee_ pediu Carlisle.

“O que exatamente?” _perguntei.

_Ouço perfeitamente, embora não haja o tom... O teor de suas sensações como quando você usa as mãos_ disse ele fascinado.

_Diga-me algo_ Pediu Emmett. Lembrei do urso que ele perdeu para mim, ainda em Forks. Só aconteceu porque ele já havia apresado um alce quando o ouvi. Emmett fez um muxoxo ao ver o que lhe mostrei, então abriu um sorriso imenso:

_Poderia enlouquecer alguém com isso.

_Emmett!_ disseram Rose e Esme.

_Não vou gritar na cabeça de ninguém_ falei.

_Eu gritaria!_ ele sorriu melancólico.

_Isso porque você não sabe como é ter vozes na sua cabeça_ disse meu pai, ultrajado. Eu sorri.

“Emmett!”, gritei em pensamento, projetando. Ele quicou no sofá, contraindo-se, e levando tapas de Rose que se assustou com ele.

_ Isso vai ser divertido_ e já era impressionantemente fácil.

_ Pergunto-me quanto de seu dom desenvolverá até que pare de crescer_ comentou Carlisle.

_Talvez não haja muito mais. Não vejo possibilidades de ramificações desse dom_ disse Jasper.

_ Não temos como prever, as irmãs de Nahuel não possuem dons_ eles continuaram com a conversa especulativa. Sorri para minha mãe, desvencilhando-me gentilmente de seus braços, ainda me cingindo.

 Segui por onde o rastro de Jacob levava. Tirei os sapatos no quintal e segui. Ele estava distante da casa, entre as árvores, deitado de bruços em forma de lobo, a cabeça sobre as patas dianteiras. Uma de suas orelhas moveu-se na minha direção, como um radar, e seus olhos negros cintilaram no escuro púrpura ao se abrirem para mim, mas ele não se moveu, fechando os olhos novamente.

 Ajoelhei-me segurando a enorme cabeça do lobo, que resfolegou de leve, quase um suspiro. Afaguei seu pelo.

_Está tudo bem por lá?_ olhei para a direção que daria em Forks. Ele assentiu. _ Tem alguém on-line?_ Ele negou com a cabeça_ Quer conversar sobre o que está te incomodando?_ perguntei insegura, sabendo o que era. Jake deu de ombros minimamente e negou com a cabeça novamente.

_Bobo-lobo-ciumento_ murmurei, ele gemeu entredentes. Aconcheguei-me em seus ombros, ele se curvou, pondo a cabeça em meu colo. Neste momento a lua novamente surgiu, deixando-me mais pálida no reflexo dos olhos do lobo cor de ferrugem que eu tanto amava.

 As coisas estavam tensas quanto a minha relação com Willian. Afora Edward e Jacob, que não gostavam nada, o restante da família estava apreensiva quantos as conseqüências disso, já que o único ser humano que se envolveu com os Cullen tornou-se um deles: Bella, minha mãe. Ela era a única que levava tudo com mais naturalidade, mas eu não diria que ela gostava da idéia. Entretanto eu não o amava e estava certa de que ele tão pouco a mim.

 Havia quem pensasse ser leviandade de minha parte agir assim, sem pretensões duradouras. Para mim, apenas não me custaria ser humana por um período de minha eternidade. E contra este argumento ninguém tinha retaliações.

***

 Jake e eu caminhávamos de mãos dadas até nossa classe quando de repente Willian surgiu, me agarrando pela cintura. Os dentes de Jake trincaram e sua mão se estreitou na minha. Desvencilhei-me de Will e na ponta dos pés, puxei meu irmão, curvando-o um pouco e beijei seu rosto, sussurrando:

_Te encontro na sala_ Ele relutou, mas foi. Virei-me para Willian, que esperava. Ele me envolveu pela cintura, beijando de leve meus lábios enquanto me girava até os armários. O empurrei levemente, o bastante para afastá-lo, envergonhada com os olhares de quem estava no corredor.

_ Você fica linda corada_ beijou minha bochecha_ Nos vemos no almoço_ Sorri, concordando.

 Caminhei até a sala mal percebendo os outros a minha volta. A primeira coisa que me dei conta é que Jake não estava na sala. Aonde ele teria ido? Hesitei em me sentar por tempo demais, quando decidi ir procurá-lo o professor entrou.

“Pai, onde está Jake?”, eu não teria uma resposta, era só uma reação a não estar sozinha em minha angústia. O sinal finalmente tocou e eu praticamente voei para fora da sala. Encontrei Alice na esquina de um corredor.

_Tia, viu Jacob em algum lugar?_ sussurrei.

_Ele foi embora_ a segurei pelos ombros sentindo meus olhos se arregalarem_ Recebeu um telefonema de La Push e saiu_ explicou calmamente.

_Como sabe?

_Ainda estava com Bella e Edward, no momento. Agora vá para a aula_ delicadamente ela me virou e empurrou-me para a classe. Virei de frente para ela.

_ Mas o que houve?_ estava ficando nervosa.

_Billy não se sentiu bem_ disse ela num tom resignado, o olhar distante por um segundo. Com um suspiro seus olhos focalizaram-me e suas mãos voltaram a me conduzir para a sala que enchia.

 O que teria acontecido? Devia ser sério para ele sair assim. Jake e eu andávamos tão distantes... Eu estava preocupada, e se ele precisasse de mim? Não. Eu não era sua única amiga, havia os irmãos em La Push. E se Billy... Não! Não consegui me concentrar na aula, a cabeça girando. Olhei o relógio, já guardando os cadernos e levantei rumo à porta. A professora diria algo, mas então o sinal tocou quando eu passava pelo batente da porta.

 Saí da escola o mais rápido que pude. Edward ouvia tudo, é claro, mas nem eu sabia o que estava fazendo até já estar correndo a caminho de casa, o que levou mais de meia hora numa corrida humana. O nome de minha mãe piscava na tela de meu celular com sua insistência. Ela não me deixaria ir... Só falaria com eles quando estivesse a caminho.

 No quadro da cozinha escrevi: “Estou em Forks”. Fui o mais rápida possível ao colocar umas mudas de roupas quaisquer dentro de uma mochila e em pegar alguns maços de dinheiro numa gaveta da cozinha. Ajudou muito que Esme não estivesse em casa, mas eu não sabia se já havia alguém atrás de mim.

 Chamei um táxi.

_Para Forks, por favor_ o motorista virou-se me olhando como se eu fosse verde.

_Forks?_ Indagou, pasmo.

_Isso é o suficiente?_ Tirei um maço de notas da mochila. O homem rechonchudo ponderou um instante e arrancou com o carro.

 Eu sabia, sentia... Talvez fosse um preâmbulo ou talvez só culpa por ter estado tão distante de meu amigo, mas eu estava indo. Qualquer bronca valeria a penas depois de me certificar do que estava acontecendo.

Ponto de vista de Jacob

 Trinquei os dentes, mas atendi ao pedido de Nessie. Ignorei os olhares assustados para mim (minha cara não devia estar boa) e fui para a sala. Senti o celular vibrar em meu bolso. Atrapalhei-me para pegar, mãos grandes demais para os bolsos. Era da casa de Sue.

_Sim?_ imaginei que fosse Seth.

_Jake, garoto, como você está?

_Charlie?_porque ele me ligaria logo pela manhã?

_Jake... Estou ligando, bem, para dizer que seu pai esteve hospitalizado. Ele andou sendo durão, não deixou ninguém avisar você, mas eu acho que devo_ explicou.

_ O que aconteceu?_Senti meu rosto ficar lívido, estancando na porta da sala.

_ Ele já vai receber alta, ele é forte, garoto. Foi uma alteração na pressão arterial. Não queria preocupá-lo, só achei que devia saber_ Charlie falava... Por um milésimo me perguntei por que eu não estava junto ao meu pai, mas aí o rosto dela surgiu por trás de minhas pálpebras apertadas... Charlie continuava:

_Mas, Jake, não quero me meter. Sabe você e seu pai foram minha única companhia e família por muito tempo... Você devia estar com seu pai. Sei como é achar que vai perder um filho, tê-lo longe...

_Estou indo_ falei antes de realmente decidir. Atordoado, fui apressadamente para o estacionamento, antes de realmente registrar eu dava partida na moto.

 Renesmee ficaria bem, seria só pelo fim de semana. A perspectiva de ter quilômetros entre nós era apavorante, nunca ficamos tão longe assim, mas eu tinha de ver Billy. Eu tentava me convencer de que seria bom para colocar minha cabeça no lugar quanto à Nessie e esse garoto...

 Depois de alguns banhos a 200 km por hora, cheguei a Port Angeles, naquela velocidade eu chegaria a Forks em alguns minutos.

 Finalmente estacionei na frente de casa. Nervoso, coloquei a cabeça para dentro da porta. Rachel estava ao fogão e Billy em sua cadeira de rodas, um cobertor sobre suas pernas. Alívio me inundou violentamente enquanto eu olhava seu rosto marcado e distraído com a TV.

_Me deu um susto, velho_ falei entrando. Cruzei o espaço pequeno com a pressa de uma criança, me ajoelhando e abraçando-o. Sua risada de trovão fez a casa tremer de um modo que só eu pude perceber. Minha mente automaticamente buscando a última vez em que me senti tão apaixonado por meu pai... Eu era um menino apenas, a vida era mais simples, apenas humano.

_ Só isso, garoto, um susto. Não devia se preocupar, aliás, como soube?_ ele olhou de esguelha para direção onde Rachel estava. Segurávamos um os ombros do outro... Eu realmente não sabia o quanto amava aquele velho cheio de uma autoridade incontestável até cogitar a idéia de perdê-lo.

_Não importa, estou aqui e pronto. Mana_ eu falei enquanto ela passava a mão em meu cabelo. Sentei-me no sofá próximo a meu pai.

_Sim, foi só um susto. Ele foi medicado e atendido, sequer completou 24 horas dentro do hospital_ as palavras amenas de minha irmã não apagaram a angústia que ela ainda tinha na voz_ Jacob, saia já desse sofá. Você está encharcado!_ ela me bateu com o pano de prato que tinha na mão.

 Revirei os olhos, mas levantei a fim de me trocar.

Achei uma bermuda jeans e vesti. Despejei minha mochila na cama, saíra tão apressado que trouxera todo o material da escola, ainda bem que nada molhou... Havia várias chamadas de Bella e Nessie no celular, Edward devia ter contado.

_Bella?_falei quando ela disse meu nome ao atender.

_Jake, está na reserva?_ perguntou ansiosa.

_Sim, está tudo bem_ assegurei-lhe.

_Nessie fugiu da aula. Falei com ela agora a pouco, finalmente, e ela está a caminho de La Push. Como está Billy?

_Parece bem, acho que poderia ser pior.

_ Diga-lhe que estimamos melhoras, estamos aqui para o que quer que precisem.

_Obrigado, Bells.

_Por favor, Jake, cuide de Nessie, ok? Mantenho contato.

_Não precisa pedir_ ela riu antes de desligar.

 Antes que eu pudesse pensar sobre a fuga de Nessie, Rachel bateu na porta do quarto e espiou para dentro, para depois entrar.

_Jake, papai está esquisito_ sussurrou ela. Ergui uma sobrancelha inquisitivamente_ Sabe como ele tagarela quando tem um assunto importante para falar?_ Esperei_ Foi assim desde que saímos do hospital, depois ele ficou muito silencioso, o que me faz pensar que o assunto é mesmo sério.

_ Aconteceu algo? O que pode ser?

_ Não sei maninho, pode ser bobagem minha.

_Claro-claro.