Vinte e três de Julho

A noite estava fresca diferente do calor feito durante o dia naquela época do ano. A lua de verão resplandecia no céu junto das estrelas suas companheiras de eternidade.

Dentro da floresta ouvia-se o piar das corujas e grilos que cantarolavam anunciando mais uma madrugada nos arredores do País do Fogo. Já era tarde, mesmo assim ele não tinha sono. Virava-se de um lado para outro na rústica cama de palha, mas não conseguia pregar os olhos.

O dia de executar a sua mais nova vingança estava próximo. Faltavam apenas quarenta e oito horas para que Konoha outra vez visse com seus olhos de sabedoria o Uchiha traidor de pé nos portões da vila pronto para declarar guerra junto de seu time.

Acabaria com todos que cruzassem seu caminho a fim de proteger o mais novo Hokage da Folha. Não teria piedade de quem sempre estivera por trás dos conflitos do passado. Danzou estava prestes a conhecer o significado da palavra dor, e Sasuke era o encarregado de ensinar-lhe tal significado com todas as letras.

Olhou para o relógio e certificou-se que faltavam poucas horas para o amanhecer. Fechou os olhos e aquelas lembranças lhe invadiram a mente.

Raios! Ele havia se esquecido. Maldito era aquele dia... Vinte e três de Julho, o dia de seu aniversário.

Poderia muito bem ter passado sem se lembrar da data, mas não. Sua mente tinha mesmo que fazer-lhe mais este favor. Desde a morte dos pais, Sasuke odiava o aniversário, pois fora naquela semana em que o grande ocorrido com o clã Uchiha havia acontecido. Exatamente dois dias antes, quando todos preparavam uma cerimônia familiar para comemorar o nono ano de vida do caçula dos Uchihas.

*********************Flash Back On***********************

_Por que demora tanto para ficar pronta? Eu queria beber...

_É uma bebida à base de frutas curtidas, demora alguns dias para ficar pronta. _Explicou Mikoto sorrindo para a impaciência do filho.

_E o bolo? Vai ser salgado não é? Eu detesto doces. _Fez bico.

_Aaah... _Suspirou cansada. _Farei um salgado e um doce. Itachi gosta de doces e os convidados também. _Explicou alisando os fios rebeldes dele.

_Mas o aniversário é meu e não do nii-san. _Replicou o Uchihazinho.

_Sasuke-kun, não seja tão egoísta. Pense que seu irmão e os outros familiares estarão aqui no sábado. Eles certamente vão gostar de bolo doce. A festa não é só para você, é para todos nós. _Terminou sorrindo como sempre fazia.

_Hai. _Assentiu meio a contra gosto.

_Eu quero que se comporte e seja gentil com todos, e no final da festa não se esqueça de agradecer pela presença. _Pediu a mãe paciente.

Sasuke saiu da cozinha pensando que talvez fosse bom ficar mais velho. Acabaria por superar o irmão e logo estaria se graduando na academia ninja. As missões não demorariam a vir e quando estivesse maior certamente a polícia de Konoha estaria a sua espera.

Impressionar os pais era tudo o que ele mais queria. Ser sempre o melhor e destacar-se em alguma coisa. Talvez ainda não soubesse no que realmente era bom, mas na certa haveria de descobrir.

Sentou-se na cama para descansar um pouco. O dia tinha sido cheio. Muitas lições de casa e aulas cansativas na academia. Lembrou-se de cada detalhe daquele dia, e a imagem dela não passou despercebida.   

Na hora do recreio, a menina dos cabelos róseos veio lhe dirigir a palavra. Um pouco tímida puxou conversa com ele, talvez umas das poucas vezes que a vira abrir a boca. Era tão recatada e quase sempre andava com a loirinha Yamanaka.

_Sasuke-kun... er, eu... eu poderia falar com você? _Perguntou virando o rosto de lado para esconder a face corada.

_O que você quer?

_Queria lhe dar os parabéns pelo seu aniversário. _Apertou os olhos ao mesmo tempo em que estendeu as mãos à frente dele lhe entregando um pequeno embrulho.

_Mas o meu aniversário é só depois de amanhã. _Falou o Uchiha confuso.

_Eu... eu sei. _Riu docemente. _Ino me contou. Mas esse presente é pra você abrir no dia de seu aniversário, se abrir antes pode lhe trazer azar. É uma surpresa.

_O que é? _Falou cismado, afinal ele detestava surpresas por conta de sua ansiedade demasiada.

_Oh Sasuke-kun, não posso contar. Prometa que só vai abrir depois de amanhã.

O garoto irritou-se um pouco com aquilo. Definitivamente detestava ter que esperar. Mas para não aborrecer a rosada tomou a caixinha a saiu da vista dela.

_Hai. Er... arigatou. _Agradeceu lembrando-se das muitas vezes em que a mãe o ensinara e agradecer pelo que recebia dos outros.

Aquele dia havia passado e em seguida à noite quando Sasuke voltava da escola, logo avistou a desgraça que havia caído sobre seu clã. Daí vieram a dor e o desespero. A morte e a cólera. Estivera diante de seus olhos o futuro maldito que o aguardava.

Acordara numa cama de hospital. Rapidamente levantou-se e correu até sua casa imaginando que aquilo poderia não ter passado de um pesadelo. Olhou para a casa vazia onde as lembranças ainda pairavam vivas daquela matança a sangue frio. Um assassinato que ele se recordaria para o resto da vida.

Foi até seu quarto onde os brinquedos ainda estavam no chão. Na cozinha a bebida de frutas que a mãe serviria naquele dia. Os preparativos, a festa e os convidados que não viriam nunca. A conversa com a mãe, os preparativos e os rumores de que o caçula dos Uchiha já era um homenzinho... Todas aquelas imagens invadiam sua cabeça como flashes.

Por fim lembrou-se do presente de Sakura. A caixinha que deveria ser aberta naquele dia. Tomou-a nas mãos e desatou a fita vermelha. De dentro dela retirou um fio longo com vários origamis de pássaros pendurados. Eram de diversas cores e muito reluzentes num papel lustroso. Mas o origami que estava no meio era maior e todo branco. Tinha as letras da palavra esperança toda em tinta preta.

Sasuke sabia que origamis traziam sorte e serviam de ornamento para festas. Mas a palavra esperança era como uma semente pisoteada diante de todos os acontecimentos em sua vida naquele momento.

Saiu de sua casa voltando à realidade daquela tempestade que lhe lavava a alma para um mundo frio e solitário que o esperava do lado de fora do Distrito Uchiha. Não mais voltaria àquele lugar, queria apagar a sua história.

*********************Flash Back Off**********************

Os pergaminhos que ensinavam os segredos dos Uchihas estavam com ele e dentro de um deles um pequeno origami já amassado e amarelado pelo tempo. Sasuke podia ainda ver nitidamente a palavra esperança estampada na dobradura de papel.

Aquele fora seu presente de aniversário. Assim como muitos outros que a amiga e companheira de time tivera vontade de dar, mas não achava jeito para isso. Pois aniversário o fazia lembrar daquele dia sangrento. O vinte e três de julho não passava de mais um dia comum em sua vida, sem festas e sem ter o que comemorar.

Completava dezessete anos naquele dia, mas isso nada significava a ele. Às vezes se pegava pensando em como seria o décimo sétimo aniversário se tudo tivesse sido diferente. Se a mãe e o pai estivesse ao seu lado. O irmão não tivesse sido vítima de um crime maior e para completar ainda desfrutasse da companhia do antigo sensei Hatake, do amigo Naruto e... dela. A menina que um dia lhe desejara esperança como presente de aniversário.

Talvez Sasuke devesse crer em alguma coisa para não ser totalmente vazio. Quem sabe permitir que aquela sementinha de esperança plantada em seu coração há oito anos pudesse germinar. Algo dentro dele definitivamente crescia, mas era quase que inexplicável. Era uma esperança em poder revê-la quando estivesse com os pés novamente em Konoha, ainda com a intenção de liquidar com o Hokage em sua volta da reunião dos cinco Kages.

Havia perguntas que o incomodavam e tiravam-lhe a paz. Será que ela ainda se lembrava daquela data? E será que um dia teria a oportunidade de passar um aniversário ao lado dela?

Ele não encontrava as respostas de que precisava, mas algo em seu gélido coração teimava em responder que sim. Que em algum canto uma menina de olhos verdes e cabelo rosa pensava nele naquele momento, e que tinha em seu coração a esperança em poder revê-lo brevemente.

Adormeceu por fim domado pelo cansaço. Ainda segurava o velho origami que um dia mãozinhas delicadas puseram-se a dobrar para dar de presente ao menino da cara emburrada quando completava seus nove anos de idade.

“Quem sabe as mãos dela não tenham se tornado ainda mais delicadas...”

Não muito distante de seus pensamentos...

“Quem sabe ele ainda tem aquele presente guardado...”

FIM************************************************************

Primeiramente Gabriel PARABÉNS!!! Desejo a você caro amigo toda a felicidade do mundo, afinal você merece. Espero que tenha gostado dessa FanFic SasuSaku e caaaaaaara! Que maneiro! Você faz aniversário no mesmo dia em que o Sasuke (ôooh inveja! HAHA zueira).

Bem, sei que a história teve uma boa pitada de drama *apanha*, mas cara, eu juro que não resisti. Ando numa fase muito bizarra da minha vida, e não consigo mais parar de escrever dramas o_o *estou ficando com medo já*. Tirando as minhas maluquices, quero que saiba que fiz com muito carinho. Agradeço de coração por ter sempre sido esse leitor tão querido das minhas histórias. Gabi-kun você mora no meu coração moleque! Te amo mais que chocolate pode apostar aushuahushauhsuausha.

Beijo grande. Aguardo as reviews *.*